Discurso durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa dos aposentados.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Defesa dos aposentados.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2008 - Página 4839
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • CRITICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ABANDONO, APOSENTADO, PENSIONISTA, BRASIL.
  • SOLICITAÇÃO, EMPENHO, SENADOR, REUNIÃO, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, DEFESA, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, IDOSO, CRITICA, CAMARA DOS DEPUTADOS, SUJEIÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador João Vicente Claudino, Senador do Piauí que preside esta sessão de 6 de março, parlamentares, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo fabuloso sistema de comunicação do nosso Senado, ó Deus, ó Deus, permita-me dizer: dinheiro na conta dos velhinhos, dos aposentados.

“Ó Deus, ó Deus!”, disse Castro Alves no Navio Negreiro. No desespero, Deus!

Romeu Tuma, e isso vai acontecer.

Senador Jarbas Vasconcelos, Ernest Hemingway, no seu livro O Velho e o Mar, diz: a maior estupidez é perder a esperança. O homem não nasceu para ser derrotado. Ele pode até ser destruído. Sei que os velhinhos estão derrotados, mas não vamos deixar os nossos velhinhos aposentados, João Vicente, serem derrotados.

Este Senado - eu sempre disse - é o melhor Senado da história da República. Nós estamos aqui. Se tem alguns que não prestam, isso é normal. O Senadinho de Cristo, ele escolheu, eram doze. E teve rolo lá, dinheiro... Aqui não poderia deixar de ter. Mas este Senado... Ô Geraldo Mesquita, V. Exª tem a bênção de ter seu pai ainda, um grande político, probo, que simboliza os velhinhos. Aliás, eu quero tomar a bênção ao seu pai.

Para esses, nós não vamos faltar. Vamos dizer: Ô Luiz Inácio, Vossa Excelência fez uma grande besteira, Luiz Inácio. Arrota que é credor, não deve mais aos gringos, aos banqueiros, mas Vossa Excelência deve aos velhinhos aposentados, Luiz Inácio. Se eu estivesse no lugar de Vossa Excelência, o País estaria melhor e eu deveria aos gringos, aos americanos - rolava isso, Jarbas -, mas eu pagaria aos velhinhos aposentados.

Cadê o Romeu Tuma? Cícero Lucena, sua mãe também foi para o céu. Pois, em nome daquela velhinha que nos abençoou, vamos estar solidários, na próxima semana, aos velhinhos aposentados. Aqui! Aqui!

Está ali o Zambiasi, está ali o Paim, está ali o Pedro Simon. Eles, os gaúchos, começaram. Eles fizeram uma briga, a Farroupilha. Foram dez anos. Serviu para renascer a liberdade dos escravos - os lanceiros negros -, serviu para a proclamação da República.

Ô Zambiasi, V. Exª, que representa a comunicação, toda a história que passou por aqui, estará aqui na outra semana. Vamos fazer uma vigília. Vamos analisar o veto que este Congresso deu... Nós estudamos responsavelmente - comissão presidida por Tasso Jereissati - e demos um aumento de 16,7%. Luiz Inácio, orientado pelos aloprados, baixou para 4%.

Fizemos essa lei boa e justa. A Câmara se entregou. O Brasil se entristece com a Câmara que tem, mas nós exigimos o veto. E o Garibaldi não escapa, não! Não tem outra saída: ou o bicho pega ou o bicho come. Ou na Comissão de Assuntos Econômicos... E eu convoco o João Vicente, que é lá do Piauí: João Vicente, vá para a CAE! Não vamos deixar caírem os velhos, não! Não vamos deixar matarem os velhos! Não vamos deixar assaltarem os velhos! Vamos devolver aos velhos o que é deles.

Este Congresso agachou-se. Eu, não! Nós, muitos que estamos aqui, quando taxaram os velhinhos, que pagaram a Previdência por uma vida toda, fomos contra.

