Pronunciamento de Magno Malta em 23/08/2007
Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Repúdio a declarações do Diretor da Phillips, que se referiu de forma pejorativa ao Estado do Piauí; e do Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, discriminando as regiões Norte e Nordeste do País. Considerações sobre o trabalho do Ibama na análise de projetos do interesse do Estado do Espírito Santo. (como Líder)
- Autor
- Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
- Nome completo: Magno Pereira Malta
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
SENADO.
IMPRENSA.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
- Repúdio a declarações do Diretor da Phillips, que se referiu de forma pejorativa ao Estado do Piauí; e do Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, discriminando as regiões Norte e Nordeste do País. Considerações sobre o trabalho do Ibama na análise de projetos do interesse do Estado do Espírito Santo. (como Líder)
- Aparteantes
- Heráclito Fortes.
- Publicação
- Publicação no DSF de 24/08/2007 - Página 28523
- Assunto
- Outros > SENADO. IMPRENSA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
- Indexação
-
- CUMPRIMENTO, JUVENTUDE, ESTADO DE GOIAS (GO), PRESENÇA, SENADO, CONCLAMAÇÃO, REJEIÇÃO, VICIO, DROGA, VALORIZAÇÃO, FAMILIA.
- SOLIDARIEDADE, DISCURSO, SENADOR, REPUDIO, MINISTRO DE ESTADO, CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO (CGU), DISCRIMINAÇÃO, REGIÃO NORTE, REGIÃO NORDESTE, SEMELHANÇA, DECLARAÇÃO, DIRETOR, EMPRESA MULTINACIONAL, DESVALORIZAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI).
- ANALISE, CRESCIMENTO ECONOMICO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), OBSTACULO, ATUAÇÃO, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), INTERDIÇÃO, AREA, EXPLORAÇÃO, PETROLEO, IMPEDIMENTO, AMPLIAÇÃO, PORTOS, PROTESTO, ACUSAÇÃO, EMPRESA, CELULOSE, DESTRUIÇÃO, MEIO AMBIENTE, DESCONHECIMENTO, IMPORTANCIA, OFERTA, EMPREGO, EXPECTATIVA, SOLUÇÃO, NEGOCIAÇÃO.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES. Pela Liderança do PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, também quero saudar esse público jovem de Goiânia, esse povo querido e trabalhador. Essa juventude, sem dúvida, faz muito bem ao vir a esta Casa, porque o País, certamente, daqui a pouco, estará entregue nas mãos de todos eles e de todos os outros adolescentes, crianças e jovens deste País, os quais devemos preservar.
Na minha luta contra as drogas, Senador Mozarildo, sem dúvida alguma, tenho gasto os melhores dias da minha vida combatendo aquilo que entendo ser o pior mal. O instrumento mais significativo que o diabo descobriu para destruir a família são as drogas ou qualquer tipo de vício que conduz o indivíduo à alienação mental, física, espiritual, familiar, levando a sociedade à degradação moral pela via dos vícios, rompendo com todo e qualquer princípio ensinado no seio da família.
Com essas palavras, eu, que tenho 26 anos tirando crianças, adolescentes e drogados de toda ordem das ruas, quero abraçar e saudar essa juventude e dizer que cresçam sadios mesmo, sem romper com princípios familiares, entendendo - embora em alguns momentos não gostando -, ouvindo e colocando em prática o que diz mãe e pai, porque isso conta muito para o futuro, não tão-somente o pessoal, mas o familiar e o da sociedade, que está nas mãos de vocês. Dessa forma, abraço os jovens de Goiânia.
Senador Mozarildo Cavalcanti, quero me associar às palavras de V. Exª. Sou nordestino de origem; sou baiano, filho de uma nordestina e de um nordestino. O Nordeste me pariu e o Espírito Santo me criou. Qualquer tipo de discriminação é horrível, pecaminosa, agressiva e assassina, haja vista a besteira que esse diretor da Philips disse, referindo-se de uma forma pejorativa ao Piauí.
É inaceitável que um diretor de uma multinacional - e imagino que esse sujeito nunca pisou o chão -, que estudou ou fez cursinho em carro importado, que nunca tomou café com farinha para ir à escola, abra a boca e diga que “se o Piauí desaparecer, ninguém vai perceber”.
Falo em nome do Senador Heráclito Fortes, do Senador Mão Santa, do meu amigo pessoal João Claudino, por quem tenho a maior admiração - e tive o prazer de conhecer o patriarca da família Claudino, que é gerador de emprego; e quem gera emprego gera honra -, do ex-Governador e ex-Senador pelo Piauí, Hugo Napoleão, que se encontra presente, e em nome da gente do Piauí. Lá tive irmãos pastores. O meu irmão morreu lá, e fui acolhido, abraçado. Na ocasião, contei com assessoria do Senador Mão Santa e do Senador Heráclito Fortes. E também falo porque sou nordestino e porque sou brasileiro. Fomos nós, o sangue nordestino, que ajudamos a construir este País desde a sua infra-estrutura até a sua cultura maior. Ninguém pode admitir um descalabro dessa natureza por parte de um cidadão que, lá do seu ar-condicionado, sem qualquer apelo social ou capacidade de aglutinação, lança o movimento “Cansei”, usando o Piauí numa tentativa de fazer trocadilho, fazendo a afirmação “se o Piauí desaparecer, ninguém vai perceber”. Acho que ninguém vai perceber o desaparecimento de um idiota como esse, que abre a boca para ofender pessoas, honras e culturas.
