Discurso durante a 178ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Cardeal Dom Eugênio Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, pelos seus 90 anos de vida.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Cardeal Dom Eugênio Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, pelos seus 90 anos de vida.
Publicação
Publicação no DSF de 10/11/2010 - Página 49241
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, AUTORIDADE RELIGIOSA, PRESENÇA, SENADO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO, CARDEAL, ARCEBISPO, ATUAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), ELOGIO, SOLIDARIEDADE, DIGNIDADE, ASSISTENCIA RELIGIOSA, ENGAJAMENTO, PROMOÇÃO, DIREITOS HUMANOS, JUSTIÇA SOCIAL, DEFESA, REFUGIADO, DITADURA, REGIME MILITAR, APOIO, FORMAÇÃO, SINDICATO, LEITURA, MENSAGEM (MSG), AUTORIA, SACERDOTE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente do Senado, Senador José Sarney, Sr. Senador João Faustino, autor do requerimento desta sessão, Revmº Sr. Dom Lorenzo Baldisseri, Núncio Apostólico do Brasil, Sr. Dom Reitor De Araújo Sales, representante do Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, o Revmº Cardeal Dom Eugênio Sales, e Revmº Sr. Cardeal Dom José Freire Falcão, Arcebispo Emérito de Brasília, como também o Reitor da Unilegis, o Exmº Sr. Ministro Carlos Mathias, meus senhores e minhas senhoras, Srªs e Srs. Senadores.

            Esta sessão em homenagem aos 90 anos do Cardeal Dom Eugênio Sales cumpre um papel muito importante: destacar a figura de um cidadão, de um homem religioso que, na sua atividade diária como sacerdote e, naturalmente, um sacerdote que atuava também como homem público, demonstrou qualidades excepcionais, a coragem cívica, a solidariedade humana e o devotamento à Igreja, qualidades inerentes a um homem de responsabilidade, a um brasileiro que tem marcado sua passagem dando exemplos edificantes de como o cidadão deve se comportar na vida privada, na vida pública, no exercício de seu mister, de sua profissão.

            Para não ser repetitivo, muitos dos episódios aqui relatados neste discurso que fiz já foram evidenciados em discursos anteriores. Não o faço com o mesmo brilho dos oradores que me antecederam, mas cumprindo esse dever de um Senador que, seguindo os passos da vida desse homem religioso, não poderia deixar de me somar a quantos aqui estiveram nesta tribunal para enaltecer as qualidades do homenageado.

            A solidariedade humana, uma das marcas de Dom Eugênio Sales. Numa época em que a violência pontifica, numa época em que a ambição pelo lucro está entre as prioridades da pessoa humana, num ambiente em que as nações, não só as pessoas, procuram burlar as regras econômicas de uma boa convivência na obtenção de vantagens para os seus povos em detrimento de outros povos, principalmente os menos desenvolvidos, falar em solidariedade humana é, portanto, uma questão da mais alta importância, porque a figura de Dom Eugênio Sales representa tudo isto: solidariedade ao seu próximo, ao seu semelhante. Nos momentos mais difíceis é que nós conhecemos o que é um homem agir nesta direção, em defesa dos perseguidos, dos refugiados, no combate à violência dos regimes políticos e na defesa dos mais pobres, na formação dos sindicatos - os sindicatos rurais que antes eram tão perseguidos e cujas lideranças eram consideradas comunistas.

            Ele teve este papel gracioso, importante de, através das Comunidades Eclesiásticas de Base, dar fundamentos sociais e legais para a criação dos sindicatos rurais e também fomentar a educação como condição essencial básica para a formação do ser humano.

            Tudo isso ele fez não só no Rio Grande do Norte, onde começou a sua vida religiosa. Foi bispo aos 33 anos de idade e, aos 48, já era cardeal. Quer dizer, um homem que, pelo seu valor, pela sua condição de padre dedicado à Igreja e à sociedade, motivou o Papado a reconhecer as suas qualidade, o seu valor, as suas características humanas, que todos nós aqui estamos a enaltecer.

            No período compreendido entre 1976 a 1982, como aqui foi evidenciado, ele foi um grande defensor de refugiados políticos, não só do Brasil, mas também dos regimes militares latino-americanos. E, para isso, ele contou com o apoio da Cáritas brasileira e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados para financiar essa permanência, essa estadia, até conseguir asilo político a essas pessoas em países europeus.

            É importante dizer: sob a direção de Dom Eugênio Sales, todas essas obras foram articuladas com o prisma básico da Igreja que é de caráter nitidamente eclesial e não meramente sociológico ou outro.

            Portanto, creio que a melhor homenagem aos 90 anos de Dom Eugênio Sales é reconhecer que suas obras precisam sempre ser aplaudidas, apoiadas, renovadas, até para surgirem novas obras e novos afazeres ao povo de Deus, carente de evangelização nesse mundo marcado pela mercantilização da vida.

            E se a vida de Dom Eugênio é única, e por isso não pode ser repetida em si mesma, ela serve de paradigma para todos os crentes de Deus. É uma vida que induz um modelo de simplicidade e de prática de um dos maiores ensinamentos de Cristo: amai a Deus sobre todas as coisas e amai-vos uns aos outros.

A Carta Autógrafa do Papa Bento XVI deixa isso muito claro ao dizer:

            Soube gastar-se inteiramente por aqueles que Deus lhe havia confiado, num fecundo ministério vivido em profunda comunhão com o Sucessor de Pedro, sendo até hoje um referencial para toda a Igreja no Brasil, principalmente para as novas gerações de ministros ordenados.

            Por isso, encerro a minha homenagem usando as palavras do Monsenhor Paulo Heroncio proferidas na homilia da primeira missa de Dom Eugênio. Ele disse:

            Os sacerdotes são o prolongamento, a continuidade do sacerdócio do Cristo através dos tempos. (...) os sacerdotes seriam aquele novo traço de união, e, mais que isso, outros Cristos a sacrificar pela salvação do mundo. Pelo sacerdócio, o Cristo comunica-se aos homens, pelo sacrifico da missa e pelos sacramentos. É pelo sacerdote que o Salvador passa dos céus para as almas. Poderá haver maior grandeza do que a de ser sacerdote, do que se tornar participante do poder de Deus? A grandeza do sacerdote excede a grandeza dos anjos. Entre o anjo e o sacerdote, Deus escolhe este para levar o seu Filho às almas, para transmitir aos homens os segredos do seu amor.

            Portanto, meus amigos, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, minhas homenagens, em nome do Partido Socialista Brasileiro, ao sempre Cardeal Primaz do Brasil e, permita-me dizer, ao nosso Sacerdote Dom Eugênio Sales, que foi escolhido por benções de Deus e escolheu pelo seu livre arbítrio exceder a grandeza dos anjos, transmitir aos homens os segredos do amor de Deus: ser sacerdote.

            Era isso que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/11/2010 - Página 49241