Discurso durante a 70ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alusão ao lucro dos bancos brasileiros.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. BANCOS.:
  • Alusão ao lucro dos bancos brasileiros.
Aparteantes
Epitácio Cafeteira.
Publicação
Publicação no DSF de 08/05/2008 - Página 12355
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. BANCOS.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FAVORECIMENTO, BANQUEIRO, COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, DADOS, SUPERIORIDADE, LUCRO, BANCO PARTICULAR, MOTIVO, EXCESSO, TAXAS, JUROS, TRIBUTOS, PREJUIZO, TRABALHADOR.
  • CRITICA, CONDUTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OMISSÃO, APOIO, POPULAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), SITUAÇÃO, CALAMIDADE PUBLICA, ACIDENTES, ALTERAÇÃO, CLIMA, CRISE, RESERVA INDIGENA, ESTADO DE RORAIMA (RR), OFENSA, POVO, ESTADO DO PIAUI (PI).

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Antonio Carlos Valadares, que preside esta reunião do dia 27 de maio, Parlamentares, brasileiros e brasileiras, aqui e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Cafeteira, sem dúvida nenhuma, lá pelo Renascimento, no primeiro compêndio de política - O Príncipe -, Maquiavel fala que o príncipe deveria ter virtù e fortuna. Virtù é honestidade, bondade e justiça; fortuna, sorte.

            Senador Dunga, Napoleão Bonaparte acreditava... Até tem um desses livros, comentado por Napoleão, quando ele estava preso em Santa Helena, em que ele dizia: “Isso eu fiz, isso eu não cumpri”. Quando um general não tinha sorte, estava lascado: ele não nomeava, não dava nenhuma missão, e não dava nenhuma estrela.

            Mas realmente nós estamos aí com o nosso Presidente da República. Atentai bem, Cafeteira! Cafeteira é um político ali do Maranhão, que eu conheço profundamente e torcia por ele. Eu passava as férias em São Luís, meu pai nasceu na Alecrim, 380, Euclides Farias, e aí tinha escrito nos muros: “Prometeu, cumpriu”; “Prometeu, cumpriu”; “Prometeu, cumpriu”.

            Eu pensava: que negócio é esse? É o prefeito, é o Prefeito Cafeteira. Eu o conheço. Cafeteira, então, escrevia... Cafeteira, e fazia um coração no “fe”... Mas, Cafeteira, estamos diante do nosso Presidente Luiz Inácio. Disse Getúlio Vargas, 1º de maio: Trabalhadores do Brasil...

            O Sr. Epitácio Cafeteira (PTB - MA) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não, V. Exª ilustra.

            O Sr. Epitácio Cafeteira (PTB - MA) - Senador Mão Santa, na realidade, as palavras “Prometeu, cumpriu” eram decorrentes da promessa que eu fiz de conseguir a autonomia de São Luís. Mas ficou carimbado no Cafeteira. E agora, no ocaso da vida, ainda é lembrado pelo povo que me trouxe para o Senado como o Senador mais idoso a ser eleito. E hoje eu sou o titio mais velho do Senado da República. E, quando V. Exª fala isso, me enche de orgulho, orgulho mesmo, porque, até hoje, o político precisa entender que é cumprindo que a gente consegue a credibilidade. Foi cumprindo que eu consegui a credibilidade do povo de minha terra. Muito obrigado, Mão Santa. Muito obrigado mesmo, do fundo do meu coração!

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E V. Exª significa muito, porque eu conheci... Eu era menino, conheci o Cafeteira jovem, Prefeito. Prometeu, cumpriu! Com fé no coração. E, hoje, está aí... Eu penso que V. Exª representa sabedoria. Shakespeare diz que a ousadia dos mais novos - aquele prefeitinho, Cafeteira - e a experiência dos mais velhos resultam na sabedoria. E ela, segundo o livro de Deus, vale mais do que ouro e prata, daí o respeito que eu tenho a V. Exª.

            Mas, atentai bem, V. Exª! Olha, vamos resumir assim: prometeu, cumpriu... Então, o nosso Presidente Luiz Inácio, generoso, ele é, sem dúvida nenhuma, considerado como o pai dos pobres: Bolsa-Família, não sei o quê... Mas ele é, sem dúvida nenhuma, nunca, antes, em tempo algum... O poeta dizia nunca dantes navegáveis em mares bravios, não é? Mas ele diz nunca antes! Então, nunca antes se foi uma mãe tão boa para os banqueiros. Nunca na história do mundo. Ele é a mãe. Eu acho que a gente podia, porque eu não sou do Partido dos Trabalhadores, mas pensar em PT para PB era muito oportuno. Nunca antes banco ganhou tanto.

