Discurso durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defende-se de acusação de tráfico de influência com relação a titulação de terras devolutas.

Autor
Jayme Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Defende-se de acusação de tráfico de influência com relação a titulação de terras devolutas.
Aparteantes
Adelmir Santana, Antonio Carlos Magalhães, Augusto Botelho, Cristovam Buarque, Demóstenes Torres, Edison Lobão, Eduardo Azeredo, Eduardo Suplicy, Garibaldi Alves Filho, Jonas Pinheiro, José Agripino, Mão Santa, Raimundo Colombo, Romero Jucá, Serys Slhessarenko, Valter Pereira.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2007 - Página 11586
Assunto
Outros > IMPRENSA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • PROTESTO, INJUSTIÇA, IMPRENSA, CALUNIA, ORADOR, TRAFICO DE INFLUENCIA, SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ), ASSUNTO, GRILAGEM, FRAUDE, CARTORIO, MOTIVO, ESCUTA TELEFONICA, REU, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL.
  • JUSTIFICAÇÃO, VIDA PUBLICA, ORADOR, EX GOVERNADOR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), EX PREFEITO, IDONEIDADE, PATRIMONIO INDIVIDUAL, ORIGEM, TRABALHO, REPUDIO, OFENSA, HONRA, AGRADECIMENTO, SOLIDARIEDADE, SENADOR.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan Calheiros, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, quero agradecer a gentileza e a solidariedade do ilustre Senador da República Gilvam Borges, que me cedeu o lugar na lista de oradores inscritos.

Confesso, de público, Srs. Senadores, que eu não gostaria de vir aqui tratar de assunto tão pequeno. Entretanto, quando algumas pessoas querem enlamear a nossa honra, qualquer um de nós tem de vir aqui para lavá-la.

Dessa forma, quero esclarecer aos meus Pares os últimos acontecimentos que ocorreram em Mato Grosso, sobretudo o que foi divulgado pela imprensa nacional, envolvendo a minha pessoa num fato que desconheço em sua totalidade.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, rica em casos de bravura e coragem, a literatura nacional cunhou, no linguajar de nossos antepassados, uma expressão ao mesmo tempo lírica e dramática, quando movia os ofendidos a “lavar a honra com sangue”.

Pois bem, Senador Antonio Carlos Magalhães, subo a esta tribuna hoje para também lavar a minha honra. Mas o farei usando a verdade; não o vermelho da vingança, mas sim o límpido e transparente véu da inocência.

Fui atacado pelas costas, vitimado pela sanha de chacais da dignidade alheia, que sobrevivem na ribalta às custas da ética e da moral daqueles que são desprovidos de ódio e de revanchismo.

No último fim de semana, como bem disse, fui tomado de surpresa, Senador Eduardo Azeredo, pelo envolvimento do meu nome na chamada “Operação Lacraia”, deflagrada pela Polícia Federal em três Estados, entre eles Mato Grosso.

Trata-se de uma investigação para apurar a participação de proprietários rurais, cartorários, bancários e funcionários públicos em grilagem e fraudes contra o sistema financeiro. Uma apuração necessária e pertinente, principalmente em regiões de acentuada atividade imobiliária.

O absurdo, no entanto, Senador Jonas Pinheiro - que me conhece muito bem -, é subtrair de um diálogo telefônico despretensioso qualquer suposição de minha atuação no tráfico de influência junto a credenciados organismos da Justiça brasileira, como o Superior Tribunal de Justiça. A conversa entre dois personagens sem importância nessa trama, que citam indevidamente meu nome, motivou o enredo de uma obra de ficção frágil e mal elaborada. Pura elucubração. Devaneio de quem enxerga sombra no próprio horizonte. Pura infâmia, um crime contra a minha honra.

Primeiro, porque nunca tive a oportunidade de transitar por tão excelsa instituição, como o STJ. Depois, pelo respeito que devoto aos membros da entidade, jamais teria a ousadia de fazer qualquer gestão a personalidades do saber jurídico.

