Discurso durante a 22ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da rejeição da medida provisória que proibiu a venda de bebidas alcoólicas em rodovias federais.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. CODIGO DE TRANSITO BRASILEIRO.:
  • Defesa da rejeição da medida provisória que proibiu a venda de bebidas alcoólicas em rodovias federais.
Aparteantes
Kátia Abreu.
Publicação
Publicação no DSF de 05/03/2008 - Página 4415
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. CODIGO DE TRANSITO BRASILEIRO.
Indexação
  • RECEBIMENTO, MENSAGEM (MSG), CIENTISTA POLITICO, ACUSAÇÃO, FALSIDADE, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, FAVORECIMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, QUESTIONAMENTO, MOTIVO, DESAPROVAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, EDUCAÇÃO, EXCESSO, PROPAGANDA, MANIPULAÇÃO.
  • CRITICA, EXCESSO, NUMERO, MINISTERIO, SUPERIORIDADE, EDIÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), IRREGULARIDADE, UTILIZAÇÃO, CARTÃO DE CREDITO, EXECUTIVO.
  • COMENTARIO, VANTAGENS, EXTINÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), CIRCULAÇÃO, RECURSOS, ECONOMIA NACIONAL.
  • REPUDIO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), PROIBIÇÃO, BEBIDA ALCOOLICA, MARGEM, RODOVIA, PENALIDADE, PASSAGEIRO, ONIBUS, AUTOMOVEL, FALENCIA, COMERCIANTE, AUSENCIA, FISCALIZAÇÃO, MOTORISTA.
  • COMENTARIO, COSTUMES, MOTORISTA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), PREFERENCIA, TAXI, PERIODO, CONSUMO, BEBIDA ALCOOLICA, CONCLAMAÇÃO, DERRUBADA, MEDIDA PROVISORIA (MPV).

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Magno Malta, que preside esta sessão, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação.

            Senador Romeu Tuma, eu tinha oferecido aqui um Política na Mão Certa: “Ao Senador Romeu Tuma, felicidades! Como delegado, firmeza; como político, ternura. MST do bem: Mão Santa e Tuma”.

            Senadora Kátia Abreu, eu queria fazer uma manifestação muito importante. Estive em minha cidade natal, Parnaíba. Sêneca, um filósofo de que gosto muito, diz: “Não é uma cidade pequena, é a minha cidade”. Atentai bem! Minha irmã, 72 anos, foi professora brilhante, professora de escola normal, depois da Universidade Federal, foi vice-Reitora do Estado. Minha irmã mais velha, 72 anos... Aí, falando de Senado, encantada, ela disse quem a encantava: entre os homens, escolheu o Obama louro, que é candidato, Arthur Virgílio; e entre as mulheres... Eu fiquei ouvindo. Sabendo aquele negócio de que “santo de casa que não faz milagre”, fiquei satisfeito porque as escolhas dela e as minhas coincidem.

            Eu quis dar um aparte ali, mas o Magno Malta hoje está muito rígido. Muito rígido, não deixou. Mas Deus escreve certo por linhas tortas. Ele vai compensar, porque agora eu estou falando só na Kátia. Era o aparte que ele não cedeu.

            Daí eu ter citado Sêneca, que diz assim, ô Kátia: “Se você não sabe para que porto vai, vento nenhum lhe ajudará”. Isso o Sêneca. E eu digo, depois de ouvir a opinião de minha irmã mais velha, que seu porto é procurar ancorar, aportar no Alvorada, no Planalto, em Brasília. V. Exª tem condições de ser a primeira mulher presidenta deste País. Isso foi a minha irmã quem disse, e eu sempre a obedeci.

            Este Senado é muito importante. Nós o fazemos importante.

            Recebi o e-mail de um cientista político, e digo que essa pesquisa não tem nada não. Esse negócio de pesquisa, o dono desse bicho é um pilantra, rico, roubou como o quê, tiraram-no até de chapa. Ele está a serviço mesmo é do Luiz Inácio.

