Discurso durante a 75ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa de que o Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB lance um candidato de seus quadros à Presidência da República nas eleições de 2010.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Defesa de que o Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB lance um candidato de seus quadros à Presidência da República nas eleições de 2010.
Aparteantes
Garibaldi Alves Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 19/05/2009 - Página 17943
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • DEFESA, DEMOCRACIA, REGISTRO, HISTORIA, EVOLUÇÃO, DIVISÃO, PODERES CONSTITUCIONAIS, PROTESTO, DESEQUILIBRIO, EXECUTIVO, IMPORTANCIA, VALORIZAÇÃO, LEGISLATIVO.
  • QUESTIONAMENTO, DIRETRIZ, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), RECUSA, APRESENTAÇÃO, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, DETALHAMENTO, LIDERANÇA, AMBITO ESTADUAL, POSSIBILIDADE, CANDIDATURA, SUGESTÃO, REALIZAÇÃO, ANALISE PREVIA, VOTAÇÃO, MEMBROS, RESPEITO, CONFIANÇA, POVO, PRESTIGIO, ELEIÇÃO, MAIORIA, SENADOR, DEPUTADOS, VEREADOR, PREFEITO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador e professor Cristovam Buarque, que preside esta sessão não-deliberativa do Senado da República, Parlamentares da Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo magnífico sistema de comunicação do Senado da República - a vibrante TV Senado, rádio AM e rádio FM, ondas curtas, a comunicação escrita do Senado, que chega às raias da perfeição, com o nosso jornal diário, semanário, a agência notícia, a Hora do Brasil - segunda-feira, o Senador fala para a Pátria, para o Brasil, para o povo, suas reflexões, suas denúncias e as lamentações do povo que ele representa.

Professor Cristovam, a nossa democracia está conturbada, mas aprendi aqui mesmo neste País que é melhor ser um otimista. O otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua errado. Quem disse isso, Senador Roberto Cavalcanti, foi Juscelino Kubitschek, que fez Brasília, que fez isso, mostrando como a política é complexa, Cristovam; sacado, tirado, cassado, bem aqui, como Senador da República, o maior dos democratas da história do Brasil. Então, a política é complicada mesmo, é complexa. Nós vivemos um momento em que aquilo que nós temos de salvaguardar - porque acho que foi a maior construção da civilização da humanidade - é a democracia.

O homem é um animal político. Assim disse Aristóteles e, desde então, ninguém contrariou, aceita. Esse animal político sempre buscou uma forma de governo. Lá onde ele viveu era a primeira democracia direta. O povo falava como eu estou falando aqui. Havia uma praça, a Ágora, a praça lá de Atenas. Cavalcanti, na praça lá de Atenas, eles começavam de madrugada, à noite e não terminava, aparecia gente. Então, foi melhorando esse animal político, e depois, na Itália, lá em Roma - ô, Professor Cristovam -, eles evoluíram muito, eles avançaram, de maneira que passaram a ser representativos. Não podia o povo todo falar, era inconcebível. Então, foi um avanço esse modelo. Lá na Itália, a Itália da cultura, a Itália que fez o Renascimento, um dos Senadores, que diziam ser o melhor que eles tinham, dizia sempre: “O Senado e o povo de Roma”. Atentai bem, quando Cícero falava, ele dizia: “O Senado e o povo de Roma”. Então, mostra-se que tem de haver a sintonia, não pode o Senado estar para um rumo e o povo para outro. Nós somos o povo. Temos que ter esse entendimento no Brasil. O Luiz Inácio precisa baixar, meditar e refletir sobre esse entendimento.

Então, mudou, acabou esse negócio. O governo usual era poderoso, absolutista, eram os reis. O povo não quis, o povo estava decepcionado. Era bom para o rei, para o filho do rei, para a família do rei, para os que estavam no palácio. E o povo, decepcionado, saiu gritando nas ruas - e o povo é que é o poder: “liberdade, igualdade e fraternidade”. Com esse grito, foram caindo reis de todo o mundo. Aqui nós somos retardatários. Cem anos depois desse grito é que caíram os reis aqui. Lá foi em 1789; aqui foi em 15 de novembro de 1889.

