O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Bondade de V. Exª.

            Senador Flávio Arns, V. Exª está convidado por mim e pelo Senador Paim para, às 16 horas, assistirmos à votação, na Câmara, do reajuste dos aposentados. Vamos ver se não é mais um teatro.

            Presidente Mão Santa, Senador Paim, volto a esta tribuna hoje com uma vontade muito grande de falar sobre essa votação tão importante. Mas o que acontece no meu Estado hoje, Senador João Tenório, faz com que eu tenha o dever de voltar a esta tribuna hoje e falar do Estado do Pará.

            Falei na semana passada, meu nobre Senador, que o Pará estava à beira do abismo. Hoje, Senador, posso confessar-lhe que, de tanto ver corrupção no meu Estado, de tanto ver violência no meu Estado, Senador Flexa Ribeiro, de ver o descaso das autoridades em relação à população, de ver os escândalos, um em cima do outro, escândalo em cima de escândalo na minha querida terra... Quase todos os meses nós temos um escândalo no Estado do Pará.

            Isso me faz crer, nobre Senador Flexa Ribeiro, nobre Senador João Tenório, meus paraenses, meus irmãos da minha terra, que a Governadora Ana Júlia, que tanto prometeu para nós, que essa Governadora mancha a história e o nome do nosso Estado.

            Quando eu vejo, por exemplo, meu Senador, os escândalos que aconteceram na Santa Casa de Misericórdia do Pará... Duzentos e oitenta e dois bebês morreram em menos de dois meses na Santa Casa de Misericórdia! E nenhuma pessoa foi culpada por qualquer ato pela morte de 282 bebês na Santa Casa de Misericórdia!

            Um escândalo internacional! Não foi só um escândalo nacional, Senador Geraldo Mesquita, a manchar o nome do meu querido Estado do Pará, um Estado ordeiro, um Estado maravilhoso, mas um Estado que sofre no abandono hoje, um Estado que tem sua história manchada por uma governadora!

            Quando me lembro, meu nobre Senador João Tenório, que o Brasil todo, o mundo inteiro, o País, o Pará, assistiu a uma menina de 12, 13 anos de idade, numa cela junto com bandidos, ser torturada por aqueles bandidos, e a Governadora do meu Estado dançando o carimbó aqui no Senado Federal! Dói na alma de qualquer paraense!

            Quando vejo as mentiras, Senador João Tenório, as mentiras cínicas, as mentiras publicadas... Quando um governo, Senador Flexa Ribeiro, manda colocar na televisão, como uma forma de propaganda - olhe, Senador, pasme - dizendo que vai plantar no Estado do Pará, nas áreas degradadas, um bilhão de árvores... Quando liguei minha televisão e vi aquilo ali, eu aplaudi e disse: “Graças a Deus vão plantar um bilhão de árvores naquilo que devastaram do meu querido Estado”. Propaganda de meses, Senador, na televisão.

            Ora, Senador, um bilhão de árvores, tem que ter viveiro para as mudas. E onde estão esses viveiros? Onde estão essas mudas? Como é que se mente descaradamente para um povo? Como é que um povo pode acreditar mais em um governante que diz mentiras na própria televisão do seu Estado, abertamente? Onde estão os viveiros, meu Deus do céu? Onde estão os viveiros com essas mudas de um bilhão de árvores para plantar na Amazônia?

            A corrupção invade o meu Estado, Senador João Tenório. Todos os meses a imprensa publica corrupção no meu Estado. Hoje mesmo a corrupção está publicada no meu Estado. A TV Senado pode me auxiliar mostrando para o Brasil. Hoje, jornal de hoje. Eu posso aqui trazer uma pilha de jornais deste ano mostrando a corrupção no Estado do Pará. E todas elas contra nossa população, todas elas martirizando a nossa população, todas elas tirando do bolso do nosso contribuinte. Esta aqui é a respeito de casas populares que o Incra está fazendo no interior do Estado do Pará, em Igarapé-Miri. Telefonou-me o Vereador Vladimir lá de Igarapé-Miri, preocupado com esta situação, dizendo que nas casas - o jornal diz isso hoje - que estão construindo lá, no valor de R$7 mil, eles só gastam R$3 mil. Está aqui o TCU agora mostrando que é verdade. Um bilhão de reais, Senador! As casas caem em menos de um ano, madeira podre, Senador! Enganam a população, aquela que mais precisa, Senador! Aquela que mais precisa! Com o dinheiro dos nossos impostos, Senador!

            O Pará é terra sem licitação. Não se faz licitação para nada no Pará. O Governo dá para quem quer as obras no Pará. Aqui tem um bilhão sem licitação, Senador Papaléo! Não se faz mais licitação no Estado do Pará.

