Discurso durante a 228ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Indignação pelas denúncias de corrupção no Governo do Distrito Federal, destacando a importância de se manter a esperança e a fé nas instituições encarregadas de investigar o ocorrido. Registro de artigo publicado no jornal Diário do Povo, do Piauí, intitulado "O Piauí tem a pior energia do Nordeste". Críticas ao governador Wellington Dias por não investir em turismo. Anúncio de início de greve dos médicos, no Piauí, no próximo dia 2 de dezembro, em protesto pelos baixos salários.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF). ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Indignação pelas denúncias de corrupção no Governo do Distrito Federal, destacando a importância de se manter a esperança e a fé nas instituições encarregadas de investigar o ocorrido. Registro de artigo publicado no jornal Diário do Povo, do Piauí, intitulado "O Piauí tem a pior energia do Nordeste". Críticas ao governador Wellington Dias por não investir em turismo. Anúncio de início de greve dos médicos, no Piauí, no próximo dia 2 de dezembro, em protesto pelos baixos salários.
Publicação
Publicação no DSF de 01/12/2009 - Página 63579
Assunto
Outros > GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF). ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • GRAVIDADE, DESCOBERTA, CORRUPÇÃO, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), ESCLARECIMENTOS, SUSPEIÇÃO, CONLUIO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIAL CRISTÃO (PSC), CONTRADIÇÃO, IDEOLOGIA, PROGRAMA PARTIDARIO, OPINIÃO, ORADOR, NECESSIDADE, MANUTENÇÃO, PROJETO, COMEMORAÇÃO, CINQUENTENARIO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), VALORIZAÇÃO, HISTORIA.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, ESTADO DO PIAUI (PI), CRITICA, PRECARIEDADE, ENERGIA ELETRICA, MOTIVO, CORRUPÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ABANDONO, INVESTIMENTO, TURISMO, PRAIA, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, FECHAMENTO, AEROPORTO, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, AREA, SAUDE, ANUNCIO, GREVE, MEDICO, REIVINDICAÇÃO, MELHORIA, SALARIO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador. ) - Senador Papaléo Paes, que preside esta reunião de segunda-feira, parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui no plenário do Senado e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

            Senador Papaléo Paes, eu vi um povo tremer de indignação pelo que se passa na capital da República, Papaléo. Então, discordo do professor Cristovam de que não se deve ter comemoração do cinquentenário.

            Eu acho que deve ter. Essa Brasília é muita história, essa Brasília foi uma decisão do mais notável dos brasileiros, humilhado aqui, cassado e tirado daqui. Então, é uma hora de prestarmos homenagem, resgatar a figura de Juscelino e do povo que a construiu, e do povo.

            Isso daí, pelo contrário, eu acho que nós devemos comemorar duas coisas: a coragem, a ousadia e a determinação de Juscelino em criá-la, ela que era um sonho desde a primeira Constituição;quando nós estudávamos geografia, tinha no mapa do Brasil um quadradozinho, aqui vai ser construída a capital, e essa decisão corajosa mudou o País e foi Juscelino.

            Então, isso é a história que deve ser conhecida para ser seguida dos bons exemplos de coragem, de visão de futuro, de ação, onde nasceu o hábito, o caráter e o destino. Assim é que se forma a civilização.

            Nós viemos aqui fazer outro pronunciamento, totalmente alheio. Mas o Brasil todo está tremendo de indignação,e eu como representante do Partido Social Cristão fui procurado aí, que tem gente envolvida,e eu digo: então, não é do Partido, porque o Partido, segundo me consta, é a filosofia e a doutrina de Cristo, e Cristo não mandou ninguém roubar não. O Pai d’Ele, muito antes, entregou para o tal de Moisés, uma lei que tem lá, o 8º mandamento: Não roubarás. Então não é do partido, se está envolvido não é. Que pode ter, pode. No próprio senadinho de Cristo, que Ele saiu escolhendo a dedo, houve um que O enganou e negociou a Sua prisão. Mas o partido, a nossa doutrina, é cristã, foge a isso. O partido, muito pelo contrário, abomina isso, não aceita isso. Eu aqui o represento.