Então, a primeira coisa foi acabar com aquilo, de que o rei era tudo. Um deles chegou a dizer: L’État c’est moi, o Estado sou eu - o mais forte deles, o que fez Versailles, o Luis XIV. Então, a primeira coisa foi dividir esse poder. E hoje, Luiz Inácio, o governo não é mais do rei, há divisão, são os três Poderes.

Agora, no mundo em que estamos vivendo neste Brasil, que está em dificuldade - estamos aqui enfrentando uma dificuldade -, o Poder Executivo é muito, muito forte. Vivemos num mundo capitalista, em que o dinheiro todos nós sabemos que é forte, e quem tem dinheiro é o Presidente da República. Ele é que tem o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. É forte. É forte também porque nasceu do povo. O povo é forte. Ninguém nega isso. Nós temos esse entendimento. O Senador tem que ser o pai da Pátria. É esse o significado em todo mundo. É esse, com toda debilidade e fraqueza...

Brasileiros e brasileiras, vocês só estão vivendo esta democracia por nós. Quase todas as instituições foram corrompidas. Esta aqui resiste. Está ali Cuba. Cuba é uma realidade. Está ali o Chavez. Está ali aquele menino que outro dia era... o Correa, acabou a democracia lá. Está ali o Morales. Está ali o Bispo reprodutor. Aqui, só esta instituição está... Só o Senado... É difícil porque...

Acredito que o Luiz Inácio seja... Eu votei nele da primeira vez, mas é que tem muitos aloprados que o rodeiam. Como tem! Esse nome de “aloprado” não fui eu que inventei, não; foi Luiz Inácio. Ele, no desespero, no mensalão, porque podia receber o impeachment, foi muito esperto e disse: “são uns aloprados!” E apareceram quarenta que foram fichados. E nós acreditando no povo, nos reelegemos. Com maquinações, mas passou. E este é um Poder moderador. Ninguém podia mais contrariar o povo. Podíamos tê-lo cassado antes. Porque hoje, a história sabe: aqui cassaram o Senador Collor, e foi coisa para juiz de pequenas causas em relação ao que nós presenciamos no Brasil. Mas é isso: temos que navegar.

E esta Casa enfraquece, quando um Poder, que é forte por direito, quer tirar o nosso serviço, que é fazer leis boas e justas, e edita as medidas provisórias. Aí o Judiciário, que é forte, porque tem o poder, cassa, prende, pune, ameaça. A imprensa tem medo.

Nós, não! Mas nós temos a responsabilidade e a sabedoria mais do que os outros; a experiência. Daí a existência da idade mínima. E nós temos a força, porque nascemos da força do povo. Somos filhos do voto e da democracia, como o Presidente da República. Aqui há bem mais voto do que os sessenta milhões que o nosso Presidente teve. Eu já os somei.

Mas o que queremos dizer - ô, Roberto Cavalcanti - é que se fala, na outra Casa - esta aqui é que a maior mesmo, o poder moderador é o Senado - em reforma política. Entendo que esse negócio não vai adiantar nada, se os homens não se reformarem, seus princípios e a verdade.

Este País - ali estão dois grandes jornalistas, o Ferro Costa e o intelectual Doca Lustosa, professor -, atentai bem, este País está aí. Temos que jogar com respeito.

Nós optamos pelo pluripartidarismo. Tem muito partido. Agora, não entra na cabeça de ninguém, na história do mundo...Eu vou repetir uma frase que ouvi de alguém que foi Senador da República e Governador do Piauí, Senador Freitas Neto.

