Discurso durante a 31ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com a classificação da estudante catarinense da cidade de Concórdia Karla Isabella Klaus, de 10 anos, ficando entre as três melhores do Brasil em um concurso de redação. Comentários ao resultado da pesquisa do Datafolha, que mostra que na lista de temores infantis aparecem, entre os principais destaques, a violência urbana e o desemprego.

Autor
Leonel Pavan (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Leonel Arcangelo Pavan
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Satisfação com a classificação da estudante catarinense da cidade de Concórdia Karla Isabella Klaus, de 10 anos, ficando entre as três melhores do Brasil em um concurso de redação. Comentários ao resultado da pesquisa do Datafolha, que mostra que na lista de temores infantis aparecem, entre os principais destaques, a violência urbana e o desemprego.
Publicação
Publicação no DSF de 31/03/2006 - Página 10430
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, CRIANÇA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), RECEBIMENTO, PREMIO, CONCURSO, REDAÇÃO, AMBITO NACIONAL, ASSUNTO, EXPECTATIVA, INFANCIA.
  • COMENTARIO, PESQUISA, PUBLICAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEMONSTRAÇÃO, APREENSÃO, MAIORIA, CRIANÇA, VIOLENCIA, DESEMPREGO.
  • DEBATE, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, FALTA, GARANTIA, SEGURANÇA PUBLICA, POLITICA DE EMPREGO, EFEITO, APREENSÃO, CRIANÇA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje eu pretendia fazer um pronunciamento referente ao transporte rodoviário e ferroviário, fazendo um relato sobre a falta de investimento do Governo em portos do nosso País. Porém, fui comunicado pela minha assessoria - o Wagner e a assessora de imprensa Ludmila Girardi - de um fato que consideramos importante que ocorreu com uma criança, uma estudante de Santa Catarina, no Município de Concórdia, no meio-oeste do Estado.

Uma matéria sobre o caso foi publicada no jornal A Notícia, do dia de hoje, cujo título diz: “Catarinense ganha prêmio nacional”. Essa estudante de Concórdia ficou entre as três melhores do Brasil em um concurso de redação que reuniu mais de 21 mil alunos. O nome dela é Karla Isabella Klaus. A menina tem dez anos e ganhou um computador do Instituto de Ecoturismo e da Fundação Ayrton Senna, ambos de São Paulo, promotores do concurso.

O tema da redação era: “Eu quero, mas é difícil”. O texto da aluna de Concórdia tratou, principalmente, dos sonhos que as crianças alimentam e que nem sempre se tornam realidade.

Em função desse título que recebeu a nossa estudante, que orgulha Santa Catarina e o Brasil, fazemos este pronunciamento.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com muito orgulho e muita honra que gostaria de parabenizar uma pequena-grande catarinense da cidade de Concórdia. Karla Isabella Klaus, de apenas 10 anos, ficou entre as três melhores do Brasil num concurso de redação que reuniu mais de 21 mil alunos.

O resultado foi muito comemorado na escola e ter ganho esse prêmio veio a calhar: o texto que a consagrou trata dos sonhos que as crianças alimentam e que nem sempre se tornam realidade. Karla disse que foi importante não só pelo prêmio, mas porque, assim como ela mesma havia escrito, concretizou um de seus sonhos.

Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Karla conseguiu o que muitas crianças no Brasil anseiam. No entanto, não recebem o incentivo ou até mesmo a oportunidade. Constatamos que coisas desse tipo não acontecem constantemente com as crianças de um país que tem total e plenas condições de oferecer garantias de oportunidades de uma vida melhor para muitas karlas, joãos, marias, paulos espalhados por Santa Catarina e pelo nosso País, que são capazes de produzir, de servir e de serem a garantia do futuro do Brasil, que elegeu um presidente baseando-se em sonhos. Afinal, o ex-metalúrgico e líder sindical que hoje nos representa chegou lá movido à esperança de que iria promover mudanças e investir pesado nas áreas sociais. Mas o que foi feito?