            Agora o que eu queria dizer é o seguinte, Papaléo. Interessante, eu não sei se você já leu, hoje eu vi V. Exª falando sobre literatura do Amapá, que vai com muita emoção. Mas um dos livros mais importantes que eu li foi esse “O Velho e o Mar”. Esse aqui, relendo, porque agora é que a gente vê que é bom. Ernest Hemingway. Ele nasceu em Key West, Estados Unidos, perto do Caribe, a 80 milhas de Cuba, e morreu em Cuba. Fez muitos romances, mas esse foi o último. Depois desse é que ele ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Mas ele é tão bom, tão bom, que outro que ganhou aqui, Gabriel Garcia Marquez, da Colômbia, que tem, aquele livro, Cem Anos de Solidão, Viver para contar, Memoria de mis putas tristes. É interessante que esse Gabriel Garcia Marquez, ainda está vivo, muitos livros dele, Memoria de mis putas tristes, Cem Anos de Solidão, ele disse que esse aqui era o deus dele, está ouvindo Papaléo. E o Gabriel Garcia Marquez conta nas suas memórias que uma vez encontrou o Ernest Hemingway em Paris. Ele era repórter novo, mas ficou tão emocionado que não teve coragem de entrevistá-lo, só disse: “Olá, mestre.” Então, esse livro é interessante; “O Velho e o Mar” conta a luta da vida, um velho pescador, com a coragem, na luta do dia a dia. Mas tem um pensamento aqui nele todo e eu trouxe, e é oportuno para toda essa desgraceira que houve em Brasília. Ele diz o seguinte: “A maior estupidez é perder a esperança. Além disto, acho que é um pecado perder a esperança.” A gente tem que ter esperança. E ele diz: “Mas o homem não foi feito para derrota. Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado.” Então, a gente tem que ter esperança. Eu sei que antes dele, o Apóstolo Paulo, está no livro de Deus: fé, esperança e caridade. Pode faltar tudo mas tendo isso, e essa esperança. Então, nós temos que ter esperança.

            Estamos aqui porque fomos um dos artífices da esperança para o povo brasileiro, da manutenção desta democracia - democracia, que, na síntese, é divisão de poderes equipotentes, um olhando para o outro, um freando o outro.

            Neste instante, eu acho e entendo que Brasília... A Constituição prevê que o Poder Judiciário pode dar o freio. Na República, já tivemos isto aqui no Brasil: por instantes, o Presidente da República foi do Supremo Tribunal Federal.

            Então, nós queríamos dizer da esperança da alternância do poder. O Brasil não vai, como disse... Aplicou-se aqui uma tática velha, que não dá mais, porque a verdade está surgindo. É muito legítimo a gente valorizar os provérbios, a sabedoria popular - até na Bíblia tem um montão de provérbios, o Rei Salomão escreveu um bocado. Eu aprendi que é mais fácil tapar o sol com uma peneira do que esconder a verdade.

            Isto é o que está acontecendo. Eles governaram com a estratégia de que mentira, mentira, mentira, mentira, mentira repetida se torna verdade. Isso foi o governo de Hitler, com seu comunicador Goebbels.

            Mas naquele tempo, Papaléo, o rádio era só do Hitler. Se tinha rádio lá na Alemanha, era dele. Então, o Goebbels dizia: “Lá vai Hitler com trinta mil soldados” - ele ia só com três mil. Aí, os outros, Polônia... Mas, hoje, para o sujeito mentir, tem de ter coragem - mas é uma demonstração de que não entende a evolução do mundo.

            Nós passamos pela primeira onda, que foi o homem se fixando no campo; na segunda onda, o homem passou para as cidades grandes em função da revolução industrial - ele ia atrás dos empregos na segunda onda. E viria uma terceira onda, que era a da desmassificação da comunicação.

