Discurso durante a 94ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Repúdio à quantidade exagerada de funcionários públicos nomeados no Governo Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Repúdio à quantidade exagerada de funcionários públicos nomeados no Governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/2007 - Página 20218
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • REITERAÇÃO, CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXCESSO, CRIAÇÃO, CARGO PUBLICO, COMPARAÇÃO, DADOS, PAIS ESTRANGEIRO, PROTESTO, DESTRUIÇÃO, DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO DO SERVIÇO PUBLICO (DASP), DESRESPEITO, ORGANIZAÇÃO, CARREIRA.
  • NECESSIDADE, ESTUDO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, OBJETIVO, EFICACIA, ESPECIFICAÇÃO, REDUÇÃO, BUROCRACIA, GASTOS PUBLICOS.
  • COMENTARIO, DADOS, SUPERIORIDADE, TRIBUTAÇÃO, BRASIL, DESCUMPRIMENTO, GOVERNO FEDERAL, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, ESPECIFICAÇÃO, OBRAS, ESTADO DO PIAUI (PI), IMPORTANCIA, SENADO, FISCALIZAÇÃO, GOVERNO, CONTROLE, NOMEAÇÃO, PROTESTO, MEDIDA PROVISORIA (MPV).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta sessão de 20 de junho de 2007, Srªs e Srs. Senadores presentes na Casa, brasileiros e brasileiras aqui presentes e também aqueles que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, atentai bem!

Na semana passada, Senador Jarbas, eu trouxe um trabalho muito bem feito de uma revista nacional que informava a quantidade absurda de funcionários públicos nomeados por este Governo. Eu trouxe a reportagem e a enalteci.

Sua Excelência o Presidente da República Luiz Inácio, a reportagem dizia, criou 24 mil cargos. Camata, vinte e quatro mil cargos! De companheiros! Desestruturaram o nosso País!

De verdade em verdade! Falava assim Cristo. Romero, a V. Exª eu quero dizer que a revista fazia uma análise, comparando com outros. O poderoso Bush, El Destruidor, nomeia 4,5 mil. O Luiz Inácio, 24 mil. Senador Duque, ele acha pouco. Sarkozy, 350. Na Inglaterra, o sucessor de Tony Blair vai nomear 150.

Funcionários públicos temos. Há um grande investimento, Luiz Inácio, há 507 anos. Neste País extraordinários presidentes tivemos. Senador Júnior, Getúlio Vargas - eu já li - era um homem trabalhador. Jarbas, li os dois volumes. Ele conta até os momentos de amor que teve. É um diário, em dois volumes. Aí que se vê, hoje, como o homem era trabalhador. Sete de setembro terminava e ia-se debruçar nos livros. E, entre as obras de Getúlio, está o Dasp, Departamento Administrativo do Serviço Público. Ô Duque, o Dasp era organizado, tinha uma carreira, Romero! E foi tudo destruído.

Nesse Dasp, há um livro, atentai bem, Camata, “Chefia: sua técnica e seus problemas”, de Wagner Estelita, que o Getúlio mandou fazer.

Ô Jarbas Vasconcelos, quando fui eleito prefeitinho, fui observar e aprender no Recife com V. Exª. A gente estuda! E li o livro do Dasp, de Wagner Estelita, “Chefia: sua técnica e seus problemas”, e o capítulo que mais me impressionou e me preocupou, ô Papaléo, era sobre o critério de promoção. É a coisa mais séria, o critério de promoção.

Lá no Piauí, eu tinha o Hospital Getúlio Vargas. Imagine 200 médicos, e eu pegar um lá de Pernambuco e colocar para ser o chefe! Aqueles que tiveram uma vida, como chefe de clínica, chefe de serviço... Há uma hierarquia em todas as repartições.