Senador Roberto Cavalcanti, ele disse, filosoficamente: “A roda grande não passa pela roda pequena.”. Então, o PMDB, que o povo fez o maior partido das últimas eleições, pensa que isso vai continuar eternamente? Não vai. Ele pode morrer na próxima, a decepção pode ser muito grande. A roda grande não passa pela roda menor.

Como é que um partido desses, numa condição dessa, vergonhosa... Presidente Michel Temer, ninguém lhe respeita e admira mais do que eu. Ninguém trabalhou mais pela sua eleição para a Presidência. Medite. Esta sessão é para reflexionar. Como é que um partido desses fica... Pedro Simon, que é a história do partido, é a verdade do partido, é a pureza do partido, é a grandeza do partido, chegou a dizer que o PMDB está como uma noiva sem-vergonha. Pedro Simon. Ninguém ama mais esse PMDB do que Pedro Simon, não.

Ele afirma isso. Ele disse, Pedro Simon, com amor ao PMDB, que se o José Serra continuar nesse percentual e subir um pouquinho é uma coisa. Se o Luiz Inácio, que é forte, popular, alavancar a Drª Dilma, aí é a situação. Se o Luiz Inácio não conseguir alavancar a Drª Dilma - eu acho que não vai conseguir: sem vida política, sem passado, sem experiência, nunca eleita nem Vereadora - e o José Serra... Nós largamos, como estamos encaminhados para a cama da Dilma, e vamos lá para a do José Serra. É essa a noiva. Entendo e acho que dizer... Não tem palavras para significar aqueles poltrões da política que dizem: “Não, nós não temos candidato.”. Energúmenos - a palavra saiu. Não tem como classificar esses energúmenos. “Não, o PMDB não tem, não tem.”. O PMDB não tem.

Roberto Cavalcanti, querido Michel Temer, atentai bem, brasileiros e brasileiras, o PMDB não tem.

Rio Grande do Sul, vamos começar por esse Brasil: Pedro Simon, que beleza de candidato. Germano Rigotto, há quatro anos podia, estava qualificado, aventurou-se a ir para as prévias. Agora, ele desaprendeu, perdeu a vergonha, perdeu a forma? Muitos, lá, foram Ministros: Eliseu Padilha. Então, temos gente.

Aí, vem subindo, vamos na geografia.

Santa Catarina. Qual é o maior líder de Santa Catarina? Luiz Henrique. Foi presidente do partido, foi Prefeito extraordinário por duas vezes, Governador por duas vezes, Senador e Ministro. Não tem gente! Energúmenos, poltrões, vendilhões os que pensam assim.

Aí, vamos subindo. Paraná. Atentai bem. Paraná. Requião, Prefeito, Governador, Senador, já foi candidato na convenção em que o PMDB desistiu de ter candidato e resolveu ter vice, Rita Camata. Eu fui e votei em Requião. Então, Requião estava preparado há oito anos, há 12, fez-se candidato na convenção, proposta para Presidente da República, governou por duas vezes o Paraná. Desaprendeu. Não tem qualificação. Não presta para ser candidato. Energúmenos, poltrões, vendilhões do PMDB os que assim pensam.

Aí, vamos subindo na geografia. São Paulo. São Paulo, Michel Temer, está aí, chegou um candidato. Eu estou refletindo. Os energúmenos, os poltrões, os vendilhões do PMDB. São Paulo.

Estou vindo, vou passar no seu Estado. Aliás, de todos o meu escolhido é V. Exª, mas vou passar.

São Paulo. O nosso Presidente Michel Temer é um extraordinário candidato, presidente do partido. Quércia. Não já se qualificou para sê-lo? Então ele apodreceu, ele se estragou, ele desaprendeu?

Rio de Janeiro. Garotinho enfrentou, está lá. Sérgio Cabral, que estava aqui, está lá, é do PMDB. A extraordinária mulher e esposa do Garotinho, Rosinha, está lá, acabou de vencer, galhardamente, no seu Município. Aí, nós vamos.

Não temos gente. São os energúmenos, poltrões e vendilhões que falam assim. Eu me envergonho, Garibaldi.

