Discurso durante a 230ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia do Marinheiro.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.:
  • Comemoração do Dia do Marinheiro.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 13/12/2007 - Página 44971
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, COMANDANTE, FORÇAS ARMADAS, PRESENÇA, SESSÃO, SENADO, HOMENAGEM, DIA, MARINHEIRO, ANIVERSARIO, PATRONO, MARINHA, ELOGIO, EMPENHO, PROTEÇÃO, SOBERANIA NACIONAL.
  • ELOGIO, BRAVURA, PATRIOTISMO, MARINHEIRO, DEBATE, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, MARINHA, ADVERTENCIA, NECESSIDADE, REFORÇO, MOTIVO, EXPECTATIVA, APROVAÇÃO, PROJETO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), AMPLIAÇÃO, ZONA ECONOMICA EXCLUSIVA, BRASIL, SUPERIORIDADE, EXTENSÃO, Amazônia Legal, IMPORTANCIA, NATUREZA ECONOMICA, BIODIVERSIDADE.
  • AGRADECIMENTO, ATUAÇÃO, FORÇAS ARMADAS, REGIÃO AMAZONICA, ATIVIDADE ASSISTENCIAL, SAUDE, CIDADANIA, DEFESA, DESTINAÇÃO, RECURSOS, REEQUIPAMENTO, SETOR.

            O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Sérgio Zambiasi; Sr. Almirante-de-Esquadra Júlio Soares de Moura Neto, Comandante da Marinha; Sr. General-de-Exército Enzo Martins Peri, Comandante do Exército; Sr. Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica; Sr. Júlio Sabóia de Araújo Jorge, Chefe de Estado-Maior da Armada; senhores oficiais das três Forças; senhores convidados; Srªs e Srs. Senadores, se existe um ofício dos mais valorosos, que exige não apenas profissionalismo para seu exercício, mas também coragem, abnegação e, acima de tudo, paixão, é o ofício de marinheiro.

Desde tempos imemoriais, ser marinheiro significa ser destemido, buscar novos rumos, novos horizontes, enfrentar a fúria dos oceanos, com seus mistérios e suas ondas, muitas vezes traiçoeiras. Por definição, o marinheiro precisa ser desapegado, estar disposto a permanecer meses em alto mar, em benefício da pátria. Só se consegue isso com profunda paixão pelo mar, pelos encantos e pelos perigos que ele oferece.

Nenhum brasileiro encarnou com maior propriedade esse espírito de marinheiro do que o Almirante Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré, patrono da Marinha do Brasil. Nascido a 13 de dezembro de 1807, desempenhou inúmeros e gloriosos serviços em prol de nossa Força Naval. Sua paixão pelo que fazia era tamanha que, em seu testamento, deixou as seguintes instruções: “Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha Pátria e prestar alguns serviços à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: ‘Aqui jaz o velho marinheiro’”.

           Na simplicidade de quem tinha como um dos lemas de vida a fé, a esperança e a caridade, o Marquês de Tamandaré, apesar dos inúmeros títulos que colecionou ao longo de sua carreira, não se definia como outra coisa a não ser marinheiro.

           É no seu exemplo de bravura, de coragem, de dignidade e de caráter, senhoras e senhores, que devem se mirar todos os marinheiros de hoje. A figura do Patrono deve ser o seu mestre, o seu farol, a apontar o rumo para onde devem navegar.

Sobretudo nos dias atuais, em que, por vezes, os valores parecem esquecidos, devemos sempre trazer à tona os grandes nomes de nossa história, nomes que nos mostraram ser possível, sim, construir uma Nação com dignidade, com dedicação e com espírito público.

Quando falo de marinheiros, não me refiro apenas aos militares, mas também àqueles que, valorosamente, labutam em nossa Marinha Mercante, transportando mercadorias, contribuindo para o bem-estar de nosso povo e para o progresso do Brasil.

Neste Dia do Marinheiro, devemos aproveitar a oportunidade não apenas para exaltar aqueles que, destemidamente, abraçam essa valorosa carreira, mas também para alertar, mais uma vez, as autoridades deste País para a situação de penúria em que se encontra nossa Marinha - melhor dizendo, em que se encontram as Forças Armadas.

Somos um País que possui 3,6 milhões de quilômetros quadrados de território marítimo. Estamos pleiteando, junto às Nações Unidas, um acréscimo de 950 mil quilômetros quadrados a essa área, em regiões onde a Plataforma Continental vai além das 200 milhas náuticas. Caso nossa proposta seja aceita, as águas jurisdicionais brasileiras totalizarão quase 4,5 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, mais do que a Amazônia Legal brasileira.

Trata-se, então, de um vasto patrimônio, tanto do ponto de vista econômico quanto no que se refere à biodiversidade. Quanto mais qualificados e valorizados forem os nossos marinheiros, mais condições terão de defender aquilo que é nosso, de permitir que exploremos as potencialidades de nossas riquezas marítimas de modo sustentável e de garantir o progresso e a prosperidade das futuras gerações de brasileiros e brasileiras. Sobretudo agora, em que foi anunciada a descoberta de reservas de petróleo em alto mar, no Campo de Tupi, que logo se tornará, tenho certeza, nova fonte de cobiça internacional.

