Pela Liderança durante a 229ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos 200 anos da imigração chinesa no Brasil.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 200 anos da imigração chinesa no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/2012 - Página 67970
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, PRESIDENTE, SENADO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, IMIGRAÇÃO, PESSOAS, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, RELAÇÃO, BRASIL, COMENTARIO, VISITA OFICIAL, ORADOR, PAIS, COOPERAÇÃO ECONOMICA.

            O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente do grupo que tivemos na China, Senador Flexa Ribeiro, que preside, neste instante, a sessão -- há pouco, acabava de conduzir os trabalhos o nosso Presidente da Casa, o Senador José Sarney; Exmo Sr. Embaixador da República Popular da China, Li Jinzhang; caro colega, Senador Cícero Lucena, 1º Secretário da Casa; Superintendente Executivo dos Correios, que, até há pouco, aqui esteve; caro Deputado Osmar Júnior, que acabou de falar e que preside o Grupo Parlamentar Brasil-China; Presidente da Associação Chinesa em Brasília, médico e acupunturista, Sr. Gu Hang Hu; demais presentes; caros colegas, Senador Aloysio Nunes, que foi colega nessa missão -- todos juntos; Senador Cristovam Buarque, aqui presente; quero cumprimentar o Senador Raupp; cumprimentar, enfim, os colegas do Senado e os colegas da Câmara dos Deputados e todos que aqui se encontram.

            Entendo que não haveria condições de aqui me expressar. Fiz algumas anotações e, Sr. Presidente, dentro delas, mais ou menos, englobo aquilo que V. Exª destacou, em nome do grupo, analisando as circunstâncias do Brasil com a China, há praticamente 200 anos, e relatando a história da China, nos 3 mil anos, mais do que isso, do que aprendemos, o que conhecemos, as relações comerciais -- eu tenho anotado aqui e fiz um levantamento -- do Brasil com a China; a importância que nós damos e o respeito que temos com a história da China.

            Eu que não conhecia a China, foi a primeira missão de que tive a honra de participar. Fiquei encantado com tudo o que se aprende, com o que se nota, com a atenção, com o cavalheirismo, com a forma como conduzem as pessoas, com o trabalho, não só com a cultura, com aquilo que se viu, mas com a infraestrutura. Aquela viagem de Beijing a Xangai de trem-bala, para mim, foi alguma coisa que não dá sono, a 300 km/h. Quando vimos, estávamos em Xangai -- 1.200 quilômetros. Uma coisa fantástica. Aquele porto de Xangai! Minha Nossa Senhora! Aquilo não termina a visão, aquele mundo. São circunstâncias em que fiquei deveras abismado.

            A alimentação chinesa: eu voltei melhor, mais leve. Até isso! Melhor, mais leve, mais bem alimentado, com mais vigor. Até as pessoas de Santa Catarina, da minha família, falaram: “Casildo, você voltou mais…” Eu disse: pois é. Uma comida que deixa a gente assim, deixa a gente assim.

            Além do chá, eu não vou fazer isso, mas eu quero entregar à Mesa e destacar alguma coisa em Santa Catarina. Além do chá, que é milenar e que todo mundo quer, eu deixei de levar o chimarrão. Graças a Deus não levei o chimarrão, que é uma cumbuca grande, porque o chá substituiu o nosso chimarrão, Senador Cícero. O chá de lá é extraordinário, é melhor, muito melhor do que o nosso chimarrão que é tradicional no Sul do Brasil. Nós tomamos muito o chimarrão que a gente leva.

            Além das relações comerciais, industriais, a China hoje é o primeiro para quem nós exportamos no mundo, nós importamos, as relações de commodities do Brasil com a China, quero destacar duas coisas de Santa Catarina que para nós marcam bem, desde quando fui Governador. É um tipo de alho que em Santa Catarina existe, o alho de Chonan, no centro geográfico de Santa Catarina, em Curitibanos, e uma pera, uma pera que é uma delícia, dá nos pereirais, que não são altos, vão por baixo, colocam as mesas e se colhem. Fica em Curitibanos. Era uma comunidade de Frei Rogério. Hoje é um Município. Há a colônia chinesa lá. É muito lindo, é muito extraordinário. Boa demais.

            Eu destaco esses dois produtos do Estado de Santa Catarina, para enaltecer os 200 anos da colônia chinesa no Brasil, a força que nos leva e que as pessoas começam a pensar em algo extraterrestre, uma coisa que atrai e que leva.

            Por isso, Sr. Presidente Flexa Ribeiro, que liderou muito bem o nosso grupo, eu quero que a Mesa receba as minhas anotações para constar dos Anais da Casa o momento em que nós do Brasil festejamos o bicentenário, os 200 anos da entrada dos primeiros chineses no nosso País.

            Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR CASILDO MALDANER

            O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC. Sem apanhamento taquigráfico.) -Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiramente, gostaria de parabenizar o senador Flexa Ribeiro, presidente do grupo Parlamentar Brasil-China, pela iniciativa de propor esta sessão solene, em que celebramos os 200 anos de imigração chinesa no Brasil.

            Como já foi dito pelos oradores que me antecederam, a vinda dos chineses para o Brasil foi uma verdadeira epopeia - mostra inequívoca da persistência e da força que até hoje essa nação ostenta.

            Em busca de um lugar melhor pra viver, fugindo das guerras que dominavam o país, os migrantes enfrentaram cerca de 45 dias de uma penosa viagem. Aqui chegando, depararam-se ainda com barreiras extremamente complicadas de serem transpostas: a do idioma e da falta de trabalho.

            No século IV antes de Cristo, o estrategista Sun Tzu escreveu um tratado militar chamado "A Arte da Guerra". O livro até hoje é um dos mais vendidos, traduzido em dezenas de países. Um de seus ensinamentos traduz com perfeição essa forte característica de seu povo: "A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo é chamada de genialidade".

            De seus mais de três mil anos de história, até os dias de hoje, é exatamente isso que a China tem feito e, por esse motivo, alcançou o status de segunda maior economia do planeta. E não há sinais no horizonte de que esse quadro vá se alterar - muito pelo contrário. As previsões indicam que até 2030 a China será a maior potência econômica mundial.

            Na recente viagem que tivemos a oportunidade de fazer ao país, juntamente com outros colegas senadores, foi possível testemunhar o gigantismo do país, especialmente na infraestrutura. Os investimentos que estão sendo feitos permitem fazer previsões otimistas.

            Globalmente, a China, propulsionada por seus 1 bilhão e 340 milhões de habitantes e um PIB de US$7,4 trilhões, é o segundo maior comprador mundial e o maior exportador.

            Com o Brasil não é diferente. Trata-se de nosso maior comprador, respondendo sozinho por mais de 17% de nossas exportações em 2011, um valor estimado em US$44,3 bilhões. É ainda o segundo país de quem mais importamos produtos, com uma participação de 14,5% do total.

            Essas relações podem, entretanto, ser ampliadas, mas para isso devemos fazer nossa parte. E o investimento em infraestrutura é um dos caminhos inevitáveis a trilhar.

            Em primeiro lugar, obviamente, devemos melhorar as condições de nossos portos e, igualmente, as conexões intermodais entre regiões produtoras. Refiro-me ao incremento das linhas ferroviárias, ligando as principais regiões do país, e sua conexão com as saídas para o mundo.

            Nossas rotas marítimas com a China, por exemplo, são hoje um grande complicador. Hoje, todas as rotas utilizam o Atlântico. Mas porque não vislumbrar uma alternativa via Pacífico?

            Há três opções para que os navios saídos do Brasil cheguem à China. Pela África, pelo Canal do Panamá, ao norte, e pelo Estreito de Magalhães, ao Sul.

            Tomo como exemplo de partida o Porto de Santos, por seu volume de cargas. Partindo dali, para chegar a Xangai, utiliza-se a rota que passa pela África, pelo Cabo da Boa Esperança. Leva-se, contudo, 32 dias de viagem, para percorrer mais de 11 mil milhas náuticas.

            Outro trajeto é pelo norte, utilizando o Canal do Panamá, aumentando em muito a distância percorrida, além dos custos portuários: são mais de 13 mil milhas, que consumirão aproximadamente 38 dias.

            A saída pelo Sul, passando pelo Estreito de Magalhães ou pelo temido Cabo Horn, que separa a América do Sul da Antártida, é praticamente inviável, em função das condições climáticas e de navegação extremamente adversas.

            Todas as alternativas encarecem em muito os custos logísticos, para os produtores de todo Brasil, especialmente do Sul, Sudeste e do Centro-Oeste.

            Quando tivermos uma boa rede ferroviária, que possa conectar à já existente no Chile, por exemplo, estaremos concretizando o tão sonhado corredor bi-oceânico, disponibilizando uma porta do Pacífico para o mundo. Tomando como ponto de partida o porto de Valparaíso, a pouco mais de 100 quilômetros de Santiago, a viagem é mais curta, com pouco mais de 10 mil milhas náuticas, percorridas em 29 dias. Isso sem contar com a possibilidade de incremento nas relações comerciais com os parceiros do Mercosul.

            Ao tomarmos o exemplo chinês, de aposta na infraestrutura e na educação, conjugadas com a capacidade e o dinamismo do povo brasileiro, não tenho dúvidas que também poderemos crescer em ritmo chinês.

            São nossas reflexões, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/2012 - Página 67970