O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, peço permissão, porque vou desligar meu telefone.

            Sr. Presidente, antes de iniciar meu pronunciamento, quero dizer que hoje estive na Secretaria-Geral da Mesa e que fui apresentado a este documento de 1.272 páginas. Sabe o que é isto, Senador Paulo Paim? É o relatório do trabalho dos Senadores referente ao mês de setembro em algumas Comissões. Ainda estão faltando pelo menos umas cinco ou seis Comissões. Esta é, então, nossa satisfação à população que nos assiste. Quero dizer que a população não tem condições de alcançar todo o trabalho dos Senadores porque realmente não há como fazer a transmissão, pela TV Senado, de todas as atividades dos Senadores, visto que há onze Comissões e mais de uma dezena de subcomissões, o que torna impossível esse tipo de esclarecimento.

            Então, parabéns à Secretaria da Mesa! Parabéns aos Srs. Senadores e às Srªs Senadoras!

            Mas, Sr. Presidente, assim como o Senador Sadi Cassol trouxe à tribuna os 21 anos do Tocantins, vou comemorar aqui os 21 anos do Amapá.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - E já quero somar-me a V. Exª na homenagem.

            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Diz a Constituição Federal, no art. 14 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: “Os Territórios Federais de Roraima e do Amapá são transformados em Estados Federados, mantidos seus atuais limites geográficos”. Sendo assim, o Território Federal do Amapá foi transformado em Estado federado com a promulgação da Constituição de 1988, mas instalado oficialmente na posse do Governador eleito, Comandante Aníbal Barcellos, em 1990.

            Dessa forma, o dia 5 de outubro representa para os amapaenses uma data muito importante, porque, há exatos 21 anos, realizou-se o sonho de várias gerações de pioneiros, que lutaram para que tal ato fosse finalmente concretizado. O Amapá deixava de receber Governadores nomeados pelo Governo Federal e ganhava a almejada autonomia político-administrativa, passando a ter condições democráticas de escolher seus governantes. Passava também, Sr. Presidente, a ter uma representatividade mais efetiva na Câmara dos Deputados. Até então, apenas dois Deputados Federais representavam o Território do Amapá, e, a partir da Carta Magna, passariam a ser oito em vez de dois. O novo Estado também passou a ser representado no Senado Federal na mesma proporção dos demais, ou seja, por três Senadores. E o povo passou a conviver com um novo tempo da nossa democracia.

            Do sonho do Território Federal do Amapá ao presente do Estado do Amapá, é preciso fazer o registro de homens e mulheres, pioneiros, que construíram nosso Estado. Neste ponto, como não falar de Janary Gentil Nunes, o primeiro Governador do Território Federal do Amapá, indicado pelo Presidente Getúlio Vargas, um homem inteligente, empreendedor e de grande visão do futuro? Por diversas ocasiões, Janary sonhou com a transformação do Amapá em um novo Estado do Brasil. Em um artigo intitulado “A Mística do Amapá”, ele dizia ser essa mística o ideal de tornar o Território uma das regiões mais ricas e felizes do Brasil. Essa mística não tem dono, nem autor. Não pertence a um grupo, a uma seita, a um partido. Existe na alma do povo, palpita no coração de todos os que crêem na grandeza do seu futuro.

            Junto com Janary, formou-se uma geração de pioneiros, que se tornou a raiz de um sentimento de valorização da Amazônia, que ainda permanece forte em nossa realidade. São pioneiros como o advogado Hildemar Maia; o médico e depois Governador do Território Amílcar Pereira; Otávio Mendonça, primeiro Secretário de Educação do Território; Marcílio Viana; Chico Torquato, primeiro Prefeito de Macapá, já capital do Território; Raul Monteiro Valdez; Coaracy Nunes, primeiro Deputado Federal do Território; Isaac Alcolumbre e Isaac Zagury, pioneiros do comércio amapaense, entre muitos outros de grande valor, que construíram a base familiar da sociedade amapaense e que muito nos orgulham até hoje.

            Já na condição de Estado federado, devemos lembrar-nos, com muito carinho, de Aníbal Barcellos, nosso primeiro Governador eleito, que, até hoje, reside no Amapá e que, do alto dos seus 90 anos, Sr. Presidente, ainda milita na política local.

            Como não lembrar também o ex-Governador Jorge Nova da Costa; o ex-Deputado Nelson Salomão; Henrique Almeida, que foi Senador, o primeiro Senador entre os três eleitos, como também Jonas Pinheiro e José Sarney - eles foram os primeiros três Senadores eleitos pelo Amapá; refiro-me ao nosso Jonas, lá do Amapá - e muitos outros expoentes da história política amapaense?

            Gostaria de dar um destaque especial para o Senador José Sarney, que trouxe, com sua presença e com sua liderança, prestígio para o jovem Estado do Amapá.

            Hoje, passados 21 anos de sua criação, o Amapá apresenta-se à Nação brasileira como uma joia rara, um diamante bruto, pronto para ser lapidado e preparado para desenvolver suas potencialidades, que não são poucas. O Amapá, Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, e Senador Cassol, tem uma riqueza natural imensa, fauna e flora exuberantes e recursos naturais abundantes e inexplorados que são cobiçados no mercado internacional. Com toda essa riqueza, o nosso Estado pode contribuir de maneira decisiva para o desenvolvimento do Brasil como um todo.

            Podemos começar analisando essas potencialidades pelo meio ambiente. Hoje, grande parte da área do nosso Estado encontra-se preservada. Há, por exemplo, o Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, que abrange uma área de 3,8 milhões de hectares. Trata-se simplesmente do maior parque de floresta tropical do planeta que consome quase 30% da área do Estado do Amapá.

            A região do Tumucumaque é conhecida como o Escudo das Guianas e é classificada como de importância biológica extrema pelo Ministério do Meio Ambiente.

            Outra grande potencialidade do Estado, Sr. Presidente, é o turismo. O Amapá possui todas as condições para se tornar um importante polo de turismo nacional e internacional, principalmente em função de suas belezas e atrativos naturais e da sua floresta preservada. Mas o melhor de todos os atrativos turísticos do meu Estado, porém, é a hospitalidade e a generosidade do nosso povo.

            Quanto ao potencial econômico, o Amapá ocupa posição privilegiada e ainda pouco explorada. Nossa fronteira com a Guiana Francesa possibilita um aumento na atividade comercial com a França e com a Comunidade Europeia. Também podemos ser uma ligação importante com o Caribe e com a América do Norte. Para tanto, investimentos em infraestrutura são necessários.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, este é apenas um pequeno relato da história e do potencial deste jovem Estado chamado Amapá. Que os atuais e futuros governantes do Brasil olhem para o nosso extremo Norte com mais carinho! Acredito que, em breve, o Amapá será um dos mais importantes Estados brasileiros.

            Sr. Presidente, faço esse registro também pelos dois outros Governadores eleitos pelo povo, após o Governador Barcelos: o Governador João Alberto Capiberibe e o atual Governador Waldez Góes.

         Finalizando, Sr. Presidente, volto a citar Janary Nunes e o artigo “A Mística do Amapá”. Disse Janary:

Seguindo as palavras de Cristo que nos mandam amar uns aos outros, os amapaenses caminham empolgados pela mística do Amapá, para fazer em breve do seu Território um vigoroso Estado da Federação brasileira. Avante, pois, amigos! O futuro tem um lugar de destaque à espera do Amapá, terra onde a Pátria começa. E vós o conquistareis.

            Obrigado, Janary! O futuro chegou! Sonhemos agora com um novo futuro!

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Parabéns Amapá!

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