Discurso durante a 105ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 70 anos de criação da União Nacional dos Estudantes - UNE, e homenagem ao Centro Popular de Cultura - CPC.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 70 anos de criação da União Nacional dos Estudantes - UNE, e homenagem ao Centro Popular de Cultura - CPC.
Publicação
Publicação no DSF de 05/07/2007 - Página 22257
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, PRESIDENTE, UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE).
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE), IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, POLITICA NACIONAL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Pedro Simon, que preside esta sessão, peço permissão para saudar todas as autoridades, que são muitas, porque poderia esquecer alguns nomes, o que, mesmo involuntariamente, seria imperdoável, na pessoa do Presidente dessa grande instituição, Gustavo Petta, que foi reeleito.

Desígnios de Deus, Pedro Simon, V. Exª fica muito bem na presidência. Rui Barbosa ali está. Mereceu ser Presidente da nossa República do Brasil, mas não o foi. Pedro Simon também não foi Presidente desta Casa. S. Exª não é do Conselho de Ética, mas S. Exª é a ética. (Palmas.)

Max Weber teorizou: ética de origem, ética de resultado.

Então, quis Deus, que escreve certo por linhas tortas - e esta é talvez a mais solene e justa solenidade deste Senado da República -, que esta sessão fosse presidida por Pedro Simon. Mas faço minhas as palavras que já foram ditas. A história é história. E, hoje, no mundo dessa juventude, S. Exª sabe mais que a gente.

Pedro Simon, tenho um complexo de computador, de Internet, e o meu neto chega e diz: “vovô, você é burro, deixa aqui e tira logo”. Então, todo mundo sabe rapidamente a história da UNE.

Estou aqui e queria dizer do orgulho, sou um Senador do Piauí. Eu olhava ali, 4 de julho. Dois de julho foi uma importante data para o Brasil; os baianos fizeram uma batalha sangrenta para expulsar os portugueses. Mas eles fizeram porque nós piauienses fizemos antes, em 13 de março. Este Brasil ia ser dividido, filho fica com o Sul e o Norte é de Portugal. Então, no Hino do Piauí, o poeta da Costa e Silva diz:

Piauí, terra querida,

Filha do sol do Equador,

Pertencem-te a nossa vida,

Nosso sonho, nosso amor!

Na luta, teu filho é o primeiro que chega. Venho aqui mostrar a participação do Piauí na UNE. Todos têm. A UNE é o Brasil, é a esperança que está faltando. É a fé. O apóstolo Paulo disse: fé, esperança e caridade. Temos um Governo caridoso, mas fé e esperança é a juventude. E o Piauí está aqui e quero render homenagem.

Tibério Nunes, nos anos 40. A capa! Atentai bem! Como é muito importante! Cristovam Buarque! Está aqui. Banca de Reclamações. Número 1: Campanha nacional contra a fome, carestia e câmbio negro. Já a UNE fazia.

Esse Tibério Nunes se formou em Medicina em 1948. Nos anos 40, foi Presidente da UNE e vice-Presidente da UNE. Aqui está a vida dele. A luta! Ele viveu naquela época pós-guerra, terminando a ditadura civil de Vargas, homem trabalhador. Mas ele estava aqui lutando os combates dos jornais, para mostrar a sua grandeza e a do Piauí. Aqui tem uma foto que é histórica. E quis Deus.

Pedro Simon, que é franciscano e carrega a bandeira “Paz e Bem”, interpreta as verdades de Deus. Está aqui uma foto. Está aqui neste salão!

Eu sou Senador há 4 anos e 6 meses. Rui Barbosa foi, por 32 anos, Senador da República. Pedro Simon, o povo já lhe deu votos para chegar a 32 anos. Com o mandato que conquistou S. Exª iguala-se a Rui Barbosa.

Mas o Piauí quis Deus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de Justiça”.

Está aqui o símbolo maior da justiça que Rui Barbosa sonhou. Ele está aí porque disse: “Só tem um caminho e uma salvação: a lei e a Justiça”.

Está aqui o símbolo maior da Justiça do Brasil: Sepúlveda Pertence. Está nesta foto, na UNE. (Palmas). O único jurista do Brasil que é piauiense e pode estar igual a Rui Barbosa. Há uma foto neste livro que retrata a luta dos piauienses pela UNE: Tibério Nunes, sentado, terceiro à esquerda; para a direita, preside evento, etc.; em pé, Ministro Evandro Lins e Silva, ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele foi o homem - para se ser justo, tem que se ter coragem - que teve coragem. Aqui falou-se do período militar, e ele teve a coragem de dar um banho de justiça naquele período ditatorial. Eu vi Miguel Arraes em lágrimas, dizendo que pensava que ia morrer na ilha de Fernando de Noronha comido pelos jacarés. Então Evandro Lins e Silva, afrontando os ditadores, libertou Miguel Arraes. E está aqui Sepúlveda Pertence, que simboliza, e feliz dele, todos os juristas, porque eles não precisam buscar exemplos em outros países, em outra história, o exemplo está aqui.

E felizes também essa minha mocidade estudiosa. Não precisam buscar exemplos em outra história, em outros países, os exemplos estão nos líderes da UNE.

Atentai bem, eu vivi a época e eu estava lá. Testemunhei, em 1967, eu vi um jovem, um tamborete e um violão e a insatisfação do povo porque ele não tirou o primeiro lugar em concurso musical - ganhou Sabiá, devia ser um encanto. Quiseram quebrar o Maracanãzinho, e ele disse: “Minha gente, a vida não se resume a festivais. O júri está ali para julgar, e eu aqui, nós vamos cantar.” E esse jovem cantou:

Vem vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer.

Eu vi a UNE e os estudantes do Brasil cantarem essa música, e isso, sem dúvida nenhuma, trouxe a redemocratização.

Essas são as nossas palavras de homenagem a todos os estudantes que fizeram essa história que já foi revivida aqui. E minhas preces ao Deus, ao Deus deste momento de dificuldade do País.

Eu não conheço na história - tenho 64 anos - um momento mais triste do que o que estamos atravessando.

A UNE nunca faltou ao Brasil. Aqui foram citadas as campanhas e não vou rememorá-las. Esta é a hora. O Brasil precisa da sua mocidade estudiosa, da sua independência, da sua luta e da sua consciência.

O Piauí, que represento; o Piauí, que esteve presente na unidade deste País; o Piauí, que esteve presente com Evandro Lins e Silva, sendo um exemplo para Sepúlveda Pertence, o maior representante da Justiça com que sonhamos; este Piauí está aqui, em nome de todos os Piauís, Sepúlveda, que desejamos e que sabemos, não como Tibério, que combatia aqui a fome. Mas eu entendo o que Montagne já dizia: o pão que mais a humanidade precisa é a Justiça. V. Exª não é a esperança, é a certeza dessa justiça a que Aristóteles se referiu: que ela brilhe mais do que a coroa dos reis e esteja mais alta do que os santos.

Eu só poderia aqui, rezar com todo o Piauí e dizer: Ó meu Deus, abençoe a UNE!

Meus estudantes, sejam fortes, bravos, vitoriosos e felizes. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/07/2007 - Página 22257