Assacar contra mim, imputando-me ação de tráfico de influência, é o mesmo que atingir a integridade da maioria dos Ministros do STJ. Pois nada menos que cinco deles deram pareceres ou julgaram uma demanda entre dois cartorários da cidade de Barra do Garças, que se arrasta desde 2001, e hoje tentam, de forma ardilosa, envolver meu nome. Essa conclusão é óbvia, posto que lavrada em decisões desse Tribunal e publicado na Internet, conforme documento que está em minhas mãos.

Portanto, imaginar que doutos guardiões dos princípios jurídicos nacionais vivam à mercê da cantilena de políticos e de seus interesses significa o mesmo que cuspir na ordem pública brasileira, zombar da independência do Judiciário e rasgar nossa Carta Magna.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desafio qualquer pessoa sensata deste País a encontrar um palmo de terra que eu tenha requerido a organismos públicos federais, estaduais ou municipais. Mesmo como Governador e três vezes Prefeito da minha cidade, nunca tomei um terreno devoluto sequer para o meu patrimônio pessoal. Também desafio quem quer que seja a apresentar uma cédula que comprove operações financeiras de minha titularidade em bancos oficiais ou bancos particulares. Tudo o que possuo é fruto do meu esforço, Senador Antonio Carlos Magalhães; é fruto conquistado com suor e com lágrimas.

Minha vida é transparente. Tudo o que tenho está declarado. Não me envergonho de meus bens, porque são o resultado de sacrifícios e privações de um homem que abandonou o luxo e a ostentação e encontrou na lida a sua alegria cotidiana. Labutar, para mim, é bem mais que um ofício; é, sim, uma forma de honrar as tradições da minha gente e da minha família.

Não tenho medo do trabalho ou da luta franca; temo, sim, a covardia e a traição. Elas são vícios entre os seres rastejantes, pois, entre os altivos, são veneno mortal. O que agora alguns denominam justiça mais parece perfídia.

Dessa mesma água contaminada, Senador Eduardo, muitos dos senhores são obrigados a beber. O mesmo embuste do qual são vítimas; não porque seus detratores busquem o justo, mas porque fustigam o lixo de suas vaidades.

Sr. Presidente, Senador Tião Viana, não me posso acovardar diante das acusações que me fazem. Devo, sim, rechaçá-las com veemência e com indignação, porque minha honra não foi esculpida na areia rala dos incautos, Senador Valter Pereira. Foi, sim, temperada em argilas duras dos oleiros, de alicerces firmes e seguros.

Repudio a vinculação do meu nome a qualquer espécie de fraudador ou grileiro. Sou homem de notória vida pública e, como tal, convivo com a sociedade mato-grossense de forma franca e aberta.

Que fique bem claro: não faço e nunca fiz tráfico de influência. Faço, sim, a defesa dos injustiçados. Faço, sim, a proteção dos pobres e dos desvalidos.

Cheguei a esta Casa, Sr. Presidente, portando a delegação de mais de 60% dos eleitores do Estado de Mato Grosso. Não por acaso, Senador Flexa Ribeiro, mas porque essas pessoas conhecem a minha conduta. Com muita honra, sou um político tradicional, pois guardo em minha atividade o que esta palavra tem de mais elevado, ou seja, coerência, responsabilidade e honestidade.

Concedo um aparte ao ilustre Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Louvo V. Exª e, sobretudo, seu discurso, mas V. Exª não precisava se defender, porque todos nós que o conhecemos há tanto tempo sabemos da sua integridade, da sua correção e do prestígio que goza no seu Estado exatamente por isso. Daí por que, em vários pleitos eleitorais, o povo mato-grossense tem feito justiça a V. Exª, essa justiça que alguns querem toldar, mas não conseguem. Seus Colegas, nesta Casa, respeitam sua figura e traduzem, neste instante, apoio às suas palavras.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado, Senador Antonio Carlos Magalhães, pela sua solidariedade.

O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Concedo um aparte ao Senador Valter Pereira.

