A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Senador Papaléo Paes, que preside esta sessão.

Gostaria de, brevemente, rememorar a nossa sessão de ontem, a Sessão Especial pelo Dia Internacional da Mulher, quando este plenário e suas galerias ficaram absolutamente lotadas de mulheres; alguns homens também. Mas gostaríamos que tivessem estado aqui muitos homens porque precisamos da participação deles para superarmos todo tipo de discriminação contra a mulher. Mas eu disse que iria rememorar brevemente porque o que quero hoje aqui é conclamar as mulheres, a mulher brasileira, de modo geral, para que neste ano de 2008 nos façamos presentes, digamos presente com centenas, milhares de candidaturas a Vereadoras e a Prefeitas por este Brasil afora.

Ontem, aqui foram premiadas com o Prêmio Bertha Lutz mulheres que fazem, fizeram e vêm fazendo grandes ações no sentido de busca, conquista e construção de igualdade de direitos entre homens e mulheres. Foram agraciadas ontem Rose Marie Muraro, essa grande personalidade nacional e internacional; Jandira Feghalli, nossa grande Deputada Estadual, Deputada Federal, uma mulher que deixou a sua história escrita com a maior galhardia no Congresso Nacional do nosso País. Estava aqui a “Tia Alice”, assim chamada carinhosamente uma mulher que dedicou a sua vida a questões da Aeronáutica, especialmente nos últimos anos, depois de aposentada, trabalhando de forma absolutamente gratuita no Programa Proantar, com quase 150 viagens à Antártica, na busca da pesquisa, de mais esclarecimentos sobre tantas coisas que lá existem e não são conhecidas. Maria dos Prazeres, uma senhora de 75 anos, parteira, que já fez mais de cinco mil partos sem nenhum óbito - nenhum! Ela declarou aqui ontem que no dia 6 deste mês fez o último parto. Esteve aqui a grande cientista Mayana Zatz, que dispensa qualquer apresentação. Mayana Zatz é uma grande pesquisadora, geneticista, pesquisadora da célula-tronco, professora, pró-reitora de pesquisa da USP, nome reconhecido nacional e internacionalmente.

E,falando em Mayana Zatz, toda semana procuro vir a esta tribuna lembrar que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal a constitucionalidade da lei que trata da possibilidade de pesquisa com embriões para que a pesquisa possa avançar com relação à célula-tronco. Sabemos que a votação já começou no Supremo Tribunal Federal e queremos que essa pesquisa avance rapidamente. Conhecemos a declaração de voto da Ministra Ellen Gracie, grande mulher brasileira, a cujo nome sempre se faz referência pela postura coerente, séria, responsável, em todas as causas que aprecia.

Neste momento, falo não só a respeito das células-tronco mas também a respeito da mulher.

Também foi homenageada aqui Terezinha Zerbini, uma guerreira brasileira, uma “menina” de 80 anos, que teve sua história também construída durante o período dos tempos tristes da ditadura em nosso País, tristes, vis e até covardes tempos. Ela esteve presa, como ela disse aqui, “hóspede” nos porões do Dops em São Paulo - desculpe -, e quando de lá saiu, encampou a luta feminina pela anistia, mobilizou a sociedade brasileira, e foi dado o grande salto para a conquista da anistia. O nome de Terezinha Zerbini foi escrito na História do Brasil com letras do mais alto significado.

Foi homenageada, em memória, Leocádia Prestes, mãe do guerreiro, lutador, Luiz Carlos Prestes. Foram momentos de grande emoção no Parlamento.

Não vou contar a história da luta da mulher no planeta Terra, como a daquelas 129 que morreram queimadas em 1857, na indústria têxtil, em Nova Iorque, porque os grandes empresários da indústria têxtil preferiram fechar, lacrar, a sua empresa, vê-la totalmente em cinzas, a deixar que as reivindicações das mulheres viessem a ascender.

É nessa luta que nós, mulheres brasileiras, temos que nos empenhar, na luta pelo fim da discriminação na família, na luta pelo fim da discriminação no trabalho, na luta pelo fim da discriminação na violência doméstica e na luta pelo fim da discriminação na política.

Eu vou citar aqui, Presidente Senador César Borges, Srs. Senadores, alguns dados: em 2000 - eu não vou ler os quebrados, para não tomar mais tempo porque o tempo urge -, nós tínhamos em torno de 60 mil vereadores e vereadoras; destes, 53 mil eram homens e 7 mil, mulheres; em 2004, quando foi reduzido o número de vereadores, passamos a ter em torno de 51 mil vereadores; destes 45 mil era homens e 6 mil, mulheres. É muito pouco!

Com relação às prefeituras: em 2000, de 5.559 prefeituras, cinco mil 5.241 prefeituras elegeram prefeitos e 318 prefeituras elegeram prefeitas; em 2004, aumentou um pouquinho: de um total de 5.479, 5.075 e 404 mulheres. É pouco, é muito pouco com certeza.

E em 2008, em que haverá eleições municipais, a mulher brasileira precisa conquistar espaço na política. Digo sempre: não queremos ser mais que os companheiros homens, que nossos irmãos, nossos filhos, nossos companheiros, nossos pais, especialmente nossos filhos. Aqui pode haver algum homem que diga: “Eu não tenho irmã, eu não tenho companheira, eu não tenho filha”. Mas que não tenha uma mãe, ninguém pode dizer! Não é, Senador César Borges? Todos temos uma mãe. Então, é em respeito à mulher mãe, à mulher companheira, à mulher filha, à mulher irmã, à mulher de modo geral, que precisamos conquistar uma sociedade justa, a sociedade dos direitos iguais. E essa sociedade com direitos iguais entre homens e mulheres precisa da nossa participação em igualdade de condições na política do Brasil. E, aí, o momento das eleições municipais é um momento determinante, é um momento fundamental para que a gente mostre ao Brasil que mulheres de bem, que homens de bem que querem construir a sociedade do bem, a sociedade justa, a sociedade dos direitos iguais, somos solidários! Homens solidários, homens generosos.

Adentra o plenário o Senador Jefferson Péres, por quem eu tenho a maior admiração, juntamente com os outros Senadores aqui presentes, como também nosso Presidente. Nós queremos a companhia dos homens solidários, dos homens generosos, dos homens fraternos para, realmente, construir a sociedade de direitos iguais entre homens e mulheres. Não queremos ser mais que os homens, Senador, mas também não queremos ser menos; queremos apenas ser iguais.

Muito obrigada.