Aí, vamos ao Espírito Santo. A bela Rita Camata, que já foi candidata a vice, amadurecida, lei dos adolescentes. Gerson Camata, honrado, Senador, ex-Governador brilhante.

Aí, vamos descendo. Bahia. Qual é o líder, hoje, mais atuante, talvez o melhor Ministro? É o Geddel. O Geddel. O PMDB estava acabado lá. Eu fui, eu fui... O Prefeito, que é filho do nosso Senador querido, João Henrique, tinha 4%. Eu fui convidado pela juventude do PMDB para encerrar a convenção.

Geddel a iniciou. Um gigante.

Aí, da Bahia, nós descemos, Sergipe. Está aí o Almeida Lima, não é um Senador? E tem o Jackson.

Aí, vamos descendo, Alagoas. Renan Calheiros, um líder brilhante, passou por todas as fogueiras que eu já vi na sua vida: saltou galhardamente, enfrentou as maiores dificuldades. É um nome extraordinário, deu a volta por cima e é o Líder do PMDB. Não adianta. Ele tem adversário? Tem, porque a inveja mata, mas é o Líder, é o Líder do partido. Contra os fatos não tem. Nome brilhante, tem o seu currículo, já foi Ministro, talvez o melhor, da Justiça deste País. Pelo menos, não sei no do Garibaldi, mas no meu Estado, toda a estrutura de prisão que tem foi o Renan que fez e nos ajudou a levar.

Aí, nós vamos subindo, e chegamos no Recife. Em 1974, Jarbas Vasconcelos, que entrou na política em 70 - está há 39 anos -, pertencia aos autênticos do PMDB. Só havia 17. A anticandidatura não foi Ulysses que fez, não. Foi um grupo de 17 parlamentares: “Nós vamos ter de criar o anticandidato”. Convidaram Sobral Pinto. Aí, Ulysses, com o seu faro, quando viu que o negócio era bom, que podia aparecer e crescer, tomou a bandeira e botou o Sobral Pinto, mas estava lá o Jarbas. E ele já fez um pronunciamento, hoje, contundente, vibrante - quer dizer, ele aparece na hora da luta - contra as declarações do Presidente, aqui e no exterior, contra a decisão do Senado de fazer uma CPI, uma fiscalização que cabe a nós. Ele aparece. Que candidato bom é o Jarbas!

Aí, vamos indo. Na Paraíba, não estamos até com Governador? Já foi Governador, Senador...

Do Rio Grande do Norte, está aí o meu candidato. Tem ele e o primo dele. Sei que o outro tem suas qualificações, é filho do grandioso Aluísio Alves, mas Garibaldi encantou a todos, Garibaldi foi mais do que Moisés, que atravessou o Mar Vermelho. Ele atravessou aqui o período mais tumultuado, com firmeza, com pureza, com decência, com credibilidade. É um bom candidato a Presidente da República!

Dizer que nós não temos nomes? Energúmenos, poltrões, vendilhões! Esses são do PT. Nós temos os melhores nomes.

Depois do seu Estado, o vizinho é o Ceará. Já tivemos o Paes de Andrade, dezessete vezes Presidente deste Brasil! O Sarney não tinha vice. Ele era Presidente da Câmara e assumia. O genro dele, Eunício, abençoado por ele, não quer ser candidato a Senador? É um nome. Nós temos.

Aí, depois, vem o Piauí. Tem. Eu estou preparado. Faça o partido as primárias para ver se eu não apareço! Alberto Silva, um nome extraordinário, foi tudo, foi Governador, homenageado pelo Presidente Luiz Inácio, Conselheiro da República, foi da EBTU, Polo Nordeste, um empreendedor. Nós temos nomes no Piauí. Eu. Eu sou um! Eu levaria este povo do Brasil a estudar e trabalhar, faria um governo melhor do que este que está aí.

