Discurso durante a 190ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da Operação Ouro Verde, desencadeada em vários Estados brasileiros. Diminuição do desmatamento na Amazônia.

Autor
Ana Júlia Carepa (PT - Partido dos Trabalhadores/PA)
Nome completo: Ana Júlia de Vasconcelos Carepa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. POLITICA DO MEIO AMBIENTE. IMPRENSA.:
  • Registro da Operação Ouro Verde, desencadeada em vários Estados brasileiros. Diminuição do desmatamento na Amazônia.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/2005 - Página 37313
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. POLITICA DO MEIO AMBIENTE. IMPRENSA.
Indexação
  • DECLARAÇÃO, ASSINATURA, REQUERIMENTO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, IRREGULARIDADE, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, JUSTIFICAÇÃO, COMBATE, IMPUNIDADE.
  • DETALHAMENTO, OPERAÇÃO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, POLICIA FEDERAL, EXISTENCIA, DOCUMENTAÇÃO, INTERNET, INVESTIGAÇÃO, FRAUDE, TITULO, SETOR PUBLICO, AMBITO NACIONAL, PRISÃO, CRIMINOSO, DENUNCIA, PERSEGUIÇÃO, SERVIDOR, ORADOR.
  • CRITICA, IMPRENSA, TENTATIVA, ACUSAÇÃO, ORADOR, GERENTE, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), ESTADO DO PARA (PA), DEPUTADO ESTADUAL, VINCULAÇÃO, CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE, MOTIVO, PERSEGUIÇÃO, NATUREZA POLITICA, ATUAÇÃO, COMBATE, DESTRUIÇÃO, FLORESTA AMAZONICA, HOMICIDIO, IRMÃ DE CARIDADE.
  • DENUNCIA, RECEBIMENTO, DOCUMENTAÇÃO, FALSIDADE, ENTIDADES SINDICAIS, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CAMARA DOS DEPUTADOS, INVESTIGAÇÃO, CONTRABANDO, BIODIVERSIDADE, OFICIO, DESMENTIDO, SINDICATO, PRODUTOR RURAL, MUNICIPIO, ANAPU (PA), ESTADO DO PARA (PA).

A SRª ANA JÚLIA CAREPA (Bloco/PT - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, devolvi o requerimento ao Senador Arthur Virgílio. Eu o assinei, e quero fazer o registro. Havia dito isso em várias outras oportunidades, portanto, não é novidade. Se quisermos realmente fazer uma apuração a sério sobre financiamentos de campanha, devemos fazer, mas devemos fazer de todas as campanhas e de todos os partidos, sem exceção. E, quando digo sem exceção, estou me incluindo. Portanto, deve ser de todos, ou não será sério. Se quiserem investigar uns e não investigar outros, não será sério, e não é isso o que a sociedade brasileira quer. Ela quer que se investigue tudo, e não passar a mão na cabeça de ninguém, seja filiado a qualquer partido. Pode ser ao meu ou ao do meu maior opositor, não interessa! Por essa razão, assinei. Mas precisamos ser sérios.

Gostaria de registrar, na tarde de hoje - e isso já foi feito, inclusive em plenário -, a operação desencadeada ontem em vários Estados brasileiros -, a Operação Ouro Verde. Esses documentos estão no site do Ministério do Meio Ambiente, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal. Essa operação teve início com as operações Belém I e Belém II. A investigação sobre os Títulos Públicos Federais falsos começou quando se alteraram as gerências do Ibama em vários lugares do Brasil. Mas essa, especificamente, na gerência Ibama-Belém, uma das três gerências do Ibama no Estado do Pará, ocupada pelo Sr. Marcílio Monteiro - pessoa qualificada, que tem especialização na área e que, por isso mesmo, tem sido alvo de denúncias.

