Discurso durante a 206ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Despedida do Senado Federal, para assumir o cargo de governador do Estado de Alagoas.

Autor
Teotonio Vilela Filho (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AL)
Nome completo: Teotonio Brandão Vilela Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. POLITICA SOCIAL.:
  • Despedida do Senado Federal, para assumir o cargo de governador do Estado de Alagoas.
Aparteantes
Augusto Botelho, César Borges, Delcídio do Amaral, Efraim Morais, Flexa Ribeiro, Heráclito Fortes, Ney Suassuna, Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 15/12/2006 - Página 38897
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • DESPEDIDA, ORADOR, MANDATO PARLAMENTAR, SENADO.
  • ANALISE, HISTORIA, REPUBLICA, BRASIL, COMPARAÇÃO, DITADURA, SITUAÇÃO, ATUALIDADE, OCORRENCIA, TRANSFORMAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, GRAVIDADE, AMPLIAÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, DESIGUALDADE REGIONAL, NECESSIDADE, CONGRESSO NACIONAL, LUTA, GARANTIA, DEMOCRACIA, ATENDIMENTO, DIREITOS, SOCIEDADE.
  • AGRADECIMENTO, SERVIDOR, SENADO, APOIO, TRABALHO, ORADOR, SAUDAÇÃO, CANDIDATO ELEITO, SENADOR, ESTADO DE ALAGOAS (AL).
  • COMENTARIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, EMPENHO, REALIZAÇÃO, SERVIÇO, OBRA PUBLICA, MELHORIA, INFRAESTRUTURA, EDUCAÇÃO, REDUÇÃO, MORTALIDADE INFANTIL, AMPLIAÇÃO, ABASTECIMENTO DE AGUA, MUNICIPIOS, ESTADO DE ALAGOAS (AL).
  • REGISTRO, PRETENSÃO, ATUAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE ALAGOAS (AL), LUTA, INTERESSE, POPULAÇÃO, REALIZAÇÃO, JUSTIÇA, IGUALDADE, SOCIEDADE.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, nesta fala de despedida do Senado Federal, ainda ecoa na minha consciência o meu primeiro pronunciamento, por ocasião da homenagem da Assembléia Nacional Constituinte à memória do velho Teotônio, quando abordamos o Projeto Brasil, a receita do velho Menestrel para o resgate da dívida do País para com o nosso povo.

Isso faz pouco menos de vinte anos, mas as mudanças que o Brasil experimentou a partir de então foram transformações de mais de um século.

Sr. Presidente, faz menos de vinte anos que subi a esta tribuna pela primeira vez. Mas, nesse tempo, o líder sindical que o velho Teotônio visitava nas prisões hoje é o Presidente da República e, em poucos dias, assumirá o segundo mandato presidencial escolhido na maior e mais democrática eleição direta de todo o mundo.

Faz menos de vinte anos que aqui discursei pela primeira vez, mas há 12 anos o Brasil é presidido por ex-presos políticos.

Faz poucos dias a Presidência da República era exercida interinamente pelo Deputado Aldo Rebelo, representante do Partido Comunista do Brasil e há quase um ano o terceiro em nossa linha sucessória.

Em menos de duas décadas, o Estado brasileiro indenizou ex-presos políticos e seus familiares. São cada vez mais remotos os vestígios da ditadura. O Brasil saiu de uma anistia consentida para uma Constituinte com marcas tão visíveis de cidadania que nem seus equívocos conseguiram ofuscar. No mesmo Brasil em que, há mais de vinte anos, só os Generais chegavam à Presidência.

Sr. Presidente, no campo institucional e econômico, o Brasil mudou de não se conhecer mais. Quem lembraria hoje os tempos da hiperinflação, de 3% a 4% de rendimentos nominais ao dia? Em que o diretor financeiro de qualquer organização era, a rigor, mais importante que o próprio Presidente? A inflação de um só dia era superior à inflação de um ano inteiro?

O Brasil mudou muito desde então.

Apenas a desigualdade não mudou. Acentuou-se até. E não apenas a desigualdade entre pessoas, mas também o fosso que separa as regiões. O Brasil miserável está cada vez mais distante de um país que ostenta cruelmente a opulência dos que são cada vez mais ricos diante dos que são cada vez mais pobres.

No campo social, o Brasil estagnou, quando não andou para trás.

