Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Resposta ao pronunciamento do Senador Renan Calheiros.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL. SENADO.:
  • Resposta ao pronunciamento do Senador Renan Calheiros.
Aparteantes
Renan Calheiros.
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/2009 - Página 34746
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL. SENADO.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, ACUSAÇÃO, RENAN CALHEIROS, SENADOR, CONFIRMAÇÃO, DECLARAÇÃO, EX-DIRETOR, DIRETORIA GERAL, LEGALIDADE, DESPESA, TRATAMENTO MEDICO, MÃE, ORADOR, ADMISSÃO, CULPA, AUTORIZAÇÃO, SERVIDOR, REALIZAÇÃO, CURSO DE MESTRADO, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA, AUSENCIA, PERDA, VENCIMENTOS, INFORMAÇÃO, ESTORNO, DINHEIRO, JUSTIFICAÇÃO, OCUPAÇÃO, FUNÇÃO, GABINETE, PARENTE, SUB CHEFE, SIMULTANEIDADE.
  • CRITICA, INEXATIDÃO, DECLARAÇÃO, JOSE SARNEY, SENADOR, AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO, NETO, INTERMEDIARIO, OPERAÇÃO, EMPRESTIMO EM CONSIGNAÇÃO, DEFESA, ORADOR, NECESSIDADE, DEMISSÃO, EX-DIRETOR, DIRETORIA GERAL, LEITURA, NOTICIARIO, DENUNCIA, RENAN CALHEIROS, CONGRESSISTA, TRAFICO DE INFLUENCIA, ENRIQUECIMENTO ILICITO, CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
  • PROPOSIÇÃO, JOSE AGRIPINO, SENADOR, SUBSTITUIÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), CONSELHO, ETICA, GARANTIA, IMPARCIALIDADE, JULGAMENTO, ORADOR, ANUNCIO, APRESENTAÇÃO, PROJETO, PROIBIÇÃO, PARTICIPAÇÃO, COMISSÃO DE ETICA, CONGRESSISTA, REU, PROCESSO JUDICIAL, IMPROBIDADE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em que pese essa posição de radical adversidade que me coloca de um lado e V. Exª de outro, solicito a V. Exª que me dê tempo semelhante àquele usado pelo Líder do PMDB, que ocupou a tribuna a partir de 16 horas e 38 minutos, ou seja, tempo suficiente para que eu aqui me defenda, para que, quem sabe, eu ataque...

            Sr. Presidente, antes de tudo, uma providência básica, que solicito em tom tranquilo. Estamos vendo que quem precisa de psiquiatra não sou eu. Eu estou calmo, tranquilo, e não vou sair dessa tranquilidade. Embora eu não considere nada de mais alguém precisar de psiquiatra. É um ramo da Medicina que auxilia a todos aqueles que, porventura, dele possam se valer. O preconceito contra isso é obscurantista. Eu não seria obscurantista.

            Mas peço ainda que V. Exª tome o cuidado - e V. Exª é um magistrado nesta hora - e por isso eu peço a saída de V. Exª da Presidência, porque é difícil ser magistrado nesta hora. Que V. Exª mande requisitar a fita, porque o Senador Renan Calheiros usou de palavra de baixo calão em relação ao Senador Tasso Jereissati, eu ouvi, e gostaria que a fita configurasse isso. Ela não haverá de ser adulterada.

            Eu responderei ao Senador Renan Calheiros de maneira bem simples. Em primeiro lugar, merece S. Exª um processo por quebra de decoro, por prevaricação, por ter dito, com muita clareza, com muita nitidez, que estava valendo aqui o princípio da reciprocidade, ou seja, fosse eu alguém que não tivesse incomodado V. Exª ou o esquema de poder mantido nesta Casa há tanto tempo, eu não seria... eu poderia fazer qualquer coisa das minhas verdades aqui contidas, das verdades distorcidas ou até das inverdades e, me perdoe, das mentiras constantes do documento assinado pela minha prezada amiga, Deputada Íris Rezende, Íris Machado.

            Vou responder muito rapidamente ao Senador. Primeiro, até para passar por isso e não ter essa carga emocional, eu não me incomodei nem um pouco com a citação do nome de minha mãe. O Sr. Agaciel Maia, cuja palavra não vale para mim absolutamente nada, na oitiva a que compareci sozinho com o Senador Tião Viana e com o Senador Tasso Jereissati, eu perguntei a ele e ele disse: o tratamento de sua mãe foi absolutamente legal, absolutamente correto. E os Presidentes que avalizaram o custeio do tratamento de minha mãe, jamais dependente minha, dependente do Senador Arthur Virgílio Filho, foram - eu perguntava ainda há pouco ao Senador Tião Viana - o próprio Senador Renan, o Senador Antonio Carlos Magalhães, V. Exª, Presidente José Sarney e, sem dúvida nenhuma, tudo vindo mastigado da tal Diretoria-Geral do Sr. Agaciel Maia.

            Deu-me a impressão, Senador Renan, de que V. Exª errou ao exibir meus extratos com a maior tranqüilidade, V. Exª dominava números e quando solicitou números à Diretoria, ao Diretor-Geral

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Ah, é, me perdoe, não quero implicar com V. Exª de jeito algum. V. Exª, temos para trás uma história tão bonita, não quero implicar com V. Exª. O PMDB, PMDB. Mas obviamente que vou dizer algumas coisas, e V. Exª vai me perdoar antecipadamente. V. Exª vai ouvir com calma, com a educação que o caracteriza, sem dizer palavrão para mim. V. Exª disse para o Senador Tasso Jereissati; para mim não vai dizer, enfim, porque V. Exª é um homem educado.

            Fico feliz de ver V. Exª recuperando a prática parlamentar, porque V. Exª, quando debatia com o Senador Pedro Simon, derramou água, quebrou copo, foi uma confusão aqui que me causou estarrecimento, enfim. Mas agora V. Exª está equilibrado, está tranquilo, está recuperando a prática, talvez cedo demais, talvez cedo demais para ter voado até a altura em que voou. Talvez o tempo lhe mostre o equívoco histórico da sua pressa. Mas não sou eu o juiz. O tempo, Presidente Fernando Collor, V. Exª já dizia que é o senhor da razão. Vamos ver o que o tempo diz.

            Vou perder muito pouco tempo com V. Exª, Sr. Presidente. Vou investir, V. Exª não vai perder, vai investir. Vou dizer que V. Exª pode conhecer o seu cantuário por qualquer nome. No Amapá, as pessoas todas se conhecem pelos nomes e pelo apelidos. Para mim, V. Exª faltou com a verdade naquele episódio. E V. Exª disse que o seu neto não havia intermediado operações de crédito consignado. E seu próprio neto disse à imprensa brasileira, está registrado isso, que operou, sim.