            Então, não adianta mentir, que explode. Desmassificação da comunicação: ninguém a detém como deteve Hitler. Daí, o desgaste: não adianta, explode. Você viu quanta propaganda foi feita do Governo daqui? Todo mundo estava já para... Explodiu! Em menos de dez minutos, estava morto. Não é o rei de Brasília? Essa desmassificação, ninguém controla. A mesma coisa é no Governo Federal. Os aloprados pensaram, mentiram, mentiram, mentiram, e a verdade vai surgindo.

            No Piauí, cujo governo é do Partido dos Trabalhadores... Tem, a propósito, uma competição aqui entre mim e o Mário Couto para ver quem é pior, se o Governador do Piauí ou a Governadora do Pará, ambos do Partido dos Trabalhadores.

            O Mário Couto traz uma notícia, mas, quando vai pensando que vai para o pódio, surge outra pior, e ele diz: “Besteira, essa daí é melhor”. Então, vamos ver aqui o que dizem os jornais.

            Primeiro. A desmassificação foi prevista pelo livro A Terceira Onda, de Alvin Toffler, em 1980. Ele dizia que iria explodir. Ninguém controla essas rádios que a gente chama de piratas, comunitárias; e há os portais, blogs, twitters. É uma loucura! Não adianta mentir, passou esse tempo.

            Aquele negócio de galinha cacarejadora é verdade, era o time do Hitler: ele mantinha umas pessoas só para cacarejarem que tinha obra, tinha obra e não sei mais o quê. Aí ele chamava de “galinha”. Já eu fui dizer isso aqui, e o mundo quase veio abaixo. A galinha cacarejadora está lá no livro do homem, era o que a gente chama hoje de militante, que fica mentindo sobre coisas que não acontecem.

            No Piauí temos o seguinte. Diário do Povo... A desmassificação perde o controle. O Piauí, Deus não ia abandonar, Deus não abandona o seu povo. Então, tem um jornal lá de um cabra rico - ele vive lá na China, peça de moto e o diabo; é o que vende mais. É este aqui. Ele não está nem aí, é livre, independente. Quer dizer, os outros todos têm medo, mas ele não. O cabra... A gente pensa que é brincadeira, que é só para brincar. Diário do Povo. Olhem primeiro capa: “Piauí tem a pior energia do Nordeste” - na mão do PT.

            Por isso é que eu saí de lá. Eu votei no Luiz Inácio e no Governador. Aliás, indiquei o chefe... Eu que indiquei; mandaram eu indicar, eu indiquei. Mas quando eu vi a roubalheira, a sem-vergonhice e o mensalão... Aí eu não tinha mais moral, porque estava todo mundo satisfeito. Quando dá quadrilha lá, eu digo: “Rapaz, vai me lascar, porque só tenho a honra”. Ai vão dizer: “Quem botou foi o Mão Santa, ele sabe de tudo”. Aí só teve um jeito. Eu peguei esse Líder aí, o Mercadante... Esse José Dirceu é um Zé Maligno. Agora é fácil dizer, mas ninguém tinha dito não, fui eu o primeiro. Com o segundo “Zé Maligno” que eu disse, ele mandou demitir o cara. E aí eu disse: “Estou salvo!”. Ele demitiu o que eu botei, aí ficou a corrupção lá, aquele... Não é o Governador, gravado com aquela empresa dos assaltos que tinha o nome do Buda, a Gautama, não é? Virgem Maria! E eu dizia o que ia acontecer...

            “O Piauí tem a pior energia”. O Piauí tem uma hidrelétrica, tem tudo, e tem uma roubalheira danada. Luz santa? Não saiu nada!. É porque eles encobrem, o cara é do PT, tem manto protetor na Justiça.

            Outra - a praia do Piauí e eu aqui -:Pedra do Sal. Aí falam de turismo, que tem aeroporto internacional. Tudo mentira!