O Brasil que dominou por completo o processo inflacionário não consegue desconcentrar renda nem o desenvolvimento. Caiu, quase desapareceu, a inflação, mas a iniqüidade social não apenas persiste, mas amplia-se.

Convivemos, nesses vinte anos, Sr. Presidente, com teorias diversas sobre a desigualdade social, como a perversa e esdrúxula teoria do bolo: era preciso crescer para depois ser dividido. O PIB brasileiro multiplicou-se, sem que houvesse qualquer desconcentração.

Como está mudado e como está igual o nosso Brasil!

Ainda ouço os apartes do jamais esquecido Senador Mário Covas ao nosso primeiro pronunciamento, lembrando que a democracia não é um valor abstrato, mas tem de se constituir em realidade concreta no cotidiano mais corriqueiro dos mais anônimos cidadãos.

Reconquistamos a democracia formal do funcionamento regular das instituições e do respeito aos direitos individuais. Mas, vinte anos depois, repito com tristeza que é preciso agora lutar pela democracia social das oportunidades e pelo atendimento dos direitos coletivos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a distância histórica nos permite avaliar agora que a indicação dos passos a percorrer é ainda maior que o roteiro das conquistas a celebrar. No campo social, o Brasil estagnou quando não andou para trás.

Confesso que a atualidade gritante dos primeiros pronunciamentos me inquieta a consciência, com a amarga sensação do dever ainda por fazer. E me aumenta a angústia de perceber que a redemocratização do Brasil tudo trouxe no capítulo dos direitos individuais, mas pouco acrescentou ao fortalecimento do Legislativo em face da hipertrofia do Executivo - o Congresso Nacional pouco pode, além de propor; e pouco influi, além de analisar e questionar.

O que move o Congresso Nacional é o sonho e a infinita capacidade de lutar; o que alimenta é a esperança, o que, ao menos para nós, não tem sido suficiente.

Nós alagoanos temos o DNA da utopia e dos sonhos. Aqui, nesta Casa, eu, o Presidente desta Casa, Senador Renan Calheiros, e a brava Senadora Heloísa Helena, que, ontem, comoveu o Brasil no seu pronunciamento de despedida, temos procurado nos alimentar desse sonho para reduzir e minorar o sofrimento dos nordestinos, em particular dos alagoanos. Incluo o Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Aldo Rebelo, que é Deputado por São Paulo, mas é conterrâneo das Alagoas e da nossa querida Viçosa, onde nascemos.

Pela confiança inexcedível dos alagoanos, mudo de trincheira, mas não mudo de bandeia, nem de programa. Saio do Senado e vou para o Executivo, lutar para resgatar a inquietante dívida social contraída com o povo de Alagoas.

A nova bandeira hoje já não é a anistia política que o Brasil até já esqueceu, mas a anistia social indispensável para resgatar a cidadania de milhões de brasileiros.

O resgate da dívida secular que Alagoas acumulou com nossos pobres é o dever de casa, Senador Mão Santa, que preside esta sessão, que o velho Teotônio passou-me há quase três décadas. Lição que apliquei em cada dia de minha missão, de minha atuação nesta Casa. E agora ainda mais próximo do dia-a-dia dos alagoanos será esse o meu roteiro no Executivo.

Reconquistamos a liberdade, mas é preciso conquistar a justiça. Temos a democracia formal, mas é preciso a cidadania abrangente.

Deixo o Senado enriquecido com as lições de vida e exemplos de dignidade, que eu próprio testemunhei, de protagonistas de nossa história e ousados construtores do nosso futuro.

Não me atrevo a nominá-los com o temor da injustiça, de esquecer um que seja, tantos são os que admirei e admiro, tantos os com quem aprendi e aprendo.

Aproveito também, Sr. Presidente, para aqui fazer um agradecimento aos funcionários do Senado Federal, aos funcionários da Mesa que, sempre com muita diligência, tiveram uma atenção extremamente generosa para com este Senador. Agradeço aos assessores do meu gabinete, aqui representados pela Ângela, a nossa Chefa de Gabinete, que, com tanta competência, tem trabalhado ao longo desses anos com toda a nossa equipe para que pudéssemos fazer do nosso mandato uma ferramenta, um instrumento para melhorar a vida de tantos alagoanos que, sem dúvida nenhuma, agradecem e, de certa forma, reverenciam esse trabalho a cada eleição que disputamos.

