Discurso durante a 124ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à cidade de João Pessoa, a "Capital das Acácias", pelos seus 424 anos de existência. (como Líder)

Autor
Roberto Cavalcanti (PRB - REPUBLICANOS/PB)
Nome completo: Roberto Cavalcanti Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à cidade de João Pessoa, a "Capital das Acácias", pelos seus 424 anos de existência. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2009 - Página 34584
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, JOÃO PESSOA (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB), ELOGIO, PATRIMONIO HISTORICO, PATRIMONIO TURISTICO, RECURSOS NATURAIS, REGISTRO, HISTORIA, SAUDAÇÃO, POPULAÇÃO, DESENVOLVIMENTO.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, CORREIO DA PARAIBA, ESTADO DA PARAIBA (PB), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna na tarde de hoje com o coração em festa e me sentindo fraternalmente ligado a cada homem, mulher e criança que, na “Capital das Acácias”, comemora os 424 anos da bela João Pessoa, cidade onde o sol nasce primeiro.

            Mais do que uma homenagem, quero fazer, desta tribuna, uma declaração de amor a essa cidade de convidativas praias de águas mornas e cristalinas, de povo afável e hospitaleiro, convite natural para o turismo familiar de qualidade.

            Declaração de amor a essa cidade e a sua gente cativante, terceira capital mais antiga do Brasil, que possui um sítio arquitetônico de valor histórico inestimável, salpicado pelo verde que lhe confere qualidade de vida e a condição de segunda cidade mais arborizada do mundo, atrás apenas de Paris, de acordo com a ONU.

            Entretanto, para colocar o meu canto de amor numa perspectiva histórica, indispensável para compreender a sua inserção na modernidade atual, começarei por abordar aspectos históricos que permitem a compreensão do mundo no momento do seu nascimento e as circunstâncias de desenvolvimento que explicam a João Pessoa 2009.

            No dia 5 de agosto de 1585, nasceu a Cidade Real de Nossa Senhora das Neves, às margens do rio Sanhauá, afluente do rio Paraíba.

            Foi a consolidação da Capitania Real da Paraíba, criada por ato do Rei Dom Sebastião, 11 anos antes, em 1574.

            Na realidade, a implantação da capitania foi uma guerra de conquista, já que os portugueses precisaram do apoio dos índios tabajaras para vencer os índios potiguaras, habitantes e senhores da região até então.

            Foram necessários, Sr. Presidente, 11 anos e 5 expedições para que, finalmente, o marco inicial da Cidade Real pudesse ser fincado na nova capitania.

            Estava, então, fundada a 3ª cidade brasileira do século XVI, sucedendo a Salvador e a Rio de Janeiro, as duas únicas que a antecederam.

            Somente no século seguinte é que novas cidades seriam fundadas.

            Havia diversas vilas, como as de São Paulo, São Vicente ou Santos, mas só se tornaram cidades no século XVIII.

            De fato, Srªs e Srs. Senadores, a atual João Pessoa foi a primeira cidade capital de capitania criada por ato real, já que Salvador era a capital da colônia e Rio de Janeiro tinha sido fundada para dar combate aos franceses instalados na Baía de Guanabara.

            Com a transferência da Coroa Portuguesa para a Casa Real da Espanha, durante o reinado de Felipe II, a cidade passou a chamar-se Filipéia de Nossa Senhora das Neves, refletindo o costume que perdura até hoje de homenagear dirigentes, no caso um monarca, mesmo sem razão histórica consistente.

            Essa denominação durou quase sessenta anos, quando, sob o domínio holandês, a cidade passou a se chamar Friederickstadt - cidade de Frederico - ou Frederica, em homenagem ao Príncipe Maurício de Nassau, da Casa de Orange, senhor do Nordeste brasileiro nessa época, dando continuidade ao costume da homenagem ao poderoso de plantão.

            Vinte anos depois, com a expulsão dos holandeses, a cidade voltou a se chamar Nossa Senhora das Neves, perdendo apenas o epíteto de Real.

            E assim foi de 1654 até 1817, sendo essa, pois, a denominação que mais tempo identificou a capital da Paraíba.

            Naquele ano de 1817, pois, início do século XIX, a cidade passou a chamar-se Parayba do Norte, quando a província aderiu à Revolução Pernambucana, junto com o Rio Grande do Norte, contra o absolutismo português.

            Foram os ventos da revolução francesa, da independência norte-americana, que sopravam nas praias do nordeste brasileiro.

