Discurso durante a 199ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise dos resultados das eleições municipais deste ano.

Autor
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Aloysio Nunes Ferreira Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Análise dos resultados das eleições municipais deste ano.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/2012 - Página 56778
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, REFERENCIA, RESULTADO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, ENFASE, MUNICIPIO, SÃO PAULO (SP).

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, jamais seremos capazes - nós que somos militantes políticos - de formular uma apreciação absolutamente isenta dos fenômenos políticos que afetam a nossa vida mais próxima, os fenômenos do imediato, porque estamos implicados nele, obviamente; assim como muitos chamados cientistas políticos trazem, para as suas análises, o viés das suas paixões partidárias, dos seus interesses. Por isso é que, depois de uma eleição como a que vivemos, dificilmente haveria oradores de diferentes partidos, capazes de produzir uma mesma análise do fenômeno que vivemos ontem. Eu, também, saindo das eleições, embora um pouco empoeirado, com algumas cicatrizes, venho à tribuna, na esteira do discurso do Senador Rollemberg, para fazer uma apreciação, claro, parcial do resultado das eleições.

            Apesar da diversidade dos pontos de vista com que as eleições municipais podem ser encaradas, é óbvio que algo salta aos olhos de todos e merece unanimidade: que é a vitalidade da democracia brasileira expressa nas eleições municipais que acabamos de viver. Eleições envolvendo um contingente imenso de eleitores, mais de 130 milhões de eleitores compareceram às urnas ou alguns se abstiveram - e abstenção tem, também significado político -, mas, de alguma forma, participaram do processo eleitoral, de forma absolutamente tranquila, sem nenhum incidente, sem nenhum tipo de contestação sobre a limpeza dos resultados, depois de campanha em que os pontos de vista se expressaram com a mais absoluta autonomia e que revelou, no seu resultado, o pluralismo fecundo do atual panorama político do nosso País. Claro que um determinado partido pode dizer: nós somos os ganhadores - de um determinado ponto de vista, do número de eleitores, por exemplo, que vivem nas cidades em que foram eleitos prefeitos daquela sigla. Mas seria desconhecer, numa análise feita sob essa ótica, que, nas cidades governadas pelo Partido A, existe um contingente enorme de eleitores do Partido B, do Partido C, do Partido D...

            Em São Paulo, por exemplo, o nosso candidato do PSDB, José Serra, teve 32% dos votos no primeiro turno, e, no segundo turno, que deu a vitória ao candidato do PT, 44% dos votos. Não seria, portanto, correto dizer que o PT dirige, expressa, melhor dizendo, a opinião de todos os habitantes, moradores, eleitores, cidadãos da cidade de São Paulo.

            Esse pluralismo político se torna evidente quando vemos o desempenho, por exemplo, do Partido Socialista Brasileiro, ainda há pouco ressaltado pelo Senador Rollemberg. Mas não se pode esquecer que, das conquistas brilhantes do PSB nas últimas eleições, houve participação muito grande de outros partidos. Aliás, esse fato não foi omitido pelo Senador Rollemberg no seu belo discurso.

            No meu Estado de São Paulo, por exemplo, na minha cidade natal, São José do Rio Preto, o prefeito é do PSB e a vice-prefeita é do PSDB; o mesmo ocorre em Marília, o mesmo acontece em Campinas, quando foi eleito o Deputado Jonas Donizette, pelo PSB, com o vice-prefeito, Henrique Magalhães Teixeira, do PSDB. Ganhamos juntos em Belo Horizonte; perdemos juntos em Curitiba.

            O PDT teve duas belas vitórias em capitais importantes: Curitiba e Porto Alegre. Mesmo o recém-nascido PSD, tendo elegido um número grande - mais de 400 prefeitos -, elegeu um prefeito de uma capital importante: Florianópolis.

