Discurso durante a 240ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do vigésimo quinto aniversário do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar - DIAP.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do vigésimo quinto aniversário do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar - DIAP.
Aparteantes
Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 17/12/2008 - Página 52483
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, DEPARTAMENTO, ENTIDADES SINDICAIS, ASSESSORIA LEGISLATIVA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, DEMOCRACIA, VALORIZAÇÃO, LEGISLATIVO, REPRESENTAÇÃO, INTERESSE, POVO, PARCERIA, TRABALHADOR, CONGRESSISTA.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão em homenagem aos 25 anos da Diap, eu pediria permissão para, diante de tantas lideranças das classes trabalhadoras - e poderia esquecer algum nome, involuntariamente, o que seria imperdoável -, saudar a todos na pessoa que representa a Presidência, o Sr. José Gabriel Teixeira dos Santos; Parlamentares presentes; brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, tenho aqui um discurso escrito, mas o Paim já fez, já disse o que é Diap.

Quando nasceu o Diap, eu estava lá na Parnaíba do Piauí. O seu significado nesse quadro em que vemos tantas siglas, tantas letras, é que hoje, ao ouvir a sigla Diap, ela simboliza para nós algo assim como CNBB, como OAB, como ABI, como a UNE, do passado.

O Diap é que engrandeceu isto - e eu estou aqui muito à vontade, porque, no meu entendimento, é do povo a maior criação da civilização -: a democracia. Acabou o absolutismo, dividiram em três poderes - o que acho errado, acho que foram infelizes os fundadores, vaidosos, porque nós não somos poder. Simbolizados por Montesquieu, seríamos instrumentos da democracia: instrumento Executivo, instrumento Legislativo. O poder é o povo; é o trabalhador que paga a conta. Somos instrumentos. E foi o povo que fez essa democracia.

Eu, Paim, já fui Executivo, já fui prefeitinho, fui Governador do Estado, fui Secretário de Saúde e amo a justiça, porque acho que ela é divina. Deus entregou leis; o filho de Deus, aqui andando - ele não tinha um som como este, não tinha uma televisão como temos, o rádio -, foi às montanhas e bradou: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça. Serão saciados.”

Mas entendo que nós somos a pilastra mais forte. Entendo, entendo. Nós é que somos, devemos ser e passamos a ser, neste Brasil, quando surgiu o Diap. Atentai bem à história! A história é para reflexão. Eu vi aqui este Congresso ser fechado. Estava ao lado do Presidente piauiense Petrônio Portella. Eu estava do lado dele; acho que era Deus nos preparando, Paim. Aí a imprensa toda veio perguntar ao Petrônio; havia canhões do lado de fora, tinha sido aprovada, eles deixaram votar uma reforma do Judiciário, e fecharam. E eu, piauiense, do lado dele, Petrônio Portella. A imprensa: “Diga alguma coisa”. Ele só disse, Paim, uma frase: “Este é o dia mais triste da minha vida”. Aí vi que aqui é o poder moral da ditadura, os canhões... Romeu Tuma, o Presidente Geisel mandou poucos dias, cinco dias depois, reabri-lo. Aqui é a pilastra mais importante. Ó, Luiz Inácio, entenda isso! Ó, Judiciário, entenda isso! Mas por que só agora entendemos isso? Por quê? O Diap nasceu em 1983. Será coincidência? Nós nos agigantamos, nos fortalecemos. Aí renasceu a democracia.

Foi assim como o Diap veio: como São João, antes de Cristo, batizar. Tenham fé. Eu, com água, ele é o Espírito Santo e vai vos batizar. O Diap. Daí é que renasceu e se fortaleceu este Congresso. A pilastra tornou-se o que o mundo sonha. Essa é a pilastra mais importante e, assim, no desespero do maior líder, aquele escolhido por Cristo, ungido, Moisés, quis desesperar-se, quebrou as leis, enfureceu-se: “Eu vou largar”. Ouviu a voz: “Busque os mais velhos, os mais sábios, os mais experimentados, os mais sofridos. Eles lhe ajudarão a carregar o fardo do povo”. Aí Moisés foi buscar aqueles 70, levou o povo dele para a terra prometida - estamos falando em Cristo, que está ali. E aí nasceu a idéia de Senado, melhorado na Grécia, melhorado na Itália, melhorado na França, onde nasceu a democracia, melhorado na Inglaterra, com um parque do trabalho, da indústria, e aqui, por Rui Babosa e por nós, por Paim.

Mas por quê? Porque isso aqui só pode ser, só tem o sentido de ser, se falarmos como Cícero falava: “O Senado e o povo de Roma”. Nós podemos falar aqui: “O Senado e o povo do Brasil”. Nós somos o povo. Nós somos aquele sonho.

É preciso saber; não vou contestar os fatos. Petrônio me ensinou isso. Ele vivia a dizer - ô Romeu Tuma, o homem falava por parábola, depois é que a gente, que não é inteligente, vai aprendendo -: “Não agrida os fatos”. E o que ele queria dizer com esse negócio? Eu não entendia. Não agredir os fatos? Não vou agredir os fatos. Nosso Presidente Luiz Inácio teve 60 milhões de votos. É voto muito. É força muita. Nunca dantes, como disse Camões; nunca antes, como ele diz: 60 milhões. Mas aqui há mais votos. Eu já somei: aqui dá mais de 80 milhões de votos. Atentai bem para este raciocínio: aqui há mais votos; somos mais de 80 milhões de votos, somos filhos também do povo, do voto e da democracia. Mas isso só foi possível mostrar ao Brasil quando nasceu o Diap. Aí, aqui, fez renascer aquele movimento que tirou o primeiro... E se viu a força, sentiu-se. Mas por que não antes? Porque o Diap trouxe o povo. O Diap trouxe Rui Barbosa.

