Discurso durante a 101ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Congratulações ao Senador Joaquim Roriz pelo pronunciamento feito na tribuna do Senado. Preocupação com a crise energética que campeia mundo afora e que poderá chegar ao Brasil. (como Líder)

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. POLITICA ENERGETICA.:
  • Congratulações ao Senador Joaquim Roriz pelo pronunciamento feito na tribuna do Senado. Preocupação com a crise energética que campeia mundo afora e que poderá chegar ao Brasil. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 29/06/2007 - Página 21147
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, PRONUNCIAMENTO, JOAQUIM RORIZ, SENADOR, DEFESA, ACUSAÇÃO, IRREGULARIDADE, RECEBIMENTO, RECURSOS, EMPRESARIO, DISTRITO FEDERAL (DF).
  • ANALISE, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, SETOR, ENERGIA ELETRICA, INSUFICIENCIA, APROVEITAMENTO HIDRAULICO, BRASIL, AUMENTO, PREÇO, PENDENCIA, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA.
  • DEFESA, NECESSIDADE, INVESTIMENTO, GASODUTO, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO), USINA HIDROELETRICA, PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, ENERGIA, USINA, BIOMASSA, ADVERTENCIA, DEMORA, PROCESSO, CONCESSÃO, LICENÇA, MEIO AMBIENTE, AGRAVAÇÃO, PROBLEMA, SETOR, ENERGIA ELETRICA.
  • COMENTARIO, PROBLEMA, PARALISAÇÃO, PRODUÇÃO, ENERGIA ELETRICA, ESTADOS, BRASIL, REGISTRO, SITUAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, CHILE, BOLIVIA, INDIA.
  • IMPORTANCIA, DECISÃO, CONSELHO NACIONAL, POLITICA ENERGETICA, CONSTRUÇÃO, USINA NUCLEAR, MUNICIPIO, ANGRA DOS REIS (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, espero, sinceramente - torço para isso como Líder da minha Bancada, o PMDB, no Senado Federal -, que S. Exª o Senador Joaquim Roriz saia com altivez dessas acusações que estão sendo imputadas a S. Exª. Parabenizo-o pelo pronunciamento e pela sua defesa veemente, já feita anteriormente por meio de uma nota à imprensa e ao povo brasileiro e também de um encaminhamento dos esclarecimentos à Corregedoria do Senado Federal. Estou na torcida, para que S. Exª consiga realmente sair de cabeça erguida de todo esse episódio.

Sr. Presidente, o que há de mais fácil é acusar. Não existe nada mais fácil do que jogar pedra na vitrine, com cinismo. Essa situação tem acontecido muito nos últimos dias nesta Casa. A pessoa bate nas costas, diz que não quer condenar ninguém, mas, de repente, sobe à tribuna, no maior cinismo do mundo, e acusa sem provas. Isso tem de acabar nesta Casa. Esta Casa tem sido palco de acusações sem provas nos últimos dias. A Justiça brasileira é séria. São sérios o Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal e até mesmo a Polícia Civil, como falou aqui o Governador Joaquim Roriz. Vamos deixar que as autoridades competentes investiguem a vida das pessoas! Colegas desta Casa querem fazer uma investigação por conta própria e acusar sem provas?! Está na hora de acabar tudo isso.

Não vim aqui para falar sobre esse assunto, mas não me contive. Eu quero falar, Sr. Presidente, da crise energética que campeia mundo afora e que poderá chegar ao Brasil.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho, mais uma vez, a esta tribuna para falar sobre a necessidade de investimentos no setor elétrico, em gasodutos, entre eles o de Urucu-Porto Velho, no meu Estado, em hidrelétricas, em geração e em distribuição de energia, em construção de PCHs, em usinas de biomassa. Alerto especialmente para o problema da lentidão do processo de concessão das licenças ambientais, o que dificulta o andamento do processo para a construção das hidrelétricas do Madeira, em Rondônia. Não dá para agüentar mais! Ou o Ibama emite licença para construir essas duas usinas, ou não vamos ter mais tempo de resolver o problema energético no Brasil, porque vamos ter sérios problemas daqui a quatro ou cinco anos. E os acontecimentos confirmam, Sr. Presidente, minhas preocupações.