            Então, está aqui: energia é a pior. Vamos lá para dentro. Praia: abandonada. Pedra do Sal está abandonada. Como é que pode ter turismo se a praia mais bonita está desse jeito? Então, vamos vendo aí.

            Outro jornal - este até gosta do Governo -: “Turista não se interessa pelo Piauí”. Ora, se o Governador só faz mentir... Ele diz que há dois aeroportos internacionais. Tudo mentira! É mentira! Papaléo, eles mentem, mentem. Aí vem... Não se interessam.

            Eu fui convidado para ser padrinho de casamento de um Deputado Federal em Teresina e, lá em Parnaíba, do filho do meu Secretário de Saúde. Aí pensei: “Tenho que ir aos dois. Cidade da gente... Nós vamos entrar na igreja. Eu alugo um táxi aéreo, um teco-teco e vamos para Paranaíba. Tudo certo. Vamos aos dois porque são dois amigos. Chego atrasado, mas explico”. Papaléo, não pousa mais à noite não, antes pousava. Sempre pousou à noite, sempre pousou avião, mas acabou foi com tudo. Só tem mentira!

            Aí Adalgisa arrumou um neto lá em Parnaíba para entrar, e eu entrei no outro. Fiquei em Teresina separado. Não tem! É só mentira! O Governador não é normal: mente, mente, mente. Rapaz, mentir é coisa... Olha, no meu tempo... Não sei se o seu fazia isso, mas meu pai me dava era de cinturão. Ele dizia: “Quem mente rouba”. E as minhas mentiras eram por medo da broca do dentista. Vocês são novos, não sabem: mas a broca era a pedal, Papaléo.

            Ô Papaléo, tu já fostes nesse tipo de dentista com broca a pedal? A Cláudia porque é nova. Olha, a gente ficava arrepiado. Papai era amigo do dentista. “E o Francisco? Hum, ele não vai lá há três meses”. E esse Governador... Eu acho que não teve pai para dar de cinturão nele... Eu estou aqui...

            Na semana passada, está ouvindo Papaléo, eu ... A minha grande obra foi a expansão do ensino universitário. Construí 400 faculdades, espalhadas em 36 cantos, Floriano foi o primeiro. Então, eles fizeram 15 anos... Sabe como é estudante, mesmo sendo do governo... Façamos uma homenagem ao Mão Santa. Eu disse: estarei lá. Cinco, bota último, conferencista, palestra, cinco horas da tarde e durmo. A mesma coisa. Cheguei. Floriano é outra cidade, olha como está o Piauí. Cheguei lá no aeroporto. Cadê Floriano? Pode não, acabaram... Não tem mais aeroporto, não. E os estudantes. Rapaz, eu disse que ia. Só dava certo de avião, porque no outro dia eu tinha uma convenção do Partido, PSC, que eu dirigi. Não dei. É só mentira.

            Então, turista não se interessa pelo Piauí. Sempre teve avião. A briga do Heráclito com o Suplicy: o Heráclito pleno de razão; o Suplicy pleno de ser coitado. Pelo seguinte, o Heráclito dizia isso. Tirou fotografia de São Raimundo Nonato, que havia uma linha, em avião Brasilia: Petrolina/São Raimundo Nonato/Teresina. E o Heráclito dizendo que não tinha, e o Suplicy... Vinha umas cartas de lá. Ele lia as cartas da mentira e aí se atritaram que foi... Dois aeroportos internacionais...

            Papaléo, quando eu discursava aqui, o Demóstenes disse que em Goiás não tem nenhum, e como o Piauí ia ter dois?

            Mas o pior foi o seguinte, essa aqui eu vou contar. Eu nunca vi, eu nunca vi - e tenho 67 anos - uma pessoa mentir tanto. Eu não tenho nada. Eu votei nele e no Luiz Inácio. No começo do Governo, o Luiz Inácio me pegou numa mordomia, numa casa, em um desses almoços, eu acho que era do Presidente do Senado e disse: “Mão Santa, ajude o meu menino”. Pegou a minha mão, mexeu, assanhou o meu cabelo. É simpático o Luiz Inácio. Mas ele não sabia que o menino dele é travesso, é mentiroso.

