Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas a ato realizado por ocasião da visita do Ministro dos Transportes ao Estado do Acre; e outros assuntos.

Autor
Sérgio Petecão (PSD - Partido Social Democrático/AC)
Nome completo: Sérgio de Oliveira Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL, CORRUPÇÃO.:
  • Críticas a ato realizado por ocasião da visita do Ministro dos Transportes ao Estado do Acre; e outros assuntos.
Aparteantes
Eduardo Amorim, Ivo Cassol, Kátia Abreu.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2013 - Página 25852
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL, CORRUPÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, PARTIDO POLITICO, OPOSIÇÃO, MOTIVO, DIVULGAÇÃO, INFORMAÇÃO, FALSIDADE, RELAÇÃO, ATUAÇÃO, ORADOR, APRESENTAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC).

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na verdade, o Brasil todo está ligado na TV Câmara, até porque a votação de hoje é importante, em que vamos votar a medida provisória que, com certeza, vai resolver o problema dos portos no Brasil.

            Sr. Presidente, o que me traz à tribuna na tarde e noite de hoje é que, na semana passada, estive nesta tribuna e procurei me defender das acusações que foram feitas contra a minha pessoa e também procurei das que foram feitas contra os membros da oposição do meu Estado, o Acre.

            Estou falando de um panfleto que foi distribuído no Estado todo, de Assis Brasil a Cruzeiro do Sul.

            Mas o que mais me chocou, Senador Perrella, foi a ida do Ministro dos Transportes ao meu Estado, e eu, como Vice-Presidente da Comissão de Infraestrutura, sequer fui convidado, sequer fui comunicado. E o pior, aquele ato da ida do Ministro serviu exatamente para a distribuição de panfletos tentando denegrir a nossa pessoa, tentando enganar o nosso povo.

            Esse panfleto dizia que as BRs do nosso Estado, as ruas do povo do nosso Estado e a saúde do nosso Estado estavam um caos. E que se as BRs não são concluídas, Presidente Renan, a culpa era do Senador Petecão, era da Deputada Antônia Lúcia, era do Deputado Marcio Bittar e era do Deputado Flaviano Melo. Esses foram os panfletos distribuídos em nosso Estado.

            O Vice-Governador do meu Estado fez questão de colocar, Senador Gim Argello, a sua foto estampada no panfleto, e - o mais grave - o diretório estadual do PT fez questão de assiná-lo, Senador Eduardo Amorim.

            Eu tenho outro documento aqui, Senador Ivo Cassol, que eu guardei, e guardei, sofrendo junto com a minha família e junto com meus amigos, Senador Eduardo Braga, que foi uma acusação que o diretor de polícia do meu Estado fez contra a minha pessoa.

            Registrei ocorrência na delegacia informando que minha casa havia sido atingida por vários disparos. No dia 19 de outubro de 2012, Senadora Kátia Abreu, nas vésperas das eleições municipais, a minha casa foi alvejada por alguns tiros. Não vi as pessoas que atiraram, mas ouvi os tiros. A polícia chegou lá e encontrou os projéteis.

            O policial atendeu a ocorrência da vizinha da minha casa, já que foi ela que chamou a polícia, e não eu. A minha vizinha chamou a polícia e disse que teria visto as pessoas atirando na minha casa. O policial militar que foi até a minha casa, Senador Renan, me pediu que eu registrasse uma queixa porque ele achava aquilo muito sério, já que havia encontrado os projéteis.

            Eu, junto com minha esposa, meus filhos e uma assessora do meu gabinete, Senador Anibal Diniz, fomos até a delegacia de polícia e lá eu registrei o boletim. Para minha surpresa, no outro dia, o diretor de polícia do meu Estado, o Sr. Emylson Farias da Silva, foi a minha casa com os policiais e ali foi feito um levantamento. Segundo ele, ficou comprovado - isso em menos de 24 horas, foi a perícia mais rápida que já houve no mundo, segundo os agentes da Polícia Federal, pois também registrei a ocorrência na Polícia Federal -, ele constatou que quem atirou na minha casa fui eu mesmo. Eu atirei na minha casa.

