Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a falta de política agrícola e a falência da agricultura brasileira. Protesto dos agricultores.

Autor
Antero Paes de Barros (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MT)
Nome completo: Antero Paes de Barros Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Considerações sobre a falta de política agrícola e a falência da agricultura brasileira. Protesto dos agricultores.
Publicação
Publicação no DSF de 27/04/2006 - Página 13496
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • APREENSÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ZONA RURAL, MANIFESTAÇÃO, PRODUTOR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), PROTESTO, INEFICACIA, POLITICA AGRICOLA, REDUÇÃO, EFEITO, AUMENTO, JUROS, DESVALORIZAÇÃO, CAMBIO, INFERIORIDADE, PREÇO, PRODUTO AGRICOLA.
  • DEFESA, NECESSIDADE, URGENCIA, SENADO, BUSCA, SOLUÇÃO, CRISE, PAIS.

O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, volto a pedir a palavra, pela ordem, nesta tarde, extremamente preocupado com a crise do agronegócio e com os protestos dos produtores do Norte do Mato Grosso contra a falta de política agrícola e a falência da agricultura brasileira.

Ontem, Sr. Presidente, alertei o Senado e a Nação para a gravidade da situação no meio rural e para o movimento dos produtores. Hoje, minha preocupação é ainda maior, porque o protesto só aumentou em meu Estado e vai se transformar num protesto nacional.

Só o Governo Federal não se preocupa. O Governo não destacou nenhuma autoridade para negociar com os produtores; o Governo também não acenou aos produtores com nenhuma medida capaz de diminuir os efeitos perversos da alta de juros, da desvalorização cambial e da queda dos preços dos produtos agrícolas.

O Governo colheu resultados positivos graças às exportações do agronegócio; o Governo faturou politicamente com os empregos gerados pelo agronegócio e alardeou a queda da inflação, que contou com a redução dos preços dos produtos agrícolas graças à competência dos agricultores e às sucessivas safras recordes.

Na hora em que a crise se instala, Sr. Presidente, o Governo não toma conhecimento, não negocia, não atende aos produtores, não toma as medidas necessárias para minimizar os efeitos da crise. Aos agricultores restam dois caminhos: recorrer à Justiça e protestar.

Como, no Brasil, a Justiça é lenta, é morosa, os produtores saíram para as ruas e para as estradas.

Neste instante, os agricultores intensificam protestos nas cidades de Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Ipiranga do Norte, Itanhangá, Tangará da Serra, Diamantino, Sapezal, Comodoro e muitas outras cidades de Mato Grosso.

Hoje de manhã, em Sinop, houve momentos de tensão, quando soldados da Polícia Militar foram mobilizados para dar segurança a oficiais de justiça para cumprir liminar com a finalidade de “reabrir” agências bancárias. Por pouco, não houve confronto na agência central do Banco do Brasil, cujas portas estavam bloqueadas com quatro tratores.

Em Lucas do Rio Verde, Sr. Presidente, a Prefeitura Municipal suspendeu o atendimento ao público em apoio à manifestação dos agricultores. Foram mantidos apenas os serviços essenciais de saúde e educação. Lucas do Rio Verde é, hoje, o maior produtor nacional de soja e, de acordo com a Prefeitura, a crise do agronegócio representa uma queda na arrecadação municipal da ordem de R$10 milhões este ano.

Em Nova Mutum e Sorriso, o comércio fechou suas portas durante duas horas hoje.

Em Sinop, um dos principais Municípios do Estado, a nova fronteira agrícola nacional, um produtor ateou fogo a uma colheitadeira agrícola.

O trânsito de veículos está bloqueado na BR-163 em uma dezena de pontos.

Na cidade de Comodoro, o tráfego foi interrompido no entroncamento entre a BR-163 e a 174 desde as sete horas da manhã.

Em Ipiranga do Norte, Município onde se iniciou o protesto - por isso mesmo chamado de Grito do Ipiranga -, cerca de 200 produtores seguem pela BR-163 em caravana, para se juntar aos manifestantes de Sorriso.

Em Tangará da Serra, os produtores interditaram o tráfego na rodovia MT-358.

O protesto dos agricultores tem o apoio da Famato, que orienta os produtores para que ajam sem radicalismos e sem violência.

É isto que estamos vendo em Mato Grosso: uma manifestação pacífica, ordeira, para chamar a atenção do Brasil.

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva está riscando 2007 do calendário econômico nacional. É preciso, urgentemente, que o Senado entre no debate e que as lideranças políticas desta Casa busquem uma solução para o País, Sr. Presidente.

Esse era o registro que eu gostaria de fazer sobre o movimento que está existindo em Mato Grosso e que já começa a se estender para outros Estados da Federação.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/04/2006 - Página 13496