            Mas ontem, Papaléo, eu estava lá, fiquei lá. Deixe-me te contar esta. Aí ele foi para a Alemanha, foi convidado para esse negócio lá na Dinamarca, em Copenhague, e, para mostrar, disse que ia para a Grécia, para a Alemanha. Quando eu vi, estava em Teresina, no hospital, de branco, um sujeito lá que eu não sei.... Não é médico, não, o Secretário de Saúde; é companheiro dele lá. Esse povo é assim. Aí falou: vou levar médicos da Alemanha para o Piauí, para trabalhar. Eu vi, eu é que vi. Eu estava lá. Eu tenho 43 anos de Medicina. “Vou levar médicos...” O pobre, o ignorante, televisão, governador... Eu ri... Abraham Lincoln disse: “você pode enganar poucos por muito tempo. Pode enganar muitos por pouco tempo. Mas todo mundo...” Médicos da Alemanha para o Piauí... Como é que o povo vai entender esse médico? Como é que ele vai consultar? Quem é que sabe alemão no Piauí? Ele vai aprender português? Vai levar dez anos.

            O que é que vai... Aí encheu e está lá fazendo um convênio, viu Papaléo, e vai levar médico para o Piauí, médico alemão. Enche mesmo, saiu em tudo que é jornal, televisão, e o povo até...Como é que esse médico vai consultar lá? O povo vai entendê-lo? Eu não sei alemão; avalie o povo! E ele? Esse médico vai passar dez anos para aprender português. Eu nunca vi um negócio desses.

            Tinha lido aqui que a classe médica do Piauí, por intermédio do seu líder, do Sindicato; o Dr. Eulálio, um bravo médico; da Associação de Medicina; do CRM e tem uma academia médica de luminares - viu, Papaléo! - li isso há dois dias, informam que os médicos do Piauí vão entrar em greve no dia 2 de dezembro, porque ganham - sabe quanto ganham, Papaléo? - R$1.010,00.

            E esse Governador diz que vai levar médico alemão, um médico pago pelo PT no Piauí. Olha que quando eu governei nunca teve greve, não. Dia 2 de dezembro. Li o manifesto deles, sexta-feira. E responsáveis, porque eles vão fazer de tal maneira que um terço da emergência funcione. Quer dizer, é uma classe altamente franciscana, responsável, idealista, que são nossos colegas. Então, R$1.010,00. E esse médico alemão vem para ganhar R$1.010,00? Quanto dá isso em Euros? Quer dizer, mas botou lá.

            Está aqui: “Turistas não se interessam pelo Piauí”. Mas é por causa desse Governador. Deus fez belo o Piauí.

            Temos um litoral de 66 quilômetros, verdes mares bravios, brancas dunas, ventos que nos acariciam, sol que nos tosta, rio que nos abraça, cem lagoas. O Piauí tem cem lagoas. Há lugar que jorra água. O rio Parnaíba, que separa o Piauí do Maranhão, não se lança como o Amazonas, burramente, diretamente, mas, sim, abre-se, para abraçar o mar, lembrando a letra grega Delta. O rio se abre. Não sabemos grego, Senador Papaléo. Vou explicar: o rio Parnaíba se abre em cinco rios; a sinuosidade dele forma 78 ilhas, lembrando o formato de uma mão. Ninguém sabe letra grega, ninguém sabe de Delta, mas conhece uma mão, com certeza santa. Então, formaram-se 78 ilhas: dois terços no Maranhão; um terço no Piauí. A maior ilha, na qual nasceu Evandro Lins e Silva, o maior advogado desta História - Alberto Silva nasceu lá também -, é do Piauí. A mais profunda, a ilha do Caju, em que há turismo ecológico, é do Maranhão, dirigida por uma família inglesa, com raízes - hoje, seus descendentes estão em Parnaíba.

