Discurso durante a 229ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de matéria publicada no jornal A Crítica, de autoria do jornalista Gerson Severo Dantas, relatando viagem pela região do Janaury. Reação contrária à recente visita ao Brasil do Presidente Mahmoud Ahmadinejad, do Irã.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES. POLITICA EXTERNA. POLITICA ENERGETICA.:
  • Registro de matéria publicada no jornal A Crítica, de autoria do jornalista Gerson Severo Dantas, relatando viagem pela região do Janaury. Reação contrária à recente visita ao Brasil do Presidente Mahmoud Ahmadinejad, do Irã.
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/2009 - Página 64081
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES. POLITICA EXTERNA. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • REGISTRO, PUBLICAÇÃO, JORNAL, A CRITICA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), DESCRIÇÃO, VIAGEM, JORNALISTA, COMENTARIO, PRECARIEDADE, ONIBUS, AUSENCIA, AR CONDICIONADO, EXCESSO, PASSAGEIRO.
  • REPUDIO, VISITA, BRASIL, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, CRITICA, CONDUTA, GOVERNO ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, IRÃ, RESTRIÇÃO, LIBERDADE, CIDADÃO, DESENVOLVIMENTO, ARMA DE GUERRA, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, MANIFESTO, PEDIDO, PAZ.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, CAMARA MUNICIPAL, DEBATE, FREQUENCIA, INTERRUPÇÃO, FORNECIMENTO, ENERGIA ELETRICA, MUNICIPIO, AUTAZES (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), APOIO, ORADOR, EXIGENCIA, PRONUNCIAMENTO, EMPRESA DE ENERGIA ELETRICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Sem revisão do orador) - Encaminho à Mesa, Sr. Presidente, dois curtos pronunciamentos ligados ao meu Estado e ambos de imenso valor para mim. Então vamos ao primeiro, Sr. Presidente.

            É quase inimaginável, mas existe! E é algo que se passa num cenário bem imaginável ou, ao menos, real. É a história de uma viagem infernal, num trajeto de apenas 20 quilômetros, a distância que separa Manaus de Iranduba. Uma história de verdades, sem nada inventado, escrita em A Crítica pelo jornalista Gerson Severo Dantas.

          Ele chama a viagem de infernal. Infernal, sim, mas em termos, pelo desconforto de viajar num velho ônibus de quase 20 anos, para lá de sacolejante. Tirante esse desconsolo, a viagem tem mil atrativos, a começar pelo visual de beleza singular da região do Janaury.

         O começo de tudo é também num local de extraordinária beleza, o movimentadíssimo porto da balsa, na Ponta do Brito, na margem direita do rio que todos os brasileiros sonham um dia conhecer: o Rio Negro, que se estende, para quem o vê de Manaus, até um ponto infinito, quase mar.

            Dentro do ônibus, feito para 45 passageiros, apenas 20 pessoas. Ledo engano! Logo após, na primeira parada, num posto de gasolina na rodovia Manaus-Manacapuru, novos passageiros. E, além deles, uma carga que o repórter de A Crítica chama de inusitada. São três sacos de gelo, sacos de cimento, milho e engradados de cerveja e refrigerantes. Tudo misturado. Passageiros e carga.

            Só nesse pit stop, mais uma vez usando o termo escolhido pelo autor da matéria, lá se foram trinta minutos. Outra parada, mais gente. É a Vila do Cacau- Pirêra, um lugar que, se não fosse por outro motivo, merecerá ser lembrado pelo seu nome, bem diferente de tudo. Mais carga, corredores lotados e já, então, eram 15 os passageiros em pé.

            É ruim viajar assim, de pé? Nem um pouco ruim. Os passageiros não convivem com a poeira existente sobre os duros bancos do ônibus.

            Lá vai o ônibus, estrada afora, vagaroso, a não mais de 50 quilômetros por hora. Saía da estrada principal, pegava uma vicinal de terra, velocidade menor. Outra vicinal, de 13 quilômetros de terra, barro puro quando chove; poeira para ninguém botar defeito em tempo seco.

            O velho bus-chalana não tem - nem sonha vir a ter - ar condicionado. Nem precisa. Algumas janelas já nem têm vidros. Quebrou, tirou, fica sem! Aí, então, é vento puro da natureza, embora misturado a muita poeira. E bota poeira nisso! Nas janelas em que há vidro, as crianças desenham com o dedo figuras que criam na mente. São muitas as crianças. Entre elas, escolares, que saem de casa todos os dias às 6h30. Vão à escola, no Cacau-Pirêra.

            O bom é que ninguém reclama. A viagem é ruim? Pouco importa. Tem uma hora que chega ao destino. Fim de linha. Amanhã, começa tudo de novo, nova viagem, quase os mesmos passageiros, gente que trabalha e dá graças a Deus. Ao menos dispõem dessa velha chalana. E se ela não existisse, como seria?

