Discurso durante a 70ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Avalia a demora da Câmara, em enviar as matérias que beneficiam os aposentados, como pressão do Governo para impedir sua aprovação.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Avalia a demora da Câmara, em enviar as matérias que beneficiam os aposentados, como pressão do Governo para impedir sua aprovação.
Publicação
Publicação no DSF de 12/05/2010 - Página 19982
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • AVALIAÇÃO, DEMORA, CAMARA DOS DEPUTADOS, REMESSA, SENADO, MATERIA, VALORIZAÇÃO, APOSENTADORIA, LOBBY, GOVERNO, PREVISÃO, VETO (VET), PRESIDENTE DA REPUBLICA, POSTERIORIDADE, APROVAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Presidente Mão Santa, primeiro, eu sinceramente vou para casa agradecer, na minha oração de todas as noites, a Deus por este dia em que o Senado Federal começa, com certeza absoluta, uma caminhada para a libertação dos aposentados deste País.

            Senador Paulo Paim, nada disso seria necessário. Senador, quando eu entrei aqui, eu me lembro da sua angústia, eu lembro que todos os projetos de V. Exª estavam dentro de uma gaveta. Por nove meses, os projetos estavam dentro de uma gaveta, Senador. Eu lamento que os aposentados do País estejam até uma hora dessas aqui, passando por isso. Não precisava nada disso, Senador. Isso é obrigação do Governo. Os aposentados não mendigam. Os aposentados não precisam de pires na mão a pedir esmola de ninguém. É direito adquirido de cada um aposentado deste País. 

            O Presidente Michel Temer não tem meu agradecimento hoje. V. Exª dali disse: “Agora agradeça”. Eu não vou agradecer. Não vou, Senador.

            E agora vou falar aos aposentados desta Nação. É preciso que eles saibam o que acontece aqui dentro. O povo nos mandou para cá exatamente para a gente não esconder absolutamente nada deles, Senador Paim. A nossa luta foi árdua, é árdua, ainda temos muito o que lutar. Os presidentes dos sindicatos, das associações... Até me dá pena de ver um Warley e outros o quanto sofrem; o quanto sofrem andando pelos corredores, o quanto sofrem trazendo os aposentados para cá! Ainda agora eu percebia um velhinho com uma muleta na mão e a dificuldade desse senhor de andar por aí - eu acho que ele ia para o banheiro. A dificuldade!

            Aquele operário que, nas campanhas para Presidente deste País, prometeu que não faria nada disso com os aposentados - as gravações estão aí -, ele prometeu que ia tratar os aposentados com respeito. Agora mesmo eu vi um desrespeito!

            Vocês sabem que o Presidente da Câmara falou para mim? Sabe, Nação? Vou falar, tenho testemunha! O Paim estava do meu lado. Tenho testemunha. Ele olhou para o Paim, o Paim raivoso e eu acalmando o Paim - façam uma ideia, o Mário Couto acalmando o Paim! E ele dizia: “Ô Paim, eu estou sofrendo pressão do Governo!”

            Se nós não tivéssemos tomado a decisão de ficar aqui até agora, sabe quando viria esse projeto para cá? Nunca! Tem que se falar a verdade, Senador Paim! Doa a quem doer, Senador Paim! Não temos que esconder nada da população.

            Havia, realmente, nos bastidores uma trama para que o prazo fosse esgotado, e o projeto morresse na casca, perdesse a validade. Como nós fomos lá encarar, como o Paim disse umas verdades ao Presidente, como duvidou da palavra do Presidente, como eu fiz ele repetir para mim três vezes seguidas que ele iria mandar, e eu dizia: eu confio na sua palavra, eu confio na sua palavra.

            Se não fosse isso, mais uma vez, vocês sairiam daqui decepcionados. E o Brasil também. É assim que funciona. Infelizmente. Meus nobres aposentados deste País, vocês não merecem isso! Vocês não merecem isso!

            Por isso eu quero, antes de sair, agradecer aos Senadores que até uma hora desta estão aqui. Obrigado a todos os Senadores pela sensibilidade, pelo caráter de cada um de nós. Tenho certeza de que vocês não se decepcionarão com este Senado. Tenho certeza de que logo, logo vamos aprová-lo. Aí eu quero ver, aí vocês vão ver mais um capítulo dessa novela.

            Ai vocês vão ver mais um capítulo dessa novela, ai vocês vão ver a dificuldade que nós vamos ter para que o Lula não vete esse projeto. O Senador Flexa Ribeiro, com a sua inteligência singular, ainda há pouco questionou o veto. Se vetar, nós vamos trazer o veto para cá e vamos derrubá-lo. (Palmas.)

            Uma coisa é certa, aposentados brasileiros: a luta não terminou; a luta vai continuar, ela é árdua. Nós ainda vamos ter que repetir várias vezes o que estamos fazendo agora. Nós temos que pressionar várias vezes para conseguir o nosso objetivo. Nós estamos, digo eu, no meio da luta; nós não estamos no final da luta. Para mim, senhores aposentados, a maior dificuldade - vejam bem! - não é esta. Esta eu sabia que nós iríamos vencer. Desta eu nunca desisti. Desta nós nunca desistimos. Desta nós nunca iríamos desistir. Sempre nós dissemos isto: que vocês confiassem, que nós não íamos desistir desta luta. Agora, ouçam o que eu estou dizendo a V. Sªs: a maior dificuldade vai ser o Presidente Lula colocar lá no projeto que o aceita.

            Vou dar um diagnóstico a vocês. 

            Hoje, dia 11, são vinte e duas horas e doze minutos em Brasília. Podem gravar o que vou dizer: o Presidente Lula vai criar as maiores dificuldades para sancionar esse projeto. E nós vamos ver aquele operário que disse que ia resolver os problemas dos aposentados ir contra a vontade do Congresso Nacional, ir contra a vontade até dos seus parceiros na Câmara, ir contra a unanimidade deste Senado, que entende o sofrimento de cada um de vocês, que dói na alma de cada cidadão brasileiro.

            Sinceramente, Brasil, sinceramente, senhores.aposentados, eu rogo, eu peço a Deus que o Presidente Lula não faça isso com V. Sªs, eu peço a Deus que o Presidente Lula tenha a sensibilidade de respeitar cada um de vocês, respeitar o direito de vocês. Mas, Senador Paulo Paim, se isso não acontecer, conte com este Senador, que não vai desistir dessa causa em momento nenhum. Enquanto tivermos fôlego para resistir, nós estaremos ombro a ombro com vocês, lado a lado com vocês; onde vocês caírem, nós cairemos juntos.

            Muito obrigado, Senador Paulo Paim.

            Muito obrigado, Senador Mão Santa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/05/2010 - Página 19982