O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - Senador Jayme Campos, quero associar-me à sua indignação. Infelizmente, o homem público é alvo de leviandades por todos os cantos deste País. Às vezes, uma palavra irresponsável, uma insinuação maldosa é suficiente para levar o nome do homem público aos jornais, ao rádio e à televisão. Como vizinho seu, vizinho do nosso velho e querido Mato Grosso, conheço seu passado. Nunca estivemos na mesma agremiação, nunca fomos parceiros de partido, mas aprendi a admirar e a respeitar sua trajetória, porque sei que é de grande trabalho, de uma intensa dedicação ao povo de Mato Grosso. Conheço sua trajetória e tenho convicção de que V. Exª, Senador Jayme Campos, está sendo vítima de uma injusta e temerária leviandade. A verdade haverá de socorrê-lo, porque toda mentira tem perna curta. Não tenho dúvida alguma de que, como disse o Senador Antonio Carlos Magalhães, nem era preciso que V. Exª usasse da tribuna para fazer sua defesa. Seu comportamento e sua retidão são atestados por toda esta Casa.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Obrigado, Senador Valter Pereira.

Concedo um aparte ao ilustre Senador, meu conterrâneo, Senador Jonas Pinheiro.

O Sr. Jonas Pinheiro (PFL - MT) - Senador Jayme Campos, como disse o nosso Senador Valter Pereira, V. Exª está perdendo tempo, mas em defesa de sua honra. Laborioso como é, V. Exª poderia estar fazendo algo mais importante para o Brasil e para o nosso Estado, mas está neste instante na tribuna fazendo a sua defesa em razão da leviandade de alguém. Veja, Senador Jayme Campos, que foi uma conversa despretensiosa, uma conversa de comadres, uma com a outra, ao telefone. Uma falou: “Olha, a Dona Helena - que é a dona do cartório, que estava em demanda lá em Barra do Garças - voltou para o cartório, mas houve influência de político”. Aí, a outra perguntou: “De quem, Júlio Campos?” E a outra respondeu: “Não, do Jayme Campos, que hoje é Senador da República”. Quer dizer: o que V. Exª tem a ver com isso? É conversa de comadres! O Ministério Público pega esse trecho da conversa, joga para o Poder Judiciário, e o Poder Judiciário vem a propor uma sondagem sobre o Senador Jayme Campos, cuja vida todos conhecemos. Somos parceiros há muitos anos, temos uma convivência de irmãos. De repente, estamos vendo V. Exª sofrendo na tribuna, apaixonado, tentando justificar esse fato perante seus colegas, que não acreditam no que está acontecendo com o Senador Jayme Campos, que, como eu disse, é tão operoso. O Senador Jayme Campos tem uma vida em Mato Grosso, tendo sido Prefeito de sua cidade natal por três vezes e Governador de Mato Grosso. Hoje, V. Exª é Senador pela vontade de mais de 60% do eleitorado mato-grossense. Portanto, Senador Jayme Campos, estamos aqui para nos solidarizar com V. Exª e, mais uma vez, para deixá-lo tranqüilo, pois V. Exª não é o primeiro político que sofre esse tipo de ataque e, com certeza, não será o último. No entanto, quero dizer que, em se tratando de V. Exª, o Brasil está tranqüilo de que nada lhe acontecerá. Obrigado.

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - V. Exª me concede um aparte?

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Jayme Campos, quero apenas solicitar ao Plenário que tenha atenção com o inciso XII do art. 14, relativo ao tempo do aparte, para o bom aproveitamento da sessão e em respeito aos oradores inscritos. Respeito o propósito e as razões que envolvem o pronunciamento de V. Exª, mas não posso deixar de lembrar que dois minutos é o tempo do aparte para cada Senador.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Sr. Presidente, se me permite, vou conceder um pequeno aparte, porque o assunto, para mim particularmente, é de muita importância. V. Exª há de convir comigo que a minha honra foi ofendida, e não há local mais adequado do que o plenário desta Casa, em que trabalho todos os dias, para fazer com que a sociedade brasileira tome conhecimento da verdade dos fatos.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Certamente.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Concedo o aparte ao ilustre companheiro, Senador Eduardo Azeredo.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Jayme Campos, em meu nome pessoal e em nome de meu Partido, o PSDB, quero também aqui trazer nossa solidariedade a V. Exª.