Deixo o Senado com a certeza de que os interesses de nossa terra serão ainda mais bem defendidos nesta Casa pelo Senador João Tenório, que o Senado já conhece pelo equilíbrio de sua postura e pela solidez de sua experiência e de sua formação.

O Sr. Efraim Morais (PFL - PB) - V. Exª me permite, Senador?

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Com muita honra, nobre Senador Efraim Morais.

O Sr. Efraim Morais (PFL - PB) - Senador Teotonio Vilela, V. Exª inicia o seu discurso de despedida ou de férias desta Casa, porque recebeu uma missão do próprio povo, que o trouxe para esta Casa, e agora o elegeu Governador do seu Estado. Essa é uma missão bem mais difícil, tenho certeza, porque nós, nordestinos, sabemos das dificuldades da nossa região. V. Exª, com muita energia e com muita vontade, vai enfrentar mais esse desafio na sua vida pública. Iniciou o pronunciamento relembrando o seu saudoso pai, que traçou também a sua vida, o seu destino, mostrando o caminho retilíneo que V. Exª até hoje segue em toda a sua história política e pública. Sabemos que estamos perdendo um grande companheiro, mas a decisão foi do seu povo, a decisão foi dos alagoanos. Com certeza sai daqui encorajado, com vontade de servir a esse povo que sempre confiou em V. Exª, que sempre soube ter em V. Exª e em sua família legítimos representantes do povo alagoano. V. Exª sabe que nos deixa temporariamente, sabendo inclusive que nesta Casa só construiu amigos e amigas, Senadores e Senadoras. Eu tenho absoluta certeza, pela forma com que sempre atuou, com essa diplomacia que é uma característica de V. Exª, com o bom trato, com a boa amizade e, acima de tudo, respeitando a todos.

            Por isso, recebe, de minha parte e da Paraíba, o nosso apoio integral nesta Casa. Pode ter certeza de que o destino que espera V. Exª, como um dos menores Estados do Nordeste, os nordestinos aqui estarão à disposição de V. Exª e do seu Estado. Peço a Deus que o guie e lhe dê bastante coragem e, acima de tudo, vontade de continuar trabalhando pela sua terra. Vá, vá para Alagoas - e como falou bem V. Exª - e deixe aqui um homem de muita fibra, o Senador João Tenório, que estará conosco dentro de poucos dias,na certeza de que, unidos, alagoanos e nordestinos, estaremos prontos para ajudá-lo, porque sabemos que é difícil a missão que V. Exª tem daqui para a frente. Deus o abençoe.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Amém!

Obrigado, nobre Senador Efraim Morais.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - V. Exª me permite um aparte, nobre Senador Teotonio? 

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Sim. Só respondendo ao Senador Efraim, quero dizer, nobre Senador, que tenho plena consciência de como o desafio é grande, é imenso, mas estou pronto, com muita vontade e determinação. E quem teve a lição de vida aprendida com o velho Teotonio não pode fugir aos desafios.

Obrigado pelo aparte de V. Exª.

Concedo um aparte ao meu querido e nobre Senador Flexa Ribeiro.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Após o Senador Flexa Ribeiro, V. Exª me permite um aparte?

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Meu amigo e companheiro, Senador Teotonio Vilela Filho, para mim, este é um momento em que V. Exª está coroando a sua trajetória política, fazendo jus à vida e à memória do menestrel das Alagoas - o tão querido e festejado Teotônio Vilela. Todos nós conhecemos a história de Teotônio Vilela, a sua importância para o processo redemocratização em nosso País. V. Exª segue os passos do seu pai - foi e é um Senador determinado, competente e brilhante na defesa dos interesses do Brasil e da sua Alagoas. Senador Teotonio, fui presidido por V. Exª no PSDB. V. Exª demonstrou, naquela ocasião, a competência de unir, de fortalecer, de levar o Partido da Social Democracia Brasileira a grandes vitórias e a grandes momentos. Tenho com V. Exª uma relação de amizade, que começou com uma admiração e um respeito pelo trabalho de V. Exª.