Em junho, meu nome foi veiculado em matéria de uma revista já conhecida do povo brasileiro, por suposto esquema entre madeireiros que exploravam madeira ilegalmente e o Partido dos Trabalhadores. É impressionante como a irresponsabilidade dá credibilidade ao indivíduo, que, obviamente, está apenas sendo instrumentalizado por alguns que nos fazem oposição e por muitos que se sentiram extremamente incomodados pela ação firme das novas gerências do Ibama, em especial no Estado do Pará, sobretudo da gerência do Ibama-Belém, de combater o desmate ilegal, o tráfico ilegal de madeiras. E aí dão credibilidade ao indivíduo que já foi preso por emissão de notas fiscais falsas e condenado pela Justiça Federal, exatamente porque o gerente do Ibama-Belém teve a coragem de negar um projeto de manejo, que o grileiro diz que é dele, mas não é, porque, na verdade, ele tem terra nenhuma. Além de não ser dono das terras, ele ainda tentou fraudar o projeto, como consta no parecer do Procurador do Ibama, tirando uma folha de um processo e incluindo-a, na tentativa de enganar.

Vejam bem: esse senhor acusou exatamente o Sr. Marcílio. Veio à CPI da Biopirataria, da Câmara dos Deputados e foi ouvido. Deram crédito a este cidadão, a este meliante. Agora, o Deputado Airton Faleiro é mais um dos atacados porque é mais um dos que combatem a ação predatória da nossa floresta, que defendem o desenvolvimento sustentável na nossa Amazônia, projetos como o Pró-Ambiente, o Pró-Manejo.

O Deputado Airton Faleiro me diz que este cidadão, condenado, que devia estar cumprindo pena, passeia toda semana na Assembléia Legislativa do Estado do Pará, talvez se articulando com Deputados que nos fazem oposição, Senadora Íris de Araújo, para continuar com as calúnias.

Mas eu fico muito orgulhosa porque, agora, começa vir à tona os reais motivos dos ataques ao gerente do Ibama-Belém e a mim. E por que a mim? A todo o momento tentam ligá-lo a mim porque há oito anos ele foi meu marido e é pai da minha filha caçula, não pela capacidade e competência, apesar de ser um quadro político dos mais preparados, com especialização feita no NAEA, Núcleo de Altos Estudos da Amazônia, da Universidade Federal do Pará. Então, é por isto. Assim, na tentativa de me atacar, usam o gerente do Ibama. Por qualquer coisa, por meio de qualquer pessoa que tiver ligação a mim, assessor ou até o meu irmão, coitado, que dizia para mim - ele não é do PT: “Não. O que é isto, Ana?” - eles me chamam de Ana - “A imprensa aumenta mas não inventa.”

Quando essa revista inventou uma denúncia envolvendo o meu irmão, eu perguntei a ele: “E agora, Tuca?” Ele disse: “É. Infelizmente, tenho que dar a mão à palmatória e reconhecer que tu tinhas razão: a imprensa também inventa.” Até porque ele se propôs, no mesmo momento em que o funcionário da revista falou com ele, uma acareação com esse advogado, para provar que o que estava dizendo era mentira. É óbvio que o funcionário da revista não quis fazê-lo porque seria desmentido. E, como tem alguns órgãos de imprensa brasileira que estão pouco se lixando pra verdade, isso acontece.

E essa operação, tão importante para o nosso Estado e para a Amazônia, já prendeu quarenta e três pessoas; há mais gente para ser presa. E esse é um dos motivos do ataque. Mas tem mais, tem mais. Todos sabem aqui que eu presidi uma Comissão Especial, proposta pelo Senador Renan Calheiros, Presidente. Essa comissão acompanhou as investigações sobre o assassinato da nossa querida irmã Dorothy, de quem tive o prazer de ser amiga. Também me indispus com muita gente, me indispus com aqueles que estavam acostumados a derrubar a floresta impunemente e com muitos que, até hoje, infelizmente, não são investigados, mas fazem parte de um consórcio, o consórcio da morte, o consórcio de pessoas que financia a violência, que financia pessoas como o Rayfram, que está preso porque atirou na irmã Dorothy. Mas, quem financiou a violência não foi ele, apenas um instrumento de poderosos.

