Discurso durante a 206ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à proposta do Governo de criar o Fundo Soberano. (como Líder)

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas à proposta do Governo de criar o Fundo Soberano. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 06/11/2008 - Página 44276
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, GOVERNO FEDERAL, EDIÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), CRIAÇÃO, CARGO PUBLICO, REAJUSTAMENTO, SALARIO, SERVIDOR, DEMONSTRAÇÃO, POSSIBILIDADE, PAGAMENTO, AUMENTO, DESPESA PUBLICA, IMPORTANCIA, OPOSIÇÃO, FISCALIZAÇÃO, GESTÃO, GOVERNO, ADVERTENCIA, FALTA, ATENÇÃO, EFEITO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, ECONOMIA NACIONAL.
  • CRITICA, MANUTENÇÃO, PROPOSTA, CRIAÇÃO, FUNDO DE INVESTIMENTO, GOVERNO BRASILEIRO, BUSCA, MELHORIA, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, MERCADO INTERNACIONAL, PERIODO, GRAVIDADE, CIRCUNSTANCIAS, CRISE, ESCLARECIMENTOS, PREVISÃO, REDUÇÃO, RECEITA, ARRECADAÇÃO, PREJUIZO, MERCADO INTERNO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, AUMENTO, CONTROLE, DESPESA PUBLICA, PRESERVAÇÃO, INTERESSE NACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JOSÉ AGRIPINO (DEM - RN. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na democracia quem é eleito para governar tem obrigação de governar. Quem perde a eleição, vai para a oposição e tem obrigação de fiscalizar.

Está aqui aberta a página da Internet: “Venda de automóvel cai 11,58% em outubro”. Esse é o começo da crise que vai produzir perda de receita.

Tenho preocupação como Oposição. Não tenho obrigação nenhuma de fiscalizar quanto é que o Governo pode ou não pode gastar. Se o Governo tomou a iniciativa de mandar um projeto com a medida provisória, criando cargos e fazendo reajustes de salários, é o Governo que tem obrigação de ou retirar a medida se achar que não pode honrar, ou votar contra, ou se posicionar, porque ele é quem vai pagar. Se o Governo diz que tem aquela despesa de pessoal prevista e vai ter como pagar, o nosso dever é votar a favor e possibilitar que pessoas vivam melhor.

É o que vamos fazer.

A mim preocupa, como brasileiro, diante da crise que é monumental no Brasil, no mundo, me preocupa, porque compromisso tomado tem que ser cumprido, e o compromisso está sendo tomado pelo Governo. E me preocupa muito mais, Presidente Garibaldi, porque estou vendo atitudes insensatas. Vou dizer e vou repetir: atitudes insensatas como a reiteração da disposição do Governo em criar o Fundo Soberano.

Essa discussão é, no mínimo, irracional, ilógica, extemporânea, inconseqüente, desnecessária e inconveniente para o interesse nacional.

Quando a arrecadação do Brasil estava num processo crescente, que era o que acontecia até a crise, tinha até sentido em falar-se em expectativa de superávit fiscal o tempo todo, porque todo mês batia-se recorde de arrecadação.

Cria-se o Fundo Soberano para fazer uma poupança fiscal. Até aí, em tempo de bonança, pode-se até aceitar. Transformar o excesso entre o que se arrecada e o que se gasta em dólar para fazer fita internacional, para fazer caixa para financiamento de investimento brasileiro no exterior e para crescer o conceito do Brasil no exterior até se admite, mesmo sabendo que se você tiver superávit entre receitas e despesas, você não tem custo nenhum. Mas sabemos que a receita da arrecadação própria da União versus a despesa corrente é superavitária. Mas na hora em que entra a conta de juros, você vai ter que ir buscar recursos para cobrir um déficit, e esse recurso está sendo buscado na dívida interna, que está crescendo, que vinha crescendo e que vai crescer muito mais. E essa dívida interna tem um custo hoje definido em 13,75%. Para fazer o quê? O que o Fundo Soberano deseja é pegar esses reais. Se se deseja, por uma questão fiscal, fazer um fundo de investimento no plano internacional, isso terá o custo da diferença entre o custo da captação dos reais que se busca no mercado interno, pagando juros de 13,75% para transformar em dólares que se vai aplicar em títulos do Tesouro americano, a juros de não mais do que 2%. “Ah, mas o superávit da arrecadação é crescente e vai terminar encontrando o equilíbrio.” Com as notícias que estão ocorrendo de perda de vendas, de recessão, de perda econômica, a receita própria vai é cair. Mas o Governo insiste no Fundo Soberano.

Muito bem. O Governo insiste no Fundo Soberano e está, o que me alegra, insistindo, pela palavra do Senador Romero Jucá, em que a MP nº 441, que a Senadora Rosalba Ciarlini Rosado vai relatar, é para valer. E o Governo insiste nela e vai mantê-la. Aleluia e palmas. Vamos relatá-la e vamos pedir a sua aprovação. É o Governo que tem a obrigação de governar, e o Líder do Governo reafirmou que quer a sua aprovação e vai implementá-la. Muito bem. Agora, vamos tomar as providências e estamos alertando o País para a necessidade de corte de gastos, e corte de gastos em custeio, fundamentalmente em custeio.

Estaríamos até invertendo o papel, alertando patrioticamente ao Governo sobre a crise que está instalada e que vai nos obrigar a cortar na carne. Se o Governo acha que não há necessidade, que governe. Nós da Oposição fiscalizamos, a bem do interesse nacional.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/2008 - Página 44276