A sua relação com o meu Estado, o Pará, tem laços comerciais, pois V. Exª nos ajuda a desenvolver aquele Estado; tem laços gastronômicos, já que V. Exª é, sem sombra de dúvida, um dos maiores admiradores da culinária paraense. Alegra-nos muito saber que lá em Maceió há um alagoano ligado umbilicalmente com o nosso querido Estado do Pará. Senador Teotonio, V. Exª deixa o Senado e deixa um novo companheiro nosso, o Senador João Tenório, com a mesma fibra, com a mesma determinação e amor por Alagoas para continuar o seu trabalho. V. Exª assume uma das missões mais difíceis que já pode ter enfrentado, o governo das Alagoas. V. Exª tem dito a todos nós sobre como se encontra aquele Estado, mas todos nós do PSDB e todos os alagoanos que o elegeram têm a certeza de que o Estado de Alagoas vai estar, sob sua direção, em um novo rumo, o rumo da organização, do desenvolvimento econômico e social. Para isso foi preciso o Senado abrir mão da sua inteligência para que o povo das Alagoas possa ter melhores condições de vida. Senador Teotonio, vá com Deus; que Ele continue acompanhando V. Exª. E tenha aqui, na pessoa do seu amigo, um quarto Senador pelo seu Estado para defender os seus projetos e suas iniciativas para modificar e desenvolver o querido Estado de Alagoas.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado pela generosidade do seu aparte, nobre Senador Flexa Ribeiro.

Concedo um aparte ao Senador César Borges, com muita honra.

O Sr. César Borges (PFL - BA) - Prezado e querido Senador Teotonio Vilela Filho, essa é uma grande perda para essa Casa, sem sombra de dúvida. Vamos perder um colega carinhoso, gentil, e um grande Senador, que conhece como ninguém os meandros do Senado. V. Exª é especialista no Senado e vai para um grande desafio. Mas tenho certeza de que sua alma pedia esse momento de governar a sua terra. Imagino as dificuldades que V. Exª vai enfrentar, são dificuldades imensas. Mas o seu amor a sua terra, a sua competência, a sua dedicação, a sua capacidade, o seu passado, a sua história política, com certeza, o levarão a ter sucesso em Alagoas, transformando para melhor todo aquele grande Estado brasileiro, que amamos e gostamos. E estaremos aqui também prontos a ajudá-lo no que for necessário para que sua missão seja de êxito, para que a sua vitória à frente do governo seja a vitória do povo de Alagoas. Como diz V. Exª, o velho Teotônio Vilela deve estar alegre e confiante do seu papel, assim como o povo de Alagoas. Deus o ajude em mais essa vitória, que será completa quando o povo de Alagoas tiver, como deseja V. Exª, as melhorias que V. Exª vai trazer à frente do governo. Portanto, Teotonio Vilela, muito sucesso, que Deus guie seus passos para que cumpra bem a sua missão. Um grande abraço e parabéns, mais uma vez, por estar fazendo aquilo que V. Exª deseja, que é estar à frente do destino do seu povo.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado, Senador César Borges. Precisarei muito, sim, de V. Exª como Senador, em defesa do Nordeste, como sempre tem feito. Precisarei também da experiência do grande Governador da Bahia que V. Exª foi e que certamente me vai aconselhar em muitas questões pertinentes à nossa sofrida região Nordeste. Muito obrigado a V. Exª.

Concedo o aparte ao nobre Senador Delcídio Amaral.