            Gostaria de dizer ainda, e não se ofenda; não se ofenda, Senador Renan Calheiros, não se ofenda: eu tenho a maior honra, o maior orgulho de, neste momento, estar contra ambos. Se eu puder, eu simbolizo o anti-V. Exª e o anti-V. Exª. Não pense, portanto, que há em mim a menor réstia de mágoa, de rancor, nada. É apenas questão de métodos. V. Exª é de um jeito, eu sou de outro, e o mundo provocou esse divórcio.

            O Senador José Sarney se referiu ao auxílio moradia e usou uma expressão - habilidoso, raposa, foi do Bossa Nova da UDN, não foi cassado, conseguiu não ser cassado; meu pai foi; era, portanto, próximo de Jango -, auxílio moradia, como quem diz: “O Arthur está pagando o que o tal bailarino, ou homem de teatro...” - o curso do rapaz foi de cinema; e foi um equívoco que cometi mesmo; estou pagando. O Senador disse: “Eu estornei”. E ele falou: “Eu não paguei, eu estornei”, como quem diz: “O crime é pagar; estornar não é crime”.

            Quanto ao manifesto anti-Sarney, minoria que quer ser maioria, fomos tantas vezes maioria aqui com ajuda de V. Exª. Quantas vezes derrubamos nomes aqui que V. Exª queria derrubar e outros que queríamos derrubar do Governo? Quantas vezes fizemos isso juntos? Ou seja, somos uma minoria forte, expressiva, que, em diversos momentos, ajudou V. Exª a apunhalar o Governo que está aí. Em diversos momentos.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não, mas ali não vou falar com o Presidente, porque o homem forte junto a ele agora é V. Exª. V. Exª mandava mais no meu Governo do que eu, e manda muito mais no Governo do Senador Tião do que o Senador Tião.

            Só espero que V. Exª também me ouça, porque ouvi V. Exª. Naquele momento, não quis interrompê-lo. Naquele momento, quis apenas dizer que V. Exª podia falar da minha mãe à vontade. Se, afinal de contas, minha mãe se beneficiou de algo injusto, é bom que a gente veja isso. Agora, a chancela de V. Exª, a chancela do Senador Sarney, do Senador Antonio Carlos Magalhães...

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Isso! Eu sei, eu sei. Se conheço V. Exª, V. Exª deve ter chorado no dia. Não deve nem ter tentado... Deve ter feito tudo para demover a Senadora Íris de ter feito isso. Conheço V. Exª. Aprendi a conhecer, pelo menos.

            Muito bem. O Senador Cristovam Buarque tem o direito de reunir assinaturas e propor, sim, a saída do Presidente Sarney. Estou propondo de novo aqui. Diziam-me aqui que um falecido ex-colega meu de Congresso e ex-colega seu de Senado custou muito caro ao Senado, padeceu muito, sofreu muito. Amigo pessoal meu, amigo pessoal do Senador Sérgio Guerra. Não vou...

            O que quero me lembrar, com relação a minha mãe, é de V. Exª ter tido um gesto que, aliás, custou aos cofres do Senado, de ter alugado um jato para que cerca de vinte Senadores fossem visitar minha mãe em seu último momento. Não vou perder tempo com essa história de personal trainer.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Isso é indigno, é indigno eu discutir personal trainer com V. Exª. Indigno, enfim!

            Humilhações a motoristas? Senador Renan, talvez eu seja o único Senador nesta Casa - não sei se outros são assim; se são, que bom - que cumprimenta, às vezes mal, o Senador que entra em um embate comigo. E minha raiva passa muito rapidamente. Mas faço questão de cumprimentar as pessoas do serviço geral. Eu humilhar motoristas? Não me diga que - não V. Exª, mas o PMDB - o PMDB subornou algum motorista para dizer isso de mim. Não me diga. V. Exª, não. V. Exª não tem nada com a história. É o PMDB que pode ter feito isso. Não me diga que fez. Se tem uma coisa que não cola em mim é essa pecha de usar dinheiro público erradamente. E não cola em mim essa pecha de tratar mal os humildes. Eu costumo, às vezes, até ser arrogante com os poderosos, mas costumo ser muito humilde com os humildes. É da minha marca. O Senador João Pedro e o Senador Jefferson Praia conhecem isso muito bem.

            Eu gostaria ainda de dizer que, nesse episódio Agaciel - e, já que vamos para o Conselho de Ética, vamos esclarecer isso muito bem -, ficou provada uma coisa; ficou provado, Senador Sarney, que há uma suspeita de que V. Exª tem uma conta irregular no exterior. Outros Senadores, empresários, homens ricos, aqui, podem dizer: “Eu tenho conta”. Pronto. Nada mais natural que o Senador Tasso Jereissati, que é um homem de posses, tenha conta no exterior. V. Exª não tem razão para ter conta no exterior, porque V. Exª não pode ser mais rico do que eu. Não pode ser mais rico do que eu. V. Exª jamais ganhou mais do que eu.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.) - Infelizmente, não tenho; se tivesse...

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Sim, V. Exª não pode ser mais rico do que eu, a não ser que V. Exª tenha se desvirtuado do caminho que eu vi traçado...

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Mas será que eu posso pelo menos falar? Porque, se puder dar um aparte, eu dou aparte a V. Exª. Estou aqui tranquilo, V. Exª vê que... Enfim, é uma homenagem a V. Exª mesmo. Aliás, a V. Exª não: ao PMDB, já que V. Exª não teve nada com a história; foi o PMDB; aos dois: a V. Exª e ao PMDB. V. Exª, aliás, hoje é o PMDB, V. Exª representa o PMDB. Ulysses perdeu a vez.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.) - Espera aí: V Exª representa...?

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Perdão?

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.) - V. Exª representa o PSDB...

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não, sim. O meu maior medo hoje é que V. Exª me tome o PSDB. V. Exª está tão poderoso que a qualquer hora me destitui da Liderança e me toma o PSDB. V. Exª está poderoso demais. Talvez seja um erro estar tão poderoso assim. Um erro. Preste atenção nisto. Vou lhe dizer isto em homenagem a tempos passados: talvez tenha sido o maior erro da sua vida ter avançado tanto o sinal como V. Exª avançou. Anote. E saiba que não foi lhe querendo mal que lhe fiz hoje esta advertência.

            Mas muito bem. V. Exª diagnostica alguém necessitando de psiquiatra, diz que Senadores do PSDB praticam sandices. V. Exª está na vida pública, mas revela uma vocação para a medicina que é invejável. Eu não sabia que V. Exª tinha toda essa... Agora, eu não tenho, Senador Renan, nenhuma acusação na minha vida de lobista pagando conta minha.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.) - Eu também não tenho, Senador.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Foi acusado disso.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.) - Eu não tenho.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Permita-me falar, Senador.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.) - Eu não tenho. Não sei se V. Exª tem.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Eu não tenho. V. Exª vasculhe minha vida. Deve ter vasculhado já. V. Exª faça o que quiser. V. Exª está com o poder na mão. Faça o que quiser, mas me permita continuar, Senador Renan Calheiros, por favor. Permita-me continuar.