            Luiz Inácio não está no seu rumo... Eu estou aqui é para ensinar o Luiz Inácio. O rumo de Vossa Excelência, com todo amor, carinho, não está certo. Abraham Lincoln disse: não baseie a sua prosperidade com dinheiro emprestado. Aí os Estados Unidos são ricos.

            Está aqui. Os bancos estão pegando parelha para ver quem ganha mais dinheiro: o Itaú ou o Bradesco. Nunca na história deles... Estão aqui os jornais, a mídia. Esta é a verdade. Itaú tem lucro líquido de 2,43 bi, subiu 7,5% de um mês para outro. O Bradesco - é uma maratona - é o segundo lugar. Nunca antes se ganhou tanto dinheiro como banqueiro.

            E eu entendo, Luiz Inácio, que a escravidão da vida moderna é a dívida. Vai fazer 120 anos que acabou a escravatura aqui, tardia e vergonhosamente. Fomos o último país do mundo. Mas a escravidão moderna é a dívida. O País em que se pegaram os velhinhos aposentados, de vistas curtas, não leram o contrato, nesse empréstimo consignado. Está tudo lascado, está tudo adoentado, está tudo sem poder pagar os remédios, ô Jefferson Péres. Tem velhinho honrado se suicidando, Luiz Inácio. Meu padrinho de Rotary foi um deles, ô Papaléo, com essa maior vergonha da história do mundo: fator redutor previdenciário. Cafeteira, D. Kyola, a santa protetora do Sarney: meu filho, não deixe perseguir os velhinhos aposentados. E o Sarney não aceitou esse negócio. Um homem trabalhador e a trabalhadora, Papaléo, que é médico e sabe que não agüentam, trabalham 35 anos, pagaram, fizeram um trato, um acordo com o Governo, Camata, para receber dez salários mínimos, e estão recebendo quatro; quem esperava cinco está recebendo dois. Então, este é o Governo.

            Luiz Inácio disse que não deve ao Banco Mundial, ao Bird. Eu preferia dever e pagaria os velhinhos no lugar dele. Isso eu faria, seria mais bonito. Estão aqui os bancos. É vergonhoso, Camata! Essa chuva de dinheiro que entra são os bancos que estão investindo aqui, porque são os juros mais altos do mundo, são as taxas tributárias mais altas do mundo! Quem trabalha está lascado. De doze meses, seis; cinco são para o Governo, um é para os bancos. Essa é a verdade. Está aqui: medalha de ouro, Bradesco; medalha de prata, Itaú. Estão brincando de ganhar dinheiro. Não vão dizer que eu estou atacando.

            Luiz Inácio é a mãe dos banqueiros. Mãe dos banqueiros! É um Governo cacarejador. Cacarejaram lá no Piauí. E o pior: no cacarejamento, sol quente - lá é quente mesmo -, o Luiz Inácio, com fome, disse: estou com fome aqui, duas horas da tarde no sol quente, e vocês aí. É hora de as lombrigas grandes estarem comendo as lombrigas pequenas. Então disse que o povo do Piauí era lombriguento. O Jeca Tatu, de Monteiro Lobato! Era mais bonito V. Exª ter dado então... No meu tempo era Uvilon, tomava cinco dias. Hoje tem o Pantelmin; basta tomar um comprimido. Quer dizer, vai lá, insulta o povo do Piauí, chama de lombriguento. E vai lá para Manaus e manda o Ministro prender em Roraima.

            Olha, eu vou lhe aconselhar, Luiz Inácio. Eu sou o melhor brasileiro. Eu o quero feliz e quero botar na linha, no trecho, no caminho. Estou aqui é para ensinar. Eu fui prefeitinho, ele não foi; eu fui Governador, ele não foi. Luiz Inácio, está no livro de Deus: se exultai, se alegrai nos momentos felizes, e chorai nas desgraças. Bem aí Santa Catarina. Não sou de lá, mas são irmãos, são gente boa. Os gaúchos, ó como eu gosto. Quem não gosta do churrasco, do arroz carreteiro, do vinho, do Miolo?! Tem ciclone. Só no Rio Grande do Sul tem trezentos mil abandonados. Por isso não tem nenhum Senador aqui. Estão todos chorando. Santa Catarina foi um tal de ciclone. Era muito mais bonito...

