Pronunciamento de Arthur Virgílio em 11/08/2005
Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários ao artigo intitulado "Decisão e franqueza", de autoria do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, publicado no jornal Correio Braziliense, na edição do último dia 7 do mês em curso. Liderança do Amazonas na produção industrial brasileira. Dia 11 de agosto, data para cobrança de penduras de um mau governo.
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
POLITICA INDUSTRIAL.
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
- Comentários ao artigo intitulado "Decisão e franqueza", de autoria do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, publicado no jornal Correio Braziliense, na edição do último dia 7 do mês em curso. Liderança do Amazonas na produção industrial brasileira. Dia 11 de agosto, data para cobrança de penduras de um mau governo.
- Publicação
- Publicação no DSF de 12/08/2005 - Página 27311
- Assunto
- Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA INDUSTRIAL. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
- Indexação
-
- SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NEGLIGENCIA, RESPONSABILIDADE, CRISE, POLITICA NACIONAL.
- ELOGIO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), LIDERANÇA, PRODUÇÃO INDUSTRIAL, TRIMESTRE, BRASIL, REGISTRO, DADOS, POLO INDUSTRIAL, PROCESSO, DESENVOLVIMENTO, AUSENCIA, RESPONSABILIDADE, POLITICA, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, SOLICITAÇÃO, NEGOCIAÇÃO, GREVE, SERVIDOR, PORTO, LIBERAÇÃO, COMPONENTE.
- COBRANÇA, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, DIVIDA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), EXPECTATIVA, INVESTIGAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para registrar o artigo intitulado “Decisão e franqueza”, de autoria do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, publicado no jornal Correio Braziliense, em sua edição do último dia 7 de agosto do corrente.
Segundo o ex-Presidente, todo político precisa medir as conseqüências dos seus atos e dos atos praticados por terceiros graças as suas omissões e ações. Isso porque a franqueza, a capacidade de decidir no momento certo e de reconhecer o erro, vale mais que tudo para evitar conseqüências desastrosas. Não parece que o Presidente Lula escolheu agir dessa maneira, pois, assumiu uma postura estática de declarar sua luta contra a corrupção de forma abstrata e continua jogando a culpa na herança do governo passado.
Para que conste dos Anais do Senado, requeiro, Sr. Presidente, que o referido artigo seja considerado como parte integrante deste pronunciamento.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de dizer também que coube ao Amazonas, o meu Estado, a liderança no desempenho da produção industrial brasileira, no primeiro trimestre.
São números eloqüentes. A produção industrial no Pólo Industrial de Manaus mais do que dobrou, situando-se acima do índice da média nacional. No Amazonas, o crescimento, no trimestre, foi de 20,9%, enquanto a média nacional é de 5%.
Os bons resultados não decorrem em nada da política do Governo Federal nem do Governo do Estado. É resultante, isso sim, de um processo da história econômica que transformou o Pólo Industrial de Manaus nessa brilhante realidade que o Brasil deve aprender a admirar.
Iniciada em 20 de julho, a paralisação já afeta a produção das indústrias da Zona Franca de Manaus. Só uma empresa, a Semp-Toshiba tem 40 conteineres no porto de Manaus, aguardando liberação. São componentes eletrônicos indispensáveis para a linha de produção da empresa.
É o caso de falar bem claro ao Governo, por enquanto a título de apelo, para que sejam retomadas as negociações com os técnicos em greve.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje é dia 11 de agosto, dia especial, propício mesmo, para cobrar do algumas penduras de um malfadado Governo, hoje cheio de dependuras.
Vamos às coisas penduradas, mal penduradas e muito mal explicadas. E que exigem desse mau Governo imediatas e bem traçadas explicações:
Pendura 1
O caso Okamoto e essa fajutóide história da dívida do Presidente Lula com o PT, de R$29 mil.
Okamoto pode até rimar com aquele antigo fortificante Vakamoto, mas as explicações nem de longe convencem a oposição e o País.
Primeiro, ele diz que isso é uma questão de contabilidade. Ainda bem que não é uma questão culinária.
Se é um problema contábil, as contas devem bater, livro-caixa, contas redondas e por aí afora.