O Luiz Inácio não leu o Wagner Estelita, do Dasp, que era do Governo. Não leu, pegou uns companheiros e depois eles chamam de aloprados e colocou aí chefiando. Vinte e quatro mil aloprados! Atentai bem: Sarkozy está na revista, eu trouxe, nomeou 350. O substituto de Tony Blair, 150 funcionários. O poderoso Bush nomeou 4.500 e ele acha pouco. Lula cria mais 626 cargos e 83 para Mangabeira.

Srs. Senadores, se fosse ao menos para o Gabeira ali, Deputado da natureza, do Rio de Janeiro; se fosse ao menos manga, lá do Piauí, a manga rosa... Mangabeira... E todo mundo sabe que existe aquilo que se chama caráter. Todo o Piauí, não. Eu sempre fui respeitoso com Luiz Inácio. Votei nele em 1994. Já pedi até perdão aos piauienses. Aqui, pede-se perdão, eu pedi pelo meu pecado maior que foi esse.

Camata, você ainda não fez isso, mas eu fiz. Atentai bem, mais 626 cargos! O Mangabeira, eu disse em meu pronunciamento, da maneira como o Getúlio mandou o Wagner Estelita fundar o Dasp, uniu chefia e administração, que li de madrugada, que estudei. Eu acredito em Deus, eu acredito no amor que constrói a família, eu acredito no estudo e no trabalho. Eu tenho minhas crenças e posso confessar.

Senador Romero Jucá, telefone lá para o Palácio.

Mas vou lembrar uma coisa boa: vi uma pesquisa para saber quem seria o presidente do mundo. Mandela foi eleito em uma pesquisa internacional. Homenagem ao Senador Paim, ao Milton Santos, aquele professor, tem um filme extraordinário com ele. Mandela foi o primeiro. O segundo mais votado foi o Bill Clinton, aquela simpatia, muitos androgênios nele. O fato é que ele foi. Pois o Bill Clinton...

Senador Roriz, V. Exª é o mais experimentado daqui. Quantas vezes V. Exª foi Governador de Brasília? Quantas vezes já? Quatro. Deus fez o mundo, e Roriz, Brasília, com Juscelino. Quatro vezes. Mas o Bill Clinton foi quatro vezes Governador de Arkansas. Quatro, igual a Roriz. E ele foi presidente dos Estados Unidos. Ô Luiz Inácio... Aí, Senador Mário Couto, ele mandou estudar, disse que a democracia era complexa e difícil. Buscou os maiores técnicos: Ted Gaebler, David Osborne e saiu reinventando o governo.

Resumindo, o Governo não pode ser grande demais. Grande demais afunda. Estão aí os engenheiros que fizeram o Titanic, Cícero Lucena! A obra foi grande demais e afundou. O Governo grande demais afunda. Quem sustenta é o povo; o povo está oprimido, está sacrificado. O povo brasileiro trabalha doze meses: cinco meses é de imposto para o Presidente Luiz Inácio, um mês é para os bancos, para o antigo PT, que hoje é o partido dos banqueiros... É, são os números.

Eu agradeço, Mário Couto, mas tenho que distribuir. É muito dinheiro, Mário Couto. Olha, Mário Couto, por ano, só com esses nomeados aí dava para terminar o Porto de Luiz Corrêa. Dava para terminar a estrada-de-ferro que ele chegou na eleição, Garibaldi, e ludibriou Alberto Silva, um homem decente, engenheiro antigo, dizendo que iria botar os trens para funcionar; em campanha. Sessenta dias, disse o Presidente da República, não botou um dormente. Está lá. O Piauí está me ouvindo, Parnaíba. Tem uma ponte que eles disseram que iam comemorar os 150 anos de Teresina. Papaléo, eu quero lhe convidar. Teresina vai fazer 157 anos. Sete anos e eles não fazem porque o dinheiro está aqui nos aloprados. No mesmo rio, Heráclito, quando Prefeito, fez em cem dias uma ponte; eu, para ficar na frente dele, fiz em oitenta e sete. E este Governo está há sete anos. Estão lá os esqueletos. Está lá a dengue, alastrada, e o dinheiro está aqui.