Continuando: Maranhão. Não está aí? Tem o Ministro Edison Lobão, tem a Roseana Sarney. Agora, os energúmenos, os poltrões, os vendilhões: “Ah, não tem um candidato”. Não tem uma ova, seu vendilhão, seu poltrão e seu energúmeno! V. Exª é que é essa porcaria que estraga o nosso partido, que pensa assim. É.

Vamos seguindo na geografia: do Pará, nós não tivemos um Presidente do Senado, foi Governador, um dos mais influentes oradores, Jader Barbalho? É.

Vamos andando: Amapá. O Presidente Sarney não está sendo um extraordinário Presidente desta Casa? Candidato bom de novo à Presidência da República, governou no período mais difícil, fez renascer a democracia.

Aí, vamos andando: Roraima, qual é o mais inteligente do Governo? Quem é? É o Romero. Olhe que esse Romero aí tem... Não é, não? Então, é um nome, já foi Governador do Estado, a esposa, Prefeita, uma liderança.

Aí, nós vamos andando: Amazonas. O Governador é do PMDB, não é? Novo, dinâmico. Como é que não temos?

Entramos no Acre. O mais honrado homem, amante do Direito. O pai já foi Governador. Falo de Geraldo Mesquita Júnior. Quem é que tem mais moral, mais dignidade, conhece mais o Direito do que o auditor e Senador?

Vamos andando para Rondônia. Estão aí o Raupp, o Amir Lando. São figuras ímpares.

Goiás. Tem algum nome melhor nesta Pátria do que o de Iris Rezende? Diga-me, Garibaldi? Tinha o Mário Covas, que morreu. O resto conheço todo. Iris Rezende é um homem que fez mil casas em um dia, casas populares. Fui aprender com ele para governar o Piauí. Ainda tem, no banco de reserva, Maguito, que presidiu o nosso partido.

Em Tocantins há o Avelino, que nasceu no Piauí e governou o Tocantins.

Como não temos?

Em Mato Grosso do Sul há um médico vibrante que é Governador.

Em Mato Grosso, o Vice-Governador vai ser candidato.

Então, estamos repletos.

Aqui em Brasília. Quem é que tem o melhor nome para ser Presidente? Deus fez o mundo, Juscelino Kubitschek e Roriz fizeram Brasília.

Estão aí!

Então, não me venha com essa conversa. Eu aqui quero te ajudar, Michel Temer. Talvez tenha tido... Eu sei que V. Exª é muito mais. Mas, na sua eleição para Presidente, eu fui a São Paulo, eu fui ao Rio de Janeiro, eu fui a Minas, eu fui ao Piauí. Olha, faça as primárias! Partido não pode fugir do povo. Partido... Esse Barack Obama, quando entrou, nunca pensou que ganharia. Os candidatos da cúpula, a Srª Hillary Clinton, lá se chamam os capitães, os cardeais. Era. Ele pensou que ia perder, daqui a oito anos ele seria. Aí, o povo se aproximou do partido, o povo foi vendo e o povo fez. E está aí o maior líder da história hoje do mundo.

Então, tem que haver isso. Ulysses, que está encantado no fundo do mar, Roberto Cavalcanti, disse: “ouça a voz rouca das ruas”. Partido ficar ouvindo os energúmenos, os poltrões, os vendilhões? Não admito. Assim é no mundo democrático civilizado: na França, na Inglaterra, se lançam os candidatos. Se não for, no segundo turno há as composições. Mas se entregar antes de começar o jogo?

Olha, meus meninos, a história ensina; a história ensina, professor Doca Lustosa. Eu vi a Arena, era o maior do mundo, não sei o quê, teve que mudar de nome, envergonhado, e acabou, o PDS e tudo. Hoje, está...

Mas a decepção do povo, depois das eleições em que predominaram a teoria e a filosofia dos energúmenos, dos vendilhões, dos poltrões, e dizer que nós não temos nomes, esse partido vai se esfrangalhar. Esse partido grandioso que deu um filhote que está aí, o PSDB, virilmente disputando e nos orgulhando com seus candidatos.

