O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Nós nos encantamos a cada dia com a figura que enriquece o Senado, o Rio Grande do Sul e o País: Paulo Paim. Hoje, emocionado, vendo o trabalho que faz pela valorização da sua raça, em reconhecimento por aquilo que ela fez pelo Brasil. Em uma sessão dessas em que se resgatava a grandeza do almirante negro, eu fui solicitado a dizer algumas palavras. Dizia eu, então, que me lembrava de Abraham Lincoln. Ele teve a coragem de dizer: “Este país não pode ser metade escravo e metade livre”. Essa decisão ele tomou inspirado na Bíblia, que disse: “A casa dividida, a família dividida será facilmente derrubada”.

            E o Paim, que já trouxe tanta grandeza ao Parlamento do Brasil, lembra, no final desta sessão, que Deus me permitiu presidi-la, a família.

            Paim, entendo que Deus, em quem todos nós acreditamos, no seu ideal de ter a construção de um mundo bom e melhor, depois de muitas tentativas, mandou para este mundo o seu Filho especial, Jesus. Eis o grande ensinamento: o Todo-Poderoso não O desgarrou, não O deixou, colocando-O numa família. Ele botou o seu Filho predileto numa família, a Sagrada Família. Esse foi o primeiro ensinamento do Deus, das inúmeras tentativas que tinha feito para reconstrução do mundo melhor. E o pai que ele escolheu foi um trabalhador, dando também o ensinamento que Rui Barbosa prega: “A primazia tem de ser dada ao trabalho, ao trabalhador”. Eles vieram antes, fizeram a riqueza. A mulher, mãe, e a família.

            Paim, V. Exª salvaguardou hoje o Parlamento, relembrando a importância da família, que está esquecida. Eu mesmo, confesso, não sabia. Prestam-se tantas homenagens a tantas instituições, a tantas coisas. Este dia deveria ser festejado em todo o mundo. Sou do tempo da família em que aquela ceia que passou para a história do mundo, a última ceia de Cristo, era diária, pai e mãe nas ceias. E ali eles davam os ensinamentos e o valor da família.

            Entendo ser o amor o cimento dessa família. Tive uma mãe cristã, terceira franciscana. Sempre digo que não sou mão santa, mas sou filho de mãe santa. O pai de minha mãe era o homem mais poderoso economicamente do nosso Estado, tirou uma fábrica do Piauí e foi vitorioso no Rio de Janeiro. Mesmo assim ela foi ser terceira franciscana. Daí minha intimidade com Pedro Simon, que é dessa Ordem.

            Aprendi, então, que temos de reconstituir esses valores. No Senado, deverão os pais da Pátria encaminhar o valor que V. Exª lembrou ao Congresso e ao País: a família. Essa é a primeira parte desse tripé. Depois, a escola, que sempre defendemos, a professora, o mestre; e o outro, a religião.

            Vivemos uma barbárie em nosso País: assalta-se, seqüestra-se, rouba-se, mata-se e desrespeita-se. É uma barbárie.

            Outras civilizações estão melhores.

            Mas, Paim, um dos melhores depoimentos que ouvi neste Senado foi o de um jornalista que disse o seguinte: “Freqüento as favelas do Rio de Janeiro. Sei que existe violência, mas, onde há uma igreja, tem a paz em torno dela”. Então, esses fatores que V. Exª...

            Por isso, inspirado não sei como, eu dizia hoje, orgulhosamente, que V. Exª era o nosso Martin Luther King. Os norte-americanos tiveram Martin Luther King, que sonhou com essa sociedade igualitária. V. Exª sonha, eu e os brasileiros devemos sonhar que V. Exª, num futuro bem próximo, chegue à Presidência da República, assim como os norte-americanos estão escolhendo seu líder Obama. V. Exª tem todas as virtudes.