Depois, diz Okamoto vem com a história de erro do PT. Lançou errado e depois consertou a contabilidade.
Apagou-se o erro com borracha. E vem Okamoto com mais um acréscimo, que só complica as coisas: teria sido ele o responsável pela quitação do débito de Lula.
Bonzinho esse Okamoto!
Paga a conta do outro e nada informa ao devedor, que não é uma pessoa qualquer, é o Presidente do Brasil.
Ele disse ter quitado o débito presidencial com dinheiro dele. Mas não explicou direito como o dinheiro foi repassado para São Paulo, onde os depósitos teriam sido feitos em quatro agências do Banco do Brasil
Bonzinho esse Okamoto!
Na CPI dos Correios, suspeita-se que a quitação tenha sido feita com dinheiro do publicitário Marcos Valério.
Bonzinho esse Okamoto!
Pagou a pendura de Lula disse não ter qualquer recibo do PT para comprovar o pagamento.
Desorganizado esse Okamoto!
O Sebrae que se cuide; daqui a pouco se desorganiza todo!
Para a Nação ignorada, o que ficam são versões, todas criadas pelo próprio Governo. Já se denomina essa pendura de suposto empréstimo de R$ 29.436,26. É um número exato, não é um valor estimado.
Uma das versões diz, nebulosamente, que parte do dinheiro serviu para pagar uma passagem de Dna. Maria Letícia à China. Ela acompanhou Lula nesse périplo, quando ele era dirigente do PT.
Hoje, a CPI dos Correios deve votar requerimento pedindo explicações do Presidente e um outro para quebrar o sigilo bancário de Okamoto.
A CPI age acertadamente. Ela e a Nação precisam saber, e logo, quem fez os depósitos em conta do Fundo Partidário do PT no Banco do Brasil, para quitar a dúvida do Presidente.
Terceira versão: o Líder Aloizio Mercadante diz que o pagamento da dívida de Lula.
Não é bem uma explicação. Essa, sim, é mais uma trapalhada. E por que jogar a culpa de tudo sobre os ombros de Delúbio?
Não é uma dívida?
Foi empréstimo?
Erro contábil?
Que venham as explicações. Por enquanto, só há contradições. E contradições não ajudam a desanuviar as nuvens, que começam a rondar em torno do Presidente Lula.
O que menos convém são essas fantasiosas versões.
Ainda hoje, no Correio Braziliense, leio essa manchete:
Planalto transfere a culpa para o partido.
Foi o que fez ontem o Ministro de Relações Institucionais do Governo Lula.
Daqui a pouco vão transferi-la para a Velhinha de Taubaté...
Termino, com algumas observações da colunista Miriam Leitão, de O Globo. Em seu artigo de hoje, ela lembra que toda semana há alguma notícia do Banco do Brasil que não se sustenta. Nesta semana, o BB afirma que o Presidente Lula pagou uma dívida pessoal de R$29 mil ao Fundo Partidário do PT, que diz desconhecer e que Okamoto garante ter pago na qualidade de procurador pessoal do Presidente.
Lembra a colunista de O Globo que Lula, há algum tempo, fizera pouco da denúncia de uma empresa sobre repasses que era obrigada a fazer ao esquema de corrupção em Santo André. Ele disse: R$40 mil é troco.
Numa entrevista recente concedida há algum tempo pelo Presidente à mesma Miriam Leitão, ela quis saber se corrupção se mede pelo tamanho da propina. A resposta de Lula:
Errei ao dizer isso. Para mim, R$1,00 e R$ 1 milhão são a mesma coisa quando se trata de corrupção.
A colunista conclui, na edição de hoje:
Com base nisso, creio que o Presidente deve explicar melhor esse episódio do empréstimo, para que não fique a impressão de que toma dinheiro do partido, esquece-se e a conta é paga por um amigo, que foi muito bem aquinhoado com um cargo público. O do Presidente do Sebrae.
Não é só Miriam Leitão quem acha que o Presidente precisa explicar as coisas. A Nação toda pensa assim.
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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inserido nos termos do art. 210, Inciso I e º 2º, do Regimento Interno.)
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Matéria referida:
“Decisão e franqueza.”