A questão das opiniões que são divulgadas e da forma como as notícias são divulgadas requer uma atenção especial, porque, lamentavelmente, o que temos visto, repetidas vezes, é a precipitação, a busca até histérica de informações, o que acaba prejudicando e enxovalhando a vida do envolvido. E nós, homens públicos, o que temos? É exatamente esse patrimônio construído pelo trabalho, como o que V. Exª fez como prefeito, como homem público. V. Exª tem a nossa solidariedade.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado, Senador.

Concedo um aparte ao nosso Líder, o ilustre Senador José Agripino.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Senador Jayme Campos, quero ser muito rápido e muito definitivo em minha consideração. Eu li a matéria que O Globo publicou ontem ou anteontem.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Foi anteontem.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Para mim, ela é curiosíssima. Há um diálogo telefônico entre pessoas no qual o nome de V. Exª é apenas citado e, da citação do nome, V. Exª aparece como acusado. Veja, V. Exª foi governador do Estado de Mato Grosso, foi prefeito de Várzea Grande. Pelas mãos de V. Exª passaram milhões de reais, mas ninguém fala nada. V. Exª não tem, ao que me consta, nenhum processo em Tribunal de Contas, em Câmara Municipal...

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Graças a Deus!

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Não tem nenhum processo de contestação de sua dignidade como homem público. Aí aparece, por conta de uma conversa telefônica em que seu nome foi citado, uma manchete de jornal e uma suposição de que V. Exª estaria envolvido em fraude de título de terra, envolvido com a venda fraudulenta de terras. Ora, tenha paciência! Tenha santa paciência! Na minha opinião, V. Exª vem à tribuna cumprir uma obrigação em nome de sua probidade, porque este Plenário, composto por homens e mulheres de muita experiência, tem tirocínio suficiente para perceber que algum tipo de interesse, em algum lugar, algum viés ideológico foi contrariado e, em função da contrariedade, surgiram as notícias que assacam contra a honra de V. Exª.

Quero lhe tranqüilizar com relação ao meu julgamento pessoal e o quanto ao julgamento do meu partido, que é o seu partido. Até que surja qualquer coisa - e não vai surgir - que comprove, de verdade, que V. Exª faltou com a dignidade, V. Exª vai continuar sendo para nós o exemplar ex-prefeito, ex-governador e atual Senador Jayme Campos.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado, Senador José Agripino.

Se me permite, Sr. Presidente, quero conceder um aparte ao ilustre Senador Demóstenes Torres.

O Sr. Demóstenes Torres (PFL - GO) - Senador Jayme Campos, V. Exª faz um pronunciamento em defesa de sua honra, algo que não precisaria fazer se tivesse havido seriedade no procedimento das autoridades que lidaram com o seu caso, já que o que todo mundo diz aqui e o que saiu publicado no jornal foram fuxicos, conversa fiada. O que aconteceu? Houve uma conversa em que o nome de V. Exª foi usado - poderia ser o de qualquer um de nós aqui, especialmente os dos políticos de seu Estado. Diante disso, uma autoridade que tem acesso a algo daquele naipe, que não significa nada, que não tem o condão de movimentar um procedimento, faz o quê? Decidiu que há indício de algo e remete para o juiz, que, por sua vez, remete para a imprensa e remete para o Procurador-Geral. Quer dizer, quebra o sigilo da comunicação. Estamos vivendo uma inversão de valores! E saiu no jornal, V. Exª sabe: está desonrado. A autoridade remete para o Procurador-Geral da República, que, por sua vez, vai fazer o quê? Arquivar o procedimento, porque não tem qualquer base, não tem nada que possa levar a essa comprovação - ao menos no que foi publicado. Acredito que seja isso. Aliás, foi o que ele remeteu. O que a autoridade fez? Despejou um balde de merda - desculpem a expressão - na honra de V. Exª. E quem é que vai reparar isso? Essa é que é a questão. Por quê? Todo mundo está aplaudindo aqui o que a Polícia fez, o que foi feito em relação a atividades que comprovadamente ocorreram no Judiciário. Agora, não podemos aceitar leviandade. Qual será a conseqüência disso? Todo mundo falando nos corredores, imputando-lhe a prática disso ou daquilo outro, ainda que se saiba que, pelo que foi publicado, não há nada. O Procurador-Geral da República vai mandar arquivar e, então, o que vai acontecer? Essa é a pergunta que faço. Acontece é que V. Exª ficou nessa situação em que a única providência que pode tomar é reclamar ao Conselho, tanto o da Magistratura como o do Ministério Público, e tomar suas providências para ver sua honra reparada. Infelizmente são esses desvios que acabam maculando a imagem do Ministério Público e do Poder Judiciário no Brasil. A V. Exª a minha solidariedade.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado, Senador Demóstenes Torres.

