Discurso durante a 186ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a postura adotada pelo Senador Geraldo Mesquita Júnior. (como Líder)

Autor
Sibá Machado (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Machado Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Considerações sobre a postura adotada pelo Senador Geraldo Mesquita Júnior. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2005 - Página 36022
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • REGISTRO, TRABALHO, BANCADA, ESTADO DO ACRE (AC), APOIO, ELEIÇÃO, GERALDO MESQUITA JUNIOR, SENADOR, QUESTIONAMENTO, ALTERAÇÃO, CONDUTA, CONGRESSISTA, EXERCICIO, MANDATO PARLAMENTAR.
  • PROTESTO, ATUAÇÃO, GERALDO MESQUITA JUNIOR, SENADOR, ACUSAÇÃO, GOVERNO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC).
  • COMENTARIO, OPORTUNIDADE, GERALDO MESQUITA JUNIOR, SENADOR, JUSTIFICAÇÃO, DEFESA, COMISSÃO DE ETICA, SENADO.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, fui tomado de surpresa ao ouvir o pronunciamento ainda há pouco proferido pelo Senador do meu Estado, Geraldo Mesquita. Tenho dito da tribuna do Senado que detesto tratar de questões domésticas, ainda mais quando se trata de um debate dessa natureza e em que a pessoa não está presente. Mas, como foi feita uma fala pública, somos obrigados a vir aqui. Ia apartear o Senador Tião Viana, mas achei melhor vir à tribuna, pois terei mais tempo para discorrer melhor sobre nosso pensamento.

Não sei se o Senador Tião Viana relembrou que o pai do Senador Geraldo Mesquita foi governador nomeado no período da Ditadura Militar. Mas, no momento em que formamos a Frente Popular do Acre, em 1990, para a eleição de Jorge Viana para Governador - naquela época, foi o primeiro Estado brasileiro em que o PT foi para o segundo turno -, o PSB, Partido do Senador, estava conosco. De lá até então, estamos juntos. Jamais tivemos problemas. Juntos, em 2002, fizemos um trabalho muito forte para a reeleição do Governador e da Senadora Marina Silva. Por conseguinte, é claro, acabou conseguindo eleger a terceira cadeira para o Senado, que é a do Senador Geraldo Mesquita.

Vivíamos, até aí, muito bem. Como disse o Senador Tião Viana, S. Exª era Secretário do Gabinete Civil do Governador Jorge Viana. Pessoa dedicada - neste ponto, não há nenhum retoque a fazer -, trabalhador, atento a suas obrigações. Mas, ao chegar ao Senado Federal, mudou de opinião com relação a nós. E nós o respeitamos. Eu o respeito. Qualquer colega que mudar de opinião política tem todo o nosso respeito. O estranho é que, de uma hora para outra, mudou o discurso, Srª Presidente. Eu não consigo entender que havia esses conceitos que foram proferidos pelo Senador Geraldo Mesquita contra nós. Eu não posso entender que, de uma hora para outra, tão rapidamente, S. Exª externe um ódio, um rancor, uma virulência tão forte como a que acabamos de ouvir.

E S. Exª vem tentando, paulatinamente, relacionar coisas do Estado do Acre,. não sei se é com observância para colocar mais um Estado - no Acre o PT tem uma presença muito importante na sociedade - no rol dos problemas que vive hoje a nossa sigla em nível nacional, não sei se faz parte de uma pré-campanha para o ano que vem, ou o que seja, não sei explicar, Srª Presidente, e nem me interessaria se eu soubesse. O que interessa aqui é que tão logo S. Exª toque no nome da forma que foi feita, da forma que estamos sendo tratados, não vamos deixar de graça.

Neste caso, vamos lembrar o que se passa. Na campanha municipal do ano passado - eu sou testemunha também de que este dito Senador chegava em municípios para fazer campanha, dizendo que os trabalhadores rurais, os agricultores do Estado do Acre estavam passando necessidades porque não podiam desmatar e que a Ministra Marina Silva era responsável por isso. E repetia isso em todos os lugares. Depois, passou a dizer que tudo quanto não presta na política nacional é atribuído ao Presidente da República, ligado ao nosso Partido. Agora tenta colocar a todo custo problemas do nosso Estado que só na cabeça dele existe, para justificar seus problemas, que eu não sei de que ordem são. Desconheço quais são os verdadeiros problemas, não sei se são políticos - se for esse o caso, S. Exª deve declarar. Se quer ser candidato a Governador, terá oportunidade. Vamos subir ao palanque e vamos debater. Vamos debater a economia do nosso Estado, vamos debater a história do Acre.

Certa vez S. Exª subiu aqui para dizer que tinha vergonha do passado do Acre. Aí eu pergunto: qual é a vergonha do passado? O passado que eu conheço lá é o do Hidelbrando Pascoal, quando se serrava com motosserra. É a esse passado que S. Exª quer voltar? Quando se matava seringueiro derrubando pingos de borracha queimada em suas costas? É esse o passado que S. Exª quer? Eu não sei qual é o passado. Esse debate aqui está muito malfeito.

Quanto à denúncia feita contra o Senador, S. Exª terá oportunidade de se justificar. Terá oportunidade de ir até ao Conselho de Ética se justificar e pode muito bem se justificar e até nos convencer de que tem razão. Agora, trazer um problema do Estado para justificar um problema pessoal dele é inaceitável! É inaceitável, e não vamos concordar.

Portanto, quero dizer aqui, Srª Presidente, que o que ocorre em nosso Estado quanto ao manejo sustentável de nossa floresta está lá para quem quiser ver. O projeto Antimari existe desde 1988, financiado pelo Governo japonês. As principais universidades do País têm acesso àquela pesquisa. Pode ir lá dar uma olhada.

Certa vez S. Exª quis fazer show aqui na CCJ, quis fazer show aqui neste plenário. Isso é inaceitável! Portanto, quero dizer que, de nossa parte, o povo pode aqui ficar tranqüilo: está aberto, escancarado o nosso modelo de governar, o nosso modelo de gerenciar o Estado, o nosso modelo de fazer política. Tanto é assim que a nossa aliança política existe desde 1990 com os mesmos Partidos, salvo o PSDB, que esteve conosco em 1992, em 1998 e que agora não está mais. Isso é um direito partidário. Os demais estão todos juntos.

Portanto, Srª Presidente, a amargura, os problemas, a decepção fundamental do Senador Geraldo Mesquita eu desconheço e, se soubesse, não me interessaria falar aqui sobre isso. O que não posso aceitar é que também um assunto dessa natureza seja tratado da tribuna do Senado, querendo justificar um problema que é assunto pessoal dele, do seu assessor. S. Exª que resolva e se explique ao Conselho de Ética.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2005 - Página 36022