Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Justificação a requerimentos que encaminha à Mesa. Críticas às atitudes do Presidente da Bolívia Evo Morales, por ocasião de sua visita ao Brasil.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA EXTERNA.:
  • Justificação a requerimentos que encaminha à Mesa. Críticas às atitudes do Presidente da Bolívia Evo Morales, por ocasião de sua visita ao Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 15/02/2007 - Página 2184
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, FILHO, EUNICE MICHILLES, EX SENADOR, ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • HOMENAGEM POSTUMA, DIRETOR, PROPRIETARIO, JORNAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • REQUERIMENTO, CONVOCAÇÃO, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ZONA FRANCA, ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, AUSENCIA, DISCURSO, SOLENIDADE, ITAMARATI (MRE), FALTA, COMPARECIMENTO, REUNIÃO, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, SENADO, DESRESPEITO, LEGISLATIVO, BRASIL.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, serei breve.

            Encaminho os seguintes requerimentos à Mesa: voto de pesar pela morte da Srª Neila Yara Michiles Bono, que é filha da primeira Senadora do meu Estado, primeira Senadora deste País, Eunice Michiles, e irmã do ex-Deputado Humberto Michiles.

            Do mesmo modo, encaminho à Mesa requerimento, pedindo sessão especial em homenagem ao 40º aniversário de criação da Superintendência da Zona Franca de Manaus. E, ainda, voto de pesar pelo falecimento da Srª Maria de Lourdes Archer Pinto, diretora do Grupo Archer no Amazonas, proprietária de dois jornais que foram os maiores no seu tempo.

            Faço um registro de gravidade: estive, agora, em um almoço, para o qual fui convidado, com o Presidente Evo Morales. Fui com o Senador Heráclito Fortes, Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, e com o Vice-Presidente da Comissão, Senador Eduardo Azeredo, a convite do Itamaraty. Chegando lá, fiquei decepcionado, porque não havia discurso - reinava uma informalidade enorme, e não havia discurso. Fui lá não para comer, porque, modéstia à parte, eu consigo comer com recursos do meu próprio bolso - não cheguei a ponto de precisar do expediente de freqüentar coquetéis para comer. Não fui para comer nada, fui para ouvir o Presidente Evo Morales. Em determinado momento, achei que fosse haver aquele: “(blem, blem, blem, blem) Vamos ouvir agora o Presidente Evo Morales”. Não ouvi. Então eu fiquei sem saber o que ele pensa do Brasil, o que ele pensa da Petrobras. Eu até pensava mesmo que, de certa forma, eu seria uma espécie de contraponto lá.

            Mais ainda, quero registrar, Sr. Presidente, em tom de protesto - peço a V. Exª o máximo de atenção e as desculpas não valem -, que o Presidente Evo Morales deixou esperando, plantados na porta do Congresso Nacional, o Presidente Renan Calheiros e o Presidente da Câmara, Deputado Arlindo Chinaglia. Cancelou o encontro alegando que o seu vôo sairia assim, por causa do tempo, ou assado, por causa de não sei mais o quê.

            O fato é que a viagem de um estadista deve ser planejada nos seus mínimos detalhes e considero que o Poder Legislativo foi desrespeitado, porque os Presidentes das duas Casas do Congresso foram esperar o Sr. Morales à porta, quando chegou a comunicação de que, simplesmente, ele não iria comparecer ao encontro. Ele, portanto, deu um “bolo” no Poder Legislativo brasileiro. Ele deu um “bolo” nos Presidentes das duas Casas. Ele desrespeitou todos nós, o que mostra o nível de amadorismo com que trata o seu país.

            Havia lugares vagos. Na minha mesa, havia várias pessoas - para resumir e não tomar o tempo do Senador Mozarildo Cavalcanti - e uma cadeira vaga, que assim permaneceu. Eu peguei o cartãozinho para saber quem não tinha ido: tratava-se apenas do Ministro da Produção da Bolívia, o qual considerou que não precisava comparecer ao almoço em homenagem ao Presidente de seu país. É difícil dormir com um barulho desses.

            Não há a menor possibilidade de aquilo dar certo. É uma aventura que me faz pensar que estou vivendo nos anos 50 e não no Século XXI. Aquilo não tem risco de dar certo, tamanho o amadorismo, tamanho o populismo, tamanho o passadismo, tamanha a incompetência com que é tratado o assunto, com todos os reflexos para a economia brasileira daí advindos. E já vimos alguma mostra disso.

            Portanto, quero me solidarizar com os Presidentes das duas Casas - Arlindo Chinaglia e o nosso Presidente, Renan Calheiros - por terem passado esse vexame de esperar alguém ilustre que não vinha.

            Alguém do cerimonial da Casa me disse: “Olha, o Presidente Renan pediu para o senhor comparecer lá.”. Eu lhe respondi: “Olha, diga ao meu prezado e querido Renan que eu não vou comparecer, porque é uma overdose de Evo Morales.” Jimi Hendrix morreu por overdose de heroína. Não é o meu caso, mas uma overdose de Evo Morales poder-me-ia matar. Então, eu não fui; eu simplesmente não fui. Eu disse: “Eu não vou, com medo da overdose. O que eu vi no Itamaraty já foi o bastante.”.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/02/2007 - Página 2184