            Em 1930, ano de fortíssima agitação política nacional, ocorre o assassinato do Presidente do Estado da Paraíba e candidato à vice-presidência da Republica, na chapa de Getúlio Vargas, o Dr. João Pessoa.

            A esse ato é associada a origem da Revolução de 1930, que viria a desembocar no Estado Novo e na ditadura Vargas, longa, de 15 anos.

            Sob o trauma da perda do seu Presidente do Estado, a capital da Paraíba teve seu nome trocado para homenagear o político assassinado, passando a se chamar João Pessoa.

            E assim permanece até hoje.

            Sr. Presidente, esse pequeno resumo da história da capital de meu Estado serve para mostrar a importância histórica da Paraíba e de sua capital.

            Nascida para defender os interesses da Coroa portuguesa contra a exploração, por outras nações, das riquezas do Nordeste brasileiro, João Pessoa sempre esteve no centro dos grandes acontecimentos nacionais.

            Mesmo não tendo crescido como outras capitais de Estados vizinhos, João Pessoa é uma cidade cosmopolita, localizada entre os rios e os mares, com clima agradável e cheia de belezas e atrações, que encantam seus visitantes e orgulham os habitantes.

            Mas não só de belezas vive nossa capital.

            Ela também tem seus vultos eminentes na história brasileira. Para fugir do lugar comum, sintetizo, na figura do Comandante Vidal de Negreiros, o principal artífice da expulsão dos holandeses de Pernambuco, segundo a opinião de historiadores importantes, a minha homenagem.

            Mas João Pessoa não cessou de produzir pessoas ilustres para o Brasil em séculos passados. Continua e continuará a produzir generosamente pessoenses ilustres, que enobrecem esse berço de brasileiros de boa cepa.

            Todavia, é no homem comum, profundamente identificado com as raízes, os usos e os costumes, os valores, a alma e os sonhos do imaginário coletivo que vou buscar a face solidária e combativa do pessoense.

            A esse homem comum, de valor extraordinário e de humanidade inquestionável - a dona de casa, o estudante, o operário, o empresário, o industrial, o jornaleiro, a professora, o feirante, o lavrador, homens e mulheres, velhos e moços que anônima e heroicamente constroem a cidade com seu trabalho incansável e exemplos de vida -, é que quero me juntar nesta singela homenagem.

            Srªs e Srs Senadores, a Capital da Paraíba, nossa João Pessoa, comemora hoje 424 anos de fundação.

            São mais de quatro séculos de história e lutas pelo povo paraibano e pelo povo brasileiro.

            Dessa história, muito nos orgulhamos e queremos compartilhá-la com todo o País.

            Saúdo, desta tribuna, nossos conterrâneos e louvo nossa capital, como paraibano por adoção e coração, já que nascido em Pernambuco.

            Ela continuará sendo um marco na história do Brasil, por sua gente e por sua capacidade de trabalhar em prol do povo brasileiro.

            Unindo tradição e modernidade, a Estação Ciência, projetada por Oscar Niemeyer, é um marco de contemporaneidade que encanta crianças, jovens e adultos, inserindo-os na aventura do século XXI. Essa jóia tropical, localizada no ponto mais oriental das Américas, a Ponta do Seixas, se oferece como recanto delicioso para se viver e visitar.

            Andar por João Pessoa é experimentar diferentes aromas, em uma festa dos sentidos, e caminhar sob a sombra em boa parte dos percursos.

            Em alguns quintais, são tantas as árvores que dificilmente é possível distinguir as casas acolhedoras que se escondem atrás delas.

            Lá, a vida corre calma e tranquila, em um convite expresso ao bem viver, aliado aos atrativos das grandes capitais, e é o convite que eu quero trazer ao resto do Brasil: conheçam João Pessoa. Sei que vão amá-la, como eu aprendi a amá-la nesses anos de convívio e intimidade intensos.

            Aos pessoenses e à sua bela e tradicional cidade, nascida sob o signo da realeza, porém temperada e forjada pela força dos trabalhadores que acolhe, feliz aniversário!

            Aproveito esta oportunidade, Sr. Presidente, para parabenizar também o Jornal Correio da Paraíba, que, coincidentemente, aniversaria no dia de hoje, junto com João Pessoa. São 56 anos do jornal de maior circulação do Estado, fundado pelo ex-membro do Congresso Nacional Teotônio Neto e mantido, ao longo de todos esses anos, por uma equipe fantástica de colaboradores. Parabéns, jornal Correio da Paraíba!

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Modelo1 10/19/245:32



Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2009 - Página 34584