O Sr. Delcídio Amaral (Bloco/PT - MS) - Meu caro Senador Teotonio Vilela, já conheço V. Exª há um bom tempo, desde os nossos embates sobre o setor elétrico brasileiro, quando V. Exª era Presidente da Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal, uma das comissões permanentes mais atuantes desta Casa. V. Exª sempre se posicionou de maneira lúcida, equilibrada, responsável; nunca discutiu ideologicamente setores de infra-estrutura. Sempre se posicionou de maneira clara, transparente e cristalina e muito contribuiu para a evolução do setor elétrico. Lembro-me bem dos vários debates que fizemos. A Comissão de Infra-Estrutura era o grande foro no Congresso Nacional dos modelos a serem implantados ou implementados no País. Ao mesmo tempo, V. Exª ocupou posições de extrema relevância como Presidente do PSDB, como Senador da República e como alguém que carrega uma responsabilidade enorme: continuar a história do grande pai que V. Exª teve, um exemplo e uma referência para todo o Brasil, para todos nós. Hoje vejo V. Exª fazendo esse discurso de despedida do Senado Federal, mas para assumir novas responsabilidades, para assumir o Governo do seu Estado, conforme vontade do seu povo, o povo das Alagoas. Não tenho dúvida, Senador Teotonio Vilela Filho, de que V. Exª fará uma grande administração. O povo de Alagoas escolheu muito bem o seu próximo Governador, e eu espero que V. Exª, com toda essa bagagem adquirida, conduza o Estado para o futuro que todo o seu povo merece. Um futuro de realizações, de diversificação econômica, de trabalho. Tenha certeza V. Exª de que todos nós estaremos aqui juntos. Somos parceiros de V. Exª no sentido de construir um grande Estado. Eu costumo olhar muito as pessoas pelo seu lado pessoal também, e sempre o admirei porque V. Exª mescla a política com o comportamento sereno de uma pessoa que consegue apreciar aquelas coisas bonitas que a vida disponibiliza, entre elas, andar de motocicleta. E isso é muito bom sinal, meu caro Senador Teotonio Vilela, porque demonstra que V. Exª tem uma leitura ampla das coisas, da realidade que nos cerca, e não só tem e teve um grande desempenho aqui no Senado, mas também - e nós medimos muito o perfil das pessoas, de como elas também se comportam perante a sua vida quotidiana - na sua vida privada. E isso é que lhe garantiu esse estilo leve, tranqüilo, de uma pessoa que não carrega ódio, não tem rancor e, acima de tudo, de um amigo da temperança. Por isso, quero desejar a V. Exª muita saúde, muito sucesso. Que Deus ilumine V. Exª, os seus secretários e todas as famílias das Alagoas nesse novo desafio que se apresenta em uma vida vitoriosa, como é a de V. Exª. Não só a vida pessoal, mas também a sua vida política como Senador, representando Alagoas, e, agora, Governador, comandando o seu Estado. Um grande abraço e sucesso sempre!

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado. Estou muito honrado com o aparte de V. Exª, Senador Delcídio Amaral.

Concedo o aparte ao Senador Ney Suassuna. Em seguida, aos nobres Senadores Pedro Simon e Augusto Botelho.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Nobre Senador Teotonio, hoje - aliás, esta semana toda - está sendo de despedidas, o que não é uma coisa agradável. Não no caso de V. Exª, que está saindo para uma missão muito importante, difícil, mas que, tenho certeza, será de sucesso, pelo seu jeito tranqüilo e eficiente, a eficiência silenciosa. Eu, aqui neste Senado, aprendi que problemas que pareciam impossíveis para o seu Estado, V. Exª conseguiu resolver sem fazer alarde, trabalhando diuturnamente, silenciosamente, mas com muita eficiência. Essa tem sido uma marca de V. Exª. Nesta ocasião em que V. Exª deixa aqui a nossa convivência - eu também estarei deixando -, o Senado vai perder, vai perder sua tranqüilidade, sua eficiência até para liderar. Quando o PSDB foi liderado por V. Exª aqui funcionava muito bem, sem estrondos. Eu acho que é até uma marca de família essa tranqüilidade que V. Exª traz consigo, mas a eficiência também é muito marcante. Tenho certeza de que Alagoas, um Estado que passou por muitas atribulações, vai ter muito sucesso sob a sua regência. Onde eu estiver e da forma que eu puder, conte com a nossa ajuda, porque tenho certeza de que o seu sucesso é inexorável. Avante!

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado, Senador Ney Suassuna. Irei dar o melhor de mim, para fazer jus a confiança que o povo alagoano, mais uma vez, depositou no nosso trabalho.

