Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Importância do turismo para a economia globalizada.

Autor
Antonio Russo (PR - Partido Liberal/MS)
Nome completo: Antonio Russo Netto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO.:
  • Importância do turismo para a economia globalizada.
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2012 - Página 11403
Assunto
Outros > TURISMO.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, TURISMO, GLOBALIZAÇÃO, ECONOMIA INTERNACIONAL, DIVULGAÇÃO, PATRIMONIO TURISTICO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), NECESSIDADE, CRESCIMENTO, PARTICIPAÇÃO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), MELHORIA, CAPACIDADE, CONCORRENCIA, SETOR, BRASIL, AMBITO, MERCADO INTERNACIONAL.

            O SR. ANTONIO RUSSO (Bloco/PR - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Srª Presidente.

            Eu não poderia deixar de cumprimentá-lo pelos 30 anos e dizer do orgulho que a gente tem de ter um companheiro igual ao mestre Pedro Simon.

            Eu gostaria de falar, hoje, sobre a importância do turismo, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores.

            Atividades das mais variadas, como lazer, negócios, eventos culturais, desportivos e religiosos ou mesmo a visita a amigos e parentes, movimentam volumes espantosos de viajantes e de receitas. Portanto, não é preciso muito esforço para perceber a importância do setor de turismo na moderna economia globalizada.

            Segundo a Organização Mundial do Turismo, apenas em 2010, a receita cambial com o setor foi de quase um trilhão de dólares. Esse montante não considera as receitas advindas do turismo doméstico.

            Além disso, o impacto direto das atividades do turismo na economia representou aproximadamente 2,8% do PIB mundial, em 2011, de acordo com levantamento do Conselho Mundial de Viagens e Turismo.

            A mesma entidade estima as expectativas de crescimento médio do setor em torno de 4,2% ao ano, para um período de 10 anos, o que elevará a contribuição total do setor para a economia planetária à casa dos 2,9 bilhões de dólares, em 2021, traduzindo uma variação acumulada de 55% ao longo desta década.

            Não há dúvida, portanto, acerca da crescente influência do turismo nas economias dos países e nem do seu destacado papel na integração das diversas culturas nacionais mundo afora.

            No Brasil, a representatividade do setor no nosso PIB é ainda maior que a média mundial. Suas dimensões, equivalente a aproximadamente 3,3% do Produto Interno Bruto, apresentam nítido viés de crescimento, a despeito de algumas repercussões da crise internacional que chegaram a impactar o desempenho nacional.

            Da mesma forma que no resto do mundo, o turismo brasileiro é um grande gerador de empregos, sendo responsável, neste momento, por cerca de 2,8 milhões de empregos diretos contabilizados no Brasil e por mais um sem-número de colocações laborais nas cadeias produtivas que apoiam indiretamente o setor turístico.

            Todavia, esse panorama aparentemente positivo não nos deve enganar. Sem enérgicas medidas adicionais de estímulo, o setor turístico brasileiro não ocupará lugar à altura do potencial de atratividade que efetivamente tem o País.

            De fato, ao compararmos o desempenho nacional com o de outros países, alguns deles muito menores e muito menos bem aquinhoados em termos de capacidade de atrair turistas, obtemos um resultado que se revela até mesmo decepcionante.

            Inicialmente, temos que o posicionamento no ranking mundial de atratividade de visitantes estrangeiros é surpreendentemente modesto, sendo que a participação nacional no volume total do turismo internacional mal supera a casa de 0,5%. Isso é ainda mais lamentável - repito - quando observamos que, em países bem menores e com potencial menor que o nosso, apresentam números superiores. Exemplos disso são a Turquia, a Malásia e a Ucrânia, cuja participação no mercado mundial é de 2,9%, 2,7% e 2,4% respectivamente.

            É preciso, portanto, diagnosticar com precisão os problemas de competitividade que mais, e mais negativamente, impactam a atratividade turística brasileira e encaminhar políticas setoriais capazes de solucioná-los e aproximar, ao menos em parte, o Brasil turístico real do Brasil turístico potencial que queremos alcançar.

            É preciso, sobretudo, investir mais na profissionalização do setor, avaliar os diferenciais competitivos e as práticas correntes nos grandes destinos mundiais e entender a lógica do seu sucesso, o que permitiria incorporar à infraestrutura brasileira tudo que fosse considerado útil e adequado à nossa realidade.

            Um dado positivo, no quadro geral, é o fato de que os gastos dos turistas estrangeiros vêm crescendo no Brasil, tendo apresentado montante de 14,4% maior, em 2011, em relação ao ano anterior. Outra boa notícia é a de que o Rio de Janeiro tornou-se a cidade líder em destino turístico no Hemisfério Sul.

            Sim, é verdade que Brasil tem avançado, mas creio que não o suficiente. Somente em 2009, o País veio a ocupar a primeira posição entre os destinos turísticos da América do Sul. Essa vantagem, porém, ainda não é proporcional à dimensão econômica brasileira e, muito menos, ao potencial de atratividade turística do Brasil.

