O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, foram tantos os Senadores - Heráclito Fortes, Arthur Virgílio, José Agripino, todos nós do Partido dos Trabalhadores, Senador José Nery, Senador João Pedro, Senadora Ideli Salvatti, enfim, os 81 Senadores - que, suprapartidariamente, disseram que a libertação de Ingrid Betancourt já era um caso para a humanidade de relevância extraordinária. E todos nós nos empenhamos para que pudesse ela ser resgatada, libertada.

            Não sabemos ainda todos os detalhes, mas o Ministro da Defesa da Colômbia informou, em comunicado, que 15 reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia foram resgatados, inclusive a franco-colombiana Ingrid Betancourt.

            Essa é uma notícia alvissareira, e acho importante que a Colômbia possa voltar o quanto antes à normalidade, que os membros das Farc aceitem os termos da proposta do Presidente Álvaro Uribe, para que, deixando os atos de violência, de seqüestro, atos relacionados ao narcotráfico, assumindo uma vida legal, possam ser anistiados de quaisquer ações.

            Isso possibilitaria a libertação dos prisioneiros das Farc pelo governo colombiano. Desejamos que a Colômbia possa avançar em direção a instituições que permitam a construção de uma nação efetivamente justa, fraterna, como desejamos para todos os povos das Américas. Lembro que também três americanos foram libertados.

            Sr. Presidente, o jornal O Estado de S. Paulo afirmou que a sessão solene realizada ontem no Senado e presidida por V. Exª, em homenagem a José Martí, transformou-se em um ato de hostilidade aos Estados Unidos. Quero esclarecer que tenho a firme convicção de que o fim do bloqueio econômico imposto a Cuba pelo governo dos Estados Unidos e a derrubada do muro que separa os Estados Unidos do México e da América Latina correspondem às mais legítimas aspirações dos povos das Américas.

            Expressar esse sentimento na sessão do Senado em homenagem a José Martí não teve qualquer intenção de hostilidade aos Estados Unidos. Ao contrário, saudei a boa intenção do Senador Barack Obama, hoje à frente nas pesquisas sobre a sucessão presidencial, de restabelecer boas relações entre os Estados Unidos e Cuba, inclusive facilitando a visita de nacionais de ambos os países.

            Thomas Paine, autor de Common Sense (1776), afirmou que contraria o bom senso que uma ilha domine um continente, o que levou os americanos a proclamarem a sua independência em 4 de julho daquele ano.

            Se ele estivesse vivo hoje, diria que contraria o bom senso que uma nação que recebeu de presente da França a Estátua da Liberdade, que aplaudiu a queda do muro de Berlim, que recomendou a Israel que não construísse o Muro com a Cisjordânia, esteja agora a construir um muro que separe os cidadãos dos três continentes americanos.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.