Discurso durante a 63ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação de apoio à nova reitora da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Profª. Maria Berenice Tourinho.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO SUPERIOR, ESTADO DE RONDONIA (RO).:
  • Manifestação de apoio à nova reitora da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Profª. Maria Berenice Tourinho.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2012 - Página 13549
Assunto
Outros > ENSINO SUPERIOR, ESTADO DE RONDONIA (RO).
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, APOIO, REITOR, FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA (UNIR), DEFESA, AMPLIAÇÃO, CAMPUS UNIVERSITARIO, CRIAÇÃO, CURSO DE GRADUAÇÃO, CRITICA, INTERFERENCIA, PARTIDO POLITICO, GESTÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL, ESTADO DE RONDONIA (RO).

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com satisfação que, nesta quinta-feira, ocupo mais uma vez a tribuna nesta Casa.

            É com alegria também que quero aqui deixar o meu abraço, cumprimentar nossos irmãos rondonienses, que acompanham, pela TV Senado e pela Rádio Nacional Brasília, os trabalhos em que esta Casa, no dia a dia, cumpre o seu papel constitucional.

            Estivemos, ontem, reunidos com o Ministro da Educação, juntamente com os demais membros da Bancada de nosso Estado de Rondônia, para levar ao Ministro a nova reitora da Universidade Federal de Rondônia, conforme decreto assinado e publicado hoje pela Presidente Dilma. Selecionada em uma lista tríplice, a Profª Maria Berenice Tourinho ocupará a reitoria da Unir. Quero também aqui parabenizar o trabalho da Vice-Reitora, Profª Maria Cristina Vitorino França, da grande região da Pérola do Mamoré, de Guajará-Mirim. Aproveito, então, para dar meu abraço ao ex-Deputado Estadual, ex-Secretário de Estado, Miguel Sena, que sempre nos tem representado naquela região.

            Ao mesmo tempo, essa publicação no Diário Oficial, Sr. Presidente, vem ao encontro das reivindicações dos acadêmicos de nosso Estado. O campus universitário no Estado de Rondônia viveu, infelizmente, os últimos anos, os últimos meses de tristeza. Eu fui Prefeito da cidade de Rolim de Moura e a Unir só funcionava lá porque nós colocávamos, desde agente administrativo e professores... Naquela época não tinha sequer material de expediente no dia a dia.

            Nós conseguimos levar para o campus de Rolim de Moura o novo curso de Agronomia na antiga Escola Técnica no km 14, na linha 184. Infelizmente, esse nosso campus universitário na capital da zona da mata, na minha região, se encontra totalmente abandonado. O curso de Agronomia mais anda na garra e determinação de nossos professores e acadêmicos.

            Mas não é só o campus de Rolim de Moura que está estraçalhado, também o campus de Guajará-Mirim, o campus de Porto Velho, o campus de Ariquemes, de Ji-Paraná, de Vilhena e de tantos outros locais. Faltam profissionais de áreas específicas. Mas não é só isso, falta também gestão à frente da nossa Universidade Federal de Rondônia.

            Nós temos na Unir o curso de Medicina, que foi premiado como um dos melhores do Brasil, um trabalho conjunto que só permanece porque quando fui governador do Estado de Rondônia, Sr. Presidente, construímos um anexo para que fosse atendida à demanda de laboratório, a estrutura mínima necessária desse curso tão importante para a região amazônica, quando estão faltando médicos nos quatro cantos do Estado e do País.

            Foi necessário que os alunos, que os nossos acadêmicos fossem às ruas, fossem às universidades, aos campi universitários por vários dias, por vários meses, paralisando todas as atividades para que pudéssemos passar a limpo a Unir, em Rondônia, tirar o emblema político de uma instituição pública como política partidária, como se fosse a instituição de um partido ou dos mesmos candidatos que sempre são candidatos, tirando proveito próprio.

            Eu dizia ontem à nova reitora, Berenice Tourinho, que ela tinha o apoio deste Senador, mas que a primeira coisa que se precisava fazer era não partidarizar a universidade. Precisamos de união, precisamos de integração, precisamos de unidade para levar recursos e ajudar o campus. Os campi universitários, não só de Rondônia, mas do Brasil, não podem ser um palanque de políticos frouxos, de oportunistas, simplesmente para se locupletar com o que na verdade vem atender a toda a nossa demanda, especialmente daquelas pessoas que não têm condições de pagar uma faculdade particular.