            O slogan da Governadora é “Pará, Terra de Direitos”. Direitos de quê, Governadora? Direito de morrer assassinado? Este é o direito que temos no Pará hoje: direito de sermos roubados!

            O descaso, Senador, o descaso é muito grande com a nossa terra. A Governadora bradou, a Governadora falou, a Governadora gritou que o Lula é maior companheiro dela. Chegou na hora da Copa do Mundo, o Lula não deu para ela. Os paraenses, com um estádio maravilhoso, um dos melhores do Brasil, chamado Mangueirão, ficaram fora da Copa do Mundo por causa da nossa Governadora. Ela mancha a história do meu Estado. Ela mancha o nome do meu Estado. E os investimentos, quanto o Pará perdeu, paraenses?! Quanto o Pará perdeu! Quanto seria investido para a Copa do Mundo no Pará! Quanto o Amazonas vai ganhar com isso!

            E a Governadora Ana Júlia, aquela que prometeu tanto aos paraenses, aquela que disse que ia acabar com a violência, aquela que disse que ia trabalhar para cada um de nós... Há violência no meu Estado. Toda semana eu trago aqui jornais e mostro coisas bárbaras, Senador. E hoje, como sempre, vou mostrar a manchete de um jornal. Acho que nem o trouxe; trouxe, sim, a manchete do jornal Diário do Pará. Mostrei ontem. Sabem, paraenses, aqueles que me assistem aqui, são nove mortes por dia na grande Belém. Em nenhum Estado deste País isso acontece. Em nenhuma cidade do mundo isso acontece.

            Ana Júlia? Ana Júlia mancha a história do meu Pará. Ana Júlia mancha o nome do meu Estado. Não venho aqui, paraense, inventar história. Vocês me mandaram para cá para defender o meu Estado. Vocês me mandaram para cá para lutar pelo meu Estado. Só vocês poderão calar a minha voz. Nenhuma ameaça, nenhuma ameaça calará a minha voz. Esta é a voz de um paraense que ama o seu Estado. Esta é a voz de um paraense que não tem medo. Esta é a voz de um paraense que não sabe o que é covardia. Por isso, não adianta fazer ameaças.

            “Refém do medo.” Jornal de hoje. Os bandidos tomaram conta do meu Estado. Os bandidos fazem o que querem no meu Estado. Matar, hoje, no meu Estado, é a coisa mais comum, nada se apura, nada se pune, é um Estado sem lei.

            Ana Júlia? Ana Júlia mancha a história do meu Estado. Ana Júlia mancha o nome do meu Estado. Não vou parar, Papaléo Paes. Não vou parar, meu Senador Flexa Ribeiro. Nunca vimos em nossa vida, nos meus 64 anos de idade - há 30 anos faço política, há 18 anos sou parlamentar -, nunca vi o meu Estado tão arrasado como agora, nunca vi o meu Estado tão abandonado como agora, nunca vi o meu Estado tão desprezado como agora, nunca vi um governante conseguir desmoralizar o meu Estado como agora. Nunca, na minha vida!

            Pois não, Senador Flexa Ribeiro.