            A ignorância é audaciosa. Tem que se ver o espírito. Quem vê bem, vê com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Olhei a pesquisa. Comprada, Geraldo. Governo Luiz Inácio. Segurança, uma porcaria, todo mundo desaprova. Estamos aqui você e eu. Norberto Bobbio disse que o mínimo que se tem que exigir de um governo é segurança à vida, à liberdade e à propriedade.

            Então, o Brasil todo dá quase zero a Luiz Inácio em educação, educação pública. E nós estamos é mal-educados. Mas tão mal-educados, que perdemos a noção exata das coisas. De tal maneira que, de repente, o Presidente da República se cerca de quarenta aloprados, um bocado de ministros desnecessários. País nenhum tem esse número de ministros. Os Estados Unidos, ô Geraldo Mesquita, têm de 14 a 16. Geograficamente é maior, e a população é quase o dobro, e em dinheiro também.

            E olha que entulha de medidas provisórias este Congresso. Sabe por quê, Magno Malta? Ô Magno, V. Exª que diz que é dessa Base, vá lá e diga: “São os aloprados”. Conheço isso, fui prefeitinho, governei o Piauí. Os aloprados querem mostrar serviço. Há medidas provisórias urgentes e que têm prevalência. É necessário. Fui Governador, mas não era esse maremoto. Então, os aloprados, querendo mostrar serviço, levam para o Luiz Inácio. Luiz Inácio - gente boa, e eu votei nele, mas em 1994 - disse, Magno Malta, que não gosta de ler. Ler uma página de livro - e foi ele quem disse, foi o Luiz Inácio quem disse - dá uma canseira que é melhor fazer uma hora de esteira. Foi ele quem disse. Então, os aloprados, para mostrar serviço... Tudo aí no bem-bom, ministro...

            Eu desafio quem conhece dez deles, porque eu não conheço. Eu sou Senador da República e, se você me disser aqui que perde o mandato se não disser o nome de dez, eu já perdi mesmo, porque não vou gravar o nome de um bocado de porcaria que está aí usando cartão corporativo. Essa é a verdade. E ninguém aí sabe não. Pode perguntar ao Pedro Simon, que é o mais culto, o mais experiente, se ele sabe o nome de dez ministros. Sabe nada! Ninguém sabe, pela insignificância que eles representam. Mas eles querem mostrar serviço. Quarenta! Cada um chega lá: “Olha, Presidente, eu tenho isto aqui para poder, no meu Ministério...” Ele não lê, ele mesmo disse, e aí joga para cá. E dá-lhe medida provisória.

            Fizeram essa última aí... Isto aqui é para fazer leis boas e justas. Olha Kátia, V. Exª nos liderou na mais bela página deste Senado: enterramos a CPMF. E eu bati aqui: “Vai aumentar”. Porque eu fui prefeitinho, aumenta. O dinheiro apenas saiu das mãos dos aloprados e foi para as mãos de quem trabalha, da dona de casa, circulando, recolhendo ICMS, IPI. Eles que não entendem a coisa. Eu fui prefeitinho na inflação, eu bati aqui: “Na natureza nada se perde...” E gritavam de lá “Mas vai acabar”. Acaba nada, faz é circular. Dá mais ICMS, mais IPI. Não aumentou? Eu tinha convicção. Alguém duvidou.

            Romeu Tuma, V. Exª foi um dos homens mais importantes dessa história, e vou dizer porquê. Porque aquela transição foi complicada. E o Sarney tem que rezar para V. Exª. V. Exª foi o Cirineu. Mais de dez mil greves, nenhuma morte. Ele era só a moral ali, era a Polícia Federal. Essa moral da Polícia Federal se deve a V. Exª. O meu MST do bem é “Mão Santa e Tuma”.

            Pois veio agora uma... Ô Kátia, essa é séria. Eu fui agora ter com minha irmã na minha cidade. Esse Governo mente, mente e mente! Ô desgraceira de mentira! Goebbels disse que “uma mentira repetida se torna verdade”. Isso, o do Hitler; agora temos o Duda Goebbels e o pobre do Luiz Inácio.