            Eu gostaria de ressaltar também um fato, que me parece evidente, que é uma mudança da cor política na maioria dos Estados do Norte e do Nordeste do Brasil. O PSDB elegeu o Senador Arthur Virgílio, do nosso partido, prefeito de Manaus. No Pará, eleito em Belém o Deputado Zenaldo Coutinho, do PSDB. Em Teresina, eleito o nosso companheiro do PSDB Firmino Filho.

            Um fato interessante, Srs. Senadores, é que em três capitais do Nordeste que são centros irradiadores da cultura política, da formação de opinião, centros dinâmicos do Nordeste, que eram governadas pelo PT, o PT foi derrotado. Foi derrotado em Fortaleza, no Recife, lugares que o PT dominava, controlava, de onde se irradiava uma enorme influência, e também em Salvador, pelo jovem Deputado ACM Neto. No primeiro turno, ganhou o democrata João Alves, em Aracaju; no primeiro turno, ganhou Rui Palmeira do PSDB em Maceió.

            Vejam, houve uma mudança efetiva na coloração política dos principais Estados do Norte e do Nordeste brasileiros que antes eram considerados zona exclusiva do PT. Em alguns desses Estados houve uma influência direta, uma intervenção brutal, eu diria, do ex-presidente Lula, que não tem limites. O Lula perdeu a noção dos limites, completamente.

            Em Salvador, houve agressão pessoal da Presidente Dilma Rousseff contra o candidato do Democratas. A Presidente Dilma, desconhecendo todas as exigências de recato e de sobriedade inerentes a sua função de Presidente da República, foi participar de um comício em Salvador, onde agrediu pessoalmente o candidato, vitorioso, ACM Neto.

            Apesar disso tudo, as eleições não foram favoráveis ao PT nesses lugares.

            Em São Paulo, o meu partido teve uma derrota, para mim dolorosa, a derrota do ex-governador José Serra, a partir da vitória do candidato Fernando Haddad - a quem eu desejo muito sucesso na gestão da prefeitura de São Paulo, e, já dizendo, que a principal contribuição que o PSDB poderá dar ao sucesso dessa gestão será uma fiscalização rigorosa, cotidiana e intransigente dos seus atos e da cobrança cotidiana de suas promessas.

            Em São Paulo uma das principais figuras do meu partido perdeu as eleições, José Serra. A partir do resultado das eleições, especula-se sobre o novo, e seu poder miraculoso nas eleições. Eu tenho minhas dúvidas sobre esse poder miraculoso do novo nas eleições - fosse assim, Arthur Virgílio não teria sido eleito Prefeito de Manaus; Arthur Virgílio é um velho combatente da democracia, um velho lutador da política, já tinha sido Prefeito em Manaus, Senador. Muitos daqueles que hoje falam “Ah, o novo” imploraram para o José Serra ser candidato a Prefeito de São Paulo, pediram, insistiram para que ele fosse candidato.

            Na verdade, na minha visão, o principal fator da derrota do nosso candidato à prefeitura foi o fato de terem transitado em julgado na consciência do eleitor paulistano duas mentiras: a de que o Serra abandonou a cidade de São Paulo, mentira essa que subentende outra, a de que a cidade está abandonada. São duas mentiras.

            Não, José Serra não abandonou a cidade de São Paulo. Serra foi eleito governador do Estado, depois de ter se desincompatibilizado, e trabalhou no governo do Estado com um denodo como não há precedente na história político-administrativa do nosso Estado de empenho de um governo para realizar obras, implantar serviços, trazer ao morador da cidade de São Paulo a contribuição do Governo do Estado, na área da segurança, do saneamento básico, da habitação, da educação, da saúde, do transporte. O Serra cuidou da região metropolitana e da capital de São Paulo com constância, durante todo o seu mandato de Governador. E o Prefeito Gilberto Kassab, que o foi o seu sucessor, quando ele se desincompatibilizou, terminou a gestão muito bem avaliado, a tal ponto que derrotou, na sua reeleição, a candidata do PT, a nossa colega Marta Suplicy, que, inegavelmente, é uma pessoa que tem prestígio pessoal grande na nossa cidade de São Paulo - no entanto, Gilberto Kassab teve 61% dos votos contra Marta. Alias, foi a segunda derrota consecutiva que impusemos a ela na cidade de São Paulo.

