Discurso durante a 110ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Congratulações ao Maestro Ricardo Meira Lins, regente da Orquestra Sinfônica de Manaus, pela realização de seu concerto mensal, que incluiu 70 jovens músicos, todos bolsistas do programa Meu Primeiro Emprego. Voto de aplauso ao menino Lucas, de 6 anos de idade que viveu 63 dias em mãos do crime organizado.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Congratulações ao Maestro Ricardo Meira Lins, regente da Orquestra Sinfônica de Manaus, pela realização de seu concerto mensal, que incluiu 70 jovens músicos, todos bolsistas do programa Meu Primeiro Emprego. Voto de aplauso ao menino Lucas, de 6 anos de idade que viveu 63 dias em mãos do crime organizado.
Publicação
Publicação no DSF de 14/07/2006 - Página 24343
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • VOTO, CONGRATULAÇÕES, ORQUESTRA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), JUSTIFICAÇÃO, REALIZAÇÃO, APRESENTAÇÃO, MUSICA, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, MUSICO, PARTICIPAÇÃO, JUVENTUDE.
  • VOTO, CONGRATULAÇÕES, CRIANÇA, LIBERAÇÃO, SEQUESTRO, AUTORIA, CRIME ORGANIZADO, ELOGIO, ATUAÇÃO, POLICIA MILITAR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falo de música, para falar da Orquestra Sinfônica de Manaus, que ontem realizou seu concerto mensal, nos salões do Rio Negro Clube, com uma novidade, merecedora de Voto de Aplauso: o concerto incluiu 70 jovens músicos, gente simples de Manaus, todos bolsistas do programa Meu Primeiro Emprego.

Congratulo-me com o Maestro Ricardo Meira Lins, que foi o regente do Concerto de ontem, pela feliz, humana e acertada iniciativa de incluir na apresentação os músicos-bolsistas. E a todos os que participaram do Concerto

         A apresentação de ontem serviu para lembrar Mozart, ao ensejo do 250º aniversário de seu nascimento.

Estou, em separado, encaminhando à Mesa Voto de Aplauso à Sinfônica de Manaus, nos seguintes termos:

REQUERIMENTO Nº /2006

Requer VOTO DE APLAUSO à ORQUESTRA SINFÔNICA DE MANAUS, que, ontem, dia 11 de julho de 2006, em seu Concerto Mensal Oficial, incluiu a participação de 70 jovens músicos, todos bolsistas do programa Meu Primeiro Emprego.

REQUEIRO, nos termos do art. 222, do Regimento Interno, e ouvido o Plenário, que seja consignado, nos anais do Senado, VOTO DE APLAUSO à ORQUESTRA SINFÔNICA DE MANAUS, pela inclusão, em seu Concerto Mensal Oficial, 70 jovens músicos, todos eles bolsistas do programa Meu Primeiro Emprego.

Requeiro, ademais, que este Voto seja levado ao conhecimento do Maestro Ricardo Meira Lins, que conduziu o Concerto, e, por seu intermédio, aos 70 bolsistas-participantes e aos convidados especiais que participaram do Concerto, Maestro Kleber Ferreira e o músico Wallace Bispo, de apenas 12 anos, que fez o solo do Concerto nº 3 para violino e orquestra

JUSTIFICATIVA

No Concerto Oficial que realiza todo mês, nos salões do Rio Negro Clube, a Orquestra Sinfônica de Manaus incluiu entre os músicos 70 jovens bolsistas do programa Meu Primeiro Emprego. Nessa apresentação, a Sinfônica homenageou Mozart, ao lembrar o 250º aniversário de seu nascimento.. Foram apresentadas as peças "Divertimento em Sol Maior, Alegro - Presto, Andante" e "Concerto nº3", finalizando com "Danúbio Azul", de Johann Strauss.

 

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como segundo assunto, quero registrar o seguinte:

Ode Terna Ao Menino Lucas,

Canto Triste Do Brasil Que Sofre E Pede Paz

         Estou solicitando ao Senado da República um Voto de Aplauso que, se fosse possível, seria subscrito pelo jovenzinho Lucas, de apenas 6 anos, que viveu 63 dias em mãos do crime organizado. Ele foi libertado por uma ação eficiente dos organismos policiais do Estado de S.Paulo.

         Lucas, em sua inocência própria da pouca idade, não sabe, mas ele reflete muito mais do que a aflição, a agonia e noites sem dormir das famílias. Reflete a esperança de um Brasil em que todos possam, sem medo e sem correr riscos, sair às ruas, ir à escola, ao trabalho, buscar o lazer.

Lucas também não sabe que ele e milhares de crianças, que vão constituir a Nação de amanhã, merecem e sonham com um Brasil sem violência. Se soubesse,diria com voz ainda grácil palavras simples de quem espera o mesmo cenário que todos imaginamos para a Pátria.

Ontem, está no noticiário! Lucas sorriu!

