Discurso durante a 93ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar ao Sr. Iol Alves de Medeiros, associando-se ao Senador Paulo Paim. Questionamento sobre a demora do Presidente Lula em sancionar projeto que trata do reajuste dos aposentados. Comentários sobre a situação do estado do Pará nas áreas de educação e segurança pública.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Voto de pesar ao Sr. Iol Alves de Medeiros, associando-se ao Senador Paulo Paim. Questionamento sobre a demora do Presidente Lula em sancionar projeto que trata do reajuste dos aposentados. Comentários sobre a situação do estado do Pará nas áreas de educação e segurança pública.
Publicação
Publicação no DSF de 09/06/2010 - Página 26675
Assunto
Outros > HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LIDER, APOSENTADO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • PROTESTO, DEMORA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SANÇÃO PRESIDENCIAL, LEGISLAÇÃO, REAJUSTE, APOSENTADORIA, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, NEGLIGENCIA, SITUAÇÃO, DEFASAGEM, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, POBREZA, IDOSO, SUPERIORIDADE, GASTOS PESSOAIS, COBRANÇA, URGENCIA, DECISÃO.
  • GRAVIDADE, CRESCIMENTO, VIOLENCIA, HOMICIDIO, ESTADO DO PARA (PA), COMENTARIO, PESQUISA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), COMPARAÇÃO, ESTADOS, BRASIL.
  • APREENSÃO, PRECARIEDADE, EDUCAÇÃO, ESTADO DO PARA (PA), DIVULGAÇÃO, FOTOGRAFIA, FALTA, CONDIÇÕES SANITARIAS, ESCOLA PUBLICA, PROTESTO, ENTREVISTA, GOVERNADOR, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA.
  • CONVITE, SENADOR, VISITA, ESTADO DO PARA (PA), COMPROVAÇÃO, CORRUPÇÃO, RELATORIO, AUDITORIA, DESVIO, FUNDOS PUBLICOS.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiro quero reafirmar aqui o voto de pesar do Senador Paulo Paim ao Iol e também fazer o meu voto de pesar a esse grande companheiro, lutador aposentado, que, por muitas vezes, esteve aqui na luta pelos direitos dos aposentados.

            Sinceramente, Nação brasileira, eu não entendo, não consegui entender até hoje por que dizem que o Presidente Lula é um homem sensível, um homem de um coração muito grande, um homem que visa à diminuição da desigualdade social, um homem que olha para a pobreza, um homem que prosseguiu o que o Fernando Henrique Cardoso criou, o Bolsa Família, um homem que multiplicou essa ação, visando acabar a fome neste País, como é que o Presidente Lula vê aposentados tombarem, centenas de aposentados tombarem, morrerem neste País, meu caro Mozarildo, e o Presidente da República tem hoje em suas mãos há mais de 10 dias um projeto aprovado por este Senado para acabar o sofrimento dos aposentados e ele não quer acabar? Não entra em mim, Senador Mozarildo, não consigo entender essa atitude do nosso Presidente. Por que o Presidente Lula não gosta dos aposentados deste País?

            Haja morrerem aposentados! Eu vi um - testemunha ocular! - que ia às feiras pegar as migalhas que sobravam - banana, maçã, aquelas verduras que não servem mais, podres - para se alimentar e que acabou falecendo. Isso eu vi com os meus próprios olhos, Presidente Lula. Vossa Excelência sabe disso. Não engavete. Diga se vai fazer ou não. Se vai vetar, diga que vai vetar. Vossa Excelência vai encontrar uma barreira muito grande neste Senado. Nós ainda temos o Senado Federal em defesa daqueles que precisam de uma voz aqui. Se Vossa Excelência vetar, Vossa Excelência terá um grande desgaste político. Este Senador aqui vai ficar o resto do seu mandato falando e contando essa história maldita. O resto do mandato, Presidente Lula, Vossa Excelência terá esta voz. Podem até muitos dizerem que isso não adianta de nada. Para mim, não interessa. A voz vai continuar aqui. Vamos esperar, Presidente. Vamos esperar até o dia 17. Espero, Presidente, sinceramente, que Vossa Excelência não decepcione o País, que Vossa Excelência não use a moldura da popularidade para massacrar o povo brasileiro, principalmente aqueles que serviram a esta Nação querida, que todos nós amamos, e com dignidade, serviram com amor, serviram com trabalho, Presidente Lula. Vossa Excelência não pode abandonar essa classe. Vossa Excelência prometeu, em pronunciamentos em vésperas de eleições, que iria tratar com carinho os aposentados brasileiros. Cumpra com a sua palavra, Presidente. Cumpra com a sua palavra. Ao menos isso, cumpra! Vamos esperar o dia 17, Presidente.

