Discurso durante a 158ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca dos dados que demonstram o superávit da balança comercial brasileira.

Autor
Francisco Dornelles (PP - Progressistas/RJ)
Nome completo: Francisco Oswaldo Neves Dornelles
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMERCIO EXTERIOR.:
  • Considerações acerca dos dados que demonstram o superávit da balança comercial brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 14/09/2011 - Página 37159
Assunto
Outros > COMERCIO EXTERIOR.
Indexação
  • ANALISE, BALANÇA COMERCIAL, PAIS, COMENTARIO, RESULTADO, NEGAÇÃO, EXPORTAÇÃO, PRODUTO SEMI-ELABORADO, PRODUTO INDUSTRIALIZADO, COMERCIO EXTERIOR.

            O SR. FRANCISCO DORNELLES (Bloco/PP - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a balança comercial continua a gerar superávits expressivos em 2011. No acumulado de janeiro a agosto deste ano, o saldo atingiu US$20 bilhões, quase o mesmo resultado para todo o ano de 2010.

            O superávit no relacionamento comercial do Brasil com o mundo foi produto de exportações da ordem de US$167 bilhões e importações de US$147 bilhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, portanto de agosto a janeiro, as exportações cresceram substanciais 31%, enquanto as importações aumentaram 27%. A corrente de comércio segue a mesma lógica e atingiu US$313 bilhões no período.

            A geração de receitas de exportações do Brasil tem se expandido de maneira uniforme quando se considera o destino dos produtos brasileiros. O País vende mais para todos os blocos comerciais relevantes. O destaque é a Ásia e em especial a China, que se tem mantido como o maior mercado estrangeiro para os produtos brasileiros.

            Do lado das importações, o mercado doméstico aquecido dos primeiros oito meses de 2011 tem garantido espaço para o aumento das compras de produtos estrangeiros, no rastro da dificuldade da indústria nacional de suprir de maneira satisfatória a defasagem entre consumo e produção nacional.

            Cabe aqui, ainda que de maneira rápida, chamar a atenção do Senado para dois fatos que reputo da maior importância para análise dos resultados da balança comercial do Brasil.

            Em primeiro lugar, o fato de que há uma preocupante concentração das receitas do comércio exterior na exportação de produtos primários. Cerca de 48% dos produtos brasileiros vendidos a outros países são itens como minério de ferro e soja. Essas receitas experimentaram crescimento de 42% se forem comparados os primeiros oito meses do ano passado com aqueles de 2011. No mesmo período, as receitas com as exportações de bens industrializados aumentaram apenas 23%.

            É evidente, nesse contexto, a perda de competitividade relativa da indústria nacional, em especial por conta de uma taxa cambial que lhe é francamente prejudicial e pela inércia do custo de se produzir e exportar a partir do Brasil, com destaque para a pesada e complexa tributação e os graves problemas de infraestrutura.

            O desempenho insatisfatório das exportações de produtos semimanufaturados e manufaturados repercute duramente no emprego industrial. De acordo com estudo da Fiesp, o Brasil teve saldo negativo de 180 mil empregos industriais apenas no primeiro semestre de 2011. O Brasil está exportando empregos manufatureiros.

            Eu menciono, em seguida, o fato de que o crescimento das receitas com exportações decorre, principalmente, do forte aumento do preço das commodities. Exportamos, portanto, pouco a mais em termos quantitativos mesmo dos produtos primários. Uma queda nos preços das commodities, historicamente voláteis e instáveis, pode, assim, ter sérias consequências para o comércio exterior e para a economia brasileira.

            Sr Presidente, o Brasil tem conseguido resultados expressivos em seu comércio exterior. Exportações e saldos comerciais em franco crescimento são a expressão do bom aproveitamento do momento em que estão combinados as manutenções da demanda internacional por commodities e de seus preços em níveis elevados.

            Há, entretanto, questões que merecem e exigem atenção, em especial o desempenho relativamente mais fraco das exportações de produtos industrializados, cujos produtores sofrem com problemas de competitividade até no mercado doméstico, infringindo perdas ao mercado de trabalho.

            Sr. Presidente, o Brasil não pode e não deve aceitar de forma passiva a queda da participação dos produtos industrializados na pauta das suas exportações.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/09/2011 - Página 37159