            Esse delegado disse que eu havia atirado na minha casa, Senador Anibal. Esse delegado e o Governador Sebastião Viana têm feito de tudo, de tudo mesmo, para me prejudicar e atrapalhar meu trabalho como parlamentar. Não acredito que um delegado, se não tiver a conivência do governador, tenha coragem de entrar com uma representação contra um Senador. Não acredito. E não acredito que um delegado de polícia possa tomar a liberdade de fazer uma representação contra um Senador sem o governador saber. Eu não acredito. Eu não acredito. Principalmente no meu Estado, onde tudo o que se faz, tudo, tudo, tudo, tem de passar pela mão do Governador.

            Eu esperei por isso, Senadora Kátia, angustiado, sofrendo. É difícil. Lá no meu Estado é muito difícil. Esperei. O Senador Sarney recebeu a denúncia representando contra mim no Conselho de Ética. Ele ficou estarrecido. Chamou-me e disse: “Petecão, está desse jeito no Acre?”. Eu respondi: “Está desse jeito, Presidente”. E ele...

            A Srª Kátia Abreu (Bloco/PSD - TO) - Senador Petecão, um aparte, por favor?

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC) - Só um pouquinho, Senadora Kátia. Preciso esclarecer algumas coisas, porque vocês não imaginam o que tenho passado naquele Estado.

            Hoje, para minha alegria... E olha que eu tenho agradecido a Deus, de ontem para cá, Senador Eduardo Braga. Deus foi muito generoso comigo. Puxa vida! Deus foi muito generoso comigo, porque, quando distribuíram esses panfletos, eu já estava perdendo as esperanças, confesso a vocês. Eu dizia: “Meu Deus, será que as coisas aqui no Acre não vão ser esclarecidas? Será?”. A Polícia Federal esteve em Rondônia, desbaratou uma quadrilha em Rondônia, eu pensei que, de lá, eles tinham voltado. Ê Deus generoso! Foi muito bom comigo!

            E hoje eu recebi do Ministério Público Federal. Eles fizeram também uma representação lá no Ministério Público Federal. E, aqui, o Procurador Eduardo Henrique de Almeida Aguiar pediu o arquivamento da denúncia de que atirei na minha casa. Nunca usei um revólver na minha vida, Renan! Nunca, na minha vida, botei um revólver na cintura! Nunca, nunca!

            E só fui registrar queixa, porque os policiais militares que foram à minha casa disseram: “Petecão, isso é muito grave. Registra essa queixa!”. O senhor tem conhecimento disso, Senador Aníbal? “Registra essa queixa, porque isso é muito grave.” Eu registrei e, hoje, graças a Deus, estou aqui com a alma lavada. A alma lavada, a alma lavada.

            Agora, meus amigos, quando o Fantástico, Fantástico não, o Jornal Nacional divulgou aquela notícia lá do meu Estado de que tinha investigado, desde 2011 - desde 2011, desde 2011! -, e que tinha prendido um grupo de 15 pessoas, secretários, empreiteiros, vocês não imaginam a carga que tirei das minhas costas, porque, antigamente, tudo o que acontecia no meu Estado era culpa do Petecão, tudo. Tudo!

            Na semana passada, quando eu mostrei este panfleto aqui e o Senador Anibal me pediu um aparte, um aparte que virou um discurso de quase oito minutos - quem estava presidindo aqui era o Senador Ivo Cassol -, eu pensei que ele iria me prestar solidariedade por causa dessa forma rasteira de fazer política.

            Confesso, Anibal, que eu pensei que você fosse dizer que não concordava com isso, mas você não fez isso não. Você usou da tribuna e disse aqui que o Governo do Estado do Acre é um governo honesto, é um governo correto, é um governo digno, é um governo incorruptível, é um governo honrado, é um governo probo, é um governo reto, é um governo virtuoso, é um governo verdadeiro. E eu tive que aguentar calado: mais uma vez, o Petecão estava mentindo.

            Mas, olha, aquele Jornal Nacional... Eu estava na minha casa quando saiu aquela notícia, Senadora Kátia Abreu. A Mafisa, minha companheira, disse: “A verdade tarda, mas não falha”. A verdade veio à tona. Aqueles que posavam de bons moços, de honestos, de honestos não têm nada. É como dizia o Manoel Machado: ernestos... Manoel Machado era uma figura lá do meu Estado, foi Deputado... Não tinham nada de honestos, e o pior é que no meu Estado ninguém pode falar nada.

