Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a matéria, de autoria de S.Exa., publicada no O Jornal, de Maceió, edição do dia 24 do corrente, intitulada "Comprometido, não com o Brasil".

Autor
Teotonio Vilela Filho (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AL)
Nome completo: Teotonio Brandão Vilela Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Considerações sobre a matéria, de autoria de S.Exa., publicada no O Jornal, de Maceió, edição do dia 24 do corrente, intitulada "Comprometido, não com o Brasil".
Publicação
Publicação no DSF de 26/01/2006 - Página 2142
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O JORNAL, ESTADO DE ALAGOAS (AL), AUTORIA, ORADOR, CRITICA, POLITICA MONETARIA, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), SUPERIORIDADE, TAXAS, JUROS.

            O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna do Senado na tarde de hoje, para destacar matéria publicada no O Jornal, de Maceió, edição do dia 24 do corrente mês, intitulada “Comprometido, não com o Brasil”, de minha autoria.

            O artigo, Sr. Presidente, cujo teor solicito seja dado como lido e considerado como parte integrante deste pronunciamento, para que conste dos Anais da Casa, aborda a questão da alta taxa de juros praticada pelo governo do Presidente Lula.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Obrigado!

 

************************************************************************************************

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR TEOTONIO VILELA FILHO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

************************************************************************************************

Matéria referida:

“Comprometido, não com o Brasil.”

            Teotonio Vilela Filho

            O Banco Central anunciou, na quarta-feira passada, um tímido corte de 0,75 ponto percentual na taxa de juros, que agora ficou em 17,25% ao ano. Nos últimos meses do ano passado, a queda mensal vinha sendo de 0,5 ponto percentual. Para quem pensa que houve aceleração dos cortes, um lembrete: as reuniões do Conselho de Política Monetária, que eram mensais, terão agora intervalos de 45 dias. Ou seja, continuamos no mesmo ritmo e com a mesma fatídica previsão de terminar o primeiro semestre com juros reais de cerca de 11%. Ninguém nos toma tão cedo o título vergonhoso de juros mais altos do mundo.

            A semana nem havia terminado e os jornais já traziam a decepção do próprio Presidente Lula, segundo quem o Banco Central parece estar jogando contra sua reeleição. Apesar de todas as declarações públicas em contrário, aos amigos o próprio ministro Palocci teria segredado seu desconforto com o conservadorismo perigoso do Banco Central.

            Até o Lula percebe que, com esses juros, não tem crescimento. Estamos perdendo o momento excepcionalmente favorável da economia mundial. Em 2005, o crescimento do PIB deve ter ficado pouco acima dos 2%. Ou seja, crescemos cerca de 1/4 ou pouco mais do que cresceram outros países emergentes, inclusive vizinhos nossos, como Argentina e Chile. Estamos ficando cada vez mais para trás.

            O Banco Central continua impassível diante dos protestos de empresários, economistas e até do governo. A quem protesta, promete que, este ano, o país, crescerá, sem riscos, 4%.

            Dá para confiar? Pelo que dizem os jornais, nem o Lula acredita muito. O Banco Central também previa quase 4% em 2005. Vai dar a metade.

            O certo é que o conservadorismo do Banco, em manter as taxas de juros mais altas do mundo inteiro, compromete toda a economia, inclusive o câmbio. E a política do Banco é uma contradição só.

            Semanas seguidas, o BC vem intervindo no mercado cambial, para alavancar o dólar, cuja baixa cotação ameaça o superávit da balança comercial e o equilíbrio da balança de pagamentos. Mas como segurar o dólar, se os juros imorais atraem cada vez mais dólares especulativos?

            Desconfio sempre de qualquer pessoa que se julga infalível. Ou se presume iluminado. Aprendi no catecismo que infalível só o papa, ainda assim quando fala sobre fé e doutrina. No caso dos juros, desconfio ainda mais quando um país todo, a começar pelo próprio presidente da República, contesta uma política, que só é apoiada pelos banqueiros.

            Começo a achar que esse pessoal do Banco Central não tem nada de iluminado. É apenas comprometido. E não é com o Brasil.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/01/2006 - Página 2142