            Ouça-me: V. Exª é tido... Não desminta, pelo menos, aquela coisa que as pessoas falavam. É um homem frio. Diziam assim: “Eu não gosto desse Renan, mas esse Renan é gélido. Ele é frio”. V. Exª está quente. V. Exª está, às vezes, nervoso, às vezes, neurastênico. Não vejo razão para isso. Vamos manter o clima parlamentar.

            Senador Renan Calheiros, eu tenho... Eu pedi ao Senador Jereissati que visse uma pasta que aqui está. Mas V. Exª falou de assessores fantasmas no meu gabinete. Sabe o que me propuseram aqui? Foi o pacto da mentira. Propuseram-me aqui o pacto da falsidade. Propuseram-me aqui o pacto da hipocrisia. Propuseram-me aqui o pacto que aconteceu com uma colega nossa: “Então, tinha alguém no exterior, demita, diga que não sabe”. Eu não sabia, não faz parte da minha personalidade. Então, para pasmo de V. Exª e do PMDB, porque eu não vou dissociar mais um do outro, eu vou reafirmar tudo o que eu havia dito naquele dia. Se isso, para uma Casa que eu não quero aceitar que tenha virado isso que ela pode ter virado e que eu quero que ela não tenha virado, se isso é ser réu confesso, então eu sou de novo. Eu fui culpado de ter permitido que aquele moço fizesse aquele curso no exterior às expensas do Senado! É bom que o Senador Paulo Duque ouça isto outra vez. Estou aqui reafirmando, de novo, com tranquilidade, não estou derramando copo, não tenho nada... Tranquilo. Aliás, vou tomar, esta água que é sua com o maior prazer. Vou beber a sua água. (risos)

           Estou pagando por isso. Aliás, Senador Sarney, estou estornando, estou estornando o dinheiro, com muito sacrifício, porque não sou um homem de posses. Com muito sacrifício.

            Mas aqui, Senador Renan, eu vejo notícias:

            07/04/09 - “Sogra de assessor de Renan é “fantasma” em gabinete. Amélia Pizatto, desconhecida por outros funcionários do Senador, ganha R$ 4.900,00”.

            Aí, de novo - deve ser perseguição da imprensa -, O Estadão: “Renan recontrata ‘laranja’ no Senado”.

            17/06/07 - “Assessor de Renan disputou eleição sem ter deixado cargo”.

         Aqui diz: “Servidor do Senado dá expediente em loja”. Isso saiu no Jornal Nacional. Isso não pegou a proporção desse rapaz que foi estudar, segundo V. Exª, balé, e foi fazer cinema, outro curso inadequado... Aliás, V. Exª não falou balé, V. Exª falou teatro, sem nenhuma ofensa a Paulo Autran. Mas V. Exª estava tão afogado em denúncias, denúncias tão graves - V. Exª se diz sofrido - que aqui ninguém notou isso, mas saiu no Jornal Nacional. “Servidor do Senado dá expediente em loja”. Um lojista gaúcho... lotado em seu gabinete.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Fora do microfone.) - Quando eu soube, eu demiti.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Renato Friedmann.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Fora do microfone.) - Diferentemente de V. Exª...

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não, esse rapaz já tinha sido demitido antes, Senador.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Fora do microfone.) - Eu não tenho responsabilidade nisso.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Claro! É a política do “eu não sabia”. V. Exª não é réu confesso jamais. V. Exª não fez nada, não vai admitir nunca nada, enquanto eu repito: eu fui culpado, sim, daquilo! Senador Paulo Duque, eu fui culpado, sim, daquilo! Eu errei! Se isso é ser réu confesso, então, eu sou, de novo, mais uma vez, um milhão de vezes, um milhão e quinhentas mil vezes.

            Folha de S. Paulo, quinta-feira, 14 de setembro: “PF vai apurar ‘vazamento’ de ação policial no Senado. Presidente da Casa, Renan Calheiros, foi avisado antes sobre a Operação Mão-de-Obra”.

            Isso teria beneficiado o velho e cansado Agaciel, que tem abastecido de números aqueles que são seus inimigos. E eu não abro mão de que esse homem seja demitido a bem do serviço público. Ele precisa ser, em nome de um Senado melhor, de um Senado mais limpo.

            “PF vai investigar vazamento de operação no Senado. Apesar da medida, corporação rejeita denúncia de Procuradores e troca de farpas continua.” Outra manchete: “Procuradores acusam PF de vazar detalhes de operação. Busca de provas no Senado foi informada antes a Renan e a Diretor-Geral.”

            Pediria ao Senador Jereissati que me passasse as outras pastas porque tenho mais alguns lembretes a fazer ao Senador Renan.

            Aqui a Folha diz, no Folhaonline do dia 02/09/2007: “Veja a cronologia do caso Renan Calheiros.”

            26 de maio - A revista Veja publica reportagem na qual revela que Renan recebia recursos da empreiteira Mendes Júnior por meio do lobista Cláudio Gontijo para pagar pensão. Enfim, despesas pessoais.

           Segue a cronologia.

28 de maio - Renan usa a tribuna do Senado para...enfim.

6 de junho - Conselho de Ética do Senado instaura processo contra Renan por quebra de decoro parlamentar;

11 de junho - Renan se antecipa e entrega a sua defesa no processo contra suposta quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética;

13 de junho - Primeiro Relator do Caso Renan, Senador Epitácio Cafeteira, apresenta parecer dizendo que não há provas...enfim.

14 de junho - Reportagem veiculada no Jornal Nacional, da TV Globo, informa que foram encontradas supostas irregularidades nos documentos apresentados por Renan na defesa feita ao Conselho de Ética.

            Eu gostaria de ter certeza, Senador Renan, de que foi... V. Exª falou em quebra de sigilo. Não foi uma quebra total. Nós podíamos fazer um pacto de quebra total, os dois.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Fora do microfone). - Com muito prazer.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Isso era bom. Isso é uma coisa boa.

           Senador Renan, V. Exª foi julgado nesta Casa, lutou muito para não ser cassado. Sabe que eu vou confiar nas pessoas do Conselho de Ética? Não abordarei nenhuma, nenhuma! Estou estudando, inclusive... Proponho agora ao Líder José Agripino que substitua por pessoas do DEM, no momento em que eu estiver sendo apreciado, todos os nomes do PSDB, a começar pelo meu, para que não haja nada parecido com o compadrio e haja absoluta isenção em relação ao que vai ser julgado a meu respeito.

            Até esta data, eu não quero acreditar em V. Exª - aí eu já não posso falar no PMDB... Um homem vingativo... Eu não posso. Até esta data aqui, eu, e não só eu, mas também o Senador Demóstenes, que é tido como um julgador duro, nós estávamos no Conselho de Ética para procurar resolver aquele seu problema que, para nós, era um problema meramente pessoal. Fomos lá para isso. Começaram a aparecer contradições e provas em contrário. Fatos que nos levaram a postergar, nos levaram a dar a V. Exª todo o benefício da dúvida e que, no final, me fizeram ter de vir à tribuna para sustentar uma posição, que sustentei. E acredite, se V. Exª guardou algum rancor de mim, saiba que eu não fiquei com o menor rancor de V. Exª, o menor, o menor mesmo, ou não teria tido tantas conversas outras com V. Exª.