Concedo um aparte ao Senador Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Prezado companheiro, Senador Teotonio, é com muita emoção e alegria que felicito V. Exª. Eu acompanhei, desde lá atrás, quando V. Exª era um menino, o carinho e o afeto com que sua família foi criada. Sua mãe, uma senhora excepcional; seu pai, uma pessoa excepcional; seu tio, um arcebispo excepcional. Seus irmãos, inclusive o bravo companheiro que nos deixou há pouco, são de uma família de grande bravura. Era natural que V. Exª se formasse com essa categoria, com essa classe, com essa disposição de avançar, de lutar. Seu estilo é jovem, esportista, de bem com a vida, mas V. Exª soube, inclusive, levar adiante a caminhada do seu pai, uma caminhada que outra pessoa não teria agüentado. A vida do seu pai foi árdua, dura; ele foi muito perseguido pelas agruras e as injustiças da vida pública, uma vida dedicada de corpo e alma a uma bandeira e uma saúde que, como São Francisco, eram como chagas que faziam-no carregar aquele corpo em busca de seu ideal. V.Exª conviveu com isso e soube honrar, desempenhar e levar adiante a sua meta e a sua missão. V. Exª teve a felicidade de ter entrado na vida pública quando a fase mais violenta chegava ao seu final, exatamente por causa do seu pai. Lembro-me bem, no Ceará, de que foi seu pai quem tirou do presídio o último preso político. E V.Exª, sempre com dignidade, com honradez, com um mandato excepcional, de positividade, com atuação nas Comissões e no plenário, com um carinho muito grande a sua Alagoas, com os problemas que ela enfrenta, preparou-se para assumir a posição de dar esse passo adiante, porque V. Exª tem o compromisso consigo e com a sociedade de que Alagoas terá o carinho de Teotonio Vilela Filho, de fazer um Governo mais avançado no desenvolvimento social, no desenvolvimento da economia. As circunstâncias mostram, inclusive, essa nova fonte de energia, e Alagoas coloca-se em uma posição importante. V. Exª haverá de fazer um grande governo. V.Exª tem experiência, tem capacidade e tem disposição de fazer um grande governo. Tenho muito respeito por V. Exª. Tive no pai de V. Exª a pessoa que mais respeitei e o amigo por quem tive mais carinho e a pessoa que eu colocaria em primeiro lugar, na segunda metade do século passado até hoje, pelo desempenho e pela dedicação de corpo e alma a uma missão. Tenho a convicção de que, Deus sendo mais seu amigo, V. Exª, com essa jovialidade, com essa saúde e com essa competência, se Deus quiser, o Brasil, ainda mais agora passando esses quatro anos, penso que nós todos, todos os segmentos, todos os Partidos, acreditam que é o momento de darmos um pouco de paz. Está aí o Collor votando no Lula; o Lula agradecendo o voto do Collor, dizendo que ele já pagou a sua parte. Penso que todos nós e o Brasil já pagamos muito. Talvez esses quatro anos finais possam ser o início de uma caminhada de paz e de crescimento. Que V. Exª, com a sua competência, com a sua capacidade e com o seu espírito público, possa, exatamente, em meio a essa fase, desempenhar um grande papel e a grande missão que Deus e o destino lhe predestinaram. Meu abraço muito carinhoso a V. Exª.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado, nobre Senador Pedro Simon.

A missão, como aqui disse, é árdua, mas sinto-me preparado. Minha vida inteira foi uma escola para este momento. E V. Exª, para muito orgulho meu, foi e é um dos mestres dessa escola, pelo exemplo de vida, como político de postura exemplar, para a nossa geração e para as futuras gerações.

Meu pai já dizia isso há mais de três décadas. Todas as vezes que visito o túmulo do velho Teotônio, está lá presente o Pedro Simon. Há uma placa pequena e singela, mas grudada à memória do velho para sempre, uma homenagem prestada por V. Exª: “Ao amigo Teotônio, com um abraço, Pedro Simon”.

Muito obrigado, Senador Pedro Simon.

Concedo um aparte ao Senador Augusto Botelho.

O Sr. Augusto Botelho (PDT - RR) - Senador Teotonio, o Senador Pedro Simon da missão que seu pai cumpriu de soltar todos os presos políticos. E tenho certeza de que V. Exª vai lutar e vai conseguiu libertar o povo da sua terra dessa sede, dessa seca, dessa falta de água triste. Sei que hoje existem quase trinta Municípios recebendo água de carro-pipa.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Infelizmente, é verdade.

O Sr. Augusto Botelho (PDT - RR) - Já acompanhei V. Exª buscando recursos nos Ministérios para tentar solucionar esse problema em anos anteriores. Tenho certeza de que V. Exª vai começar cuidando de concluir a duplicação do aqueduto do Olho d’Água e vai fazer outros aquedutos para levar água para essa gente tão sofrida. Então, outros Senadores que vierem para cá no futuro vão falar do pai de V. Exª, que libertou os presos políticos, e de V. Exª, que vai libertar os alagoanos da sede que os mata e que os faz sofrer. Tenho certeza de que isso é um compromisso de V. Exª. Meus parabéns! Que Deus o ilumine e o abençoe durante o seu mandato.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Amém!

