Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Encaminhamento de pronunciamento em que protesta contra a ação do governo que restringe o trabalho evangelístico entre a população indígena, no Estado de Santa Catarina.

Autor
Leonel Pavan (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Leonel Arcangelo Pavan
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
RELIGIÃO. POLITICA INDIGENISTA.:
  • Encaminhamento de pronunciamento em que protesta contra a ação do governo que restringe o trabalho evangelístico entre a população indígena, no Estado de Santa Catarina.
Publicação
Publicação no DSF de 04/05/2006 - Página 14117
Assunto
Outros > RELIGIÃO. POLITICA INDIGENISTA.
Indexação
  • PROTESTO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, RESTRIÇÃO, MISSÃO, IGREJA EVANGELICA, COMUNIDADE INDIGENA, REGIÃO AMAZONICA, DEFESA, ORADOR, ASSISTENCIA RELIGIOSA, CONTRIBUIÇÃO, SAUDE, ALFABETIZAÇÃO, INDIO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, peço que seja publicado um pronunciamento em que me refiro à atitude do Governo de impedir que missionários cristãos trabalhem nas áreas indígenas da Amazônia. Gostaria que constasse dos Anais desta Casa esse pronunciamento como um protesto à ação do Governo, principalmente contra os evangélicos. É lamentável que o Governo tente impedir que evangélicos trabalhem com os indígenas.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR LEONEL PAVAN.

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O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na abertura do 24º Encontro Nacional de Missões dos Gideões da Última Hora realizado em Camboriú entre os dias 23/04 á 01/05 foi relatado pelo Deputado Adelor Vieira do meu Estado, Santa Catarina, sobre a restrição ao trabalho evangelístico entre a população indígena, quero declarar meu apoio à sua luta.

E dessa forma, registro minha indignação à atitude que vem sendo adotada pelo Governo, que está inibindo e até mesmo retirando da Amazônia missionários cristãos, em especial os evangélicos, que trabalham para levar educação evangelística aos indígenas daquela região.

A alegação por trás dessa agressão equivocada e injusta é de que esses missionários estariam descaracterizando ou retirando a cultura daqueles povos. Essa falácia não subsiste sequer a um exame simples da questão.

Em primeiro lugar, é preciso considerar que as culturas não são estáticas, como alguns teóricos - que passam os dias trancafiados em suas salas de estudo - desejariam. Ao contrário, elas estão sempre em processo de mudança, ainda que não haja qualquer interferência externa. Sendo assim, é impossível, do ponto de vista antropológico, uma cultura permanecer a mesma para sempre, mesmo sem a influência de um agente exógeno.

Além disso, é importante dizer que o missionário ou qualquer outra pessoa que tenha contato com uma tribo isolada irá interferir na cultura do povo, sim. Contudo, isso não significa que o missionário, o antropólogo ou o lingüista irá prejudicar ou aniquilar aquela cultura. Na verdade, qualquer indivíduo despreparado para viver num ambiente transcultural poderá produzir prejuízos, mas geralmente é o etnocentrismo da pessoa que faz isso, e não o Evangelho.

O trabalho missionário, em vez de ameaça, tem servido, em não poucos casos, para preservar a identidade étnica dos povos, auxiliá-los no reconhecimento de seus direitos diante do Governo e prepará-los para o contato com a sociedade envolvente. Entre o povo xerente, por exemplo, os missionários foram pioneiros em aprender a língua, grafá-la, dar-lhe uma ortografia prática, analisar o sistema gramatical, organizar dicionários, produzir material didático-pedagógico para alfabetização, alfabetizar o povo, treinar professores, etc.

Na falta de um programa bem elaborado ou de qualquer real estratégia, tem sido mais fácil para nossas autoridades tratar os indígenas como “bichos do mato” ou animais em extinção que precisam ser mantidos em cativeiro e que não têm direito de decidir sobre suas próprias vidas. Isso sim é uma imposição! Tal arrogância é baseada no pressuposto altamente equivocado de que eles não têm inteligência suficiente ou capacidade para fazer uma boa escolha.

O trabalho dos missionários não é impor o evangelho. Seu alvo é fazê-lo conhecido aos povos indígenas a fim de que eles tenham a oportunidade de se decidirem, favoravelmente, ou não, a ele. Entendo que qualquer ser humano, criado por Deus, além de ter o direito de conhecer as Boas Novas é dotado da capacidade de escolha.

Os missionários não são despreparados. Na maioria das vezes, passam por um longo período de treinamento e estudos, antes que a entidade mantenedora à qual estão ligados decida enviá-los para uma tribo. Essas pessoas sabem o alto custo e o risco de sua tarefa, e não se aventurariam sem a devida preparação. Em seu currículo constam períodos de treinamento assistido, vivendo em mata densa, e cursos lingüísticos. Sua mensagem espiritual é objetiva e sua visão de sociedade, abrangente.

Ademais, a mensagem do Evangelho é benéfica sob todos os pontos de vista. A ética e a moral que estimulam o trabalho, a fidelidade, a honestidade e condenam vícios degradantes, violência física, práticas de incestos e estupros, são valores que passam a ser incorporados por aqueles que abraçam a fé, tornando as chances de sobrevivência de sua comunidade muito maiores. É por isso que há relatos concretos de que, depois da chegada do Evangelho, a vida dos índios mudou e, na maior parte dos casos, a população da tribo voltou a crescer.

O analfabetismo de um quarto da população amazônica, por sua vez, é um dos maiores inimigos dos evangélicos, que precisam ler a Bíblia para o culto. Assim, além do atendimento clínico e odontológico, que muitas vezes acompanha a atividade missionária, há trabalhos voltados para a alfabetização de crianças, jovens e adultos. Com isso, a religião passa a contribuir para o desenvolvimento regional.

Por tudo isso, Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Parlamentares, repudio toda e qualquer forma de perseguição a esses que têm abraçado a dificílima e altruísta missão de levar o Evangelho aos povos indígenas isolados e lhes estendo meu irrestrito apoio.

De tal modo aproveito para render minhas homenagens ao Presidente dos Gideões Pr. Cesino Bernadino, toda a Comissão Organizadora pelo brilhante Encontro dos Gideões que reuniu Pastores, Missionários e mais de 150 mil participantes numa emocionante demonstração de Fé na palavra de Deus.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/05/2006 - Página 14117