            V. Exª simplesmente não tocou no meu coração, nem quando falou na minha mãe. Não tocou. V. Exª não está falando na minha mãe; está falando dos gastos públicos que poderiam ter sido irregulares. V. Exª não desrespeitaria a mãe de quem quer que fosse.

            Mas, em 16 de junho, a Polícia Federal faz perícias em documentos. E aí começou o seu calvário. O Senador Cafeteira, que aqui está, uma figura que eu respeito muito, não suportou essa história do tal patrulhamento. Não se vai resolver essa crise com tropa de choque. V. Exª fez alusão a uma... V. Exª me conhece há tanto tempo, é um exagero meu. Eu sempre ressaltei que considero V. Exª um homem corajoso. Eu não me considero um homem corajoso. Eu me considero um homem que procura vencer o medo a cada momento.

            Um dia, eu fui exagerado. V. Exª fez referência àquela história dos chineses. Claro que não, aqui, no Brasil, a começar por V. Exª, deve ter mil homens mais corajosos que eu. Agora, V. Exª não vai intimidar a Casa com tropa de choque. V. Exª não vai intimidar a Casa com tropa de choque! V. Exª não vai calar as pessoas, porque V. Exª está vendo que não está me calando. V. Exª não vai fazer quem quer que seja começar a gritar aqui, porque isso não dará certo. E não dará certo porque vai ficar muito ruim para...Volto a dizer: V. Exª tem todo o direito de fazer o que quiser. Se puder, casse o meu mandato. Se puder, casse. Se puder, me tire desta Casa. Se puder, tome conta desta Casa para V. Exª. Eu não faço a menor questão de ficar numa Casa que, porventura, entre nesses métodos. Ao contrário, tenho confiança de que a Casa repudiará, a maioria silenciosa que aí está - V. Exª falou tanto em minoria - repudiará os métodos que V. Exª tem empregado.

            Eu não estou com o menor receio do que vem por aí. O menor receio. Estou pronto, Senador Renan Calheiros. Estou pronto com a minha consciência, estou pronto com o meu espírito, estou pronto com a minha alma, estou pronto com o meu coração.

            Mas muito bem, Senador Renan, aqui vem toda aquela cronologia da crise que envolveu V. Exª. V. Exª há de convir - V. Exª se defendeu - que são fatos muito mais graves do que o do menino que foi estudar balé - V. Exª não falou balé, desculpe, falou teatro -, ele foi estudar cinema lá fora. Um erro brutal, eu repito, um erro meu, mais uma vez. Isto é para dizer de novo para o Senador Paulo Duque que eu, então, se isso é ser réu confesso, não participar desse clube da mentira, então, eu sou réu confesso porque eu não participo do clube da mentira.

           Não vou mais ler essa coisa enfadonha, porque não... Aqui vem toda aquela sua história, enfim.

            Mas aqui tem ainda: “Senado pagou 26 voos para supostos ‘laranjas’ de Renan. Primo, ligado a negócio, teria viajado treze vezes. (O Globo, 06/05/09).

           Eu também não parto. Quando eu sou criticado pela imprensa, eu aceito. Não passa pela minha cabeça, Senador Sarney, mandar fechar jornal, nem... V. Exª disse que nunca processou jornalista. Processou, sim. Processou vários jornalistas. Não me passa pela cabeça fechar jornal. Quem quiser me criticar critique. Estão aqui nos ouvindo livremente. Aqui tem V. Exª trabalhando; é o político esperto de sempre, inteligente, capaz. “Renan manobra para emplacar aliado nessa do CNJ.” Nisso eu não vejo nada de grave.

            Aqui tem um episódio: “Presidente licenciado do Congresso deve ser salvo mais uma vez pelo Plenário do Senado”, “a conta é da CPMF”. Aí tem aqui uma matéria, enfim.

            Agora tem uma coisa grave. “Lira” - deve ser um dos Liras ricos lá do seu Estado, um daqueles Liras ricos... Diz assim: “Lira diz que pagou R$500 mil de pedágio a Renan”. Pedágio é propina, na linguagem dele, que eu sei que V. Exª, como homem de bem, não sabe o que é, mas é propina, sim. “Segundo denúncia do empresário, o valor facilitou a regularização de emissora de rádio no Senado. O Senador responde a quatro processos por quebra de decoro.”

            E aqui uma coisa que me entristeceu muito... Não, não foi essa que em entristeceu. Entristeceu-me foi uma outra.

Assessor preso trabalha para aliado de Renan. Detido na Operação Carranca, Eurípedes Marinho dos Santos, atua no gabinete do Deputado Joaquim Beltrão, PMDB de Alagoas. Polícia diz, porém, que ainda não existem provas de que emendas parlamentares foram destinadas a obras sob suspeita em Alagoas.

            Quero lembrar a V. Exª uma coisa: eu tinha convicção de que V. Exª não tinha nada a ver com aquele processo Schincariol - e, certa vez, tive eu um princípio de entrevero com o Senador Jefferson Péres -, que o Senador João Pedro relatava. Hoje, é um homem de conceito, preside uma importante Comissão Parlamentar de Inquérito na Casa, e nós todos sabemos quem é o Senador João Pedro. À época não sabiam. Eu sabia. Os outros, não. E o Senador João Pedro estava com um processo. E, na hora, eu quis colocar que, no processo relatado pelo Senador Jefferson Péres, se eu fosse o relator, eu relataria contra V. Exª. No processo relatado pelo Senador João Pedro, eu relataria a favor de V. Exª porque, lendo - e eu não vou além do que leio -, eu não vi que V. Exª tivesse responsabilidade objetiva sobre aquele processo. Fiz questão de ressaltar isso. Eu não vou perder, em nenhum momento, o meu juízo e nem a minha capacidade de tentar ser justo. Às vezes, eu não consigo.

            Aqui diz o jornal O Estado de S. Paulo do dia 13 de novembro de 2007: “Operação Carranca. PF prende grupo acusado de fraude em cidade governada por Renan Calheiros.” Sinceramente eu não acredito. Eu acredito na honestidade do Prefeito dessa época da cidade.

            “Quotado para suceder Renan, Senador dá valor zero a 28 mil cabeças de gado.” “Nas declarações de bens, Maranhão só especificou o quanto valem suas onze fazendas na Paraíba e no Tocantins.”

            Aqui se trata da espionagem. As pessoas estariam sendo vítimas de certos jogos sujos. Refere-se aqui ao Senador Demóstenes, Senador Jefferson Péres, Senador Tião Viana, Senador Aloízio Cavalcanti, Senador José Agripino Maia e Senador Marconi Perillo. Teria sido o tal grampo de lá.