            Quantos perderam suas vidas? Porque a pessoa perde a vida não é só quando recebe um tiro não, não é só quando é serrada não, não é não. Quantos pequenos empresários em 2012... Chegou à minha casa um grupo de pequenos empresários desesperados porque não tinham oportunidade no governo. Tiveram que vender suas coisas, tiveram que ir embora do Estado, porque se formou um grupo, um tal de G7, e não sobrava nada para ninguém. Não sobrava nada para ninguém, e os pequenos tiveram que desaparecer. Os que não desapareceram tiveram que se submeter a situações humilhantes porque os bacanas pegavam as obras e eles tinham que pegar aqui embaixo; só comiam o que caía: as migalhas. Quantos eu recebi na minha casa reclamando!

            É, mas a vida tem dessas coisas. Eu tenho passado por muitas dificuldades no meu Estado. Eu, sinceramente, aqui, faço parte do Bloco, junto com o PMDB e outros partidos, o maior Bloco que há aqui no Senado, e tenho procurado aqui, junto com a Kátia, minha companheira, sempre me orientando, sempre conversando, tentando votar o que é melhor para este País. O que for melhor para o País, nós vamos votar.

            E eu, na conversa que tive com o General Fraxe - só um pouquinho, Senador Ivo Cassol -, Diretor do DNIT - eu fui lá, porque aquele homem me transmitiu uma segurança tão grande quando esteve lá na Comissão de Infraestrutura -, eu disse para ele: General, como é que o senhor se presta a ir ao meu Estado participar de uma atividade, de um evento que serve para distribuir panfletos contra a minha pessoa? Eu, que tenho feito um esforço aqui, que pago um preço no meu Estado aqui votando os projetos de interesse do Governo Federal. E ele me pediu desculpas. E disse: “Petecão, desculpe-me; eu não sabia que isso tinha acontecido”.

            Meus amigos, eu tenho dito que... Hoje houve um ato lá no meu Estado, um ato heroico. Eu vi alguns jornais - porque lá no Acre não há jornal; 90% dos jornais estão a serviço do Governo; lá eu não posso falar em rádio e é por isso é que, nas vezes em que eu posso, eu uso a TV Senado - e aqui eu não poderia deixar de citar alguns que, com muita dificuldade... Mas, se não fossem eles, a situação estaria muito pior. Agora não, agora é público.

            Hoje havia 100 pessoas lá, e aqui estão os jornais do PT dizendo que a manifestação foi fraca. Foi fraca mesmo! Havia 100 pessoas.

            Antigamente, quem é que ousava pelo menos falar que aquele pessoal era ladrão; que aquele pessoal estava nesse mar de lama que foi divulgado pelo Jornal Nacional, que foi divulgado pela Veja? E agora vai ser divulgado por todas as revistas, porque o povo do Acre perdeu o medo. Isso é muito legal! Isso é bom, gente! O povo voltou a sorrir. Hoje tinha 100 pessoas lá em frente ao Palácio, lavando a calçada do Palácio, com água sanitária, com detergente.

            E aqui eu quero fazer um pedido, fazer um pedido à Presidente Dilma. Ela não pode deixar de ajudar o Acre. O Acre não vive sem o apoio do Governo Federal. O Acre não vive sem as emendas individuais, não vive sem as emendas de bancada, não vive, Senadora Kátia. É impossível! Nós não temos indústrias.

            O Acre não é esse paraíso que dizem, não, gente! O Acre é um Estado pobre, mas o povo é ordeiro. Pelo amor de Deus, não pense que no Acre só há ladrão, não. Lá há um povo honesto, um povo trabalhador, um povo que lutou para ser acreano. Não há só ladrão não.

            Hoje nosso povo está envergonhado. Está envergonhado porque as notícias foram muito fortes.

            E aqui eu queria pedir desculpas ao Brasil porque esse negócio estava entalado na minha garganta. Quando esse negócio chegou lá a Porto Velho, eu estava no mercado, domingo, Senador Perrela, e um vendedor de peixe me disse: “Petecão, onde é que eu arrumo um homem de preto daquele?”. O homem de preto a que ele se referia era o pessoal da Polícia Federal. E eu queria passar o dia todinho andando com esse homem nas costas, hoje! Essa Polícia Federal cumpriu um papel no nosso Estado que vocês não têm a dimensão, gente!