            Então, com todas essas belezas, Teresina é o maior fruto da civilização do Piauí. Foi a primeira capital planejada do Brasil. Foi um baiano, que lá era interventor, que tirou a capital de Oeiras e a botou em Teresina, mesopotâmica, entre dois rios: o rio Poti, que vem do Ceará, e o rio Parnaíba, de que falei. Teresina está no centro do Estado, diferentemente de todas as outras capitais do Nordeste, que estão à beira do mar, criadas por portugueses. Foi Teresina que deu a inspiração a Belo Horizonte; a Goiânia; a Brasília, que vai completar cinquenta anos - Teresina tem 158 anos -; e a Palmas.

            E o sul do Estado, Senador Papaléo? A pesquisadora Niède Guidon, por meio de impressões rupestres inscritas nas pedras, nas rochas da Serra da Capivara, prova que o homem americano andou por lá há quarenta mil anos. Isso é verdade. Havia uns estreitos, e eles vieram a pé. Havia pouca água. Esse aquecimento global já se vinha dando. As geleiras estão aí e tornaram maior o nível do mar, dos rios. Eles conseguiram, por uns estreitos perto da África, vir a pé para aqui e se fixaram lá. Lá, está o berço do homem americano, há o Museu do Homem Americano. Cito apenas esses três polos turísticos extraordinários, que são de interesse do turismo paleológico, arqueológico. Tanto isso é verdade, que Fernando Henrique Cardoso, o estadista, quando comemorou os 500 anos do Brasil, em 1º de janeiro, foi até lá, ao berço do homem americano. Eu governava o Estado.

            Então, esse Estado tem perspectiva, mas turista não se interessa pelo Piauí. No mais, é só mentira do Governador! Mentira! Está no jornal: no ranking, o Estado do Piauí é o 24º. Isso tudo ocorre, primeiro porque não há transporte aéreo. Na capital, Teresina, só há mentira. Aeroportos internacionais? Mentira! E quanto à ferrovia?

            O senhor conheceu Alberto Silva, não é? Ninguém é livre de ser enganado. Alberto Silva sempre dizia - foi Senador aqui - que ele era um engenheiro político, Papaléo. E ele era engenheiro ferroviário, primeiro. Então, o Governador chegou lá e disse: “Alberto, você passa para o meu lado, que vou recuperar, em sessenta dias, a linha de ferro de Parnaíba para a praia, com quinze quilômetros, e, em quatro meses, a que vai de Parnaíba a Teresina”. Alberto Silva já morreu, foi para o céu enganado. O Governador mentiu, não trocou um dormente, que é aquele pau que segura o ferro. Eu mesmo pensei que ele ia fazer o que disse. Mas lá a turma diz: “Governo, o nome dele é Dias de Mentira”. Pensei que aquilo seria feito, primeiro, porque aquela é uma planície, aquela é uma obra fácil de recuperar. Até um mestre de obras a recupera. É uma planície, não há acidente geográfico ali. Alberto Silva foi para o céu e não viu trocar um dormente. Por isso é que ele votou nele, enganado.

            Poticabana foi uma obra de Alberto Silva, que - está ouvindo, Papaléo? - sonhou e, como engenheiro, pegou uma área no rio Poti e fez Poticabana, onde há um parque, com aqueles bichos. Os meninos descem lá. É como esses parques aquáticos. Ele fez ondas no rio, com um mecanismo especial. E funcionava, era uma Poticabana para os pobres. Cabra mentiroso, rapaz! Moro lá em frente, no edifício. Acabou, está arrasada, toda destruída! E diz que não sei o quê... Meu edifício fica lá de frente. Eu olhei isso ontem.

            E o centro de convenções? Eu entreguei o centro de convenções, que teria seiscentos lugares, mas eu o aumentei, para que alojasse oitocentos lugares. Para isso, tirei um restaurante que existia lá. Ficou menor. Rapaz, está interditado!