            Dizem que, lá no Piauí, há dois aeroportos internacionais, um na minha cidade, Parnaíba, que não tem mais nem teco-teco - tiraram a linha. Eu já consegui a Ocean Air. O Governador não pagou, essa gente saiu. Botou lá Abdon Teixeira, um empresário: tiraram, e não há mais nem teco-teco.

            Então, eu cheguei da capital, Teresina, que dá mais de 330 quilômetros. Atentai bem, o que deu de gente falindo, chorando... Esse Governo irresponsável manda os aloprados: não se pode beber. O que tem de hotel na minha cidade, ô Romeu Tuma... Esses pilantras aloprados! São 24 quilômetros de rodovia para ir para Luiz Correia: quantos restaurantes, quantos hotéis, quanta gente que trabalhou durante décadas, Luiz Inácio, ganhando com dignidade.

            Agora, Romeu Tuma, se vou de avião, posso encher a cara - não digo nem que é o Aerolula, porque esse está fechado, sozinho. Mas se pode tomar cerveja - eu tomo, e muito -, vinho, uísque... E quem vai de ônibus? O que tem que ver com isso? Um aposentado, um homem que vai de férias e que quer tomar uma cervejinha para almoçar, que mal fez ele, ô Magno Malta? Aloprados! Vocês têm que ir à causa, à etiologia, ao somático; têm que fazer uma lei dura, para punir o motorista, o responsável. O piloto não pode beber uísque - eu bebo, e muito, nas viagens. Mas não podia beber, quando ia operar, não é, Papaléo Paes? O cara vai lá dentro de um ônibus... E o que há de gente falida, Luiz Inácio! Pense bem, por um instante. Agora, bota os aloprados... Ali há 300 pilantras, ele disse que aumentou. E passa essa medida provisória sem discussão? Há que se punir o motorista.

            Nos Estados Unidos... Eu sei, Luiz Inácio, perguntei. Sei das coisas; se não entendesse, iria embora. Estou aqui como pai da Pátria. Conversei com os motoristas em Miami, ô Pedro Simon. Fico na Collins, um hotelzinho, no 8.000, barato; é um português amigo. Fico lá, dou um vinho para ele; quase fiado, US$50 - não tenho mensalão, Luiz Inácio. E não pego táxi na porta, vou a pé. A 300 metros há um posto, onde tem uma brasileira motorista. Todos os brasileiros ganham a vida lá, porque aqui ninguém pode.

            Aí eu converso, com aquele meu jeito: “Meu amigo...” E ele diz: “Não, vou passar uns 20 anos aqui...”

            O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco/PR - ES) - Senador Mão Santa...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Diga.

            O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco/PR - ES) - Vou dar três minutos a V. Exª.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Aí, ô Romeu Tuma, sabe o que disseram? “Não, vou passar uns 20 anos e me aposento; aí volto. O Brasil é que é bom, mas lá não tem emprego, não tem nada. Eu me aposento aqui com US$2.500, com US$3.000, que é uma boa aposentadoria, para depois ir.” E perguntei: “Meu amigo, você ganha mais dinheiro de dia ou de noite?” João Pedro, tem que aprender o Ministro dos Transportes, que você representa aqui com grandeza. Ele disse: “À noite”. Eu disse: “Mas, meu amigo, me explique. Como é que dá dinheiro? Passo pelas casas e vejo que há quatro, cinco carros?” Não há nem ônibus: americano é rico. Ele respondeu: “Pois ai é que está, e os chamados são todos de Coral Gables”. A gente anda nas ruas de Miami, e tudo parece um jardim. Eu, de braço dado com Adalgisa, só para ver as casas bonitas - e não tenho inveja.