            Não posso deixar aqui de falar do meu Estado, de aproveitar o resto do tempo que ainda tenho para falar do meu Estado. Sei que algumas pessoas, Senador Papaléo Paes, podem até se assustar com esta minha insistência em mostrar as condições em que vive o Estado do Pará e o momento de angústia por que passa aquele povo. Mas, Presidente, vim aqui exatamente para fazer aquilo que V. Exª faz sempre: defender o seu Estado com muita dignidade. Aquilo que o Papaléo, o Gilvam Borges, o Mozarildo e a Rosalba fazem: defender o seu Estado. Eu vim para cá exatamente para isto. Uma das minhas tarefas principais aqui é lutar pelo meu Estado, defender o meu Estado. E isso eu tenho feito e vou continuar fazendo.

            Várias foram as denúncias que fiz aos Ministérios Públicos federais e estaduais e até ao Ministério da Justiça, pedindo clemência, dada a condição do meu Estado, a violência que toma conta dele.

            Hoje, o Pará é o Estado mais violento do Brasil. Não sou eu que estou dizendo isso, mas uma pesquisa das Nações Unidas, cara Rosalba. Venho aqui, Rosalba, e falo quase toda semana esta ladainha: aposentado e a violência no Estado do Pará. É uma ladainha. Toda semana estou mostrando isso aqui, toda semana eu mostro o jornal paraense, o que acontece no meu Estado. E muitas pessoas podem dizer: “Esse cara exagera, esse cara deve ser contra a Governadora, esse cara não deve gostar da Governadora”. Já disse que não sou candidato a nada. Nem sei se vou ser mais. Já falei várias vezes isso. Não tem politicagem. É o amor pela camisa, é o amor pelo meu Estado, é a dignidade, é a obrigação de fazer, doa a quem doer, doa a quem doer!

            Agora, minha cara Senadora, as Nações Unidas mandaram fazer uma pesquisa no Brasil e constataram que o Pará ocupa o primeiro lugar na violência neste Brasil, acima da média de todos os Estados. A média é 90%; o Pará está com 95%. Noventa e cinco por cento, paraenses! São cinco mortes por dia, dezesseis por final de semana. E não é aquela violência praticada nas escolas, no trânsito, não. É morte. É homicídio à bala, à faca. É homicídio, é morte mesmo, é violência à bala. Como é que uma população dessas pode conviver? Aí os técnicos, com muita propriedade, dizem assim: “Para se combater a violência tem que se dar educação”. Eu mostrei aqui, Rosalba, um bebedouro de uma escola no Pará. Eu acabei de vir do interior do Pará. Passei 15 dias no Pará. A última vez que vim, mostrei uma panela machucada, um caneco de alumínio dentro da panela, que servia de bebedouro aos alunos. Cada aluno ia lá, metia aquele caneco na panela e bebia. Fotografei, vi de perto. Hoje eu vou mostrar novamente ao País uma cena lamentável, uma cena que não se deveria ver nunca neste País, quanto mais no meu querido Estado do Pará. Dói em mim mostrar ao Brasil cenas como essa.

            Eu não me sinto satisfeito em fazer isso. Dói, dói muito ver os alunos numa escola tomarem água com um caneco numa panela suja, suja, no corredor da escola, os alunos do meu querido Estado do Pará. E a educação, fonte do suporte de cada nação, a base, a base de uma nação, a base de um Estado, onde se deveria investir mais, Nação brasileira, meu querido Pará! E aí massacram os estudantes, massacram os jovens. O que eu vou mostrar hoje aqui fere, dói, maltrata. Qualquer pessoa que vê uma cena dessas...