Obrigado, ilustre Senador Augusto Botelho.

Concedo um aparte ao Senador Heráclito Fortes.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Teotônio Vilela, essa catilinária vai durar até o final deste mandato. Os que se reelegeram para o Governo, evidentemente que por força constitucional, despedem-se na semana que vem. V. Exª madruga em sua despedida e a faz hoje. V. Exª sabe a marca pessoal e familiar dos Vilela nesta Casa. Creio, Senador Teotonio Vilela, que, se V. Exª continuasse aqui na próxima legislatura, talvez o seu seria o sobrenome de permanência mais extensa na Casa, somando-se os nomes do nosso querido e saudoso Teotônio e o de V. Exª, que vai continuar servindo ao Brasil e a Alagoas nesta missão difícil que assume e tenho certeza de que o fará com o maior prazer. Não vou me alongar tecendo maiores elogios a V. Exª, porque sabe bem o apreço, a estima e a admiração que lhe tenho. Aliás, comecei a admirar os Vilela lá atrás, aos sete anos, quando conheci seu tio D. Avelar. Ele era bispo em Petrolina e minha irmã era estudante de um colégio de lá. No ano seguinte, ele foi transferido para Teresina, onde passei a ter por ele uma grande admiração. Certa vez, convidei V. Exª para ir a Teresina e participar de uma comemoração como Senador. Lá, Senador Augusto Botelho, ocorreu um fato interessante. Eu, que gosto de brincar muito com as pessoas, não posso me zangar quando fazem o mesmo comigo. Houve uma sessão de homenagem ao aniversário de Teresina na Câmara dos Vereadores, onde eu faria minha saudação. Eram os dois Vilelas: a importância de Teotonio - inauguramos uma praça - e D. Avelar que tinha sido arcebispo em Teresina e era arcebispo-primaz. Um amigo meu, também chegado a brincadeiras, trocou a página do meu discurso. Quando eu falava da boemia daquele grande Senador, como trocaram a página seguinte, apareceu o nome de D. Avelar. Eu pus a mão na cabeça e disse “não rima”. Era um texto preparado em que eu dizia que, na Faculdade de Direito do Recife, aquele boêmio... E aí vinha o nome do nosso respeitado reverendo D. Avelar. Foi um dos maiores vexames que passei na minha vida, mas eu não tinha saída. Eu disse que aquela não era a primeira vez em que era trocada uma página do meu discurso e que não seria a última. Resolvi, então, continuar no improviso, o que, para mim, foi até bem melhor. O Piauí deve muito à sua família. Deve muito a D. Avelar, que ajudou a despertar aquele Estado e dali fez uma trincheira de divulgação da Igreja Católica no Brasil. Participou de representações no Brasil, na América Latina e no mundo afora. Talvez tenha sido quem primeiro abriu a porteira que, depois capitaneada pelo Dr. Alberto, que foi uma conseqüência, tirou o Piauí da obscuridão, do anonimato. Hoje, podemos nos orgulhar de termos convivido com os dois Vilela: um que nos orgulhava nacionalmente e outro que, além de fazer o mesmo, foi o grande pastor das almas de três gerações de piauienses, que são muito gratos à sua família. Parabéns e sucesso em Alagoas!

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado, Senador Heráclito. V. Exª, como um bravo defensor da região Nordeste nesta Casa, será também muito importante para o nosso governo nas Alagoas, porque iremos precisar da sua palavra e da sua ação aqui no Senado.

Sr. Presidente, como eu dizia, nesta despedida, saúdo o meu substituto e diletíssimo amigo João Tenório, com as esperanças de todos os alagoanos e com o respeito que Alagoas lhe devota por sua vida dedicada ao desenvolvimento do nosso Estado. Alagoas o saúda, João Tenório. O Brasil, com certeza, o acolherá.

Deixo o Senado, Sr. Presidente, com orgulho do que fiz em projetos de lei, em iniciativas legislativas e como um Senador com serviços e obras em todos, rigorosamente todos os 102 municípios de Alagoas e com a marca do meu trabalho em todas as grandes obras estruturantes do nosso Estado: o aeroporto, o Canal do Sertão, a revitalização das lagoas Mundaú e Manguaba, que são obras, à exceção do aeroporto, inacabadas, mas que continuam a ser realizadas e prestarão grandes serviços às Alagoas.

