O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado. Agradeço a todos os companheiros do Senado as manifestações que recebi aqui no plenário e pessoalmente por estar completando mais um ano. Quando fazemos mais de sessenta anos, nós mesmos queremos esquecer o dia do aniversário. Mas, de qualquer maneira, temos de comemorar.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o assunto de hoje não poderia deixar de ser sobre o discurso, o depoimento, que o Presidente Lula fez, ontem, na solenidade em que foi apresentada a chamada MP do Bem. Na realidade, esta MP terminou virando meio termo, porque muitos itens foram vetados pelo Presidente Lula, que aproveitou, ontem, para fazer um daqueles seus famosos discursos, aparentemente tentando dar um norte ao seu governo, quando, na verdade, toda vez que fala, confunde a Nação. Particularmente penso que foi um discurso que, em vez de defender o Ministro Palocci, como aparentemente era a sua intenção, complicou mais a sua situação e, conseqüentemente, complicou mais o seu governo.

No momento em que há uma série de dificuldades para o Ministro Palocci, com acusações de corrupção no tempo em que era prefeito de Ribeirão Preto, de participação no sistema de arrecadação irregular da campanha do Presidente Lula, quando há também uma série de instituições que estão subordinadas a ele, Banco do Brasil, IRB, outros, que estão envolvidos nesse sistema de corrupção, com o chamado “valerioduto”, vem o Presidente Lula, por intermédio de sua Ministra Dilma Rousseff, atacar a política do Ministro Palocci.

Penso que uma das maneiras mais importantes e mais simples de verificarmos o está acontecendo na política brasileira, ou em qualquer lugar do mundo, Senador José Sarney, é examinarmos as charges. O chargista sempre tem uma capacidade maior que a nossa de explicitar aquilo que está efetivamente acontecendo. Se olharmos todas as charges dos últimos dias, veremos a Ministra Dilma, com as mãos do Presidente Lula, brigando contra Palocci e demais ministros.

A declaração que o Presidente Lula fez só enfraqueceu mais o Ministro Palocci, que perde a cada dia não por conta da Oposição. Nós, da Oposição, até queríamos ter tido esse poder, essa estrutura para derrubar ou para participar da derrubada do Ministro mais poderoso do Governo, que era o Ministro Palocci. Mas, infelizmente, não tivemos porque o Ministro Palocci está sendo fritado, está sendo derrubado pelo próprio Governo e sob comando direto do Presidente Lula, que, sem sombra de dúvida, está fazendo toda essa confusão e toda essa divergência.

Hoje saiu mais uma pesquisa da CNT-Census. Trata-se de uma pesquisa que é feita de noventa em noventa dias, e saiu o resultado de dezembro. A avaliação positiva do Presidente, que, em janeiro de 2003, era de 56,6%, em setembro, na última pesquisa, era 35,8% e já está em 31,1%. Portanto, nesses últimos quatro meses, caiu quatro pontos. A avaliação negativa, que no começo do Governo, em janeiro, era de 2,3%, agora já é de 29%. Portanto, são praticamente iguais a avaliação positiva e a avaliação negativa. E o desempenho pessoal do Presidente Lula, que sempre é superior - era aprovado por 83,6%, em janeiro de 2003 -, agora é aprovado por apenas 46,7%; e era rejeitado por 9,7%, e agora é desaprovado por 44,2%.

Portanto, Sr. Presidente, são questões como essas, são discursos como esses, são essas confusões, essas indefinições que o Presidente Lula cria no sentido de defender “a” ou “b” e, na prática, está fazendo com que seu Governo cada vez tenha menos apoio.

Não sei se posso ainda conceder um aparte bem rapidinho ao Senador Sibá.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Conto com a complacência do Sr. Presidente. Senador José Jorge, V. Exª, que hoje aniversaria...

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Não devia falar mal do Governo, não é isso?

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Pela alegria de estar aniversariando, imaginei que, hoje, V. Exª pudesse fazer rasgados elogios ao Presidente Lula e ao seu Governo, mas vejo que V. Exª é um fiel escudeiro da Oposição e não deixa passar ileso absolutamente nada. Quero lembrar, quanto a essa situação do Ministro Palocci, que, na verdade, dentro do PT é normal o que muitos colegas têm feito, ou seja, contrapontos ao superávit. Eles têm feito coro com uma série de pessoas. Isso não pode ser visto como algo que tenha relação com algum tipo de entendimento referente à permanência do Ministro na Pasta que ocupa. Estamos aqui fazendo este esclarecimento que, com certeza, ele também vai prestar à CPI - trataremos desse assunto tão logo seja concluída a oitiva que está sendo feita -, e queremos que V. Exª concorde conosco em que, como disse o nosso Relator, Senador Garibaldi Alves, a vinda de S. Exª aqui, por convocação ou por convite, não vai eximi-lo de responder as mesmas perguntas, em um caso ou no outro. Assim, quero aproveitar a festa do seu aniversário para que V. Exª concorde conosco em convidar o Ministro para fazer seu depoimento.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Agradeço a V. Exª as suas palavras. Creio que V. Exª tem razão quando diz que divergências internas no Partido são normais. No entanto, essas divergências são internas no Governo, não no Partido. Dentro de um Partido, se “a”, “b” ou “c” pensam de um jeito e “d” e “e” pensam de outro, isso é normal. Dentro de um Governo, Ministros pensarem diferente e discutirem também é normal, mas discordarem, de forma pública, não. O Presidente deve tomar uma decisão a favor de um ou de outro, porque, senão, o Governo ficará sem rumo, como acontece atualmente.

Em relação à presença do Ministro Palocci na CPMI, a Oposição está discutindo a sugestão de V. Exª e do Senador Tião Viana. Encontraremos uma solução que seja boa para a CPMI, para o Ministro e para o Brasil.