            Quando se utiliza com fins eleitoreiros ou financeiros, como aconteceu, os prejudicados são os nossos filhos, é a nossa sociedade. Foi isso o que aconteceu com o nosso campus em Rondônia.

            Quero parabenizar a nossa reitora, que, com muita humildade, falou de forma clara para o Ministro da Educação e para os diretores do MEC de todas as áreas que estavam presentes:

Ministro, estou assumindo este cargo, mas não admitirei que partido político esteja na frente da gestão. O partido político é importante, é fundamental para que possamos ocupar um cargo público. Daí para frente, nós precisamos de pessoas comprometidas com a causa pública. E eu não vou aceitar que façam e que deem continuidade ao que já existiu dentro do campus universitário de Rondônia.

            Existia, dentro do campus universitário de Rondônia, o padrinho, existia a madrinha. Existia, num contexto geral, até nas obras, onde há dinheiro público, a exemplo de um hotel educacional, na extensão no Município de Nova Mámore, às margens do rio Madeira. Há seis anos começaram aquela obra, não a inauguraram, ela não está sendo utilizada, e, até agora, não vi ninguém ser responsabilizado por isso. Mas políticos tiveram a cara de pau de visitar a Pérola do Mamoré, Guajará-Mirim e Nova Mamoré e disseram que o culpado era o Governador Ivo Cassol, hoje Senador Ivo Cassol.

            Apesar bandalheira que essas pessoas fizeram, pela sem-vergonhice que armaram, pela incompetência na gestão, ainda têm cara de pau de querer colocar a culpa em quem não tinha a gestão dos recursos federais nem a gestão da contratação.

            Quero deixar bem claro à população de Nova Mamoré e de Guajará-Mirim que, infelizmente, foi a gestão passada da Unir, com políticos que jamais se preocuparam com uma educação à altura, mas que só queriam tirar vantagens pessoais.

            Os nossos campi universitários, infelizmente, estão capengas, estão quebrados, estão arrebentados, infelizmente. Precisou que os nossos acadêmicos fizessem uma paralisação não só na capital, mas em todo o Estado de Rondônia.

            Precisou baterem na mesa para que as autoridades, aqui em Brasília, pudessem ouvir. Mesmo assim, tentaram colocar goela abaixo, a exemplo da cidade de Rolim de Moura. Não tinha dinheiro para recuperar a estrutura do curso de Agronomia, a estrutura física, reforma e pintura, mas tinha praticamente R$10 milhões para comprar um terreno sem necessidade. Em vez de comprar um lote - e falo de lote de 30, 40 ou 50 hectares -, deveriam aproveitar aquilo que já tinham, estruturando melhor ainda.

            Eu não sou contra que se amplie, eu sou a favor, mas se hoje a Unir não tem condições de melhorar a sua estrutura, não adianta ficar pensando em comprar um pedaço de terra maior ainda.

            É importante pensar grande, mas também não precisamos comprar um terreno dentro da cidade, com custo de, no mínimo, cem vezes mais caro. Podemos, simplesmente, adquirir próximo da cidade, porque as cidades estão crescendo, especialmente a cidade de Rolim de Moura, que está virando um polo universitário, assim como Cacoal, Vilhena e Ji-Paraná, mas não podemos admitir uma gestão incompetente, irresponsável, que levou a nossa Universidade Federal de Rondônia a patamares inaceitáveis, a uma situação que jamais um pai que tem um filho fazendo um curso poderia admitir, de humilhação.

            As autoridades, infelizmente, demoraram a agir, mas a força e a garra dos nossos acadêmicos colocaram o grito de guerra para fora e, aí, conseguimos ter a renúncia do reitor da época, a intervenção pela vice-reitora, Profª Maria Cristina, que conduziu o processo de eleição. Agora, nós esperamos a gestão.

            Diziam alguns parlamentares de Rondônia, ontem, para o Ministro, que nos próximos dias voltaria a nossa nova reitora, Berenice Tourinho, para, juntamente com sua equipe, levantar os problemas que existem. 