         Rui Barbosa, ô, Cristovam - o Cristovam já está pensando em ir para a Unesco -, disse que a primazia é do trabalho e do trabalhador. Ele veio antes, ele fez as riquezas. A ele, o respeito, a dedicação, a primazia. O Diap é o trabalho, é o trabalhador. Mais do que isso, mais do que o trabalho e o trabalhador disperso: é o trabalhador com a inspiração bíblica.

         Todo mundo sabe aquela passagem de um filho que quis se desgarrar. Não faça isso, meu filho. Aí, ele buscou os feixes de lenha, um sábio rei, e aos dois disse: “Quebrem”.

         O Diap é a união do trabalhador conosco, que representamos. O Diap que deu força àqueles homens, ao Tancredo, de nascer aqui e se imolar pela democracia. Por que não antes? Só depois do Diap. Então, é esse o conceito.

Lá longe, no longínquo Piauí, médico na Santa Casa, chamado, eu fui. E Diap é um nome de moral, é um nome de decência, é um nome que une trabalho, que une os trabalhadores a esta Casa. E continuo na minha crença de que nós somos a pilastra mais importante desta democracia.

Com a palavra, o nosso Romeu Tuma, que também já foi Executivo, e isso é muito oportuno, porque ele foi o Cirineu do Presidente Sarney no tumultuoso período de transição democrática, nascido quando o Diap casou com o Parlamento brasileiro. Com a palavra, Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Senador Mão Santa, como eu sou o seu vice na chapa que V. Exª inaugurou, eu gostaria de aproveitar a palavra sábia de V. Exª, citando a Bíblia e aqueles que nos conduziram ao Cristianismo, porque não estou inscrito para falar em nome do Partido. Cumprimento o Senador Paim, que é um grande visionário, que sabe das coisas e que propôs esta realização tão importante do 25º aniversário, que são bodas de prata, do Diap. Conheço um pouco a história do sindicalismo brasileiro em períodos difíceis. Vi quando começaram alguns sindicatos a se unirem para reivindicações próprias em São Paulo. Vidraceiros, padeiros, laticínios e tantos outros sindicatos começaram uma luta organizada para suas reivindicações não caírem no vazio, em período de repressão ou não. Participei ativamente de vários segmentos durante a grande greve do ABC. E tinha as primeiras conversas que foram feitas pelo Presidente Lula, ainda Presidente de Sindicato, para ter um aumento efetivo nas reivindicações e nas lutas salariais. Isso teve início quando do então Ministro Delfim Netto. E, para evoluir... Depois, estourou a greve, porque não houve continuidade das conversações. E as grandes centrais sindicais foram nascendo ao longo do tempo e hoje são reconhecidas por decreto governamental. Mas essa luta sindical... O Diap é uma coisa muito importante, apesar de eu nunca ter recebido nenhum voto dele. Eu acho que é muito importante a existência de uma intersindical que tenha uma palavra participativa naquilo que se vai discutir neste plenário ou no da Câmara, para se buscar aquilo que realmente agrade capital e trabalho. Esse confronto entre capital e trabalho traz uma angústia muito grande. Quando se consegue buscar uma unanimidade de pensamento na busca de reivindicação mais clara... E agora estamos num período difícil, porque se precisa encontrar essa harmonia para evitar qualquer fato que venha prejudicar o trabalhador durante a crise. Nós temos que lutar para que isso não aconteça, para que não haja desemprego, para que não se mexa no salário do trabalhador. Eu acho que ele tem uma importância muito grande. Queria cumprimentar V. Exª e pedir desculpas pela interrupção do seu discurso, mas não poderia deixar de registrar meu pensamento.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Romeu Tuma, V. Exª é esse patrimônio da política não de São Paulo, mas do Brasil. Aquela chapa MST, Mão Santa e Tuma, nós vamos inverter. Eu estava falando no Sarney e no Tancredo. O Tancredo foi ao céu, o Sarney ficou. É melhor nós invertermos, porque, se eu ficar, eu posso “tancredar” e eu não sei deixar a Adalgisa aqui neste mundo. Vamos inverter a chapa.

Mas eu queria dizer o seguinte: ele falou em voto.

Paim, eu quero mesmo é aquele voto que eu lhe pedi para a Mesa Diretora. Aquele está certo?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Está certo.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, está bom.

Esse voto que ele disse, do Diap, quem merece mesmo é o Paim, que tem todos os votos do Diap.

Eu quero dar o meu voto para essas instituições do Brasil - eu citei algumas. O pior é que ele vai ser aberto. Aqui ainda há o negócio de voto secreto. Há essas instituições que eu citei, que fazem o Brasil, que são grandiosas, mas o meu voto hoje é para a instituição mais séria, que fortalece esta pilastra maior da democracia que é o Poder Legislativo. O meu voto, como presente de 25 anos e como um pedido aos céus e a Deus, é para que ele seja secular a iluminar o Brasil, meu voto como a instituição mais séria hoje no País é para o Diap. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/12/2008 - Página 52483