            Eu, sinceramente, vou novamente tentar fazer justiça a V. Exª, não vou perder o senso de justiça. Eu estou quase convencido de que a figura que foi para lá não foi para espionar o Senador Perillo, nem foi para espionar o Senador Demóstenes; foi para tratar com um advogado chicanista de Goiás um trabalho de forjar provas na luta que terminou redundando na queda do Governador Jackson Lago, no Maranhão. Mais já não posso dizer aqui.

            Aqui diz: “Fax liga ex-assessor de Renan a Paraíso Fiscal”.

           “Contas no Caribe. Ex-funcionário movimentou R$15,5 milhões a partir de aparelho instalado na Liderança do PMDB no Senado, e Renan afirma não saber de operação bancária por fax.”

            E esse consultor nega movimentação de contas no exterior. Enfim, aqui não estou fazendo nenhuma acusação, estou só registrando o que houve. Estou apenas dizendo que, sendo verdade ou não sendo, o seu consultor jamais seria réu confesso como eu. O seu consultor jamais diria “eu errei, eu mandei”, porque não é da política isso; a política é dizer que não, a política é dizer que não.

            Aqui diz: “Dossiê tenta constranger relator do processo contra Renan Calheiros. Baixaria na reta final” - quando V. Exª estava na reta fina na luta pelo seu mandato.

            E aqui faz uma referência a V. Exª - lembro-me com muito carinho do tempo em que V. Exª era dono de um fusca, muito carinho mesmo: “Renan Calheiros terá que explicar por que diretor de construtora pagava suas contas”. V. Exª diz que não pagava, muito bem.

            Empreiteira...

            V. Exª sabe que julgamento político é isso. V. Exª tinha sido eleito com votação muito expressiva e contou com a simpatia de muitas pessoas. V. Exª contava com um consenso aqui, na Casa, que dizia que V. Exª já tinha passado por muito, já tinha sofrido muito, que não precisava pagar mais; esse foi o consenso, não foi bem uma absolvição.

            Aqui diz: “Empreiteira com padrinho forte. Dinheiro público [Correio Braziliense]. Apesar de o TCU apontar irregularidades em nove obras da Gautama, a construtora recebeu R$70 milhões do Governo Lula, a pedido de Renan Calheiros, para mais um projeto em Alagoas”.

            Sinceramente, se isso foi bem empregado, não vejo nada de mais. A Gautama é que é complicada, com aquela história do jatinho que ela emprestava para pessoas ilustres da República, enfim.

            V. Exª termina se licenciando. O Senador Sarney insiste em contrariar a sabedoria com a qual V. Exª se preservou.

            Aqui diz: “Albino afirma que era apenas procurador da KSI”. É cada empresa com nome esquisito. Olha que eu prefiro o meu bailarino lá.

Albino afirma que era apenas procurador da KSI. Ele nega ser dono de empresa fantasma e diz que Renan e Olavo Calheiros são os únicos interessados em enviar recursos para Murici.

            Não sei também.

            Aqui diz: “Assessor...” Isso é que eu quero saber se é uma pessoa por quem eu... É isso mesmo. Isso aqui me deixou muito triste. E eu soube que essa pessoa teria sido contratada outra vez. V. Exª pode me dizer agora.

Assessor do Senado e mais 18 são presos. Bens importados em quotas de congressistas do PMDB eram vendidos em feira a dez quilômetros do Planalto.

            Então, vou colocar os óculos.

            Aqui diz:

Dezenove homens foram presos pela Polícia Federal: 7 eram irmãos libaneses, líderes do grupo; 17 detidos em Brasília, 300 mil foram apreendidos em várias moedas; 11 carros também foram resgatados pela PF; 31 mandados de busca foram expedidos. Um dos detidos [e não vou citar o nome dele] trabalhava como assessor parlamentar, lotado na Presidência do Senado desde 02 de março de 2005.

            Quando foi informado disso, o Senador Tião Viana, que era o seu substituto interino, imediatamente, demitiu essa figura, que eu sempre vi com a maior simpatia até percebê-lo nesse delito. Eu soube que ele teria sido recontratado, estaria outra vez trabalhando com V. Exª. É fato? (Pausa.) Não.

            “Esta festa vai acabar.” Aqui se fala em uma coisa que é muito grave mesmo; o que o seu Partido faz, a meu ver, não é uma coisa boa na Funasa. Então, há aqui um ágape.

            E aqui diz que V. Exª estaria com o lobista Luiz Carlos Garcia Coelho em festa de casamento. “Os dois são acusados de estar por trás das irregularidades na Funasa.” Enfim, não emito juízo de valor.

            E aqui há uma coisa que, se for verdade, é grave: “Renan fez emenda para empresa fria de ex-assessor, a tal KSI”. Funasa de novo.

            Aqui diz: “Renan levanta dados sobre despesa de todos os Senadores”. Isso foi em 09/10/07. Seria, digamos assim, uma forma de constranger os seus colegas na luta para se defender. Ou seja, eu não sei se era justo V. Exª aparelhar o cargo para... Eu, por exemplo, não tenho o menor interesse em saber como V. Exª usa a sua verba indenizatória; não tenho o menor interesse. Prefiro combatê-lo assim. E não pense, de novo, que V. Exª me ofendeu, porque aprecio esse confronto assim. Prefiro as coisas frontais. Prefiro as coisas nesses termos que aqui colocamos. V. Exª disse o que quis dizer. Exima-se de qualquer remorso. Não foi grosseiro comigo de forma alguma, e espero não estar sendo com V. Exª; espero estar sendo delicado, inclusive. Mas deploro esse comportamento. Esse comportamento é típico de quem não respeita o órgão. Isso é indecoroso. Isto, para mim, quebra o decoro: usar o poder de Presidente da Casa para forjar, para ver dados, para ver como prejudica seus adversários.

            “Advogado confirma que assessor de Renan tratou de espionagem.”

            “Eli Dourado afirma que foi em seu escritório, em Goiânia, que Escórcio falou com empresário para filmar o Senador Perillo.” Eu já dei a minha opinião sobre esse assunto.

            O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Fora do microfone.) - Opinião, não. Isso foi investigado.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Eu estou dando a minha opinião. Apesar da investigação, tenho o direito a... Há o caso, Senador Renan, de erro judicial, inclusive.

            O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Fora do microfone.) - Foi esse o motivo da licença, para quem não sabe.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Continuo ainda com a palavra, Senador.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Intervenção fora do microfone.) -

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - “O jogo sujo de Renan” - diz a revista Veja. Renan Calheiros, enfim. Fica muito complicado a gente, de repente, lutando por democracia como V. Exª lutou, dizer que a imprensa está errada e que não tem nada certo.

            Aqui: “Renan ameaça os petistas”. Aí V. Exª estaria ameaçando os petistas Ideli Salvatti e Tião Viana. É uma matéria da revista Veja, jornalista Otávio Cabral, de 2007 também: “O Senador diz que não deixa a Presidência, desafia quem pede sua saída e constrange Parlamentares com suas chantagens”. Quem diz isso é o jornalista Otávio Cabral à revista Veja.