            Governadora Ana Júlia Carepa, pelo amor de Deus, Governadora, trate bem os jovens do meu Estado! Não faça isso com os jovens do meu Estado, Senadora Ana Júlia, Governadora Ana Júlia! V. Exª faltou com a verdade, Governadora. Aliás, faltou não, Governadora, falta. Eu assisti a um jogo na televisão, a um jogo final do campeonato paraense. Eu nunca vi tanta falta de seriedade na minha vida. Assistindo ao jogo, final de campeonato, Paissandu e Águia... No intervalo vão entrevistar a Governadora e ela começa a falar. Quem viu aquilo ali pela primeira vez poderia pensar que o Mário Couto não fala a verdade aqui, que o Senador Mário Couto inventa, porque, Senador Flexa Ribeiro, aquela senhora falava que o Pará estava às mil maravilhas, que ninguém era maltratado no Estado do Pará, a saúde estava boa, a educação estava boa, não tinha violência no Estado.

            Papaléo, o dia que V. Exª tiver uma foto desta que eu vou mostrar aqui lá no seu Estado, Amapá, V. Exª com certeza vai ficar muito preocupado, V. Exª não vai dormir por vários dias. V. Exª viu eu mostrar aqui uma panela machucada e um caneco todo machucado servindo de bebedouro numa escola pública. Olha o que V. Exª vai ver agora: um menino de nove anos de idade, nove anos de idade - e eu gosto de mostrar jornal, sabe? Ou eu tiro foto ou eu mostro o jornal, que é para população ver que ninguém está inventando nada. Essa história de falar sem mostrar não funciona. Eu gosto de mostrar, eu gosto de exibir aquilo que eu falo -, um paraense de nove anos de idade, numa escola estadual, do governo do Estado, olhem o segundo modelo de bebedouro colocado nessa escola. Esse é o segundo modelo de bebedouro que a Governadora Ana Júlia criou para as escolas do Estado do Pará.

            Meu querido Ministério Público, minha querida Assembléia Legislativa, meu querido Ministério Público Federal, não se pode admitir uma coisa deste nível! Não se pode admitir mais neste País ver cenas deste nível!

            Olhe, Nação, eu vou ajeitar bem aqui para mostrar à Nação brasileira o que é a Governadora Ana Júlia Carepa.

            Olhem aqui um garoto de nove anos de idade bebendo água em uma torneira no colégio, porque não tem bebedouro. Uma das principais escolas de uma das maiores cidades do interior do Estado do Pará, em Ananindeua, escola do Estado, é bom que se diga, é escola estadual.

            Um menino de nove anos, Pará, bebendo água numa torneira porque a Governadora Ana Júlia Carepa não colocou bebedouro nas escolas.

            Esse é o segundo modelo de bebedouro que eu mostro nesta tribuna.

            O rombo na educação no Estado do Pará... Aliás, Mozarildo, quero convidá-lo para fazer parte da comissão que vai ao Pará. Vamos ao Pará e eu quero lhe fazer este convite.

            Uma comissão de Senadores irá ao meu Estado para ver o relatório da Auditoria Geral do Estado, da própria Auditoria Geral do Estado mostrando a corrupção no Estado do Pará. E eis aqui a prova. Sabem por que não tem dinheiro na educação para comprar bebedouro? Reformar escolas? Porque essa secretaria já roubou R$1 bilhão. Não sou eu quem estou dizendo, Mozarildo, é a própria Auditoria Geral do Estado. A própria senhora chamada Tereza Cordovil, que foi colocada pela Governadora na Auditoria Geral do Estado, vem a público denunciar que da Secretaria da Educação levaram R$1 bilhão. E o garoto está lá bebendo água na torneira. Triste, paraenses! Dói em mim, me maltrata mostrar à Nação cenas desse tipo no nosso Estado, Estado que amamos, mas é minha obrigação, é meu dever. Eu não posso deixar de fazer isso. Eu não posso ter conhecimento desses fatos deploráveis e ficar calado. Eu não posso cruzar os braços, paraenses. Eu tenho que mostrar nesta tribuna, eu tenho que acionar as autoridades, eu tenho que vir a esta tribuna cobrar, bradar, falar.

            Caro Presidente, sei que há outros oradores e, logo em seguida, tem uma senhora que eu muito considero, chamada Rosalba, que merece o meu respeito e o meu carinho.

            Por isso, desço desta tribuna e digo a V. Exª: se eu, Mário Couto, fosse presidente nacional de um partido qualquer, V. Exª seria convidado para ser o Vice-Presidente da República.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/06/2010 - Página 26675