Sr. Presidente, permita-me pelo menos mais cinco minutos. Não posso deixar de ouvir também as palavras sérias e honestas do ilustre companheiro, Senador Edson Lobão; da Senadora Serys; do nosso querido amigo, velho amigo Romero Jucá; do Senador Raimundo Colombo; nosso querido amigo Senador Augusto Botelho.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - A Mesa concederá mais cinco minutos ao orador e pede a compreensão dos Senadores para que usem o tempo regimental do aparte. 

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Com a palavra o Senador Lobão.

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - Senador Jayme Campos, estou convencido de que V. Exª escolheu o cenário correto para a sua defesa. Na vida pública, nenhum político escapa da maledicência alheia. V. Exª está sendo vítima de um mexerico, nada mais do que isso. Os fatos vão demonstrar a sua inocência cabal. V. Exª tem a solidariedade de seus companheiros do Senado da República.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado, Senador Edison Lobão.

Concedo aparte à ilustre Senadora Serys, companheira nossa por Mato Grosso. 

A Srª Serys Slhessarenko (Bloco/PT - MT) - Senador Jayme Campos, a pedido do Presidente, serei bastante breve. Eu inclusive já conversei longamente com V. Exª sobre esse assunto buscando saber do que se tratava. Pelo que V. Exª me expôs, não há nada, absolutamente nada que sugira a possibilidade de desvio cometido por sua pessoa com relação a esse caso de Mato Grosso, a Operação Lacraia. Mas, como o Senador Demóstenes disse há pouco, jogar balde de porcaria sobre as pessoas é fácil. Solidarizo-me com V. Exª, porque fui vítima desse tipo de coisa, e vítima de forma muito mais violenta do que está sendo V. Exª. Espero que esse processo contra V. Exª pare por aqui. Contra a minha pessoa não existia nenhuma denúncia, nunca existiu em lugar algum nenhum tipo de denúncia. No entanto, fiquei 120 dias sendo massacrada e humilhada. Infelizmente - e isso já foi dito há pouco aqui por alguns Senadores -, nós, pessoas públicas, homens e mulheres públicos, estamos sujeitos a esse tipo de coisa. Portanto, Senador, conte com minha solidariedade. Acredito que nada exista e espero que o senhor consiga realmente clarear tudo isso, desmistificar e acabar de vez com essa história. Infelizmente, nós, pessoas públicas, estamos sujeitas a isso. V. Exª tem a minha solidariedade.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado, Senadora Serys Slhessarenko.

Concedo um aparte ao ilustre Senador Romero Jucá.

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - Meu caro Senador Jayme Campos, quero também me solidarizar com V. Exª...

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado.