As crianças precisam de um Governo que não as esqueça, que as mantenha no ápice de um futuro que não se baseie apenas nos sonhos, mas na concretização deles. Para isso, elas precisam de cuidados constantes, de incentivos incessantes e de investimentos infinitos, se preciso.

Segundo a coluna de Gilberto Dimenstein, da Folha de S.Paulo, foi realizado, num parque de diversões em São Paulo, um levantamento do DataFolha sobre os receios de crianças de 12 a 14 anos. Segundo a pesquisa, na lista de temores infantis, aparecem entre os principais destaques a violência urbana e o desemprego. Tirando os itens assombração e terror das provas escolares, as crianças têm os mesmos medos e quase em igual proporção dos adultos.

Havia um tempo em que se repetia a pergunta: “o que você vai ser quando crescer?” Quase todas as crianças demonstravam a certeza de que fariam alguma coisa. Não se dizia coisas do tipo: “talvez eu seja um desempregado”.

Na pesquisa do parque de diversões, 74% disseram ter medo de, no futuro, não conseguirem trabalho. O fato de uma criança imaginar-se sem ocupação depois de terminada a escola, temer pelo emprego dos pais e sentir-se cercada por delinqüentes representa uma brutal taxa de ansiedade, que muitas vezes acaba no consultório psicológico.

A sucessão presidencial também é movida por essa ansiedade, Sr. Presidente. Os brasileiros se sentem acuados, fragilizados e querem mudança, querem algo que se traduz especialmente pelo direito de andar nas ruas sem medo e de receberem o salário no final do mês. Querem mudanças, mas sem grandes ousadias, sem instabilidade.

Para ter uma idéia do tamanho da ansiedade do País, a pesquisa com os pequenos apontou que 91% das crianças daquela amostragem têm medo de serem seqüestradas. Que o Governo é este, Sr. Presidente, que não lhes dá as devidas garantias? Que Governo é este que gasta milhões com publicidade e não consegue segurar a adultização da infância, que é, por um lado, conseqüência dos bombardeios da mídia na era do tempo real?

Eu gostaria de, todas as semanas, poder compartilhar com V. Exªs uma vitória como a de Karla Klaus, que venceu ao relatar os sonhos que, na maioria das vezes, não saem do papel.

Sr. Presidente Mão Santa, V. Exª inúmeras vezes usa a tribuna para chamar a atenção do Governo, e a Senadora Patrícia Saboya Gomes tem dito bastante que o Brasil não oferece garantias para as crianças do nosso País, que não aproveita as crianças do nosso País, não lhes dá as devidas oportunidades.

Essa catarinense premiada de Concórdia, de 10 anos, escolheu um tema muito importante: “Eu quero, mas é difícil”.

Em pesquisas que se realizam e que mostram que as crianças têm medo do seu futuro, têm medo de não conseguir empregos, 91% das crianças dizem que têm medo de serem seqüestradas. Isso ocorre porque este Governo, após quatro anos, não conseguiu dar esperança de vida aos brasileiros.

Até as crianças que têm medo do futuro e que não conseguem ler, assistir a uma televisão e até ouvir o pronunciamento dos Senadores, muitas vezes não conseguem diferenciar as coisas boas das ruins, não conseguem encontrar, lá na frente, algo que lhes traga segurança de vida.

Este Governo instalado no País, que usa demagogicamente a mídia, diz que está investindo no social, mas não oferece e não consegue transferir, nem para as crianças, confiabilidade.

Cumprimento todas as crianças do País que acreditam num futuro melhor, aquelas que querem ter oportunidade no futuro e que estão se esforçando, em nome da nossa estudante de Santa Catarina, a estudante Karla, de Concórdia, que foi premiada com um título com que certamente vai se orgulhar para o resto de sua vida, por ter feito uma redação que chama a atenção de todos os homens públicos do nosso País.

Obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/03/2006 - Página 10430