Ele e todos os Lucas do Brasil inteiro também querem sorrir, querem olhar à frente e encontrar o que João Alphonsus descreve no seu Eis a Noite (p. 115):

(...) subiu a ladeira ao tênue luar que dava

à lagoa e à pequena localidade...uma flutua-

ção de cidadezinha de sonho.

            Que não seja só de sonho nem a cidadezinha nem a grande cidade ou as gigantes metrópoles. Somos todos como a feição da pequena cidade e queremos ter a paz tão grande como o gigantismo das nossas Capitais. Todas as cidades, todos os sítios, desde de lá do meu Amazonas, passando por aqui, para chegar ao extremo Sul.

Vejo e vêem os brasileiros que a paz é, sim, possível. Nem é preciso sonhar! Confiar, sim e apenas. Esperar também, esperar dos que nos conduzem, como dirigentes das cidades, dos Estados e do País.

Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou pedindo Voto de Aplauso a quem faz algo que é bom para todos. A quem ajuda a afastar para longe os que, ao contrário, procuram fazer o mal.

Antes, requeri à Mesa Voto de Aplauso a 70 jovens músicos do Amazonas, jovens simples, todos bolsistas do programa Primeiro Emprego, que ontem ajudaram a dar som à Orquestra Filarmônica de Manaus, no Concerto em que, pelas notas musicais, falam ao sentimento.

Lá, o sentimento juvenil de jovens da distante Floresta Amazônica. Ali, o da ciclópica São Paulo, ambas Brasil. Um e outro, o mesmo sentimento do sorriso que voltou à face tão jovem de Lucas. Sentimento de Esperança e de Fé no amanhã!

Era o que eu tinha a dizer.

 

*********************************************************************************

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

*********************************************************************************

Matéria referida:

“Requerimento”.

REQUERIMENTO Nº /2006

Requer VOTO DE APLAUSO ao Governo do Estado de São Paulo, pela firme atuação na repressão ao crime organizado.

REQUEIRO, nos termos do art. 222, do Regimento Interno, e ouvido o Plenário, que seja consignado, nos anais do Senado, VOTO DE APLAUSO ao GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela firme atuação na repressão ao crime organizado, que resultou na libertação de suas crianças que haviam sido seqüestradas, uma de seis anos, em Guarulhos (Guaianases) e outra de 12 em Campinas. Os dois episódios e especialmente o de Lucas, de 6 anos, causaram profunda comoção pública. Ambos tiveram desfecho feliz graças às ações dos organismos policiais de São Paulo.

Requeiro, ademais, que este Voto seja levado ao conhecimento do Governador Cláudio Lembro e ao Secretário de Segurança Pública, Dr. Saulo de Castro Abreu Filho, e, por intermédio deste, às delegacias e órgãos policiais do Estado, inclusive as Delegacias Especializadas Anti-Seqüestro.

JUSTIFICATIVA

O noticiário da televisão emocionou milhares de brasileiros pelo desfecho feliz de duas crianças, uma de 12 anos, em Campinas, e outra de 6 anos na Grande São Paulo (Guarulhos/Guaianases). O caso de Lucas, o menor de seis anos, comoveu profundamente a opinião pública, que, ao se sentir indefesa, vê, no entanto, que ainda pode confiar na ação da Polícia, como a de São Paulo, que agiu à altura das exigências do momento nacional, abalado pela insegurança gerada em parte pela omissão do Governo Federal, que faz vista grossa ao contrabando de armas, que entram facilmente pelas nossas fronteiras e pela inexistência de programas confiáveis para enfrentar o crime. São Paulo dá um exemplo de que há soluções, sim, bastando uma efetiva política de segurança pública. Dá um exemplo a seguir.

Lucas sorri, após 63 dias de terror

Advogado, vizinho da família, foi detido por ligação com seqüestro de garoto: família cobra providências da OAB

Carina Flosi

Foram 63 dias de agonia e desespero e noites sem dormir à espera de notícias de Lucas da Silva, de apenas 6 anos, mantido em poder de seqüestradores durante longas 1.512 horas. Neste período, os pais receberam apenas dois telefonemas. O primeiro, na madrugada de 11 de maio, quando os criminosos deram o seu preço pela liberdade do menino: R$ 3 milhões. "Senti saudades sempre", contou ontem Lucas, que fez aniversário e perdeu o primeiro dentinho enquanto estava no cativeiro.

"Um homem calmo pediu para falar comigo. Disse para eu desistir que até o fim não falaria com meu filho. Exigiu R$ 3 milhões e desligou", contou Nádia da Silva, mãe de Lucas. A segunda ligação viria apenas 13 dias depois, às 15 horas de 24 de maio. Dessa vez, um homem "muito violento e agressivo" avisou: iriam matar Lucas. "Antes de desligar, ele só disse que ligaria novamente em 30 dias, mas isso nunca aconteceu."

