Discurso durante a 34ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apreensão com a perda do sinal aberto de TV Senado para o Rio de Janeiro. Repúdio à medida provisória 415 que proíbe a venda de bebida alcoólica às margens das rodovias.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TELECOMUNICAÇÃO.:
  • Apreensão com a perda do sinal aberto de TV Senado para o Rio de Janeiro. Repúdio à medida provisória 415 que proíbe a venda de bebida alcoólica às margens das rodovias.
Publicação
Publicação no DSF de 25/03/2008 - Página 6682
Assunto
Outros > TELECOMUNICAÇÃO.
Indexação
  • LEITURA, MENSAGEM (MSG), INTERNET, CIDADÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), RECLAMAÇÃO, PERDA, EMISSORA, TELEVISÃO, SENADO, TRANSMISSÃO, TELEVISÃO ABERTA.
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, SUPERIORIDADE, NUMERO, RECLAMAÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), PROIBIÇÃO, COMERCIO, BEBIDA ALCOOLICA, MARGEM, RODOVIA, PREJUIZO, COMERCIANTE, EFEITO, DESEMPREGO.
  • REPUDIO, AUTORITARISMO, UTILIZAÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), SUGESTÃO, ASSOCIAÇÃO COMERCIAL, PEDIDO, LIMINAR, LIBERAÇÃO, VENDA, BEBIDA ALCOOLICA, MARGEM, RODOVIA, EXPECTATIVA, DERRUBADA, NORMA JURIDICA.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Eu gostaria de ler um e-mail que diz respeito a todos nós.

Para: Senador Mão Santa - Francisco de Assis de M. Souza

Assunto: TV Senado - Canal 115 RJ/RJ

Exmº Senador Mão Santa,

Estou com saudade. [“Estou com saudade”, atentai bem!]

Acredito que os aloprados confiscaram o sinal da TV Senado para o RJ/RJ, haja vista que o Canal 115 passou a transmitir programas evangélicos, estão cerceando as respeitáveis lavras de V. Exª.

Espero e aguardo se digne mandar apurar e, “ad cautelam”, disponibilizar outro canal aberto, sem necessidade de instalação de parabólica.

Informo, outrossim, que liguei para o Alô Senado e fui atendido pelo atencioso servidor de nome Jonas que disse “igualmente vários cariocas assim reclamaram”. [Então, estão tirando a TV Senado do Rio de Janeiro.]

Em assim sendo, reitero o pedido de providência.[sic]

Augusto Gomes, RJ/RJ, Tel - 9424-9330.

            E atentai bem para terminar: isso aqui tudo são e-mails recebidos dos prejudicados pela Medida Provisória nº 415, a da bebida alcoólica, que os aloprados fizeram - Luiz Inácio não leu e deu o jamegão.

            Este regime, no momento que vivemos, é muito pior do que a ditadura. Ô, Luiz Inácio, na ditadura havia o decreto-lei - os generais eram mais oxigenados. O decreto-lei não valia imediatamente; ele vinha para cá, era analisado, discutido e votado. Aí sim, se fosse aprovado, transformava-se em lei. Agora, na hora em que o Luiz Inácio coloca o jamegão... E quase sempre ele não lê as medidas provisórias. É um calhamaço! São muitos itens e muitas laudas - ele mesmo disse que uma página já lhe dá canseira.

            Então, ele assina confiado nos aloprados.

            Estão aqui vários e-mails, Senador Augusto Botelho. São oito milhões de desempregados por causa dessa medida provisória. Cada empregado mantém cinco pessoas: são quarenta milhões de brasileiros.

            Quero dizer que estamos lutando e vamos enterrá-la como enterramos a medida provisória da CPMF. José Agripino... Dornelles, do PP, que é o sucessor legítimo de Tancredo Neves, do Rio de Janeiro, já fez um discurso achando aquilo inadequado.

            Vou dar só um exemplo. Fui na minha cidade agora, Augusto Botelho. O melhor clube do norte do Piauí é o Country Club, construído pelo grande empresário Onofre Filho. É um clube de lazer, um clube recreativo, familiar. O clube fica na minha cidade, no caminho do praia. Olhe a decepção: fechou. Quem é que vai a um clube domingo e deixa, depois de tomar um banho de mar e comer uma feijoada, de tomar uma cervejinha, uma pinga. É que o clube é na BR. Esse é só um exemplo. São oito milhões de pessoas prejudicadas neste País!

            Vim para orientar os presidentes das associações comerciais: onde estiverem, peguem um advogado e peçam uma liminar. Juiz tem boa cabeça.

            A história mostra que os brutamontes não levam tudo o que querem não. Atentai bem, Augusto Botelho!

            Frederico da Prússia, em suas andanças, passou por uma fazenda e viu um belo moinho. Ficou encantado com o moinho. Aí, rei, poderoso, foi lá, chamou o dono da fazenda e disse: “Olha, eu quero comprar esse moinho”. Aí o fazendeiro disse: “É, mas eu não vendo. Isso aqui foi construído pelo meu avô, meu pai cuidou e, agora, eu estou cuidando. Para mim, isso é o símbolo da árvore genealógica da minha família. Eu não vendo”. “Mas eu quero levar. Você sabe com quem está falando?” “Não. Eu sei que eu não quero vender e me desfazer da minha história”. Aí, ele disse: “Pois você está falando é com o Rei Frederico da Prússia, e eu vou levar”. Aí aquele homem - atentem bem todos os prejudicados - se virou para Frederico da Prússia e disse: “Majestade, ainda há juízes em Berlim”.

            Então, senhores presidentes das associações comerciais, não mandem mais e-mails não: contratem um advogado. Eu digo: ainda há juízes no Brasil! E este Parlamento vai ter a grandeza de enterrar aqui essa medida provisória, do mesmo jeito que enterramos a CPMF. Isso é uma besteira, Luiz Inácio, você está ouvindo um homem vivido!

            Nos Estados Unidos, houve a Lei Seca. Aí é que surgiu Al Capone. Ninguém podia beber. Aí era o contrabando da máfia, Los Angeles, Chicago, Al Capone rico, Dom Vitor Corleone, todo mundo contrabandeando. E nunca pegaram Al Capone vendendo bebida: ele foi preso, depois, pelo Ministério Público, pelo Eliot Ness, como sonegador de imposto. Então, isso vai é ser burlado, vai aparecer contrabando, bandidagem. E aquelas honradas famílias que tiraram dinheiro, que fizeram empréstimos em bancos, como vão poder pagar? 

            E aquelas honradas famílias que contraíram empréstimos em bancos não vão poder pagar. Então, metam seus presidentes da associação. Luiz Pessoa, da minha cidade de Parnaíba, oriente os outros da beira da estrada que ainda há juízes no Brasil. Todos eles vão dar liminar, porque ninguém sabe quanto tempo vai demorar na Câmara. Ele mesmo conhece aquilo. Ele disse que havia 300 picaretas lá na Câmara.

            Então, é essa a contribuição que quero dar aos oito milhões de desempregados no Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/03/2008 - Página 6682