Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comunicação sobre decisão da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados de apoiar o acréscimo de um ponto percentual no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Considerações acerca da prorrogação da CPMF.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA FISCAL. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.:
  • Comunicação sobre decisão da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados de apoiar o acréscimo de um ponto percentual no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Considerações acerca da prorrogação da CPMF.
Publicação
Publicação no DSF de 13/04/2007 - Página 9675
Assunto
Outros > POLITICA FISCAL. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
Indexação
  • REGISTRO, DECISÃO, BANCADA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), CAMARA DOS DEPUTADOS, APOIO, PROJETO, EXECUTIVO, AUMENTO, PERCENTAGEM, FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (FPM), REIVINDICAÇÃO, DESVINCULAÇÃO, RECURSOS, ESTADOS, PARTILHA, RECEITA, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), UNIDADE FEDERAL, MUNICIPIOS, REDUÇÃO, ALIQUOTA, CONTRIBUIÇÃO, UTILIZAÇÃO, CHEQUE, VIABILIDADE, APROVAÇÃO, REFORMA TRIBUTARIA, AMPLIAÇÃO, INVESTIMENTO, SAUDE PUBLICA.
  • DEFESA, PRIORIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CUMPRIMENTO, PROMESSA, COLABORAÇÃO, PREFEITO, SOLUÇÃO, PROBLEMA, MUNICIPIOS.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senador José Agripino já abordou com muita clareza essa questão do 1%. Eu tenho já uma resposta muito concreta da Bancada de Deputados do PSDB: estão dispostos a abrir, imediatamente, espaço para que se cumpra a palavra do Presidente Lula de acrescentar à receita dos Municípios 1% a mais no que toca ao Fundo de Participação dos Municípios. Ou seja, que ninguém diga mais que o PSDB porventura estaria atrapalhando o cumprimento da palavra presidencial, que já delonga um mandato inteiro e mais parte deste segundo mandato. A depender do PSDB, a palavra será cumprida.

Em relação à DRU, reivindicamos, pelos nossos governadores, a DRE - Desvinculação dos Recursos dos Estados, e queremos negociar isso do zero, em branco.

Em relação à CPMF, admito até que o Governo, com a sua avassaladora maioria, possa atropelar a minoria na Câmara. Mas aqui ele não tem maioria avassaladora e não atropela - e nem sei se seria minoria - a Bancada da Oposição. Já fiz a advertência com muita tranqüilidade e aqui a repito, Senador José Agripino: não permitiremos que se aprove a CPMF sem o Governo fazer aquilo que também é compromisso dele, ou seja, partilhar com Estados e Municípios, à razão de 20% para os Estados e 10% para os Municípios, os recursos da CPMF.

E mais ainda, temos uma outra exigência a colocar: que se cumpra um outro compromisso do Governo até agora em branco, em falta, que é o de se começar o descenso de maneira criteriosa, no mínimo, da alíquota da CPMF, até porque tivemos uma substancial redução da relação dívida pública/PIB, sobretudo pela nova forma de se calcular o Produto Interno Bruto, que julgo ser mais apropriada. Por isso, cobramos que, além da partilha, já se reduza, em algum “deltazinho”, a alíquota da CPMF. Isso para nós é fundamental.

Vejo uma ou outra expressão que julgo voluntarista, cheia de boa vontade, cheia de boa intenção, de um parlamentar ou outro, mas deixo bem claro que o PSDB não avaliza atitudes extremas como não permitir a prorrogação da CPMF ou da DRU (Desvinculação de Recursos da União), até porque isso seria um gesto de irresponsabilidade fiscal com o qual o meu Partido não poderia compactuar. Então, não contribuiríamos para abrir um buraco nas contas públicas de modo a que depois o Governo vivesse um quadro de ingovernabilidade, que seria ruim não para o próprio Governo, mas para a sociedade brasileira.

Nós, que queremos, sim, ajudar o Governo a aprovar mais uma vez a DRU e a CPMF, colocamos duas exigências, repito: primeira, cumprimento da palavra presidencial de partilhar a receita auferida com o imposto do cheque à razão de 20% para os Estados e 10% para os Municípios; segunda exigência, a ser feita imediatamente, a redução do imposto do cheque em algum delta, para que possamos cumprir aquilo que havia sido acertado entre Lideranças da Oposição e Lideranças do Governo, por ocasião da votação da reforma tributária nesta Casa -. reforma tributária que empacou na Câmara por razões alheias a nossa vontade, mas que lá continha alguns princípios modernizadores, facilitadores da arrecadação, democratizadores quanto à arrecadação e com uma sinalização de baixa da carga tributária, não se cortando de repente recursos de que o Governo precisa para se financiar.