Nos dois meses de angústia, os pais de Lucas foram amparados por parentes e amigos como o advogado Ademilson Alves de Brito, vizinho no condomínio de luxo onde mora a família, no Arujá. Dele, ouviram frases como: "Este seqüestro é realmente preocupante porque esses homens são profissionais." O que só fez aumentar o temor de que algo pior acontecesse com Lucas. Mais tarde, descobririam, pela polícia, que se tratava de uma estratégia para deixar a família em pânico e fazê-la pagar o resgate. Brito estaria envolvido no crime. E foi preso durante o seqüestro.

"Ele foi abusado e traidor. Entrou na minha casa dois dias após o seqüestro dizendo essas palavras de terror. Ele se gabava de dizer que era advogado do PCC e sabia que um seqüestro como o do meu filho custava R$ 150 mil para os bandidos pagarem todos os membros do bando", contou Nádia.

Em uma busca desesperada, ela, o marido e os quatro filhos mais velhos percorreram de carro todas as regiões da capital, além de Guararema e Bertioga. "Tínhamos a esperança de encontrá-lo na rua ou em um orelhão. Eu cheguei a passar perto do cativeiro, em Guaianases", lembrou Nádia.

Lucas foi seqüestrado na manhã do dia 9 de maio, quando ia para a escola, de carro, com o irmão de 20 anos. Três homens armados desceram de um Ka e obrigaram o rapaz a entrar no porta-malas. Lucas foi para o banco de trás. Saíram, então, em alta velocidade. Na Rodovia Ayrton Senna, o carro chamou a atenção dos policiais rodoviários, que mandaram o motorista parar. Mas os bandidos aceleraram até chegar a um posto de gasolina. Um dos criminosos entrou com Lucas num lotação e os dois desapareceram.

A polícia de Guarulhos encontrou no Ka uma multa de trânsito que o dono do carro, também seqüestrador, havia levado. E foi essa pista que entregou a articulada quadrilha.

Em 11 de maio os policiais estouraram o cativeiro, mas Lucas já havia saído de lá. Um comerciante que também estava no local acabou sendo libertado. Lucas tinha sido levado para uma casa modesta, em Guaianases, onde permaneceu até anteontem. "Meu filho viu o comerciante amarrado dois dias da cabeça aos pés. Sofreu 63 dias de violência psicológica", desabafou a mãe.

No segundo cativeiro, Lucas era vigiado pela dona da casa, que morava com os filhos, um casal de crianças. Lucas se distraía com elas, brincando e jogando videogame. Ele não podia sair da casa. À noite, sem receber mamadeira, dormia sozinho na sala, em um colchão. A criminosa dizia ao menino que seus pais tinham ido viajar e logo voltariam.

No dia em que completou 6 anos, o garotinho recebeu os parabéns da sequestradora. "Mas ele não entendia por que eu não ia buscá-lo para dar a festa prometida no buffet infantil. A única coisa boa foi que ele não recebeu chupeta e teve de largá-la", brincou Nádia.

O cativeiro foi estourado pela Polícia Civil de São Paulo, que investigava um integrante da quadrilha. Ele foi preso em Caraguatatuba e levou a polícia à casa em Guaianases. O resgate não chegou a ser pago.

PRESENTES

O garoto, que passou por uma cirurgia delicada no crânio aos 3 meses de idade, ontem teve um dia feliz, recebendo os sonhados presentes de aniversário. "Ele voltou confuso, muito quieto e falando baixinho. Receberá tratamento psicológico."

A família disse estar satisfeita com o trabalho da polícia, que prendeu 14 pessoas do bando. Mas cobrou providências da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) quanto a Brito e criticou instituições de defesa dos direitos humanos. "É o fim do mundo a gente ter nossas crianças seqüestradas, ainda mais por um advogado. Um filho seqüestrado é muito pior do que um filho doente, porque a gente não pode estar ao lado dele. Cadê os direitos humanos? Nós também somos vítimas da violência", protestou a mãe.

Polícia resgata menino levado de dentro de casa

ROSE MARY DE SOUZA, ESPECIAL PARA O ESTADO

Um estudante de 12 anos foi libertado do cativeiro ontem pelos investigadores da Delegacia Especializada Anti-seqüestro de Campinas (DEAS). O garoto estava desaparecido havia quatro dias, depois de ser levado de dentro de casa, no Jardim Nova Europa, em Campinas. Na ocasião, os seqüestradores prenderam os pais do menino no banheiro. Depois, telefonaram para a avó, informando o crime. O DEAS estourou o cativeiro, uma casa abandonada no Jardim Campo Belo 2, e prendeu Gilson dos Santos Filho, de 32 anos, e Evaerte Rufino dos Santos, de 19. Eles trabalhavam em um lava-rápido próximo da casa da vítima. Não houve pagamento de resgate. O estudante informou aos policiais que foi bem tratado e no cativeiro brincava com videogame.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/07/2006 - Página 24343