            (Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Senador Mão Santa, vou conceder mais dois minutos para o término do seu pronunciamento.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Aí eu vou pedir pelo Sergipe, que é o seu Estado.

            Então, era muito mais bonito, ó Camata, ó Jefferson! Isso era uma palhaçada que nós vencemos. Quando era menino, eu via os prefeitos. Na minha família tem muito, Senador Cafeteira. Ô, Cafeteira! Tadinho desse menino. Tem a coragem do prometeu e cumpriu na sua idade.

            Isso é uma palhaçada!

            Eu me lembro da história. A demagogia de prefeito, de governador. Parava. Banda de música. Foguete. Vamos lançar a pedra fundamental. Aí nós nos modernizamos. O que vale é resultados. O mundo civilizado, político, do Brasil foi melhorando, foi melhorando... Está certo, que se inaugure. Mas esse negócio de cacarejar...

            Papéis!... Papel não reage, não. Está ali a Ministra cacarejando. Eu nem fui. Cacarejando um bocado de folha. Fazer isso.

            Lá no Piauí, só um quadro vale por cinco. Dizem que vão fazer cinco hidroelétricas. Cinco! Há uma que Juscelino começou, Castello Branco inaugurou. Falta eclusa. Não tem navegabilidade. Engenho.

            O papel aceita tudo. A Rainha Vitória já dizia isso. Aí ela cacareja, cacareja, cacareja, numa demagogia... E o resultado?

            Então, seria bem melhor, na hora do sofrimento, estar lá no Rio Grande do Sul, estar em Santa Catarina, acabando com essa desgraça que está acontecendo em Roraima, chamando esse homem extraordinário, Luiz Inácio, aqui.

            Olha, lá no México, Luiz Inácio, tem, no palácio, um general...

            (Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Está escrito lá assim, Camata. General Obregón, que foi presidente: eu prefiro o adversário que me leve à verdade do que o puxa-saco - o aloprado - que me engane, que mente.

            Luiz Inácio, quer acabar aquela palhaçada, aquela nódoa, aquela vergonha no garboso Estado de Roraima, Boa Vista? Convide esse homem aqui - eu sou testemunha -, o Senador Mozarildo. Acabe com essa palhaçada de índio, de preto, de branco; nós somos brasileiros. Não existe mais isso, não. É índio com branco, branco com índio, branco com preto, preto com branco. Nós somos brasileiros! É essa é a verdade, Luiz! E mais ainda: você quer cair com aquela do racista ali da Bahia com esse negócio? Acabou, Luiz Inácio! Além do mais...

            (Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mais um minuto, Sr. Presidente.

            Nós temos orientais que chegaram aí, os japoneses, os outros europeus, os franceses, que invadiram Pernambuco e Fortaleza. Nós somos brasileiros, todos! Luiz Inácio, afaste esses aloprados todos. Eu vou dizer: chame o Mozarildo. Eu quero dar o testemunho. Ele é do seu Partido, Cafeteira! É uma vergonha, é uma nódoa, o partido de Getúlio Vargas, tendo um homem como esse, com dignidade, que conhece o problema, um médico que fez da ciência médica a mais humana das ciências, um benfeitor da humanidade, um homem do PTB. Ele não é Senador, não; ele nasceu lá. Ele conhece até a mais velha índia que casou com branco. É um rolo só! São todos brasileiros!

            Ô Luiz Inácio, vá lá, aproveite a sua legitimidade - você não está forte? - e acabe...

            (Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Senador Mão Santa, o discurso de V. Exª, além de instrutivo, é hilariante, mas existem oradores inscritos. V. Exª já tem quatro minutos além do tempo regulamentar. Vou lhe conceder mais um minuto.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Maquiavel disse que um príncipe tem de ter virtù (virtude) - e eu as tenho, como homem do Piauí - e fortuna (sorte). E V. Exª estar aí é uma sorte minha, é uma fortuna, V. Exª é generoso e sabe que eu estou defendendo o povo. Então, está aí o caminho, eu estou apontando.

            Ô Cafeteira, aquele prometeu e cumpriu. Imagem da luta, do trabalhismo de Getúlio. Exija. Vá ouvir. Tenho vindo aqui há cinco anos. Foi o primeiro que denunciou as bandalheiras, a corrupção das ONGs. Essa é uma grande contribuição.

            Ô Cafeteira, prometeu e cumpriu. Luiz Inácio, você vai ouvir o Senado. O Senado, neste problema, é Mozarildo Cavalcanti.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/05/2008 - Página 12355