            É porque aqui todo mundo pousava de bom moço. Eu lembro, lá na Comissão de Infraestrutura, quando o Senador Jorge Viana disse que tinha um monte de parasitas que era contra a estrada, eu pedi ao Senador Fernando Collor que ajudássemos o Senador Jorge Viana a descobrir quem eram os parasitas. E eu jurava que esses parasitas iam demorar a aparecer, e quando apareceram, foi tudo de uma vez, Senador Eduardo Braga.

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Senador Petecão, V. Exª vai me permitir um aparte? Eu gostaria que a Mesa também adotasse o tempo para a gente poder democratizar o debate aqui no Senado.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC) - Mas o senhor está cuidando do meu tempo ou de quando o senhor for falar?

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Não, eu acho que tem que haver um tempo limite para todos aqui, que a gente tem que cumprir.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC) - Eu vou conceder um aparte para o Senador Ivo Cassol.

            O Sr. Ivo Cassol (Bloco/PP - RO) - Senador Petecão, eu quero...

            A SRª PRESIDENTE (Vanessa Grazziotin. Bloco/PCdoB - AM) - Senador, eu peço licença ao Senador Petecão, porque foi solicitado à Mesa para marcar o tempo. O tempo está marcado, falta só registrar no painel. Ele começou a falar, segundo o registro aqui, às 19h20min, portanto, há 25 minutos. Então, ele tem tempo. Nós vamos marcar. Fique à vontade.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC) - Senadora Vanessa, no meu discurso passado, eu dei um aparte para o Senador Anibal e ele falou oito minutos no meu discurso, e eu não reclamei.

            O Sr. Anibal Diniz. (Bloco/PT - AC) - Eu não tenho problema em que o Senador Petecão fale usando o tempo que precisar para falar, mas eu gostaria depois de usar um tempo igual também, para poder fazer o contraponto.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC) - Concedo um aparte ao Senador Ivo Cassol. Depois eu lhe concedo.

            O Sr. Ivo Cassol (Bloco/PP - RO) - Quero aqui ser solidário ao Senador Petecão pela angústia. Eu quero dizer, Senador, que eu passei oito anos no governo do Estado de Rondônia e quem mais me criou problema, no meu Estado, com denúncias vazias, até aqui na tribuna desta Casa, foi a ex-Senadora Fátima Cleide, chamando-me de tudo quanto é nome. E ao mesmo tempo, quando o Ministério Público, a Polícia Federal resolveu investigar o PT do meu Estado, colocaram seis secretários na cadeia; seis secretários, numa pancada só, foram para a cadeia! O pessoal que comandava a Prefeitura de Porto Velho, não por questão de nada .... Eu não quero aqui comparar com a questão do Acre, porque eu não a conheço, estou distante. Estou ouvindo V. Exª, mas, ao mesmo tempo, só estou colocando aqui o que eu vivi e convivi dentro do Estado de Rondônia. Até que enfim, no final do ano passado, depois de praticamente oito anos de mandato na Prefeitura de Porto Velho, com o Prefeito Roberto Sobrinho, foram presos seis secretários; e, depois, neste ano, também foi preso o prefeito. Então, infelizmente, a gente vê isso com tristeza. Mas eu quero dizer para você, Senador Petecão, que, nos nossos Estados da Região Amazônica, não podemos admitir que só haja desonestos e corruptos. Há pessoas sérias, íntegras e honestas. Em todo o País onde há o ser humano, há o dinheiro, há qualquer coisa, acontece.... Onde há o poder, infelizmente, acontecem essas situações. Mas eu só queria colocar aqui que, infelizmente, no meu Estado não foi diferente. Aconteceu isso com a prefeitura e, com relação a tudo aquilo que eu passei lá atrás, foi feito justiça; vieram à tona as irregularidades, os desvios de dinheiro público que aconteceram na administração do Prefeito Roberto Sobrinho em Porto Velho. Eu só quis ser solidário a V. Exª.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC) - Eu agradeço o aparte, e concedo um aparte à Senadora Kátia Abreu.