Deixo o Senado e vou pelejar outras lutas, lá na nossa querida Alagoas, com a humildade de quem reconhece que meus antecessores no Governo do Estado muito já fizeram nos últimos anos. Mas ainda há muito por fazer, e esse é o desafio que vou enfrentar com determinação, com muita vontade.

É inegável que nos últimos oito anos, sobretudo, Alagoas teve um importante avanço. Avançamos na educação, com a criação de mais de 200 mil novas vagas no ensino médio, na saúde, com a redução, em mais de 50%, da mortalidade infantil, na melhoria da infra-estrutura de estradas e equipamentos de turismo, como o Centro de Convenções do Estado e o moderno aeroporto Zumbi dos Palmares.

No agreste e no sertão, avançamos também com a ampliação do abastecimento de água para dezenas de municípios e com a continuação da tão sonhada construção do ainda inacabado Canal do Sertão, que beneficiará 1,5 milhão de alagoanos na região mais sofrida do nosso Estado.

Mas, Sr. Presidente, tenho consciência de que ainda há muito a fazer para que todo alagoano tenha, sobretudo, a chance econômica e a possibilidade social de chegar a algum lugar, de ser alguém na vida, de assumir, ele próprio, o seu futuro e o seu destino. Não tenho ilusões de que seja fácil o desafio, mas o trabalho e as conquistas de anos de atuação nesta Casa me proporcionam a visão clara do tamanho desse desafio.

Estou pronto. Sei das grandes dificuldades financeiras do nosso Estado, mas tenho como norte o que aprendi com o velho Teotônio: o possível a gente faz, o impossível a gente luta para vencer.

Saio daqui com a imensa responsabilidade depositada pelo povo das Alagoas, que, de forma majoritária, nos consagrou nas urnas, para assumir o mais alto cargo da vida pública estadual. Vamos governar Alagoas com a certeza dos que lutam e sonham com a vitória da dignidade e da justiça social.

Acredito, Sr. Presidente, e acredito com a fé fortalecida nos exemplos de vida de velho menestrel, que o sonho do desenvolvimento com justiça, do crescimento com solidariedade e com igualdade não será apenas um sonho esparso de visionário político.

Acredito, e acredito com a esperança de Teotônio, que não sonhamos sozinhos esse sonho de um Brasil mais justo e mais solidário.

Sonhamos juntos o sonho que será penhor de futuro e conquista de nosso povo. Sonhamos juntos o sonho da justiça, o sonho da esperança. Sonhamos juntos o sonho do velho Teotônio das Alagoas e de todos os excluídos, dos que têm fé e esperança, do Teotônio do Brasil.

Esse foi, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, meu sonho e minha luta aqui no Senado. Que pautou cada dia, cada hora de intenso trabalho em favor das Alagoas.

E tenho certeza de que não sonhei e não lutei sozinho, como tenho a consciência de que outros, muitos outros, continuarão sonhando e lutando por essa admirável utopia da solidariedade e da justiça.

Estaremos, Sr. Presidente, de agora em diante, em trincheiras diferentes, mas unidos pelos mesmos sonhos.

Muito obrigado.

Era o que eu tinha a dizer, e até um dia!

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Teotonio Vilela Filho, quis Deus que eu estivesse presidindo a sessão. O Piauí manifesta sua gratidão e a confiança, tão bem traduzidas pela grandeza e as bênçãos de Deus, que por lá passou por meio de seu tio, o Arcebispo Avelar Brandão, um dos artífices da nossa universidade, continuada por Alberto Silva. Ele construiu, além dos evangelhos pregados, a Faculdade de Filosofia do Piauí, de que nós nos orgulhamos.

Quanto a seu pai, tenho dito, o PMDB é grande mesmo pelos mortos: Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, Tancredo Neves, Juscelino Kubitschek - cassado - e Ramez Tebet.

Eu me permitiria dizer, então - V. Exª falou tanto em fé -, que aquela fé de Teotônio, aquela fé que remove montanhas, cumpre o que diz Tiago: “Fé sem obra já nasce morta”. Deus dá a V. Exª a oportunidade para que sua fé não morra e para que realize obras em benefício do povo de Alagoas.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/12/2006 - Página 38897