            A gestão do Prefeito Kassab, se a compararmos com as gestões anteriores do PT - pois houve duas, ambas reprovadas pelo eleitorado ao seu termino, com Luiza Erundina e Marta Suplicy -, em todos os itens, saúde, educação, transporte, em todos os itens, a gestão do Prefeito Kassab, em dados objetivos, se revela superior. O que houve, na verdade, foi falta de luta política, falta de luta política, de presença política - e aí faço uma autocrítica do meu partido -, falta de presença política constante na cidade, como exercemos durante o mandato da Prefeita Marta Suplicy, na luta da oposição. Não relaxamos um segundo sequer, na oposição à Prefeita Marta Suplicy, apontando, denunciando, chamando atenção, propondo, coisa que não fizemos depois.

            Se verificarmos alguns bairros da cidade de São Paulo, onde colhemos os nossos piores resultados eleitorais, foi exatamente nos bairros onde o Governo do PSD, o Governo Kassab, atuou com mais intensidade, com mais eficiência e com mais qualidade. Por que o resultado eleitoral adverso? Porque a ação administrativa não foi acompanhada da luta política; do esclarecimento das consciências; da articulação com a base da sociedade; com a presença cotidiana do partido, nas associações, nos movimentos sociais; com o distanciamento da população; com a burocratização da estrutura partidária.

            Eis aí dois fatores que, no meu entender, explicam o insucesso da Candidatura Serra. Sem subestimar o valor do nosso adversário e sem subestimar, tampouco, o movimento do ex-presidente Lula,

            Que se revelou profundamente desastrado, como por exemplo, no Recife, mas que se revelou exitoso e clarividente em São Paulo, pois afastou duas figuras que haviam tentado já varias a supremacia nas eleições em São Paulo sem ter conseguido sucesso, promovendo, portanto, o alijamento das figuras de Marta Suplicy e de Aloysio Mercadante nas próximas eleições majoritárias.

            Isso não quer dizer que Marta Suplicy ou de Aloysio Mercadante não devam continuar exercendo uma influência no PT, uma influência na política paulistana, muito menos José Serra. José Serra perdeu as eleições na política de São Paulo, mas é inegavelmente uma das grandes figuras políticas do nosso País.

            Lembro-me de José Serra quando eu o vi, uma vez, em 1963, em um palanque na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, ele como Presidente da UNE, ao lado de figuras como João Goulart, como Miguel Arraes, com Leonel Brizolla, Almino Afonso, Francisco Julião, discursando em apoio às reformas de base.

            Este é o Serra cuja luta histórica, se traduziu também em uma ação profícua na construção da democracia do nosso País.

            Eu não sei o que José Serra fará no futuro, mas obviamente a política nacional e muito menos o PSDB pode prescindir da presença da atuação de José Serra.

            Gostaria também, Sr. Presidente, de apontar outro sinal que merece destaque no panorama das últimas eleições, é que os aliados do PT, cada vez mais demonstram na luta cotidiana certo incomodo com a visão hegemonista - se posso em usar esse termo do Partido dos Trabalhadores -, em relação aos seus aliados. O PSB é o primeiro a manifestar esse incomodo e manifesta muito estridentemente com todas as ressalvas que as cautelas que a convivência da base do Governo atual recomenda. O PSB, assim como o PDT do Senador Cristovam Buarque, sendo Partidos da Base do Governo, não tem, na sua cultura política, algo que, no meu entender, é uma marca profundamente negativa e preocupante para o PT e que é o responsável, aliás, por essa convivência difícil com seus aliados; que é o espírito de facção, que é o excesso de patriotismo partidário, para usar outra expressão, que é a idéia de que o Partido está acima de tudo, de que interesse do Partido, interesse do Estado e do Governo são a mesma coisa. E que no fundo, os fins justificam os meios.

