Discurso durante a 219ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Anuncia a apresentação de um projeto de decreto legislativo propondo a realização de referendo para o Estado do Amazonas no tocante a manutenção ou retorno do fuso horário.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
FUSO HORARIO. HOMENAGEM.:
  • Anuncia a apresentação de um projeto de decreto legislativo propondo a realização de referendo para o Estado do Amazonas no tocante a manutenção ou retorno do fuso horário.
Publicação
Publicação no DSF de 25/11/2009 - Página 61522
Assunto
Outros > FUSO HORARIO. HOMENAGEM.
Indexação
  • JUSTIFICAÇÃO, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO, PROPOSIÇÃO, REALIZAÇÃO, REFERENDO, DECISÃO, MANUTENÇÃO, RETORNO, FUSO HORARIO, ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • HOMENAGEM POSTUMA, REGENTE, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ATUAÇÃO, DISTRITO FEDERAL (DF).

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Era precisamente sobre a matéria, Sr. Presidente. Para lembrar à Casa que eu havia, movido por dados meramente econômicos, apresentado um projeto que equiparava o fuso horário do Estado do Amazonas ao do restante do País.

            A reação nas regiões do Alto Rio Solimões, do Alto Rio Purus, do Alto Rio Juruá, foram muito negativas e havia muita sensatez nas reclamações que chegaram ao meu gabinete, por telefonemas, por e-mails, por fax, por contatos pessoais, quando das minhas viagens a esses locais, por uma razão bem simples: com a mexida que se dá hoje... Não vamos obstaculizar a votação do projeto do Deputado Flaviano Melo, que aqui é esposada pelo nosso estimado companheiro e colega Geraldo Mesquita Júnior, Filho; mas no horário de verão ficará uma situação bastante complicada para os moradores do Alto Solimões, do Alto Purus, do Alto Juruá.

            Tem a vantagem econômica de unificar, por exemplo, o horário de intervenção sobre as bolsas. Isso é importante, o campo, o tempo econômico fica muito mais democratizado. Por outro lado, as pessoas serão obrigadas a acordar muito cedo, no Alto Solimões - estou falando estritamente do Amazonas -, e haverá problemas de segurança, haverá problemas de sono, haverá problemas de inadequação durante um bom tempo ao novo horário.

            Eu tinha feito uma emenda - estamos no final do semestre legislativo - , essa emenda invalidaria o projeto aqui esposado pelo Senador Geraldo Mesquita. Essa emenda estabeleceria a obrigatoriedade do referendo também para o Estado do Amazonas. E a intenção do Senador Flexa Ribeiro é proceder do mesmo modo em relação ao Pará e no exercício legítimo do seu mandato de Senador que procura defender os interesses do seu Estado.

            Sendo assim, estou apresentando à Mesa neste momento, Sr. Presidente, um projeto, um PDS, que convoca referendo também para o Estado do Amazonas, porque, se é inegável que, do ponto de vista econômico, há vantagens para o País como um todo e, no longo termo, até para a nossa região, eu diria que, no curto prazo, para os Municípios dessas regiões do meu Estado que citei acontecerá uma série de transtornos, dificuldades e problemas que irão da segurança pública à alteração de toda a rotina das pessoas. Como, por exemplo, o horário das escolas, obrigando as pessoas a acordarem com horário artificial em seus relógios.

            Enfim, estou apresentando um PDS, propondo o referendo para o Estado do Amazonas. A convicção que tenho é a de que a manifestação será maciça pela manutenção de horários diversos, pela manutenção de horários diferentes, porque é uma experiência que vivi na pele.

            Daí a vantagem de se ter um mandato de permanente contato com a sociedade, com o eleitor. Eu fui a eles, fui às pessoas e recebi influxo muito negativo em relação ao projeto de minha autoria.