            Aqui, tem:

A face do Senado no Supremo (quebra de decoro): a partir de levantamento do Correio no STF, é possível compreender o corporativismo na votação que livrou Renan: 14 parlamentares, incluindo o próprio presidente da Casa, são acusados de crimes.

            Aliás, Senador, quero esclarecer a V. Exª o que estou propondo. Isso nem atinge o meu caso, que possivelmente passará pelo Conselho de Ética, mas serve para o resto. O Senador Tião Viana está apresentando um projeto de resolução que visa a acabar com essa história de maioria em Conselho de Ética, porque ali não é questão de maioria. V. Exª também não vai ficar agora com a maioria. Como tem síndrome de pânico, não fique com a síndrome da maioria. Por isso, V. Exª, há muito tempo, não exercita a oposição: está sempre servindo a governos, enfim. E é importante passar pelo episódio da oposição, porque isso nos faz bem. Faz bem para a alma. Mas o Senador Tião tem uma idéia boa: acabar com essa história de haver um bloco. Com mais alguns, o PMDB me condena à morte, se for o caso, embora eu tenha a desconfiança de que não será o que vai acontecer.

            Mas muito bem. Eu tenho outro projeto, que é proibindo que pessoas que respondam a processos por improbidade, processos ligados a questão moral, não possam, enquanto responderem a esses processos, Senador Demóstenes, fazer parte do Conselho de Ética. Estou apresentando esse projeto nos próximos dias. Até segunda-feira ou terça, eu estarei apresentando, sei que vou contar com o apoio de V. Exª.

            E o Senador... Eu não me expliquei mal. O Senador Tião pretende que o primeiro partido, que é o de V. Exª e da Deputada Iris, faça a primeira indicação. Aí, o segundo seria o DEM; o terceiro, o PSDB; o quarto, o PT; o quinto, o PTB; o sexto, não sei quem, e depois voltaria, se não houvesse quinze partidos aqui, voltaria para o PMDB. Mas não haveria nada assim massacrante, com cinco, seis representantes de um só partido, uma coisa que mostrasse: “Puxa, está na nossa mão!” Que faz alguns Senadores, principalmente os mais neófitos, se sentirem poderosos, se sentirem inexpugnáveis, enfim. E, às vezes, nem são tão...

            Mas aí continua a imprensa nessa perseguição insana a V. Exª. “Lobista ligado a Renan recebeu dólares em Nova York. Sete transações em nome de Coelho e seus parentes somam 389 mil. Empresário admite remessa, mas diz que tudo foi feito dentro da lei”. Muito bem.

            “Líder apresentou dezesseis provas contra Renan no Senado. Renan e a máquina de fazer dinheiro” - da revista Época, jornalista Andrei Meireles. “Apadrinhado do Senador na Funasa, um órgão do Ministério da Saúde. São alvo de investigações”.

            E aqui tem uma coisa que mostra que V. Exª... É uma coisa mais recente, isso aqui vem de agora, que mostra o que eu sinto que V. Exª está achando que é. E me permita a franqueza, é esta matéria aqui: “O verdadeiro imortal do Senado”. V. Exª está sustentando o Presidente Sarney, que se ampara na sua mão e se ampara na mão do Presidente Lula pelo outro lado. E V. Exª está fazendo e acontecendo aqui dentro, depois de ter quase sido cassado há pouco tempo.

            Eu volto a lhe dizer: muito cuidado com a altura, porque o tombo pode ser feio.

            Eu tenho, Senador Renan, ainda outras observações a fazer... Não estão... Estão? Ah, sim. Muito bem, tem muita repetição. Perdoe-me.

            “A Polícia Federal requisitada pelo Senado Federal foi acionada para dar suporte durante as investigações do Conselho de Ética”. A gente está falando dessa série de denúncias que acusaram V. Exª de tráfico de influência, enriquecimento ilícito e crimes contra a Administração Pública. Os laudos dos peritos criminais demonstraram vários indícios de falsidades e irregularidades que indicam que os documentos apresentados pelo representado não provavam a existência de recursos que pudessem fazer frente a suas despesas. Essa é a acusação, enfim. Eu não vou citar o nome das demais pessoas em agradecimento a V. Exª ter sido tão gentil com a minha genitora.

            “Nesse conjunto de denúncias, encontra-se a afirmação do Senador Renan, devidamente registrada nos autos, de que tem patrimônio para arcar com as suas necessidades do momento”. Também não entro mais em detalhes.

            V. Exª sabe, eu não tenho a menor condição de colocar em dúvida se V. Exª tinha negócios legítimos, pecuários ou não. Se V. Exª mostrar para mim uma semente de soja e me mostrar uma vaca, eu vou confundir, porque eu sou urbano. Se me deixar dez dias numa fazenda, eu fico louco, porque eu gosto de barulho, de buzina. Mas, veja, tenho um amigo alto funcionário da Receita Federal e ele diz que a melhor forma de político lavar dinheiro é se meter em negócios agropecuários, ou seja, Gilberto Goellner é da pecuária mesmo. Então, tá.

            Quando nós, políticos, não éramos, mas entramos na pecuária, isso parece para a Receita Federal já um primeiro indício de lavagem de dinheiro, o que não quer dizer que tenha sido o seu caso. Não quer dizer. Pois muito bem, Senador, vou passar essa parte pessoal... Apenas aqui se diz que V. Exª teria usado de maneira equivocada e, aí, diz - engraçado, não é? - minha Assessoria; minha Assessoria diz: “V. Exª é declarado como réu confesso do uso ilegal de verba indenizatória do Senado Federal”, em função de uma questão pessoal que não quero trazer aqui, porque verbas indenizatórias, V. Exª sabe, foi Presidente da Casa, são feitas para ajudar o exercício do mandato parlamentar. Mas, se V. Exª, em algum momento, assumiu a culpa, V. Exª, que reputo homem corajoso, eu não preciso nem de ir à China. V. Exª, talvez nem na China encontre uma pessoa com a sua coragem; talvez nem na China. Faço, portanto, essa homenagem.

            Ora, V. Exª, para mim, é quase que um super-homem, é quase que...

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Fora do microfone.) -

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não, mas aceite como elogio; aceite como elogio, enfim. Mas, se V. Exª disser assim para mim “eu errei nisso”, V. Exª entra para um time seleto e sai desse clube da inverdade, desse clube do “eu não sei, eu não sabia, eu não vi, eu ouvi dizer”.

            Vou repetir de novo: eu sou responsável, único e exclusivo, Senador Paulo Duque, pelo caso do rapaz que foi para o exterior. Basta? Ou preciso dizer mais? É o bastante para me incriminar? Então, pronto. Ou precisa mais, Senador Sérgio Guerra? Eu digo outra vez. Está bastante?