            Essa visão hegemonista, que levou à ocorrência de fatos que deslustram o Partido, refiro-me ao Mensalão, que seguramente causa constrangimento a figuras honradas, como V. Exª, Senador Aníbal Diniz, mas que não foi objeto do menor esboço, ainda que balbuciante, de autocrítica.

            Esse tipo de atitude diante da política, da vida pública, é que me traz preocupação.

(Interrupção do som.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Sr. Presidente, eu não tenho nenhum tipo de hostilidade em relação ao Partido de V. Exª, mas eu penso que o PT tem, em relação aos seus adversários, a idéia de que vivem em guerra permanente, em guerra de extermínio, isso transmite para as bases do Partido. Quantas vezes eu não vi, durante a campanha, caminhadas para na cidade de São Paulo, quando o nosso candidato foi insultado por militantes do PT.

            Ainda ontem, domingo, o PT organizou uma tropa de choque para tentar intimidar, constranger, agredir o candidato dos Democratas, ACM Neto, no Colégio Eleitoral, em que ele foi exercer o seu direito de voto.

            Isso é uma coisa preocupante! Já na eleição presidencial, o candidato à presidência da República do PSDB, José Serra, fazia uma caminhada pela cidade do Rio de Janeiro quando foi abordado por uma tropa de choque, arregimentada pelo PT, que atirou um objeto sobre a cabeça dele. Pouco importa que objeto tenha sido esse, mas o fato é que houve uma tropa de choque petista para impedir a caminhada de um candidato à presidência da República. E depois se faz troça sobre esse incidente. “Ah, foi uma bolinha de papel.” Como é possível uma coisa dessas?

            Então, eu creio, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que esta questão institucional, a questão democrática, e o perigo que certa cultura que se desenvolve no interior de um partido com pretensões e vocação hegemônica traz para a convivência institucional no Brasil, e para a democracia, devem ser objeto de muita reflexão, de ação, de articulação, de entendimento em torno da preservação de certos valores fundamentais da República. Eu nem digo, Srs. Senadores, das questões da administração imediata, que foram tão bem abordadas, ainda há pouco, em aparte do Senador Cristovam Buarque ao Senador Rollemberg. Há ausência absoluta de ação na agenda fundamental do Brasil: a questão da educação, da infraestrutura, a questão tributária, federativa, sobre as quais o atual Governo e já o governo anterior passavam em silêncio, silêncio que se torna cada vez mais preocupante e cada vez mais prejudicial ao nosso País. Refiro-me especialmente, neste momento, a um tema que diz respeito à convivência política na República.