            Ele disse: “São de lá os chamados.” Sabe por que, Magno Malta? Jamais um americano vai jantar fora - ele pode ter quatro, cinco, seis carros... E os tem. Se tem, por que chama um táxi? Chama porque vai beber; vai jantar e vai tomar uma. Você não toma, porque é evangélico; eu tomo, como o Lula. O Luiz Inácio toma lá a Havana dele...

            O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco/PR - ES) - Eu não tomo, mas não porque sou evangélico. Tenho as minhas convicções, aí terei de descer para o debate com V. Exª.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, ninguém está debatendo. Estamos afirmando que... Não tem nada de debate, é um exemplo.

            Então, quero dizer que o americano, que é educado, chama o táxi, Papaléo. Foi um brasileiro que contou isso.

            Então, é isso que temos de ter, Senador Magno Malta - V. Exª tem a sua convicção. Agora, o que não se pode é beber e guiar. Essa é a educação que temos de exigir. É estabelecer punição para quem é irresponsável e não uma medida provisória, porque o que há de gente falindo... Ô Senador Magno Malta, eu vi gente chorando; eu vi faixas. São pessoas que levaram 20, 30 anos e que só sabem fazer aquilo, Senador Romeu Tuma; não podem, de repente, mudar a profissão. Estão, há duas décadas, com seu hotelzinho, com sua churrascaria, com sua casa.

            Então, é por isso que convoco aqueles 35, Senador Papaléo Paes. Nós vamos repensar isso. Que as rodovias, as BRs que passam em área urbana sejam dispensadas.

            Com a palavra a Senadora Kátia Abreu.

            A Srª Kátia Abreu (DEM -TO) - Obrigada, Senador Mão Santa, mas eu gostaria...

            O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco/PR - ES) - O tempo de V. Exª, Senador Mão Santa, encerrou-se. V. Exª tem um minuto para o aparte, Senadora Kátia Abreu, e, em seguida, o Senador Papaléo Paes.

            A Srª Kátia Abreu (DEM - TO) - Senador Mão Santa, gostaria apenas de mandar um forte abraço a sua irmã e de dizer que fico muito feliz com o carinho e com as palavras que ela transmite por intermédio de V. Exª. Mas, Senador Mão Santa, V. Exª já foi Prefeito da sua cidade no Piauí e votou contra a CPMF, porque sabia que os recursos da arrecadação aumentariam. Eu só quero fazer uma consideração: já estamos no dia 4 de março, e ainda não vi ninguém do Governo pedir desculpas à Oposição. Até hoje estou esperando o pedido de desculpas. Chamaram-nos de irresponsáveis, de malucos, disseram que não pensávamos no Brasil, que o País ia acabar, que a saúde ia acabar. O próprio Ministro dos Transportes foi ao meu Estado e, em público, do palanque, disse que quem votou contra a CPMF era irresponsável. Eu exijo um pedido de desculpas. Pessoas humildes, civilizadas e democráticas pedem desculpas, quando erram.

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco/PR - ES) - Peço que encerre, Senadora.

            A Srª Kátia Abreu (DEM - TO) - Treze bilhões de reais a mais em arrecadação apenas no mês de janeiro. Treze bilhões são exatamente 30% de toda a CPMF do ano passado, apenas no mês de janeiro. Então, Senador Mão Santa, nós, da Oposição, que derrubamos a CPMF, que lutamos contra ela, que fomos chamados injustamente de irresponsáveis, estamos esperando o Governo vir aqui, com as sandálias da humildade, para nos pedir perdão, desculpas, porque não era necessária a CPMF e muito menos o aumento do IOF e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, o que está atingindo, afetando principalmente as micro, pequenas e médias empresas do País. Obrigada, Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradecemos.

            Ô Senador Arthur Virgilio, chamo a atenção de V. Exª, que foi o comandante daquela bela página em que enterramos a CPMF, para estudarmos essa medida provisória que vem pôr em dificuldade milhares e milhares de brasileiros que comercializavam...

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco/PR - ES) - Senador Mão Santa, o tempo de V. Exª encerrou.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não. Agradeço.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/03/2008 - Página 4415