            Muito bem. Conforme denúncia publicada no jornal O Globo, de 6/5/09, o Senado Federal custeou pelo menos 26 passagens para quatro envolvidos nas denúncias que levaram o Senador Renan Calheiros a renunciar à Presidência do Senado, em dezembro de 2007. De acordo com a reportagem, “enquanto se defendia para escapar da cassação, Renan cedeu passagens a dois assessores e um primo, apontados como laranjas em empresa de comunicação. O quarto beneficiário foi apontado como responsável por vender cabeças de gado, Ildefonso Tito Uchôa Lopes, seu primo. Muito bem, família, vou pular.

            Aqui se fala de uma senhora chamada Vânia Lins Uchôa Lopes, Assessora Técnica da Presidência do Senado desde 8 de abril de 2005, quando V. Exª ocupava o cargo. O Presidente Sarney manteve Vânia no emprego. Ela recebe sem dar expediente no local e é esposa do Sr. Tito Uchôa, também seu primo.

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Fora do microfone.) -

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senador Renan, aqui fala da senhora esposa do Sr. Tito, que é seu primo, que seria o que V. Exª chama, no caso do meu bailarino lá, de funcionário fantasma, enfim.

            Muito bem, ainda vejo... V. Exª está-se retirando?

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL. Fora do microfone.) -

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Sim, pois não. Agradeço, Senador Renan. Agradeço de coração.

            “O Ministério Público acusou a Polícia Federal de vazar informações à Renan sobre um procedimento de buscas” - já falei, não vou repetir.

            Agora, o Consultor Legislativo do Senado Renato Friedmann é tido como funcionário fantasma da liderança do PMDB. É contratado no gabinete comandado por V. Exª, mas ele administra uma loja de imóveis da sua família, da família dele, em Porto Alegre.

            Muito bem. Vejamos o que tenho de novo... Aí eu podia citar pessoas ligadas com irregularidades. Uma figura tão simpática que foi presa na operação Sete Erros, V. Exª sabe a quem me refiro, não vou citar o nome, que envolvia contrabando de produtos importados.

            José Albino Gonçalves, ex-assessor de V. Exª, envolvido na irregularidade da construção de 28 casas pela Funasa.

            Paulo Roberto de Albuquerque Garcia Coelho, indicado por V. Exª na Funasa, sobrinho do lobista Luiz Carlos Garcia, acusado de montar um esquema de arrecadação de dinheiro - dizem eles, eu não acredito - para V. Exª, em ministérios comandados pelo PMDB. Paulo Roberto foi condenado pela CGU por fraudes em contratos que somam R$92 milhões.

            Márcio Godoy Garcia Coelho, outro sobrinho de Luiz Carlos Garcia, também indicado por Renan. O pessoal da assessoria é incorrigível. Digo-lhes: chamem de V. Exª. Às vezes, eles falam assim: “O assunto do Sarney.” Digo: Valter, pelo amor de Deus, é do Sr. Senador José Sarney. Não é do Renan, é do Sr. Senador Renan. A assessoria tem, de uma vez por todas, de parar de pagar esse tipo de mico para mim. Tem de tratar como deve ser tratado, com respeito, obedecendo à liturgia do cargo, como o Presidente Sarney gosta tanto.

            Márcio Godoy, outro sobrinho, Luiz Carlos Garcia, também indicado para a Funasa. Ganhou emprego depois de ter sido indiciado pela Polícia Federal na operação Vampiro.

            A investigação sobre o Sr. Danilo Forte, Presidente da Funasa, pelo Ministério Público Federal, pela contratação de funcionários fantasmas.

            Everaldo França, ex-assessor de V. Exª, foi um dos principais acusados envolvidos na operação Navalha da Polícia Federal. E, já que ninguém aqui tem nada com essa empresa, Presidente Sarney, já que ninguém conhece Zuleido Veras, já que ninguém é amigo dele, do mafioso Zuleido Veras, ninguém vai se ofender, porque ninguém gosta dele, ninguém o conhece. Também o Sr. Everaldo França acusado de participar de um esquema de pagamento de propina pelo banco BMG - e volta aqui o nome de V. Exª, por privilégio na concessão de empréstimo consignado junto ao INSS, conforme denúncia feita à Polícia Federal pelo advogado Bruno Miranda, ex-genro do lobista Luiz Carlos Garcia Coelho. Miranda afirma ter ido buscar grandes montantes de dinheiro no banco BMG e transferido para o cofre na casa de Luiz Carlos e que, posteriormente, quem buscava parte destinada a V. Exª - e não acredito nisso - era seu assessor Everaldo França.

            Francisco Sampaio de Carvalho, ex-assessor de Renan Calheiros, foi acusado de operar uma conta bancária no paraíso fiscal da ilha Grand Cayman, no Caribe, que chegou a registrar 11,1 milhões em depósitos. A conta foi descoberta pela movimentação do fax recebido na Consultoria de Coordenação Técnica de Relações Institucionais da Presidência do Senado, onde Francisco Carvalho trabalhava durante a gestão de V. Exª na Presidência. Extratos, autorizações para compras de ações no exterior e relatórios bancários dos investimentos num total de cem folhas, relaciona as operações da conta de nº 650303 no Unicorp Bank & Trust Ltd. É identificada pelo codinome Pacto, que posteriormente foi transferido para outra conta ABDCHGFE. O Assessor Francisco Carvalho, que tinha um salário de R$17 mil, pediu demissão apressadamente e negou que operações fossem comandadas por ele, mas uma perícia feita pela Unicamp demonstrou que todos os dados foram escritos de próprio punho pelo assessor e de dentro de uma sala da Presidência do Senado Federal.

            V. Exª é réu no Inquérito nº 2.593, que tramita no STF. Trata-se de inquérito no qual o Ministério Público Federal investiga V. Exª por enriquecimento ilícito, corrupção e uso de notas fiscais frias. Não sou eu que estou dizendo, é o que consta...

            O Sr. Renan Calheiros (PMDB - AL) - (Intervenção fora do microfone.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª pediu?

            Então, parabéns! Entre para esse clube, entre para esse clube, entre para esse clube.

            Para aprovar disponibilidades de recursos para pagamento de despesas pessoais.

            Eu gostaria ainda, Senador Renan Calheiros, de fazer algumas observações finais.

           Eu vou deixar para discutir a tal peça, que não é de V. Exª, é do PMDB, nos detalhes da peça, enfim, mas lhe fazendo algumas observações. Esses familiares do Sr. Carlos Homero Nina não trabalharam todos ao mesmo tempo no meu gabinete. E uma pessoa que assume o seu erro já trinta vezes - eu devo estar aborrecendo todo mundo aqui - deve agora merecer de V. Exª algum crédito.

            A Srª Ana Cristina Vieira Nina não trabalhou no meu gabinete. Carlos Homero era amigo do Sr. Agaciel, que, àquela época, não parecia esse monstro todo. E o Sr. Sérgio Maione, que eu conheço, é funcionário aqui desde os tempos em que Carlos Homero Nina trabalhava no Gabinete do Senador Saldanha Derzi, de saudosa memória. E V. Exª tem absoluta razão. V. Exª nomeou, a meu pedido, a Srª Vânia Maione Alves Nina para a Presidência do Instituto Legislativo Brasileiro. Ela foi considerada uma assessora tão correta que o Presidente Garibaldi Alves a manteve e ainda lhe deu um encargo a mais. E ela acabou sendo exonerada pelo Senador Heráclito, que fez bem - era hora de mudar mesmo -, e ficou com dois cargos. O outro cargo é onde hoje está homiziado o Sr. Agaciel Maia. Quando viu isso, ela saiu. Eu, portanto, se não tem mais...