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) -... porque, como já foi dito aqui, todos nós já fomos vítimas e continuaremos a ser, porque quem está na disputa política, quem ocupa um espaço político como ocupa V. Exª, quem é um vitorioso, como é V. Exª na história política do País e de Mato Grosso, sem dúvida nenhuma tem inimigos, tem opositores e, infelizmente, a legislação é muito frouxa no que diz respeito à calúnia contra terceiros, principalmente contra políticos. V. Exª iniciou agora um mandato aqui no Senado, já mostra um grande trabalho nesse início de legislatura e tem o respeito de todos os seus Pares. Pela Liderança do Governo, posso asseverar que V. Exª é de um Partido que não é da base do Governo, mas que tem sido um grande colaborador do País ao discutir os temas e votar as matérias. Portanto, se eu pudesse dar uma palavra eu diria para V. Exª olhar para a frente e continuar a caminhar firme e a ser um vitorioso. É importante refutar essas colocações irresponsáveis, mas não paute a sua vida e a sua ação aqui por conta desses comentários negativos, porque a grandeza de V. Exª é muito maior do que esses comentários, que não são verdadeiros. Meus parabéns e o nosso abraço de solidariedade.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permite V. Exª um aparte, Senador Jayme Campos.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Pois não, Senador Eduardo Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Jayme Campos, acho importante que V. Exª venha aqui de pronto com a disposição de esclarecer toda e qualquer dúvida que porventura tenha surgido. E espero que isso contribua para que os fatos sejam inteiramente clareados. É importante que se tenha sempre a preocupação da transparência na vida publica de cada um de nós, Senadores. Cumprimento-o por estar aqui procurando esclarecer inteiramente os episódios.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Obrigado, Senador Eduardo Suplicy.

Concedo o aparte ao companheiro Raimundo Colombo.

O Sr. Raimundo Colombo (PFL - SC) - Eu gostaria de cumprimentar V. Exª pelo discurso, pelo pronunciamento. Procurei acompanhar o fato e ficou muito claro que é de uma irresponsabilidade, de uma leviandade e de uma hipocrisia a forma como isso foi noticiado, sem qualquer prova, apenas relatando um diálogo entre duas pessoas. Citou-se o nome de V. Exª, mas poderia ter sido citado o nome de qualquer pessoa. Ninguém é contra a apuração, ninguém é contra os procedimentos, mas é de uma irresponsabilidade colocar o nome de uma pessoa com a sua história e com a sua luta da forma como foi colocado. Mas isso é o Brasil, infelizmente. E só há uma forma de enfrentar isso: com coragem, da tribuna, clareando os fatos. Nós, que os conhecemos, sabemos que V. Exª tem a condição de vir à tribuna e dar esse depoimento. Por isso, a nossa solidariedade, o nosso apoio, porque desse tipo de coisa ninguém está livre.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado, Senador Raimundo Colombo.

Concedo um aparte ao nobre Senador Augusto Botelho.

O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - Senador Jayme Campos, peço o aparte para me unir à solidariedade de todos que me antecederam. Quero dizer a V. Exª que aquele diálogo que foi gravado foi pinçado por uma pessoa que é sua inimiga.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Com certeza.

O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - É uma pessoa que quer atingi-lo, mas não vai conseguir o seu objetivo, porque V. Exª é um homem que já governou o seu Município várias vezes, já governou o seu Estado, e nada há que possa sujar a sua honra. Tenha certeza que a sua família vai continuar admirando e amando a sua pessoa da mesma forma.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado, Senador Augusto Botelho.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Permite V. Exª um aparte?

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Concedo um aparte ao Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Jayme Campos, a inveja e a mágoa corrompe os corações. A inveja existe. Na igreja, um dos sete pecados capitais é a inveja. Isso é inveja de V. Exª, porque até eu tenho um pouquinho. V. Exª foi três vezes prefeito e não foi qualquer um. Foi um extraordinário prefeito, um extraordinário governador. “A voz do povo é a voz de Deus”. O povo de Deus lhe julgou e V. Exª está aí.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Obrigado.

Concedo um aparte ao ilustre Senador Cristovam Buarque, que muito me honra.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Jayme Campos, estava resistindo a fazer um aparte porque sou o próximo orador e tenho uma reunião da Executiva do meu Partido. Mas não posso deixar de manifestar aqui a minha solidariedade e o meu apoio a todas as manifestações anteriores relacionadas com a sua dignidade. Conte com meu apoio nessa sua luta para defender o seu nome.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado. Agradeço seu aparte.