Mas eu venho pedir aqui, Luiz Inácio... Eu prefiro um adversário que lhe leve a verdade a uns aloprados, que lhe roubam e enganam Vossa Excelência. Thomas More, filósofo cristão, disse: “O homem não é uma ilha”. Mas o Lula não é uma ilha, aquela de Fernando de Noronha, não - cercada de belezas -, cercada de aloprados por todos os lados.

Acaba de nomear um aloprado - Deus escreve certo por linhas tortas - para a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo. A voz do povo, que é a voz de Deus, já a apelidou de “Sealopra”. Criou a “Sealopra”.

Ô Lula, está escrito no Livro de Deus um bocado de coisa, só vou dizer uma para não atingir muito: “Não roubarás”. Também já aprendi todos os 10 Mandamentos e... Ô Papaléo, nesse mesmo Livro tem “pedi e dar-se-vos-á”. Presidente, isso é uma vergonha! Ô Jefferson, Boris Casoy não diz isso, mas eu digo, aqui a nossa razão, que o Senado só existe para isto: fazer leis boas e leis justas, inspirado nas próprias Leis de Deus, em Rui Barbosa, que disse: “Só há um caminho, uma salvação: é a lei e a justiça”.

Ontem, o meu amigo Mário Couto trouxe aqui uma denúncia a respeito de um que vai ser nomeado. Ora, como é que se pode colocar raposa para vigiar galinheiro? Que se observe o holerite e a vida dele. Pergunto se aquele indicado, Senador Mário Couto, é médico ou professor. Então, não pode ter dois empregos, já está mentindo no seu currículo, e não podemos aprová-lo. A lei é essa. Temos de fiscalizar o Governo.

Ô Jarbas, V. Exª tem uma história de luta, mas entrou no Congresso da vergonha. Quinhentos vetos do Presidente, inclusive a Sudene que lhe toca.

E nós não temos coragem. Quando prefeito, derrubaram meus vetos; quando governador, derrubaram veto; mas isso não me diminuiu, não; estou engrandecido porque isso faz parte do jogo da democracia. E o Presidente Lula deu ordem a este Congresso, que cada vez se enterra, para não derrubarmos e não analisarmos os vetos.

A terceira função deste Parlamento, Jefferson Péres... Nós não convivemos, mas um irmão dele foi Arcebispo do Piauí, Dom Avelar Brandão, e Teotônio Vilela morreu aqui dizendo: “Parlamento: parlar é resistir falando e falar resistindo”. Então, essa é a nossa função; nós temos que aqui levar o clamor. E abro o livro de Deus para terminar e pedir, “pedi e dar-se-vos-á”: Caro Luiz Inácio, Vossa Excelência foi eleito, o Piauí o elegeu, até eu acreditei, não mande essa vergonha de medida provisória aumentando, importunando, sacrificando o povo brasileiro para os aloprados se enriquecerem.

O Mangabeira já tem. E sabem quantos cargos tem? Ô Camata, os mais graduados, os estrelados dele - os estrelados, eles são da estrela - têm cargos de DAS-6. Não são todos, mas os privilegiados já têm e ganharão R$10.448,00. Essa medida provisória que vem aqui junto com esses aloprados. Quem de vocês aí, professores do Brasil,...

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Senador Mão Santa, V. Exª tem um minuto para concluir o seu pronunciamento.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...generais do Brasil, almirantes do Brasil, brigadeiros, engenheiros, médicos, todos, quem trabalha e quem tem vergonha, eu pergunto. Está aqui e vai sair a 337. Tem gente que vai ganhar. Esses aloprados vão engordar aqui o serviço público. Alguns deles vão ganhar R$10.448,00. Esse número é pequeno, porque dez mil vezes é a sem-vergonhice que cada dia aumenta no Governo que vivemos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/2007 - Página 20218