            Ah! Eu quero dizer a V. Exª, ainda, que eu, quando fiz a minha fala, de coração muito aberto, e se tem uma coisa que me magoa - eu respeito as mágoas de V. Exª, as mágoas de quaisquer pessoas - é precisamente esta inversão de valores do tipo: Ah! Mas nós vamos pegá-lo no negócio do assessor, porque aí ele é réu confesso. Ou seja, se entrar no meu gabinete e deixar uma mala de dinheiro escondidinho, não tem problema nenhum. Sont tous grands seigneurs. Num francês meio “macarrônico”, Presidente Collor.

            Não pode é vir para cá, não com a pretensão de assustar chinês, não. Mas vir para cá e dizer que sou capaz de assumir os meus atos, enfrentar as consequências dos meus atos em quaisquer circunstâncias, de peito aberto. Isso me magoa, porque, nossa... Constatado o erro, erro que foi cometido aí, horrores! Por que não se abre, Sr. Presidente, as passagens de todo mundo, o que todo mundo gastou, quem foi para onde, quem não foi; como usava as passagens, como não usava? Coisas legais inclusive. Por que não se abre logo cada gabinete para ver se... afinal de contas, eu mostrei aqui tantas acusações ao Senador Renan, saber se ele afinal pode estar inocente de tudo e não ser nenhum pecador, pode ser um querubim e eu posso ser o maior pecador do Senado, enfim.

            Pode ser mesmo que tudo o que dizem de V. Exª seja mentira e que seja eu a pior figura da República. Pode ser que de fato esteja em mim o pecado da República toda. Pode ser que o Senador Paulo Maluf, perto de mim, seja um santo e que eu seja mesmo um criminoso, merecedor da cassação do meu mandato. Pode ser. Eu estou aqui. Eu estou aqui. Eu estou aqui. Eu estou aqui. Simplesmente, eu tinha, Senador Renan, 5% de expectativa de que V. Exª fizesse o discurso que fez hoje e 95% de que não fizesse. Tolice minha. Tolice.

            Recebi às pressas esta papelada aqui, porque pensei que eu ia, no meu direito... V. Exª tem o direito de dizer que deve manter o Presidente Sarney e ele de ficar. Desejo vida longa ao Presidente Sarney. Que ele prove que é tudo injustiça contra ele e que dirija este Senado mais umas oito vezes. É o que desejo ao Presidente Sarney. V. Exª tem o direito de fazer o que quiser e eu tenho o direito de pedir a ele que saia. É um direito meu. Independentemente de organizar...

            Sabe qual foi a sensação que me passou naquela confusão aqui, naquele dia do Senador Simon? É que: “Agora acabamos com eles!”, “Agora eles não falam mais!”, “Agora nós botamos banca aqui!” Não é assim. Estou aqui dizendo a V. Exª todas as verdades que tenho para dizer de maneira civilizada, educada. Ouvi as verdades que V. Exª acha que tem sobre mim de maneira civilizada, educada. Não alterei a voz. Senador Jereissati chegou a pensar que eu iria alterar a voz. Eu disse: “Não, não. Não vou. Não estou interrompendo o Senador Renan.”

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Só um minuto mais, Presidente.

            “Não vou alterar a voz, não”. Estou apenas dizendo que V. Exªs, Senador Sérgio Guerra, estão tão atenciosos, são tão meus amigos que estão preocupados com a minha mãe, mas entendi. O Senador Renan Calheiros não iria falar da minha mãe nunca. Ele se referiu a possíveis irregularidades nos gastos com a saúde da minha mãe, viúva de um homem que V. Exª admirava, viúva de um homem que V. Exª sabe o papel que teve para este País com tanta gente, e é tão bom a gente lembrar. O Presidente Sarney me deu uma boa idéia. Estou procurando agora os discursos do Presidente Sarney e mais outros. Agora, leia os do meu pai durante o AI-5, durante o AI-1, durante o AI-2, para ver o que era um Parlamentar de verdade.

         E eu, então, nunca podia supor... E não me ofendeu, porque eu digo que o Senador Renan não está falando da minha mãe, de jeito algum, a não ser se fosse para endeusá-la. Ele está dizendo que pode haver alguma irregularidade. Aí, minha não tem culpa, ela estava, paciente de Alzheimer, absolutamente fora de discernimento: minha mãe mergulhou naquele túnel escuro. E quero agradecer a V. Exª, novamente, a homenagem que fez.

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - E concluo, Sr. Presidente, para dizer que não poderia deixar de dar essa resposta, que é política. E vou dar a resposta técnica às acusações feitas não pelo Senador Renan Calheiros nem por V. Exª, Presidente da República, homem capaz, Presidente do Senado por várias vezes, Deputado, Governador de Estado. V. Exª não ia se rebaixar a uma vendeta, tipo assim: “Esse Arthur Virgílio está nos incomodando. Vamos agora enquadrar o Arthur Virgílio”. Primeiro, porque viram que não enquadraram; segundo, “vamos enquadrar o Arthur Virgílio”...

            Então, eu não tenho, também em relação a V. Exª, Senador Sarney, nada de rancor porque não tenho nada de pessoal contra V. Exª. Nada! Ao contrário, V. Exª é uma das conversas mais interessantes com quem já tive ocasião de travar aqui no Senado Federal.

            É uma questão de estarmos em lados opostos, de termos visões opostas do que é a realidade do País, a realidade do Senado Federal. É um impasse que está criado...

            (Interrupção de som.)

            O SR, ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ...Um minuto, mesmo, Sr. Presidente.

            Saiba, Senador Sarney, que, não tendo nada de pessoal, estou aqui procurando mesmo aqui estar. Seria a maior decepção da minha vida se eu imaginasse: O Senador Sarney vai se defender, propondo a cassação do mandado do Arthur, porque é réu confesso no episódio de uma bolsa de estudos de um rapaz... Que não é meu filho, meu sobrinho, que, se ficar milionário com o que aprendeu, não vai me ajudar em nada!

           Queria agradecer a V. Exª, Senador Renan, a atenção que me dedicou; agradecer a V. Exª a oportunidade que deu de poder travar esse diálogo tão respeitoso e tão amável com V. Exª; agradecer a Presidente Sarney pela tolerância e pelo espírito democrático que revelou, agradecer à Casa também pela paciência, e dizer que, simplesmente, as coisas que devem surgir mais fortemente, mais rapidamente, são as verdades, e que as inverdades pereçam.

            E, agradecendo a todos, era, pelo momento, o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/2009 - Página 34746