            O que fiz? Retirei o projeto. Eu não havia conversado ainda com o meu querido amigo Senador Geraldo Mesquita, mas havia conversado com o Senador Tião Viana e com o Senador Delcídio Amaral. S. Exª, certamente, está a favor da mudança, porque não há transtorno para o Mato Grosso do Sul. Eu só vejo vantagens para o Estado do Mato Grosso do Sul. Não penso, portanto, que seja diferente a perspectiva da Senadora Marisa Serrano, do Senador Valter, mas, para mim, para o meu Estado, é algo que provoca problemas de curto e médio prazos, acenando com vantagens de médio e de longo tempos.

            Portanto, Sr. Presidente, sem obstaculizar essa votação que vem se arrastando há muito tempo, entendo que cada Senador e cada Deputado deve ter o direito de um dia ver as suas matérias apreciadas. Eu pretendo consertar na parte do Amazonas a situação que, para mim, é de emergência, sim, apresentando um PDS, dizendo que vou entrar em contato, antes de mais nada, com o Deputado Flaviano Mello e dizer a ele que hoje eu poderia ter obstaculizado essa votação, mas não o fiz e não o fiz em atenção ao Senador Geraldo Mesquita e não o fiz em atenção a S. Exª. Obviamente espero a reciprocidade quando a matéria de que tratarei chegar à Câmara dos Deputados. Contarei com a Bancada do Amazonas, que é competente, que é diligente e que sabe o transtorno que causa. Se ela não pôde evitar, ela teve suas razões, teve suas impossibilidades, mas, certamente, Sr. Presidente, a Bancada do Amazonas haverá, muito diligentemente, de tratar disso. Aqui - imagino - nós não teremos problemas de aprovar o PDS com rapidez, porque - insisto - é muito complicado para o Estado do Amazonas, em certas regiões suas, essa mudança de horários, é muito complicado. Traz um prejuízo real, traz um prejuízo social, traz um prejuízo econômico de curto tempo. Para o Estado do Amazonas, haveria lucro; para as três regiões que eu citei - Alto Solimões, Alto Juruá e Alto Purus - é prejuízo, sim, mexe com a vida das pessoas, obriga a criar novos hábitos.

            E aproveito, Sr. Presidente, ao encerrar, para dizer que tive a honra - estou falando do Amazonas - de encaminhar à Mesa requerimento de voto de lembrança em homenagem a um gênio, ao maestro amazonense Cláudio Santoro, que, se vivo estivesse, teria completado 90 anos no último dia 23 de novembro de 2009.

            Uma figura, realmente... Foi Regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília. Além de tudo o que fez no Brasil, de tudo o que fez pelo mundo, porque sua música pertence à humanidade, e tudo o que fez pelos brasileiros, pela alma dos brasileiros, ouvir Cláudio Santoro é sempre um prazer que se renova. Eu tenho profunda admiração por ele e profundo orgulho de ser seu conterrâneo. E, por isso, peço que o voto de lembrança seja encaminhado a seus familiares - que são inúmeros. A Família Santoro é uma família muito conhecida e respeitada em meu Estado e tem ramificações em Brasília, no Rio de Janeiro, em diversos lugares deste País.

            Tenho certeza de que qualquer cidadão do mundo que goste de música haverá de concordar com esse voto de lembrança a um gênio. Não é apenas um maestro, nem apenas um grande maestro. É, literalmente, um gênio, daqueles que o mundo, de vez em quando, permite que nasçam. Alguém que se diferencia dos outros pelo borbulhar. Castro Alves, que não tinha nenhuma razão de ser modesto, certa vez, em um arroubo de imodéstia - mas eu reconheço que ele tinha o direito de ser assim; nós, não; mas ele, sim -, olhou para o espelho e disse: “Sinto em mim o borbulhar do gênio”. Maestro Santoro não pronunciou essa frase, mas ela caberia nele, porque, se ele não a proferiu, eu aqui digo: eu sinto em Cláudio Santoro o borbulhar do gênio.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/11/2009 - Página 61522