Como foi noticiado nos jornais, nos últimos dias, a Usina Termelétrica Governador Mário Covas, de Cuiabá, em Mato Grosso - está aqui o Senador Jayme Campos ouvindo este pronunciamento -, já paralisou, uma vez, a geração de energia devido ao não suprimento de gás natural da Bolívia. E, agora, devido à redução de gás natural fornecido pela estatal boliviana, a Usina está operando com 50% de sua capacidade. De acordo com o diretor comercial da Usina, não há previsão de retorno da atividade normal, e a perspectiva é de interrupção total da entrega de gás. A geração da carga máxima da Usina é de 480 megawatts. A expectativa é a de que, com a térmica parada, o sistema elétrico nacional perca confiabilidade.

Outro exemplo é o caso de Florianópolis, que está à beira de um colapso no sistema elétrico. Em períodos críticos de fluxo turístico, no verão, já foram promovidos cortes de carga. Não nos podemos esquecer do apagão de 2003, que deixou Florianópolis sem luz durante 52 horas.

Sr. Presidente, peço a V. Exª mais três minutos, para que eu possa concluir meu pronunciamento. Obrigado.

Sabemos também que a Argentina já está vivendo uma crise de energia, que foi tema da última reunião de suas indústrias, e que já há racionamento em prédios públicos. O Brasil já vende para a Argentina 700 megawatts.

O Chile também pode enfrentar racionamento de energia no próximo ano. Os motivos são a falta de chuvas e os cortes no fornecimento de gás argentino. Esse panorama servirá de freio para a economia chilena.

Na Índia, Sr. Presidente, a deficiência de energia elétrica apresenta-se como o maior obstáculo ao crescimento econômico do país. A ineficiência, os roubos de energia, a baixa produtividade e o controle de preços têm sido apontados como as principais causas da crise no setor. No final de 2006, o Governo concedeu dois “ultramegas” projetos de geração termelétrica a carvão mineral, cada um com capacidade de gerar quatro mil megawatts, a dois consórcios privados. Além disso, a Índia planeja gerar 40 mil megawatts de energia nuclear antes de 2030, o equivalente a mais de 30 novos reatores nucleares, e pretende gastar US$143 bilhões em investimentos no setor de energia, nos próximos cinco anos.

Com os problemas de fornecimento de gás da Bolívia, agora, a Petrobras resolveu investir na produção da Bacia de Mexilhão (Santos), que deve, em 2009, fornecer 15 milhões de metros cúbicos na produção de gás. Já estamos falando há mais de dois anos sobre a crise da Bolívia e que é hora de a Petrobras investir em nossas reservas de gás natural. A Petrobras deverá ainda importar 20 milhões de metros cúbicos na forma de Gás Natural Liquefeito (GNL) da África, para suprimento de termelétricas e da indústria brasileira.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho novamente alertar o País para o fato de que o rico potencial hidráulico brasileiro tem sido pouco aproveitado, apenas 28%, o que torna mais cara a excessiva dependência de outras fontes de energia. Porém, pior do que o pagamento de um preço mais alto pela energia seria sofrermos as conseqüências da ausência da mesma, o que prejudicaria o crescimento econômico almejado.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), na última reunião, tomou a decisão de construir Angra 3, acertadamente, diga-se de passagem.

Eu falava, ainda ontem, desta tribuna: ou o Ibama licencia projetos para a construção de usinas menos poluentes e menos perigosas ao povo brasileiro, ou o único caminho será partirmos para a construção de usinas nucleares no Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/06/2007 - Página 21147