            Aí está, senhoras e senhores. Um pouco do Amazonas, a terra de todos nós, que, naquelas distantes paragens, tem no fundo um orgulho insuperável, tal qual um dia disse um ribeirinho, ao responder ao piloto da FAB que, de seu Catalina, aterrissando no Solimões, indagou ao caboclo:

            - Hei, amigo, é aqui que termina o Brasil?

             - Não, senhor. Aqui começa o Brasil!

            O outro pronunciamento, Sr. Presidente, bastante curto também, é este:

            A despeito da reação contrária de razoável parcela de brasileiros, consumou-se, no último dia 23, a visita ao Brasil do Presidente Mahmoud Ahmadinejad, do Irã. Uma visita inoportuna e desnecessária. Nada contra o povo iraniano, nada, absolutamente. Ao governante iraniano, sim: desapreço.

            A visita, no entanto, repito, foi de todo inoportuna pelas atitudes do atual presidente iraniano, que desenvolve práticas bélicas inadmissíveis perante o mundo que clama por paz.

            A inconveniência dessa visita vem causando reações em todo o País. Entre essas manifestações, tomei conhecimento de manifesto, subscrito por mais de 40 entidades e muitas pessoas, em favor da liberdade e de uma cultura de paz no Irã.

            Pelo significado desse texto, que interpreta apreço ao povo iraniano e protesto contra a conduta do Presidente Mahmoud Ahmadinejad, parto para anexar a este pronunciamento o Manifesto, que, em síntese, expressa inconformidade diante das “severas restrições do governo iraniano sobre a liberdade de expressão, de associação e de reunião”.

            As entidades que subscrevem o documento lembram que “o Brasil tem o compromisso de explicitar ao Governo do Irã que os brasileiros não apoiam suas ações internas”.

            Adverte, ademais, que, “para o Brasil assinar qualquer acordo internacional com o Irã, é necessário, antes, que o governo daquele país estabeleça como base uma cultura de paz, justiça e cura da terra”.

            Num de seus itens, o Manifesto opõe-se às restrições contra a liberdade de imprensa que vigoram no Irã por ato do atual Governo.

            O Irã, como lembra o documento, figura em 172º lugar entre 175 países do ranking da organização Repórteres Sem Fronteiras. Ou seja, um dos países onde menos se garante liberdade para os cidadãos em todo o mundo.

            Encerro, solicitando à Mesa que o Manifesto aqui referido passe a integrar este pronunciamento. O texto segue em anexo.

            E, finalmente, Sr. Presidente - falei em duas, mas são três as falas -, a terceira é que Autazes é um dos mais prósperos municípios do Amazonas, situado na região dos rios Amazonas e Madeira e distante 160 quilômetros de Manaus, com acesso apenas por via fluvial ou aérea.

            Como agora parece ser rotina em muitos pontos do Brasil, Autazes também sofre com seguidos apagões no fornecimento de energia elétrica, que ali chega pela mesma distribuidora que atende à capital, a Amazonas Energia.

            A cidade não se conforma e, para debate do assunto, sua Câmara Municipal realizou, no dia 25 de novembro último, reunião de audiência pública requerida pelos Vereadores Anderson Cavalcante, Emilson Sales e Emerson Pinheiro.

            A oportuna iniciativa do Legislativo dos Autazes - que é muito bem dirigido pelo Prefeito Vanderlan -, é resposta ao descaso que, lamentavelmente, se registra contra o Município.

            Além do sério problema dos apagões, os Vereadores vão examinar outras questões relacionadas ao abastecimento de energia elétrica. A cidade cresce e muitas de suas áreas se ressentem dessas deficiências, em especial nos bairros de Cidade Nova e Osvaldo Cruz Braga.

            Do Vereador Cecílio Correa, Presidente da Câmara Municipal dos Autazes, recebi honroso convite para a audiência pública, mas, infelizmente, pela intensidade das votações aqui no Senado, não me foi possível a ela comparecer.

            Pela iniciativa, cumprimento os ilustres Vereadores dos Autazes, que revelam forte empenho no levantamento da crise no abastecimento de energia elétrica, especialmente quanto aos insuportáveis apagões, que causam prejuízos e transtornos a toda uma população.

            É assim que se faz. Se há problemas, não há como ficar omisso. Faz bem a Câmara Municipal. Que a Amazonas Energia seja chamada a dar explicações é o mínimo que se pode exigir de uma concessionária detentora de serviço tão lucrativo.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado a V. Exª.

 

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SEGUEM, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTOS DO SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO.

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            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores,

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

Manifesto conta visita do Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/2009 - Página 64081