            O Teatro 4 de Setembro, a praça, o jóquei, o centro de artesanato, eu os entreguei. O Ministério Público os interditou, porque disse que o teto ia cair. Não há mais. É só propaganda! Como é que pode haver turismo? O teatro fui eu quem entregou. Fui eu que o entreguei, estou dizendo, e isso está sendo gravado. Que beleza! Eu me lembro de que Sebastião Nery pulou no palco e disse que era um dos melhores palcos. Era uma coisa bela!

            Quando eu governava o Estado - a classe médica até viciou-se -, eles abriam todos os cursos lá, e eu estava ali pertinho, no Palácio, para o qual ia a pé. Eu tinha de dar aquela mordomia para nossos colegas médicos. Rapaz, veio o Ministério Público!

            Havia também o Verdão. Há o Maracanã e o Maracanãzinho. Foi construído por Dirceu Arcoverde. Caiu o teto, e o reformei todinho. Haveria um campeonato regional de basquete lá, mas foram para o Maranhão, na cidade vizinha. Está interditado!

            Então, como é que pode haver turismo sem energia, com as praias desse jeito, sem aeroporto? Não há mais vôo nacional, nem teco-teco. É só mentira!

            Ontem, rapaz, ele caiu no desplante de aparecer na Alemanha, de branco, com o Secretário de Saúde, que nem é médico, falando: “Vou levar uns médicos da Alemanha”. E os do Piauí vão fazer greve, porque ganham R$1.010,00.

            Então, essas são nossas palavras, com confiança em Luiz Inácio. Queremos crer que Luiz Inácio tem conhecimento disso, porque ele se enganou, como eu também, quando votei nele. Ele até pegou meu cabelo e disse: “Mão Santa, ajuda aí meu menino”. Mas ele não sabia que o menino dele era travesso, mentiroso, como todo o Piauí sabe.

            Olhe, Papaléo: ele quer levar médico da Alemanha para o Piauí!

            Vou lhe contar uma, porque, em Medicina, eu é que sou o bom mesmo, eu entendo desse negócio. Papaléo, encontrei um médico neurologista do Piauí em Buenos Aires: o de Sá. Ele foi fazer uma subespecialização, um exame de arteriografia cerebral. Aí o encontrei. Digo isso, para vermos como é um desplante mentir assim! Eu o encontrei, de Sá, um rapaz bom, um intelectual, irmão do B. Sá, que era Deputado Federal e que, hoje, é Prefeito de Oeiras. “Ô Dinho, tu já não sabias?” “Não, só vim fazer. É uma técnica nova, um aparelho dessas arteriografias.” Aí ele disse: “Senador Mão Santa, já sei, mas acontece que eles não me dão o diploma, porque tenho de fazer uma parte no hospital”. Estou contando o que aconteceu bem aí, em Buenos Aires. E disse: “Eles exigiram, a universidade de Buenos Aires, que, primeiro, eu falasse corretamente o espanhol”. A gente enrola com o “portunhol”, e você sabe que a gente pode fazer um disparate louco. Há palavras que a gente pensa que são iguais, mas são totalmente diferentes. Aí ele disse: “Exigiram isso de mim. Vou frequentar o hospital, porque, com o meu rolo, com o meu “portunhol”, não posso fazer uma anamnese, um exame, porque o doente não me entende, nem eu entendo o doente. A língua pode nos levar a erros horríveis”. Isso aconteceu bem aí, em Buenos Aires. Dele, médico formado, professor, exigiram mais um diploma, para que ele fizesse um exame numa subespecialidade em Neurologia.

            Já pensou trazer médico da Alemanha? E o cara disse: “Vou levar médico da Alemanha para o Piauí”.

            Então é isso. O Piauí, como o Brasil, confia no que eu disse aqui, na esperança. A esperança é a democracia. Que se faça a alternância do poder no Piauí e no Brasil!


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