            Também é fundamental corrigir fatores que tornam os destinos turísticos no exterior mais atrativos aos turistas brasileiros que a maioria dos destinos domésticos. Esse aspecto, aliás, é um dos que mais vêm comprometendo a balança comercial do turismo brasileiro. Em 2010, por exemplo, o saldo cambial líquido alcançou déficit de mais de US$10 bilhões. A despesa com a saída de turistas brasileiros cresceu espantosos 51% em relação ao exercício anterior.

            Segundo o Banco Central, os gastos dos turistas brasileiros lá fora bateram recorde no primeiro bimestre deste ano, somando US$3,7 bilhões, ante US$3,1 bilhões em igual período de 2011. Só em fevereiro, os brasileiros gastaram 31% a mais em relação ao mesmo mês do ano passado.

            Grande parte dessa perda de competitividade certamente se deve à grande apreciação do câmbio - situação que, aliás, demanda urgente correção, em virtude dos prejuízos que o atual nível de preço do real vem trazendo a toda a economia. Mas certamente não é o câmbio um fator único, isolado.

            É também necessário aproveitar de modo mais completo a grande oportunidade que o País terá com a notável sequência de eventos prevista para os próximos anos: a Copa das Confederações da Fifa, em 2013; a Copa do Mundo de 2014; e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Esse conjunto de eventos traduz, em verdade, uma grande chance que o País tem de avançar no mercado do turismo internacional.

            Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é fato que o setor nacional do turismo tem avançado. No entanto, a riqueza turística brasileira está longe de ser bem explorada. Por exemplo: o turismo ecológico tem vastas oportunidades inaproveitadas. Acredito que deveria haver mais incentivos ao turismo na região Amazônica e do Pantanal, por exemplo.

            O meu Estado, o Mato Grosso do Sul, tem inúmeras alternativas belíssimas, sem contar o turismo cultural, histórico, de negócios e serviços. Aliás, quando se fala em Mato Grosso do Sul, as imagens que vêm à mente são das araras azuis, das capivaras, onças-pintadas, tucanos, das inúmeras espécies de peixes, enfim da nossa fauna e flora esplendorosas. Não é por acaso que o Pantanal é considerado pela Unesco Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.

            Na capital, Campo Grande, o Governo do Estado está com o belíssimo projeto do Aquário do Pantanal, no Parque das Nações Indígenas. Será o maior aquário de água doce do mundo, com 6,6 milhões de litros de água, 263 espécies e sete mil animais.

            O Governador André Puccinelli tem tomado inúmeras iniciativas para divulgar o turismo do nosso Estado. Um exemplo é a participação dele na mostra de turismo denominada "Mato Grosso do Sul, o turismo nas suas cores e sabores", nesta segunda-feira, hoje, no Rio de Janeiro. O evento apresenta os principais destinos, a cultura e a gastronomia do nosso Estado ao resto do País e ainda será uma excelente oportunidade de negócios para os empresários do setor. Hoje, Mato Grosso do Sul destaca-se como um dos principais destinos de ecoturismo e do turismo de aventura do País.

            Também fiquei muito satisfeito ao tomar conhecimento de que o Mato Grosso do Sul será beneficiado com mais recursos da Linha de Financiamento de Desenvolvimento do Turismo Regional, provenientes do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).

            Vejo, com esperança, iniciativas para impulsionar o turismo. No entanto, em todo o Brasil, ainda existem carências e talvez falta de visão para encarar o setor como prioritário para o nosso avanço social e econômico.

            Alternativas não faltam. Temos o turismo de negócios, cujo volume cresceu cerca de 30% em São Paulo, no ano passado, mas carece de apoios fundamentais na área de infraestrutura. Temos também o turismo de veraneio, preponderante ao longo da imensa costa brasileira. Temos o turismo cultural, que tem pontos altos, entre outros, no carnaval, em praticamente todos os Estados da Federação; nas festividades do Boi, no Amazonas; e no São João, principalmente no Nordeste do Brasil. Há também destinos muito importantes para o turismo religioso, representado nos grandes centros de peregrinação religiosa, cujo maior exemplo é Aparecida do Norte, em São Paulo, bem como em Juazeiro do Norte, na Amazônia, em Belém do Pará e em Macapá, por ocasião da festa do Círio de Nazaré. E, por fim, outros focos absolutamente relegados, como é o caso do turismo cívico e institucional, cujo caso mais evidente me parece ser propriamente Brasília.

            Finalizo minha reflexão, Srª Presidente, certo de que podemos fazer um esforço maior do que o atualmente despendido da fundamentação, da qualidade e da competitividade do turismo brasileiro. Reconheço os avanços, é certo, mas entendo justo registrar que podemos e devemos fazer muito mais em prol deste que é não somente um dos setores econômicos que mais crescem em todo o mundo, neste terceiro milênio, mas um dos que efetivamente mais cria emprego, gera renda e distribui oportunidades.

            Muito obrigado pela atenção.

            Era o que tinha a dizer, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2012 - Página 11403