            Senador Cristovam Buarque, acabei me estendendo demais, mas, se houver ainda a complacência do nosso querido amigo e Presidente da sessão, Anibal Diniz, eu gostaria de ouvir o aparte de V. Exª.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Senador Anibal, agradeço o tempo; ao Senador Aloysio, a possibilidade. É muito fácil a gente chegar aqui e elogiar candidatos que venceram; difícil é elogiar os que perderam. Eu quero fazer aqui um gesto de homenagem ao Serra. Sou um suspeito por questão de geração até: formamo-nos no mesmo momento, que é o momento dos anos 60, 70, e, depois, veio a luta pela democratização, em 1980. E ele é uma figura marcante. Ao mesmo tempo, é uma figura que, depois de candidato duas vezes à Presidência, Governador de São Paulo, teve a generosidade, eu diria, para o PSDB, de se candidatar a prefeito. Dizem até que ele resistiu muito a aceitar essa candidatura, mas se candidatou. Ao mesmo tempo, quero dizer que o que aconteceu nele, que é uma espécie de símbolo como outros também da minha geração, ao lado da esquerda, prova aquilo que falei há pouco: a desideologização do processo eleitoral. Eu creio que Serra foi vítima do imediatismo do eleitor, e ele se submeteu a isso. O seu discurso deixou de ser carregado de vigor transformador, como ele teve, para ser acomodado às exigências do eleitorado local, imediato, caindo, às vezes, até no debate religioso, tentando garantir votos conforme a fé, a crença e a liderança de dirigentes religiosos. Eu não estou dizendo que ele é isso, mas que ele foi forçado a isso, provavelmente, e terminou ficando igual. Terminou desaparecendo a grandeza que ele tinha, inclusive pelo fato de ele não ser novo, de carregar uma experiência, de carregar um passado. Isso terminou sendo levado como negativo. Por quê? Porque, de fato, a parte boa da antiguidade desapareceu no discurso. E, ao baixar o nível do discurso a apenas ao imediato, ficou igual. E, ao ficar igual, ficou para trás, porque não era o novo. O igual novo e igual velho. O pessoal preferiu o igual novo, representado por Fernando Haddad. Aliás, assisti ao discurso dele ontem, depois da vitória, e me impressionou, profundamente, muito bem, a maneira como ele falou do futuro de São Paulo. Então, fica aqui a minha homenagem ao Serra, pela relação de amizade antiga. Ele chegou a subir no meu palanque aqui, em 1998, enquanto o Presidente Fernando Henrique Cardoso, por obrigação ou não, apoiava o candidato Roriz. Mas fica também esta reflexão de certa tragédia de um grande personagem que é levado a reduzir a combatividade do seu discurso para atender aos interesses imediatos do eleitor por conta da desideologização, de como é feita a política hoje. Eu, de qualquer maneira, o parabenizo, porque ele, depois de candidato, por duas vezes, a Presidente, de Governador, de Prefeito de São Paulo, fez essa generosidade. E isso é até heroísmo, embora, no começo, todo mundo achasse que ele ganharia. Mas, de qualquer maneira, ele aceitou ser candidato a algo que é do passado dele, e não a algo que é do futuro.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Obrigado, Senador Cristovam Buarque. Vou transmitir ao Presidente Serra, ao nosso Governador Serra, a sua observação.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Apenas para concluir, lamento, mas não concordo com V. Exª, quando diz que Serra fez discurso religioso. 

            O Serra é um político rigorosamente leigo. Na sua campanha, Serra fez, sim, uma pregação candente, veemente dos valores republicanos, da sua visão do que seja fazer política, do que seja a relação do político com a ética, com o bem comum. Foi toda uma linha de campanha.

            Agora, evidentemente, o nosso candidato teve - e o fez corretamente - que abordar os temas da cidade de São Paulo. Como fazer para reordenar o crescimento da cidade, levando em conta as necessidades de transporte, de zoneamento, de investimento, a necessidade de mudar a lei de zoneamento da cidade para que ela compreenda a complexidade atual da nossa metrópole? Inovações na área do atendimento à saúde, a escola em tempo integral, a formação técnica dos jovens para uma economia cada vez mais competitiva, a presença da prefeitura na ação cotidiana contra a violência, contra a criminalidade, em parceria com o Governo Federal e o Governo Estadual. Foram temas abordados pelo Serra que, evidentemente, em nenhum momento foram negligenciados. Em nenhum momento!

            O que aconteceu, repito, é que, pela ação dos nossos adversários e por nossa negligência política, acabou se cristalizando na consciência do eleitor algo que, na verdade, foi o grande empecilho a José Serra, cuja biografia e cuja competência jamais foram questionadas por nenhum dos nossos adversários, lograsse vitória nas eleições.

            É a ideia de que o Serra, eleito, poderia vir a abandonar a prefeitura foi o grande fator que, no meu entender, explicaria o nosso insucesso eleitoral. Mas isso em nenhum momento, Sr. Presidente, deslustra a eleição do Sr. Fernando Haddad, a quem eu quero, mais uma vez, desejar pleno sucesso e pleno êxito na sua gestão, como, aliás, já o fez ontem o nosso candidato José Serra.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2012 - Página 56778