O Sr. Adelmir Santana (PFL - DF) - Permite V. Exª um aparte?

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Concedo um aparte ao Senador Adelmir Santana.

O Sr. Adelmir Santana (PFL - DF) - Senador, quero também me associar aos meus companheiros na solidariedade que externam a V. Exª, nesta tarde, e dizer que em pouco tempo dessa nossa convivência aprendi a admirá-lo e saber exatamente dos vossos propósitos. E, usando uma expressão popular: “Ninguém atira pedra em árvores que não têm frutos”. Portanto, quero me associar a sua luta. Acho que V. Exª está no caminho certo em dar essa explicação aos seus Pares, desnecessária certamente, mas que lava a alma de qualquer um quando se sente ofendido. Meus parabéns a V. Exª.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Obrigado, Senador Adelmir Santana.

Concedo um aparte ao ilustre e grande Senador e ex-Governador, companheiro Garibaldi Alves Filho.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Jayme Campos, nós já vimos esse filme, como todos disseram. Quase todos aqui já passaram por momentos como esse. São momentos de grande constrangimento - isso não podemos negar -, não são momentos que se possa superar facilmente, mas sei que V. Exª vai superá-lo porque tem a vida pública ilibada, tem a sua conduta reconhecida e foi eleito Senador recentemente. Então, cumprimento V. Exª por já estar aí, com toda altivez, rebatendo as acusações.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Muito obrigado, Senador Garibaldi Alves Filho.

Vou concluir a minha fala, Sr. Presidente.

Não aceito esses ataques. Eles são falsos e mentirosos. São viciados e respondem apenas à deformação de autoridades que, antes de pensar em promover a justiça, se interessam em alimentar o próprio ego.

Falo isso porque em Mato Grosso, infelizmente, estamos sujeitos à leviandade de alguns julgadores incoerentes e mal-intencionados.

São tão absurdas e vazias essas insinuações que se baseiam apenas, como disseram os ilustres Senadores que me apartearam, em comentários pinçados de conversas inócuas, que só servem para emoldurar a maneira asquerosa com que buscam comprometer a vida de terceiros.

O diálogo entre duas senhoras do Município de Barra do Garças chega a ser bizarro quando elas dizem que “pode haver um político grande” intermediando uma disputa entre cartorários no STJ. Seria mesmo cômico se não fosse trágico manchar a honra de alguém nessa trama sórdida.

Por isso, denuncio o sistemático desrespeito aos homens públicos desta Nação como forma de implantar uma ideologia de desarticulação da classe política, notadamente dos parlamentares, visando à preparação de um estado de inércia que leve à decomposição dos institutos democráticos do País.

Hoje em dia, basta ser político para ser suspeito.

Precisamos reagir! Antes de tudo, somos homens e mulheres honrados que ajudam a construir um futuro mais justo para o País. Pois, quando nossa democracia esteve ameaçada, foram os políticos que ofereceram o peito contra as balas da opressão. Fomos nós que lutamos contra a intolerância. E vencemos! Agora temos que lutar contra a prepotência e a arrogância daqueles que se consideram donos das leis e da moralidade nacional.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ofereço a minha vida nesta luta, jamais a minha honra!

Agradeço a todos, na certeza de que essas infâmias e calúnias que querem praticar contras as pessoas jamais conseguirão me atingir, até porque, Presidente Tião Viana, lamentavelmente, como eu já disse aqui, em Mato Grosso, há juizes - alguns deles, inclusive, esta Casa já conhece - que têm a mania de zombar e de querer aparecer para a opinião pública, sujando a honra de centenas de pessoas do Estado para massagear o seu ego. Temos que dar um basta nisso!

Esta Casa tem que ter a responsabilidade de impor limites para que aqueles que se julgam verdadeiros julgadores não cometam injustiças com pessoas honradas e sérias.

Muito obrigado a todos, sobretudo às Srªs e aos Srs. Senadores que foram solidários a minha pessoa.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2007 - Página 11586