Nós não temos? Acabem com essa conversa. Essa conversa é feita e é traduzida pelos energúmenos, pelos vendilhões e pelos poltrões do PMDB.

Em 1974, sem chance nenhuma, numa ditadura, num colégio eleitoral, 17 líderes - um deles está aqui, Jarbas Vasconcelos - formaram o PMDB autêntico e criaram o anticandidato. Sem chance. Em 1974. Esse partido, 1984/1994, 35 anos depois, não tem ninguém? Olha, não vamos desrespeitar o povo, que elegeu a maioria dos Senadores, Deputados Federais, Estaduais, Prefeitos e Vereadores.

Então, esta é a nossa advertência. Isso é que é simples na reforma. É isso. Não vamos enganar o povo. O PMDB nunca... Chegou Tancredo. Sarney foi numa coligação. Ele era do PDS e foi para a Frente Liberal. Foi extraordinário, cumpriu sua missão, foi o pai da redemocratização, ninguém faria melhor que ele uma transição na paz. Ninguém! Mas e o PMDB, cadê? Está aí. E agora?

Então, estas palavras são para que haja uma reflexão e tenhamos um candidato à Presidência da República, para participarmos do aprimoramento da democracia. Soberano é o povo, o povo é que decide, o povo é que é o poder, mas nós não podemos ser os covardes da Pátria.

Com a palavra, esse que é o meu candidato, como foi a Presidente desta Casa, que é muito complexa, ele que foi extraordinário Prefeito, duas vezes Governador, duas vezes Senador, Presidente desta Casa. O Garibaldi está novo. Com a palavra, o Senador do Rio Grande do Norte, meu candidato a Presidente da República.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Mão Santa, agradeço, mais uma vez, a V. Exª os elogios. Mas, infelizmente, eu só ouço esses elogios mais de V. Exª. Se estivessem outros Senadores falando a mesma coisa, até... Mas é V. Exª que sempre se lembra aqui da minha candidatura, que é, eu acredito, uma candidatura hoje posta em termos de uma volta ao Senado. Meu projeto é no sentido de lutar para que eu seja Senador de novo. Mas eu, que sempre concordo com o Senador Mão Santa, queria ponderar o seguinte: ele fez uma análise quase que Estado por Estado. Acho que esqueceu...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Todos. Esqueci não. Pode ser que se lembre aí. Professor Doca Lustosa, saíram todos os Estados?

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Todos os Estados...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mato Grosso, o Vice, Sinval Barbosa. Está aqui, completou o que faltava.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Mas, então, eu queria dizer ao Senador Mão Santa que o que acontece no PMDB é realmente um fenômeno político que precisa ser estudado, porque é um partido que tem fortes lideranças regionais - e V. Exª agora foi descrevendo Estado por Estado, não esqueceu nenhum -, mas não tem uma liderança nacional que empolgue. Tem nomes, eu até admito...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Garibaldi, o Barack Obama, nem ele acreditava em si mesmo. Ele foi se empolgando e tendo a força do povo. Então, compete à direção do partido fazer as primárias. Lógico que, desses 60 citados, vai-se filtrando para, no fim, haver alguns, como V. Exª, que seriam os candidatos.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - É, porque V. Exª...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Posso estar errado. Mas sou como Descartes: “Penso, logo existo”. Estou pensando assim.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Sei que o seu raciocínio está procurando ser o mais cartesiano possível. Eu admito que o PMDB pudesse ter um nome nacional que empolgasse. Vou citar apenas aqui um exemplo, o Sérgio Cabral.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ele foi citado: ele, Garotinho e a mulher. Extraordinário!

