O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, celular 8111-7197, da Presidência da República, usado pelo Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e por seu secretário particular Ademirson Ariovaldo da Silva.

Matéria do Correio Braziliense: “Quebra de sigilo revela mais de trinta mil ligações do celular”. Os campões de ligação são integrantes da “República de Ribeirão Preto”: Rogério Buratti, Vladimir Poleto, Ralph Barquete. Outros do circuito de Ribeirão Preto: empresário Roberto Colnaghi, empresário Roberto Carlos Kurzweill, Marcelo Franzine. Outro lobista: Carlos Eduardo Valente, consultor do Banco Prosper, bastante conhecido no mercado financeiro.

“Alegação” - ainda matéria do Correio Braziliense:

“todos eles eram conhecidos ou amigos de Ademirson e ligavam para conversar amenidades no horário de trabalho, especialmente no período das negociações do contrato entre a Caixa Econômica Federal e a GTech”.

Descobrem-se agora também ligações de empresários e entidades empresariais importantes. Há ligações da Fiesp, da Febraban - Federação Brasileira de Bancos -, da Construtora Constran, do Grupo Odebrecht, do Banco Bradesco e até ligações do ex-Presidente do Banco Central, Armínio Fraga.

Esse Ademirson realmente tem muitos amigos, e amigos fortes. Ele fala com todos. Conversa amenidades até com o ex-Presidente do Banco Central, Armínio Fraga. É essa a explicação oficial.

Os figurões do PT também são habitués da quebra do sigilo revelado pela matéria do Correio Braziliense. Os famosos Delúbio Soares e Sílvio Land Rover Pereira, D. Martha Suplicy, ex-Prefeita de São Paulo, e o Multinacional Luís Favre viviam ligando para o tal celular. Mais do que isso, o ex-Ministro José Dirceu e o primeiro amigo e grande assessor de Dirceu, o funcionário da Assembléia de São Paulo, Roberto Marques, aquele Bob Marques.

Mais do que isso, até o advogado Roberto Teixeira, compadre do Presidente Lula, sócio de Antonio Celso Cipriani na Transbrasil, ligou para o celular de Ademirson Ariovaldo da Silva. Sem contar as ligações da Petrobras, do Banco Central, do Banco do Brasil, da Secretaria do Tesouro Nacional - vejam bem, Srªs e Srs. Senadores -, do gabinete do Comandante do Exército Brasileiro, Ministérios do Planejamento, de Minas e Energia, do Desenvolvimento, entre outros, Deputados e Senadores, Superior Tribunal de Justiça, e vai por aí afora.

A matéria do Correio Braziliense diz que a quebra de sigilo é parcial, mas é reveladora.

Esse Ademirson é demais! Palocci disse que ele é humilde, que prepara sua agenda do dia-a-dia, carrega sua pasta e atende os telefonemas, passando as ligações - só as mais importantes. O Ministro esconde o grande talento de Ademirson, para não perder o fiel assessor que o acompanha há 17 anos.

Embora acreditando no Palocci, fica a suspeita de que o telefone é, de fato, usado pelo Ministro da Fazenda. Tudo leva a crer que é.

Com tantas ligações, é o Ademirson, aquele humilde secretário, que participa de todas as ligações? Essa é uma questão básica que precisa ser esclarecida. A CPI precisa, no mínimo, ter certeza se o número 8111 71 97 é do Ministro Palocci ou do humilde Secretário Ademirson. Nem que para isso tenha de, pela primeira vez, convocar o Palocci. Ou nem que para isso tenha de reconvocar o Ademirson.

Podemos, por escrito, pedir esclarecimentos a essas autoridades todas que aparecem no sigilo do humilde Ademirson para que elas expliquem por escrito. Por exemplo, encaminhar ao Presidente da Fiesp, ao Presidente da Febraban e a outras autoridades aqui detectadas na quebra do sigilo a fim de que esclareçam, por escrito, com quem falaram, o que falaram, quem atenderam ao telefone.

Sr. Presidente, esse humilde Ademirson é demais. Palocci falou a verdade, a absoluta verdade, na CPI dos Bingos.

Era isso, Sr. Presidente.