Mais uma vez registro o meu repúdio, o meu escárnio a esse idiota, que não conhece a mulher lavadeira, o artesão, o homem simples do Piauí, que vive da sua lavoura, com dificuldades com a falta de chuvas. Aqueles que geram empregos geram honra neste País. Quantos piauienses há em São Paulo? Talvez a empresa dele, a Philips, esteja cheia de piauienses indignados com esse diretor ignorante. E o movimento dele tomou um sentido invertido. Agora é povo do Piauí que olha para ele e diz “cansei”. Cansamos nós de tanta idiotice, de tanta discriminação desses burgueses baratos, que fizeram cursinho em carro importado, estudaram em Harvard e vêm para cá com mil idéias na cabeça. Se der certo, o bicho é gênio; se der errado, o povo não cooperou. Conversa, rapaz!
Está aqui o meu repúdio também ao Ministro. Tenho respeito ao Ministro Hage, mas as suas declarações foram infelizes e discriminatórias. “O Norte e o Nordeste, onde há o maior índice de corruptos, de analfabetos”. O analfabetismo não é culpa do analfabeto. Ele é a vítima, Senador João Pedro; ele é vítima de quem poderia ter-lhe dado a informação e a negou. Agora mesmo esses vitimados, sofridos têm sido os pilares pelos quais este País ainda está de pé, porque os esfolados são eles.
Quero dizer ao Ministro que corrupção é uma desgraça que está em todos os lugares, infelizmente. Se a mídia resolvesse mostrar as vísceras da indústria, as vísceras do comércio, as vísceras da universidade, com muita intensidade, com claridade, como faz com a política todos os dias, aí nós veríamos onde estão os corruptos, onde há gente roubando, onde há gente desonesta.
Com essas palavras, faço coro com V. Exª. Ao repudiar essas colocações, falo como nordestino e também como representante do povo do Espírito Santo. A parte mais difícil do nosso Estado, o norte do Espírito Santo, está incluída na Sudene.
Sr. Presidente Flávio Arns, gostaria que V. Exª tivesse benevolência para comigo, porque essas duas questões nem estavam no meu discurso. Resolvi fazer coro com o Senador Mozarildo Cavalcanti e, então, veio-me mais essa revolta no coração. Toda vez que me lembro da fala desse homem, desse diretor da Philips... Qual é o nome dele?
O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM. Fora do microfone.) - Zottolo.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Como é que é?
O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM. Fora do microfone.) - Zottolo.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Sottolo? Como é que é? Zottolo. Só um tolo diria um negócio desses.
Ouço o Senador Heráclito Fortes.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco/PT - PR) - Senador Magno Malta, vou fazer apenas mais uma prorrogação.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Agradeço a V. Exª.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco/PT - PR) - Três minutos são suficientes?
O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Para este momento, sim.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco/PT - PR) - Então, está certo. Agradeço.
O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Magno Malta, o Piauí, penhoradamente, agradece-lhe o gesto de solidariedade com relação a esse episódio lamentável e triste na época em que vivemos. Nós, do Piauí, não aceitamos qualquer tipo de discriminação de qualquer natureza contra nosso Estado e nossa gente. Tomamos posição com relação a esse episódio. Apenas não concordamos em um aspecto: querer desqualificar o Movimento Cansei, que não conheço, pela frase infeliz de um de seus militantes. Ouvi algumas manifestações não-sinceras como a de V. Exª, mas ouvi algumas manifestações aqui cujo pano de fundo era atacar o movimento. São duas coisas distintas: o movimento e a infelicidade de expressão de um de seus membros. Não concordamos de maneira alguma e lançamos nosso protesto. Teresina ainda hoje está ressentida, aparelhos de origem da fábrica holandesa estão sendo retirados das prateleiras não por voluntarismo dos lojistas, mas por medo de reação da população. Acho que esse episódio não está acabado. Abordei esse outro tema, que não tem nada a ver com o pronunciamento de V. Exª, apenas para dizer que não podemos misturar os fatos. Temos de nos indignar com o episódio, mas temos de ter um pouco de compreensão com os que se dizem cansados. Sejam ricos, sejam pobres, sejam de qualquer uma das tendências sociais do Brasil, não importa, é um direito de cada um a livre manifestação. O que não se pode, neste País, é se ter compreensão seletiva com relação a movimentos. Quando o movimento interessa a determinado segmento, o movimento é do bem; quando não interessa, é da elite, é do mal. Parabenizo V. Exª e agradeço-o penhoradamente por esse gesto de solidariedade que o Piauí, reconhecido, louva-o.
