Discurso durante a 62ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do centésimo quadragésimo segundo aniversário de nascimento do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Comemoração do centésimo quadragésimo segundo aniversário de nascimento do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
Publicação
Publicação no DSF de 04/05/2007 - Página 12428
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANIVERSARIO, CANDIDO MARIANO DA SILVA RONDON, MARECHAL, PATRONO, TELECOMUNICAÇÃO, BRASIL, DEFESA, COMUNIDADE INDIGENA.
  • SAUDAÇÃO, TELEVISÃO, ANUNCIO, EXIBIÇÃO, PROGRAMA, HISTORIA, MARECHAL, DEFESA, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE.
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, VISITA, SERVIDOR, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), PROTESTO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), DIVISÃO, ORGÃO PUBLICO.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Gerson Camata, Srªs e Srs. Senadores; Presidente do Tribunal de Justiça do Mato Grosso, Desembargador Paulo Lessa; Presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, Deputado Sérgio Ricardo; Presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, Deputado Francisco Galdino Dantas; meu caro Almazor Rondon, neto do Marechal Rondon, é com muita alegria que podemos hoje conhecer melhor a trajetória deste extraordinário brasileiro a quem devemos tantos exemplos. Ele viveu ao tempo de Mahatma Gandhi e antes de Martin Luther King Júnior, mas pode ser considerado um dos pioneiros da mesma filosofia, de procurar sempre fazer com que nunca se use a violência, a guerra, para atingir os propósitos. Eis por que o seu mote - “Morrer, se preciso for; matar nunca.” - é algo que tanto se destacou nas palavras de todos os oradores hoje à tarde.

            Batizado com o nome de Cândido Mariano da Silva, preferiu dar um nome a si próprio, o sobrenome Rondon, para não ser confundido com algum homônimo, cuja reputação não gostaria de ver associada à sua própria pessoa.

            Em 1955, promovido ao posto de Marechal por aprovação unânime do Congresso Nacional, passou a ser considerado Patrono das Comunicações no Brasil, especialmente por tudo aquilo que realizou ao percorrer as mais longínquas distâncias de nosso País. Realizou missões demarcatórias de fronteiras, percorreu mais de 100 mil quilômetros pelos sertões, pelos rios, pelas picadas nas florestas, caminhos toscos ou estradas primitivas. Descobriu serras, planaltos, montanhas e rios e elaborou as primeiras cartas geográficas, abrangendo mais de 500 mil quilômetros quadrados, até então desconhecidos do território brasileiro, uma área equivalente à da França.

            Organizador e diretor do Serviço de Proteção ao Índio, antigo SPI e hoje Funai (Fundação Nacional do Índio), nunca permitiu que se cometesse qualquer tipo de violência ou injustiça contra os mais legítimos proprietários das terras descobertas por Pedro Álvares Cabral.

            Rondon era um descendente dos índios. Ele dizia: “Os índios do Brasil, arrancados à voraz exploração dos impiedosos seringueiros, amparados pelo SPI em seu próprio habitat, não ficarão em reduções, nem em aldeamentos adrede preparados. Assistidos e protegidos pelo governo republicano, respeitados em sua liberdade e independência, nas suas instituições sociais e religiosas, civilizar-se-ão espontaneamente, evolutivamente, mediante educação prática que, por imitação, recebem”.

            Trata-se, portanto, de uma pessoa com extraordinário caráter humanista, e é importante que todos os brasileiros possam conhecer melhor a sua trajetória. Sendo assim, gostaria de saudar a decisão de todos aqueles que tornaram possível a apresentação da minissérie sobre Rondon na Rede TV!, entre eles o produtor Luiz Carlos Barreto e os diretores Fábio Barreto e Rodrigo Piovezan, que inclusive se encontra aqui presente. Na minissérie denominada “Rondon, o Pagmejera (O Grande Chefe)”, que será apresentada no final do ano, o ator Marcos Palmeira fará o papel do Marechal Rondon.

            Essa iniciativa é importante, e espero que ela tenha audiência tão significativa quanto a que teve a minissérie recém-transmitida pela TV Globo sobre o Amazonas, sobre a história do Acre e que chegou até Chico Mendes. É importante que a população brasileira possa conhecer melhor a história do Marechal Rondon.

            Rondon era também uma pessoa extremamente preocupada com o meio ambiente. Há hoje uma preocupação bastante significativa por parte da Ministra Marina Silva no sentido de tomar providências para que o Ministério do Meio Ambiente possa, por meio de suas instituições, como o Ibama, realizar o melhor trabalho possível.

            Hoje à tarde, a propósito, recebi a visita de alguns servidores do Ibama, que vieram manifestar a sua preocupação com respeito à medida provisória que nesta semana foi divulgada pela Ministra Marina Silva. Eles querem ter a convicção de que o Ibama, agora dividido em duas instituições, o próprio Ibama e o Instituto Chico Mendes, poderá realizar um trabalho que, de maneira alguma, prejudique o que eles presentemente fazem.

            Então, eles me pediram a oportunidade de dialogar com a Ministra Marina Silva, com o novo presidente interino, ainda Chefe de Gabinete da Ministra, Bazileu Alves Margarido Neto, e outros dirigentes dessas instituições. Quero até ressaltar que fui hoje positivamente surpreendido por sua designação, no Diário Oficial, para assumir essa função. Trata-se de pessoa que por anos colaborou comigo, inclusive quando fui presidente da Câmara Municipal de São Paulo. Certo dia, quando ainda trabalhava comigo em meu primeiro mandato, a Ministra Marina Silva me disse: “Eduardo, se você não achar inconveniente, eu gostaria muito de ter o Bazileu Alves Margarido como meu assessor”. Eu falei: “Olha, estando com você, é como se estivesse comigo”. Tenho toda confiança nele.

            Quero hoje reiterar essa confiança, mas também transmitir ao Bazileu, meu querido amigo, essa preocupação dos servidores do Ibama, que inclusive estão aqui presentes, e que dizem que também foram surpreendidos e que querem pelo menos ter a convicção de que essa modificação será para melhor e não para pior. Aos servidores do Ibama que têm vindo ao Congresso manifestar sua preocupação com essa medida provisória, sugiro que aceitem a disposição da Ministra Marina Silva - e certamente do próprio Bazileu Alves Margarido - para lhes dar explicações e inclusive acolher sugestões se for essa a disposição deles.

            Tenho convicção de que a Ministra Marina, nossa colega no Senado, tem os melhores propósitos em relação à proteção e à melhoria do meio ambiente, que eram uma das principais preocupações de seu avô, o Marechal Rondon.

            Muito obrigado e meus cumprimentos ao Senador Jayme Campos pela iniciativa de aqui homenagear um dos mais ilustres brasileiros, um homem da estatura de Gandhi, de Martin Luther King Jr. Não foi à toa que Rondon foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz: ele merecia, sim, estar entre os homens brasileiros que mais dignificaram o nosso Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/05/2007 - Página 12428