            Eu dizia ao Ministro: isso tem de ser agora. Vamos aproveitar a oportunidade, no momento em que uma reitora sai e a outra entra, para levantar todos os problemas existentes para que a gente possa eliminá-los um por um e termos a ampliação dos cursos. Não só o de Letras, como existe hoje. Nós precisamos de mais cursos. Em Presidente Médici, há um curso novo de Engenharia da Pesca. É pouco pelo tamanho do nosso Estado. Nós precisamos também na Unir de um curso de Veterinária, um curso de Engenharia Civil. Precisamos também, na Unir, Sr. Presidente, de mais um curso de Medicina no interior do Estado de Rondônia, porque faltam médicos nos quatro cantos.

            É importante lembrar ao MEC que, para novos cursos de Medicina, não pode haver empecilhos. Eu acompanhei, no ano retrasado e no ano passado, tínhamos que vir aqui com pires na mão para pedir que autorizassem novos cursos, como se o Brasil estivesse estagnado, estivesse parado. O que hoje temos de sobra no País - todo mundo sabe - são pessoas formadas em Direito, bacharéis em Direito, com carteira da OAB, mas todos sabem que há falta de engenheiros civis, de médicos, de especialistas.

            Vemos constantemente escândalos em todo lugar. Hoje os profissionais na área de Medicina estão sendo buscados nos quatro cantos para atenderem à demanda do País. Parece que os prefeitos estão numa guerra constante para ver quem paga mais. Virou um leilão. Aí vem contra a legislação e contra a determinação do Tribunal de Contas da União, do Tribunal de Contas do Estado e contra a legislação federal, porque há limite para contratação e pagamento.

            Nós só temos um caminho para diminuir essa diferença: novos cursos. Nós precisamos, urgentemente, fazer da nossa Pérola do Mamoré...

            O grande amigo Miguel Sena, esse grande guerreiro filho da terra, às margens do rio Mamoré, foi para Rolim de Moura para me ajudar na gestão, na administração municipal, assumindo, depois, a Secretaria de Saúde do Estado de Rondônia. Na gestão de Rolim de Moura, foi o 22º melhor Secretário de Saúde do País.

            Miguel Sena e Canduri, a nossa Pérola do Mamoré, hoje, infelizmente, é considerada como a pedra do Mamoré. Mas é a Pérola do Mamoré. É uma cidade em que há 95% de área preservada, mas, infelizmente, não há uma legislação em âmbito nacional - a legislação existe em âmbito estadual - que faça com que se contribua com a ajuda de ICMS. São 95% de preservação, mas temos como ampliar um centro acadêmico em Guajará-Mirim e fazer um polo universitário, pela grandeza que a cidade tem.

            Lá há a cultura dos povos ribeirinhos. A exemplo da Festa do Boi da cidade de Parintins, no Amazonas, há também uma festa do boi em Guajará-Mirim. Em Guajará-Mirim, não é diferente, pois ali há a Festa dos Bois há mais de 50 anos. É uma festa extraordinária! Há uma só diferença: enquanto Parintins tem dinheiro, Guajará-Mirim não o tem.

            Pelas belezas naturais, pela garra do seu povo e, ao mesmo tempo, pela capacidade de cuidar e preservar a nossa biodiversidade, precisamos dar algo especial para o povo daquela região.

            Temos de criar, na verdade, um grande polo universitário. Por que não haver em Guajará-Mirim, que faz divisa com Guayaramerin, na Bolívia, o curso de Medicina também? Mas para quê? Para formar mais profissionais. Mas como vamos fazer isso se a saúde de Guajará-Mirim está capenga? A partir do momento em que o Governo Federal e o Ministério da Educação fazem essa integração, há as condições, sim, de, na nossa Unir, em Guajará-Mirim, haver não só o curso de Medicina, como também o curso de Engenharia - Engenharia Química, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica - e cursos em várias áreas. Com isso, os filhos dos nossos produtores, os filhos das pessoas humildes e simples poderão se deslocar do seu Município e viver no campus universitário, numa cidade extraordinária e bela, com potencial rico. Poderão atuar, inclusive, em outras áreas, como na do turismo ecológico e na da ciência e tecnologia. Muitos outros cursos, Sr. Presidente, podem ser aproveitados.