O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Obrigado a V. Exª. Ainda ontem, falei com o maior humorista do Brasil, João Cláudio Moreno. Senador Flávio Arns e Senador Mozarildo Cavalcanti, o maior humorista que o Brasil tem chama-se João Cláudio Moreno. É um piauiense e, infelizmente, apesar de fazer muito gol, não consegue jogar no Barcelona. E um cara que nem faz tanto gol, por uma sorte, vira centroavante do Barcelona. Mas esse João Cláudio Moreno é “brincadeira”! Ele é o maior humorista do Brasil e é um piauiense, meu amigo.
Ontem, nós, Senadores e Deputados Federais da Bancada Federal do Espírito Santo, estivemos com a Senadora Marina Silva - nossa querida Ministra que é Senadora eterna. Hoje, eu estava assistindo à TV Câmara e vi o Deputado Lelo Coimbra se pronunciando a respeito do momento que estamos vivendo no Espírito Santo. É um bom momento para o Estado, a despeito dos problemas que temos com segurança pública e com violência. O País está em pleno desenvolvimento, assim como o Espírito Santo, que tem respeitado e reconhecido o seu momento. No entanto, o Ibama já interditou 140 quilômetros da nossa costa por suposição.
Um dia, ouvi uma frase do Presidente da República que vou repetir: “O grande problema deste País é o Ibama”. Ouvi isso do Presidente da República! Nem iria muito longe. A vida tem o limite do tolerável. Vamos preservar as espécies! Por exemplo, foi discutida a questão dos pescadores. Hoje, um policial é remunerado pela arma que apreende - ontem, o Senador José Agripino dizia isso. Tomaram o instrumento de pesca do pescador, que não pode ser devolvido. No Espírito Santo, produtos que geram riqueza para nosso povo, como blocos de petróleo que foram descobertos e não entraram em leilão, estão impedidos pelo Ibama e sem qualquer perspectiva.
A cada ano, exigem-se calados maiores, os portos precisam modernizar-se. O Porto de Vitória está com dificuldades, e o Porto de Barra do Riacho está para ser construído. O nosso Secretário Pedro Brito, da Secretaria de Portos, que ontem votamos aqui, disse-nos que tem R$200 milhões para fazer o porto. E o complexo portuário do Estado do Espírito Santo é extremamente importante para o Brasil na ordem de 25% a 27%. Vejam só!
E o Ibama está nos criando toda ordem de problemas, toda ordem de dificuldades. Ouvi os técnicos desse Instituto transmitindo as explicações em volta da nossa querida Marina Silva, que é a pessoa mais doce, mais bem entendida e respeitada no mundo nessa questão. Eles falam, olhando nos nossos olhos, como se o mundo fosse deles, como se a verdade fosse deles, a verdade absoluta, doa a quem doer.
A Aracruz Celulose, que também está em Aracruz, gerando muitos empregos e divisas para o Espírito Santo, tem problemas ambientais como toda empresa. No entanto, dizer que a Aracruz Celulose é um malefício para o Estado é uma inverdade, é, no mínimo, deixar pessoas passando fome pela perda de seus empregos.
Afirmar que o mal todo do mundo pertence à Aracruz Celulose é dizer que o Espírito Santo abriga em seu seio uma empresa que é fator definitivo para a destruição do mundo. E isso não é verdade!
A Aracruz Celulose tem-se esforçado e trabalhado para resolver o problema do seu passivo, além de estar envolvida para cumprir um papel social com a sociedade do Estado. E a empresa tem cumprido esse papel. A Aracruz tem gerado emprego, e quem gera emprego gera honra. É preciso que se tenha o limite do tolerável para que o Ibama possa tratar com a empresa, porque nem o Espírito Santo nem o Brasil podem abrir mão dessa empresa, que é superavitária e orgulha a Nação brasileira e todos nós. Não temos problema algum. Aliás, as pessoas que têm feito um grande movimento contra a Aracruz, segundo o Senador Gerson Camata, trazem índios do Rio Grande do Sul, índios gaúchos, para invadirem as dependências da Aracruz Celulose.
Sr. Presidente, estou otimista quanto ao prazo, pedido pelo Deputado Lelo Coimbra, para que, em relação às questões pontuais desse processo que está no Ibama, nós, do Espírito Santo, possamos nos manifestar contrariamente, pois são necessárias pontuações cirúrgicas.
E que não seja em quatro meses. Se o processo está em tramitação há seis anos, não podemos dizer que amanhã estará pronto ou ficaremos com medo de estarmos trabalhando nesses pontos que consideramos negativos, nevrálgicos e necessários como bestas - usei esse termo com a Ministra. Não podemos trabalhar de bobo, uma vez que o Ministério e o Ibama já decidiram e estão aguardando a hora de dizer: está pronto, está decidido, acabou, o processo está na Casa Civil e a briga agora é em outro lugar. Não! Confio no bom senso da Ministra e reitero isso aqui.
Espero que a Ministra e seus técnicos - eles mais do que ela -, entendam que há o limite do tolerável para que um Estado com a pujança e a perspectiva do nosso não pague o preço que o Ibama está tentando impor a nós no Estado do Espírito Santo.
Muito obrigado, Sr. Presidente.