Discurso durante a 152ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cumprimentos aos formandos indígenas Saterés-Mawé, bem como à Universidade Federal do Amazonas, pela iniciativa de levar o Curso de Ciências Naturais à Floresta. Registro de notícia auspiciosa para o Amazonas e para a Amazônia, vinda através de pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz/USP e da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Campinas, segundo a qual o Bacupari, fruta amazonense, pode ser uma boa solução para acabar com as cáries dentárias.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO SUPERIOR. SAUDE.:
  • Cumprimentos aos formandos indígenas Saterés-Mawé, bem como à Universidade Federal do Amazonas, pela iniciativa de levar o Curso de Ciências Naturais à Floresta. Registro de notícia auspiciosa para o Amazonas e para a Amazônia, vinda através de pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz/USP e da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Campinas, segundo a qual o Bacupari, fruta amazonense, pode ser uma boa solução para acabar com as cáries dentárias.
Publicação
Publicação no DSF de 10/09/2009 - Página 42865
Assunto
Outros > ENSINO SUPERIOR. SAUDE.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, FORMANDO, COMUNIDADE INDIGENA, MUNICIPIO, MAUES (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), CONCLUSÃO, CURSO SUPERIOR, UNIVERSIDADE FEDERAL.
  • CUMPRIMENTO, UNIVERSIDADE FEDERAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), INICIATIVA, OFERECIMENTO, CURSO SUPERIOR, COMUNIDADE INDIGENA, MUNICIPIO, MAUES (AM), DESNECESSIDADE, DESLOCAMENTO, CAPITAL DE ESTADO.
  • IMPORTANCIA, RESULTADO, PESQUISA, INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL, AGRICULTURA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), FACULDADE, ODONTOLOGIA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP), CONFIRMAÇÃO, SUBSTANCIA MEDICINAL, FRUTA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), DESTRUIÇÃO, FUNGO, PROVOCAÇÃO, DOENÇA, DENTES.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARTHUR VIRGILIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, nem cocares nem índio tocando flautas de bambu. Os formandos vestiam becas negras, como qualquer aluno do mundo. Eram indígenas Saterés-maué numa inédita solenidade de formatura de curso universitário, em plena a Amazônia.

            A data não poderia ser mais propícia, o Dia da Pátria, 7 de setembro. Ali, 39 índios Saterés, do município de Maués, recebiam diplomas de nível superior, do curso de Ciências Naturais, que a centenária Universidade Federal do Amazonas, implantou na Floresta.

            Iniciativa inédita da UFAM, os Saterés de Maués não precisaram deslocar-se para Manaus, em busca de educação superior. A UFAM levou o curso à comunidade de Marau, nesse município, portanto em plena Floresta, diplomando a primeira turma indígena, algo quase inacreditável, mas que deu certo e merece elogios.

            Conhecido pelo cultivo em larga escala de guaraná, Maués conta com quase 50 mil habitantes. Deles, cinco mil da etnia Sateré-Maué.

            Eles sempre sonharam com a possibilidade de, um dia, cursar uma universidade, mas a distância, de quase 300 quilômetros ou mais, até Manaus, Parintins ou mesmo a sede de Maués, era o empecilho. Os saterés, ademais, sempre preferiram distanciar-se dos grandes centros urbanos. Mas o sonho de chegar à Universidade jamais deixou de existir.

            A solução, pela UFAM, a primeira Universidade criada no Brasil, foi levar os cursos superiores à Floresta. Bastou um convênio com a Prefeitura de Maués e, de repente, o ensino superior virou uma realidade. A UFAM levava para dentro da Floresta o curso de licenciatura plena em Ciências Naturais.

            Aos indígenas foram oferecidas todas as 54 disciplinas curriculares do Curso de Ciências Naturais. O responsável pela Turma, o professor Takeshi Matsuura, considerou a missão a ele delegada como uma das mais enriquecedoras experiências pedagógicas de sua vida de mestre.

            A comunidade de Marau, às margens do rio de mesmo nome, conta com uma população de 3 mil e 200 índios saterés. Na região, são numerosas comunidades desse tipo, onde os índios já não moram em malocas e sim em habitações construídas com material da região. A única construção de alvenaria ali existente é a da escola municipal indígena.

            Na solenidade de formatura, sem dúvida emocionante, o juramento foi lido pela formanda Cristina dos Santos Souza. Em Português, seguido da leitura na língua original dos saterés, pela aluna Madalena Alves. Essa “tradução” era repetida em coro pelos demais formandos.

            Essa cena deixava evidente, como registra o noticiário do UOL Online, que a cultura local continua existindo ao longo de 300 anos de contato com o homem branco.

            Termino parabenizando os formandos saterés, ao mesmo tempo em que cumprimento a Universidade Federal do Amazonas, pela iniciativa, mais uma que a instituição oferece à cultura amazonense e ao Brasil.

            Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, como segundo assunto, quero dizer que o Bacupari, fruta amazonense, pode ser uma boa solução para acabar com as cáries dentárias, segundo descoberta de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz/USP e da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Campinas.

            Segundo a boa nova, o Bacupari possui substância de alto poder de destruição da bactéria responsável pelas cáries, a Streptococcus mutans. O efeito da planta assemelha-se ao do poderoso antibiótico Clorexidina.

            Fruto da espécie florestal Rheedia brasiliensis, o Bacupari possui ainda forte ação cicatrizante, capaz de matar bactérias causadoras de distúrbios intestinais.

            Os estudos que concluíram pelo poder medicinal da fruta indicam que suas substâncias não apresentam toxidade. Os cientistas devem prosseguir com os testes, já não apenas quanto aos seus efeitos medicinais. Querem o seu aproveitamento como alimento.

            Registro a notícia, auspiciosa para o Amazonas e para a Amazônia. Trata-se de pesquisa que comprova a extraordinária biodiversidade da Floresta Maior, mostrando que o seu aproveitamento sustentável é o melhor caminho.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/09/2009 - Página 42865