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senador Mário Couto, V. Exª tem permanentemente vindo à tribuna, trazendo ao conhecimento do Brasil, porque os paraenses sabem o caos que está instalado no nosso querido Estado do Pará, as notícias que, lamentavelmente, somos obrigados a divulgar para que o povo possa ter o reconhecimento da necessidade de uma ação de governo. V. Exª vem recebendo ameaças, vem recebendo intimidações, como se isso viesse impedir que V. Exª usasse da palavra, da tribuna do Senado, para defender o nosso Estado do Pará, que é isso o que fazemos. E nós faríamos muito, Senador Mário Couto, todos nós, os três Senadores do Estado do Pará - V. Exª, Senador Flexa Ribeiro e Senador José Nery -, se nós pudéssemos subir à tribuna e elogiar a Governadora. Ela não nos dá oportunidade para isso. Quero dizer que a Governadora e seu Partido, o PT, não metem medo. Não calarão o Senador Flexa Ribeiro e muito menos o Senador Mário Couto, porque, como disse o Presidente Fernando Henrique no encontro de sábado, nesse Partido, que lamentavelmente está no Governo do nosso Estado do Pará e no Governo da Federação, quanto mais eles disserem mentira a respeito de nós, mais verdades nós vamos falar deles, porque muitas verdades V. Exª tem colocado aqui. Aqui, para enriquecer o pronunciamento de hoje de V. Exª: “Ventilador de teto cai e fere três alunos”. Sabe onde foi isso? Em Santarém. Sabe quem é a Prefeita? V. Exª sabe. O Brasil precisa saber, o Senador João Tenório também. A Prefeita é do PT: Maria do Carmo. A escola, do Estado, a Escola Álvaro Adolfo, que já foi uma escola modelo para a região do oeste, está aqui sendo acionada pelo Ministério Público, porque a última reforma que essa escola sofreu foi no Governo de Simão Jatene. De lá para cá, já se vão quatro anos nesse desgoverno, a reforma terminou um ano antes do término do governo, cinco anos que a escola não recebe. E aqui tem uma fotografia dos alunos no desfile escolar de Sete de Setembro, com uma faixa: “Ana Júlia, que papelão, esse governo esqueceu a educação”. É esta aqui. E mais, Senador: “Escola...” Recebi, pelo twitter... E quero até aproveitar o pronunciamento de V. Exª, se me permite, porque eu tenho recebido, e quero continuar recebendo, exatamente essas informações de todo o Estado do Pará. E quero dizer aqui qual é o twitter do Senador Flexa Ribeiro: twitter.com/flexaribeiro. Porque, agora, recebi do Lucas Nogueira, um estudante, que me mandou uma foto porque só vendo a vendo eu poderia acreditar. Esta foto aqui, que a TV Senado vai expor e que, com certeza absoluta, enriquece o pronunciamento de V. Exª, é de uma escola no centro da capital, no centro de Belém. É a Escola Estadual Ulysses Guimarães, que fica na Governador José Malcher, no centro de Belém. Está caindo o teto. Caindo o teto. E por aí vai, Senador. E por aí vai. Agora, é importante... A Governadora não nos assiste pela TV Senado porque ela não deixa a TV Senado ser uma TV aberta no Pará. Porque ela sabe que as verdades são ditas aqui e ela nega o espaço para que a TV Senado instale o equipamento lá na Funtelpa. Até a Presidente da EBC, a jornalista Tereza Cruvinel, em uma audiência, já se propôs a intermediar a instalação do equipamento, mas nem isso a Presidente da EBC teve condições de conseguir com a Governadora. Senador Mário Couto, fique certo de que V. Exª tem o carinho e a solidariedade do povo paraense.

           O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Muito obrigado, Senador.

           O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - E nós vamos continuar, juntos, dizendo as verdades lamentáveis que assolam o nosso Estado nesses três anos e meio de noite escura. Ontem, eu disse, Senador, que faltavam 262 dias...

(Interrupção do som.)

           O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Ontem, eu disse que faltavam 262 dias para o Pará sair do vermelho. Hoje, só faltam 261.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Obrigado, Senador Flexa Ribeiro. É com muito respeito e admiração que insiro no meu pronunciamento o aparte de V. Exª.

            Para terminar, Presidente, falo agora da postura da nossa Governadora. Sei que causo ira naqueles que são adeptos a tudo isso que falei. Quando falo da postura da Governadora do meu Estado, irrito seus assessores, seus Deputados na Assembleia. Deveriam aceitar minhas sugestões como sugestões boas, benéficas. Um governante representa seu Estado, seu povo. Representa e responde por um Estado inteiro. No Pará, são sete milhões de pessoas. O governante não é uma pessoa comum. Ana Júlia não é só uma mulher. Ana Júlia é uma mulher governante. Ana Júlia é uma governadora, tem que ter uma postura adequada ao cargo. E quando digo que os jornais de Belém dizem que a Governadora bebe nos bares, que a Governadora não tem postura de governadora, Senador Geraldo Mesquita, será que estou fazendo um mal? Eu estou fazendo um bem, eu estou advertindo. Aí tentam me caluniar, dizendo que estou acusando as mulheres do Pará e as mulheres do Brasil.

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Senador...

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Se Ana Júlia fosse somente uma mulher, logicamente, isso não significaria absolutamente nada, mas quando ela se propôs a ser uma governadora de um estado, ela sabia que deveria mudar sua maneira de vida, ela sabia que não poderia fazer as mesmas coisas que fazia antes como uma mulher comum, como uma mulher do povo. Ela tinha que mudar a sua postura, e, infelizmente, não mudou. Não adianta. De tanto ver corrupção no meu Estado, de tanto ver o descaso com o povo do meu Estado, de tanto ver paraenses morrerem com a violência, de tanto ver aquilo...

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Senador...

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já vou descer, Presidente.

            De tanto ver aquilo que não queremos ver, que é o meu Estado entrar no caos, eu digo e repito: Ana Júlia manchou a história do meu Estado, Ana Júlia mancha o nome do meu Estado, Ana Júlia tenta me intimidar. E eu respondo ao meu povo: meu Pará - e meu Brasil - verás que um filho teu não foge à luta, nem teme, quem te adora, a própria morte.

            Muito obrigado, Senador Mão Santa.

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