Eu quero lhe dizer, João Vicente, atentai bem V. Exª, que é do Piauí: o primeiro, ô Jarbas, relatório que me deram para ver... Eu votei no Luiz Inácio, em 1994. Aí eles pensaram que eu era do Piauí e que... Aí trouxeram um projeto de lei de Paulo Octávio, um homem como V. Exª, empresário, que entende de dinheiro. Aí, Geraldo Mesquita, eles pensaram que eu ia votar contra o projeto. Mas eu li, estudei, vi fundamentos na economia, vi verdades. Usaram toda a malandragem - é que eu não sou de dedurar companheiro, Jarbas -, todos os recursos, morais e imorais - e eu ajudei a eleger, V. Exª sabe disso -, para eu mudar o meu relatório, Geraldo Mesquita. Mas eu disse: “Vou-me embora hoje, mas, daqui a uma semana, eu volto”. E estudei mais. Paulo Octávio provou que jamais a Previdência iria falir se o dinheiro fosse todo para uma caixa, tivesse os ganhos bancários redundantes, como são normais. Jamais! Eu fui e fui para o pau. Foi oito a oito. Tiveram que, correndo, mudar o Presidente. Tiraram o Ramez Tebet, botaram o Hélio Costa, viu, Jarbas? Aí ele decidiu e enterrou esse projeto.

O dinheiro da Previdência, que é desvirtuado, desviado, vai para os aloprados. É muito melhor dar essa dinheirama para os cabos eleitorais na eleição. Ô Jarbas, são 25 nomeações. V. Exª recebia DS-4 quando era Governador. Aqui tem DS-6, que corresponde a R$10.448,00. Pergunto: qual general está ganhando isso? Qual almirante? Qual brigadeiro? Qual professor? Qual médico?

Então, esse dinheiro dos velhinhos vai entrar este ano, mas vamos reagir.

Ô João Vicente, V. Exª é da CAE. O Piauí tem de estar unido. Temos de estar com os velhinhos. Faço uma homenagem a seu pai, que não está velhinho, mas é um vitorioso. Ele conseguiu - foi uma graça de Deus - não precisar se aposentar, mas a geração dele tem muitos velhinhos que precisam. Então, V. Exª tem de agradecer a Deus porque seu pai não precisa, mas há outros velhinhos que precisam, e filhos dos velhinhos e netos dos velhinhos.

Quero dizer o seguinte, Luiz Inácio, peço tempo. Senador Romeu Tuma, V. Exª foi o Cireneu do Sarney. V. Exª é o ícone da Polícia Federal, do qual nos orgulhamos. Olha, mas o Sarney teve uma coisa boa: ele teve uma mãe santa, Dona Kyola. Eu sou do Estado vizinho. Estudo e leio os escritos do Sarney. Ô Jarbas, Dona Kyola disse: “Meu filho, nunca prejudique os velhinhos”. E ele não os prejudicou, Luiz Inácio. Eu vi isso escrito em muitos sindicatos.

O SR. PRESIDENTE (João Vicente Claudino. PTB - PI) - Vou lhe conceder mais dois minutos, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E são esses velhinhos. Então, ô Paim, do Rio Grande do Sul, V. Exª começou; nós estamos aqui para continuar. E aí, sim, vou cantar aquele canto que nós queremos: dinheiro na conta dos velhinhos aposentados, que estão humilhados, sofridos.

E mais ainda, Jarbas! Abraham Lincoln, Luiz Inácio, disse para não basear sua prosperidade em dinheiro emprestado. Inventaram um negócio de um empréstimo consignado para os nossos velhinhos. João Vicente, a vista dos velhinhos está fraca, cansada. Não vêem, nas letras pequenas, o juro mais alto do mundo. Então, Jarbas, os velhinhos que pagaram sobre dez salários mínimos para se aposentar recebem quatro e pouquinho; sobre cinco salários mínimos, recebem dois. E caíram no empréstimo, de 30%. Tem velho sofrendo. Tem velho com dignidade, tem uns que até fugiram da vida, se suicidaram.

Mas, ó Deus, ó Deus, onde estás? Nos permita, a partir da próxima semana, rezarmos aqui: tem dinheiro na conta dos velhinhos aposentados do nosso Brasil!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2008 - Página 4839