Não desconhecemos que o Brasil se financia de maneira cara, Senador Adelmir Santana. Não queremos imaginar que se possa de repente tornar a carga tributária brasileira compatível com a do México, se o Brasil precisa, por razões e vícios antigos, de mais recursos do que o México para se financiar. Eu lamento, mas é assim.

Eu não pediria, portanto, que fingíssemos um País de “Alice e suas maravilhas”, apenas indico que seria salutar darmos um indicativo, uma sinalização de que queremos, sim, começar. E assumiremos dois compromissos: não permitir mais a elevação da carga tributária e começar a baixá-la devagarzinho, preenchidos alguns pré-requisitos macroeconômicos.

E o exemplo pode ser dado agora, já no imposto do cheque. Partilhar com Estados e Municípios, sim, que estejam compromissados a investir esses recursos apenas em saúde. Apenas em saúde. Seria uma bela contribuição que daríamos todos e daria o Governo Federal também à luta por uma saúde mais justa, prestada sobre a forma de serviços ao povo brasileiro por Estados e Municípios.

E a outra cobrança é que se comece a baixar o imposto do cheque agora. Nada demais, um “deltazinho”.

Mas se as condições macroeconômicas piorarem, não se volta ao anterior, permanece-se naquela situação nova de imposto com cobrança menor. Aí, as condições voltam a melhorar e, se Deus quiser, não piorarão. Vamos baixando o imposto do cheque até que ele chegue à proposta do Partido dos Trabalhadores no governo passado, que é adotada por nós hoje. Só que eles queriam baixar de uma vez só, nós queremos que seja aos pouquinhos, por um absoluto compromisso de responsabilidade com o País, até chegarmos a 0,08% - uma alíquota simbólica - que serviria - e é uma boa idéia - de ajuda à Receita Federal para pilhar sonegadores, para estabelecer que pessoas são aquelas que declaram Imposto de Renda ínfimo e compram carros e iates de luxo. Seria uma ajuda fiscalizadora que o Congresso, por essa lei, forneceria à Receita Federal.

É a segunda vez que abordo essa questão da tribuna e o faço com muita tranqüilidade para que amanhã não digam que houve surpresa, mas não haveremos de recuar dessa luta. Estabeleceremos, sim, aquilo que não é nem hábito desta Casa, uma obstrução muito rigorosa de tudo que é matéria a ser votada, caso haja a expectativa de o Governo Federal negar a Estados e a Municípios a parte que cabe a eles na CPMF e caso o Governo Federal insista em manter a alíquota no nível em que está.

Peço a diminuição de um “deltazinho” e não algo abrupto como se pedia no governo passado. Peço algo razoável que não vai mexer com o equilíbrio fiscal, pois me preocupo com o equilíbrio fiscal tanto quanto se preocupa com ele qualquer brasileiro responsável, qualquer brasileiro que tem sendo de responsabilidade.

Estão colocadas essas duas posições. Imagino que, já semana que vem, quando o Ministro Guido Mantega retornar da sua viagem aos Estados Unidos - S. Exª foi ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional - teremos ocasião de trocarmos idéias mais concretas e mais técnicas sobre isso. Mas, deixando bem claro que esta é uma pauta política sujeita a discussões técnicas, estamos abertos para discutir a desvinculação de receitas dos Estados, mas com posição muito firmada em relação a não abrirmos mão de cobrar do Governo esse compromisso.

E mais, Senador José Agripino, que se abra a pauta do Congresso para ajudarmos o Presidente da República a cumprir a palavra que tão solenemente e tão expressivamente empenhou junto aos Prefeitos: um ponto percentual a mais no Fundo de Participação dos Municípios. Não ousemos atrapalhar isso. O Presidente custou a cumprir sua palavra e vamos agora ajudá-lo a cumpri-la. Vamos priorizar. Vamos votar. Vamos abrir espaço.

Já combinamos com o Presidente Renan Calheiros que faremos assim. Nada será mais prioritário, Senador Mário Couto, do que isso. Vamos abrir todo o espaço porque terá a marca e a chancela da Oposição, sim, essa colaboração à solvência dos Municípios. Basta um único requisito a ser cumprido: o Presidente Lula está, de fato, disposto a cumprir a palavra que empenhou no seu belo discurso aos Prefeitos. Se estiver, não será a Oposição a atrapalhar esse fato. A prioridade será zero, será abaixo de um, será total para que se ajude o Presidente a cumprir a palavra que empenhou aos Municípios. E que isso fique bem claro para a Nação brasileira e para os Prefeitos que dirigem nossas mais de cinco mil cidades neste País.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/04/2007 - Página 9675