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Governador do Rio, um grande Estado, um grande eleitorado. Mas acontece que o próprio Governador Sérgio Cabral já descarta a sua candidatura, a despeito das suas recomendações, do seu apoio e do apoio de outros, dizendo que vai ser candidato à reeleição. Então, não dá nem para embalar a candidatura do Sérgio Cabral. E, sem querer desmerecer ninguém, porque se poderia até pensar que estou aqui falando que o PMDB, Presidente Roberto Cavalcanti, que não é peemedebista, mas é muito afinado com o PMDB da Paraíba, com o Governador José Maranhão, poderia até se pensar que estou falando que o PMDB é um deserto de homens e de ideias. Não é exatamente isso que estou dizendo. O PMDB tem bons nomes, mas, Senador Mão Santa, V. Exª é um homem muito experiente. Sei que V. Exª tem uma sensibilidade muito grande e sabe que não se improvisa candidato.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, não se está improvisando, não. Não estamos nem no ano eleitoral. A eleição é para o ano. Este é para tomar uma decisão quanto à escolha do candidato em 29 de junho de 2010. Vamos fazer os encontros, as primárias, e aí surgirá...

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - O meu desejo, até para o meu projeto no Estado, o meu desejo e o de V. Exª...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O meu está complicado. Se o PMDB foi engolido pelo PT, então me engoliram, já estou engolido por antecipação.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - O meu desejo era que tivéssemos um candidato a Presidente, porque, nos Estados, acho que a situação do PMDB seria outra, apesar de ter...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Quer que eu lhe dê um exemplo? Quando fomos Governadores, surgiu Quércia. Ele não foi eleito, mas elegeu dez do PMDB, legalmente, puramente, com apoio do povo, sem esse negócio de Justiça. O povo.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Pois é. Então, para terminar, eu digo a V. Exª o seguinte: o PMDB é um partido que tem uma estrutura muito grande, que anda à procura de um candidato e não encontra.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Façam as primárias! Vão aparecer. O povo vai se manifestar.

O Sr. Garibaldi ALVES FILHO (PMDB - RN) - É um partido...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Nos Estados Unidos, vimos agora. A civilização é assim. Copiamos a democracia da Grécia, da Itália, da França e agora dos Estados Unidos. É isso. O Jack Welch, o maior administrador do mundo, disse: “Eu ando por aí. O que é bom eu copio”. Então, foi assim que surgiu o Barack Obama.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Pois é, se tivéssemos...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Do jeito que sou encantado por V. Exª, V. Exª iria encantar todo o Brasil, todos os Estados.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Não temos um Barack Obama, infelizmente. Será que temos? Não temos um Barack Obama que, de repente, possa levantar o Brasil, possa tirar o Brasil dessa polarização que existe hoje entre a candidata do PT, candidata do Governo, e o candidato do PSDB. Entre a Ministra Dilma e os dois candidatos possíveis do PSDB, Governadores Serra e Aécio.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Aí é que o PMDB tem a obrigação de tirar o povo do desânimo, da descrença, desse desacreditar. Aí é que é mais nossa obrigação.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Acho que V. Exª merece o nosso elogio, o nosso estímulo por essa perseverança. V. Exª é o nosso Diógenes, com aquela lâmpada, procurando um candidato. Quem sabe se V. Exª não vai terminar encontrando um candidato que queira levantar essa bandeira do partido?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu agradeço. E que Deus me permita agradecer se V. Exª participar e for o vencedor!

Essas são as minhas palavras, para uma reflexão. Eu acho - eu não compreendo isto - que, se ele não andar, não tiver coragem, não encantar o povo... Olha, para terminar, esse negócio de provérbio, de sabedoria popular, está até na Bíblia, em que temos os provérbios de Salomão. E o povo tem uma sabedoria, que diz: “time que não joga perde a torcida”. Então, tenho certeza de que esse PMDB, já, já, se não enfrentar, será como a Arena, que se envergonhou, tirou até o nome, mudou. Mudou e ainda hoje morre de vergonha.

Vamos à luta, às urnas e à vitória, pela grandeza da democracia!


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