            Então afirmo, mais uma vez, que a CPI da Biopirataria...

(Interrupção do som.)

A SRª ANA JÚLIA CAREPA (Bloco/PT - PA) - Sr. Presidente, peço os meus minutos regulamentares.

Tentam usar a CPI da Biopirataria. E chega um documento à CPI da Pirataria, assinado por entidades da região. A primeira delas é o Sindicato de Produtores Rurais de Anapu. E várias outras entidades: Cooperativa de Produtores e Reflorestadores de Uruará; Associação de Produtores de Anapu; Cooperativa de Produtores do Xingu... Ninguém conhece essas entidades. Mas isso chegou na semana passada à CPI. E, nesta semana, também chegou à CPI, para nós, um ofício do Sindicato dos Produtores Rurais de Anapu, com CNPJ, um Sindicato filiado a Faepa - Federação de Agricultura do Estado do Pará -, exatamente desmentindo, dizendo que ela foi usada indevidamente, que ela jamais assinou nenhum tipo de documento, que ela desconhece qualquer coisa que esteja aqui. É um documento apócrifo.

Eu estou solicitando ao Presidente da CPI da Biopirataria, que esses covardes assassinos - porque para mim é assassino quem financia a morte -, que esses covardes, devastadores da floresta, tenham a coragem de assinar e mostrar a cara, para que eu possa processar um a um. Um a um! Este é o real motivo dos ataques contra mim, contra gerentes do Ibama no Pará. E não só no Pará, em outras regiões. O Gerente do Ibama em Rondônia também está sendo atacado. Também é um dos Estados onde se deu a Operação Ouro Verde. Uma verdadeira quadrilha desbaratada, com falsificação de ATPFs. Portanto, está se tornando algo comum para todos aqueles que passam a combater o desmatamento ilegal, que passam a combater a violência, que passam a ter ações de controle dos planos de manejo seguindo orientação do próprio Ministério Público Federal, que instou o Ibama a não mais autorizar planos de manejo florestal quando existirem títulos precários de terra, que era o caso. Pois bem, essas pessoas são as que mais estão sendo atacadas.

Então, venho à tribuna para anunciar que, além do pedido que estou fazendo à CPI para que esses covardes tenham a coragem de assinar e aparecer a fim de que possam ser processados pelas calúnias, também estou pedindo a investigação desses meliantes, inclusive desse cidadão presidente de um sindicato do qual se desconhecem os associados. Quero saber, inclusive, quem sustenta esse cidadão que passeia pela Assembléia Legislativa do Pará, esse meliante chamado Mário Rubens, até porque esse documento apócrifo tem a cara dele. Ele chega a fazer denúncias tão absurdas que ele dá um tiro no pé porque envolvem o órgão estadual de terras do Pará, cujo Governo é do PSDB há 12 anos, e o Ibama na época do Sr. Fernando Henrique Cardoso.

            Isso mostra a leviandade.

(Interrupção de som.)

A SRª ANA JÚLIA CAREPA (Bloco/PT - PA) - Sr. Presidente, peço mais um minuto para concluir.

Quero cumprimentar a Ministra do Meio Ambiente, o Ibama, os Gerentes do Ibama que estão lá na ponta, como o Gerente do Ibama de Belém, Sr. Marcílio, o Gerente do Ibama de Santarém, o Gerente do Ibama de Marabá, os chefes de escritório do Ibama em vários lugares, como o de Altamira. Foi dito na CPI que ele estava tendo enriquecimento ilícito porque agora andava num carrão. O carrão era do Ibama. Portanto, cumprimento essas pessoas que têm contribuído exatamente para a diminuição do desmatamento da nossa região, juntamente com o Ministério Público Federal e com ações da Polícia Federal, para que realmente possamos dar um basta nessa turma de bandidos que assalta a Amazônia e assassina trabalhadores e freiras que têm como única arma a Bíblia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/2005 - Página 37313