Portanto, senhoras e senhores, neste dia em que o Senado Federal presta sua justa homenagem ao Dia do Marinheiro, concluo o meu pronunciamento saudando a todos os marinheiros do Brasil...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Flexa Ribeiro, eu poderia participar por um instante do seu pronunciamento?

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Se o Presidente me autorizar, concedo o aparte a V. Exª, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Eu queria apenas dizer que o Piauí não poderia se ausentar. O Piauí tem o menor território de mar deste País, são 66 quilômetros, mas eu queria dar um testemunho. Primeiro, na história, a gente não ia falar de São Pedro, de Cristo, ou dos fenícios, mas ficaríamos lá na minha Parnaíba. O Ministro Amorim do Vale foi Capitão dos Portos da minha Parnaíba. E, talvez, o melhor currículo da Marinha, o Almirante Pena Boto. Ele fez um curso de balística em Paris, teve um desencontro com o Ministro, foi para o Piauí e escreveu o livro Meu Exílio no Piauí - ele, que tinha saído de Paris para aprender balística. Mas eu quero dizer que, para o Brasil, basta aquela frase que eles nos ensinaram: o Brasil espera que cada um cumpra o seu dever. E eles são exemplo. Eu dou o testemunho porque convivi com eles. Não são os deveres funcionais, mas os exemplos que eles deram à sociedade. A minha cidade, que é a cidade de Evandro Lins e Silva, de Reis Velloso e de Alberto Silva, viu, em todos eles que lá passaram - eu citei dois -, esse exemplo de grandeza, esse exemplo de patriotismo. Então, já que V. Exª é o poeta do Pará, eu vou buscar outro poeta, Fernando Pessoa, para mostrar a grandeza deste dia e dessa gente. Ele disse: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. E dizia que o mar é salgado pelas lágrimas das viúvas e dos órfãos por aqueles que fizeram a primeira globalização. Mas quero lhe dizer o seguinte, a propósito dessa farda branca: assim a amizade é representada no mundo, a Deusa da Amizade. Os gregos amam a mulher vestida de branco; os romanos também, mulher vestida de branco, traduzindo a pureza. E é com muita justiça que esses homens brasileiros têm a sua farda branca, porque eles representam o melhor de nossa gente. Quero dizer que tive o privilégio de fazer o CPOR, e me orgulho. Se nós ainda temos aquela expressão “Ordem e Progresso”, é graças a eles. Eles são o povo do Brasil, e o melhor povo do Brasil, de que nos orgulhamos e a quem rendemos a homenagem do Piauí.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Agradeço ao nobre Senador Mão Santa e incorporo o aparte de S. Exª, que enriquece o pronunciamento que faço em homenagem ao Dia do Marinheiro.

Concluo, Sr. Presidente, o meu pronunciamento saudando a todos os marinheiros do Brasil, na pessoa do Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Júlio Soares de Moura Neto. Que nossos marinheiros, Almirante, sigam destemidamente seu curso, inspirados nos dignificantes exemplos do Marquês de Tamandaré!

Para finalizar, quero aqui render as minhas homenagens, como representante no Senado Federal do meu querido Estado do Pará e da Amazônia brasileira, e dar o meu testemunho. Ao dar esse testemunho, reitero os meus agradecimentos pelo trabalho das Forças Armadas na nossa Amazônia. Marinha, Exército e Aeronáutica fazem um trabalho que, sem sombra de dúvida, é da maior importância para que a Amazônia ainda continue fiscalizada e brasileira. Todos nós sabemos da cobiça internacional por essa região tão rica, que tem, incontestavelmente, um papel importante no processo da continuidade do mundo, do nosso planeta Terra.

Refiro-me ao trabalho das nossas Forças Armadas, de todas elas - no caso, a homenageada de hoje é a Marinha do Brasil -, na nossa região, Almirante, em que dizemos que as nossas ruas são os rios. A presença das Forças Armadas, a presença da Marinha, defendendo o nosso Brasil naqueles rincões afastados, cuidando não só da questão da vigilância, mas também atuando na área social, levando a toda aquela população sofrida da nossa região o atendimento na área da saúde, na área da cidadania, para que eles, embora distantes, possam ter a oportunidade e o direito de se tornarem cidadãos.

Quero dizer que o Senado Federal se coloca sempre em defesa das Forças Armadas brasileiras. Em todas as oportunidades que temos aqui, tratamos do assunto. Na Comissão de Defesa Nacional, temos uma Subcomissão, presidida pelo Senador Romeu Tuma, que trata exatamente da revitalização, da necessidade de alocação de recursos para que as Forças Armadas brasileiras possam se reequipar, possam ter condições de estarem prontas. Pedimos a Deus que não haja necessidade, queremos realmente ter a paz permanente, mas não podemos esquecer que temos de estar sempre alerta. A presença e o fortalecimento da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são, sem sombra de dúvida, aquilo que garante a soberania do nosso País.

Parabéns à Marinha do Brasil pela comemoração do Dia do Marinheiro! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/12/2007 - Página 44971