            Portanto, nessa nova gestão, à nossa nova reitora, Berenice Tourinho, desejo sucesso! Mas, ao mesmo tempo em que desejo sucesso...

(Interrupção do som.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Peço-lhe que me conceda mais cinco minutos, Sr. Presidente.

            Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, em que desejo sucesso à nossa mais nova reitora, quero dizer que gostei do arrojo e da humildade da nova reitora. Gostei da franqueza com que a Prof. Maria Berenice Tourinho falou ao nosso Ministro Mercadante. Ela foi verdadeira quando disse que a intervenção política e o partidarismo dentro do campus universitário só inviabilizaram e atrapalharam as gestões passadas e que ela quer fazer uma gestão democrática e participativa, juntamente com os oito Deputados Federais, com os três Senadores, com os 24 Deputados Estaduais e também com os 52 Prefeitos do Estado de Rondônia. É importante para o novo gestor, que assume um cargo dessa envergadura, esse respaldo, que, com certeza, é fundamental para o sucesso.

            Não estamos aqui discutindo em que palanque vamos estar, não estamos aqui discutindo a que partido pertencemos, primeiro, Sr. Presidente, porque há gente boa em tudo que é partido, mas também há nó cego, carne de pescoço, mau pagador em tudo que é partido. O que precisamos é separar o joio do trigo.

            V. Exª, Sr. Presidente Wellington Dias, que já foi Governador, por dois mandatos, de um Estado do Nordeste, o Piauí, e que fez uma grande administração, sabe da importância e da grandeza que têm nossas instituições: se nossas instituições vão bem, com certeza o povo vai bem; se nossas instituições vão mal, o povo vai mal. Jamais podemos querer crescer em cima da desgraça alheia, mas temos de pegar esses erros cometidos como exemplos, para que eles não se repitam mais.

            Quando faço a defesa da população, quando faço a defesa dos acadêmicos, quando faço a defesa dos servidores públicos, eu o faço em termos gerais. Há alguns políticos que gostam de tapar o sol com a peneira, há alguns políticos que gostam de vender ilusões e que, infelizmente, entregam pesadelos. Eu não sirvo para isso. Sou muito franco, sempre digo que, “lavando cabeça de burro, a gente perde água e sabão”. Não perco tampo, não! É melhor uma verdade amarga, porque, com certeza, essa verdade amarga é como remédio para o fígado: quanto mais amargo ele é, mais efeito ele produz.

            E, na vida pública, não é diferente. O povo já está enjoado de político que só bate nas costas, toma cafezinho e engana o dia inteiro. O povo quer, na verdade, políticos que trabalham, políticos determinados e arrojados. É claro que não podemos generalizar, porque há muitos políticos sérios, muitos políticos bons. Mas, infelizmente, há muitos políticos que são bons para bater papo, para contar casos e para tomar café, mas que, na hora dos resultados, infelizmente, deixam a desejar.

            Mas o povo acredita! Cito como exemplo o Estado de Rondônia, em que o povo acreditou na nova Rondônia. Agora, alguns estão reclamando, dizem que está ruim, que não está bom, que está tudo errado, que a saúde foi para o buraco. Quem acreditou agora aguenta! Não há jeito! O mandato é de quatro anos! Mas denuncie, responsabilize o mau gestor, não compactue, sob pena de amanhã você pagar com seu próprio salário!

            Conclamo a população do Estado de Rondônia a continuar firme, forte, com propósito, num só rumo: Rondônia em primeiro lugar.

            Agradeço a cada um dos nossos telespectadores, aos nossos Senadores e às pessoas que nos acompanham pela TV ou pelo rádio. E peço que continuem orando pelas autoridades, pelo nosso Presidente José Sarney, que passou por uma cirurgia nesta semana; pelo nosso Governador; pela nossa Presidente e pelos Senadores e Deputados, para que Deus possa nos abençoar e nos iluminar e sempre colocar em nossos trabalhos, em nossos caminhos, o bom propósito para todos.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2012 - Página 13549