            A Srª Kátia Abreu (Bloco/PSD - TO) - Senador Petecão, eu gostaria, em primeiro lugar, de me solidarizar com V. Exª que é aqui um colega, mas, acima de tudo, um amigo. Uma amizade bastante profícua nós construímos aqui no Senado. E sabe da admiração que tenho por V. Exª, pela sua humildade, pela sua história, que eu ouvi longamente me contar, contar como fez para chegar até aqui: com muita luta, com apoio popular extremo; mesmo não tendo cúpulas partidárias, forças políticas individuais, teve o apoio popular para chegar até aqui. E hoje já está apontando nas pesquisas eleitorais - e isso, realmente, deve incomodar os seus adversários - como candidato a Governador do Acre, nas próximas eleições. A Justiça pode até tardar, mas não falta, Senador Petecão. O Ministério Público Federal deu-lhe a resposta arquivando um processo por calúnia e difamação. Acho que esse é o processo seguinte que você deve empreitar. Falo daqueles que disseram que você deu os tiros na sua própria casa. Isso pode dar resultado, não pela indenização financeira, mas pela indenização moral, para mostrar ao Acre quem de fato você é e quem são aqueles que o perseguem. Quero que você saiba que pode contar com o seu Partido, com o seu Partido inteiro, mas especialmente com a sua amiga, Senadora Kátia Abreu, que estará ao seu lado, acima de tudo, para qualquer coisa que você precisar, para que possamos ir a todas as instâncias que o Direito nos permite e que o nosso direito permite, e buscar justiça para o que estão fazendo com você. Quantos jornais você traz para que eu veja as denúncias? Falam até de estradas, de BRs, que não ocorreram porque o Petecão não deixou. O Acre precisa saber que, apesar de o Petecão ser oposição ao PT de lá, aqui em Brasília, tem votado sistematicamente nos projetos de interesse do País, que não faz charme, que não faz carinha feia. Ao contrário, vota em tudo o que é bom para o Brasil, como fez agora. O Governo ganhou aqui por um voto. Talvez esse voto tenha sido o do Senador Petecão, ao contrário de muitos que foram eleitos pela Base e que não estão aqui hoje. O Senador Petecão estava aqui presente e me disse: “Vamos votar com o Governo porque essa medida provisória é importante, Kátia.” E votou, foi o voto da vitória. Então, gostaria que pudessem respeitá-lo, que pudessem tratar com gratidão o que ele tem feito aqui pelo Governo durante todo esse período. Tenho certeza de que você vai ter muito sucesso, de que as pessoas estarão ao seu lado, como os seus colegas. O povo do Acre também vai lhe dar esse presente em 2014, se Deus quiser.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC) - Obrigado, Kátia.

            Aproveito aqui a presença do Senador Eduardo Amorim, de Sergipe. Queria aqui chamar-lhe a atenção e fazer uma observação. O furacão que estava no Acre ia em direção à sua terra. Uma das pérolas que nós catamos aqui... Num primeiro momento, disseram que era um gibi de denúncias, mas, se juntarmos, dará mais do que uma enciclopédia Barsa, umas duas.

            E aqui, Senador Eduardo Amorim, o senhor vai ver como o Governador não sabia de nada, não viu nada.

            Está aqui.

Governador: Salomão, tudo bem?

Salomão: Bom dia, Governador. Tudo bem?

Governador: Tudo bem. Tudo bem? Como estão as coisas por aí?

Salomão: Tá (sic) bem.

[Tem aqui um sic, a Polícia Federal não põe tudo.]

            (Soa a campainha.)

Governador: Eu to (sic) de folga, tirei... treze dias de folga to (sic) voltando quarta, aí to (sic) em Sergipe, [lá na sua terra] estava conversando com o Governador aqui, eles tem uma coisa muito interessante que é o banco do Estado deles... [Tem muito dinheiro lá, não tem?]

Salomão: Hã.

Governador: Eles emprestam dinheiro como a gente queria, sem garantia da obra, sem necessitar daquelas amarras do Banco do Brasil, do Basa e da Caixa Econômica, lembra? Que a gente vinha tratando?

Salomão: Lembro... Pô, governador, se o senhor conseguir, o senhor dá outro ritmo...

Governador: Então, eu já falei com o Secretário da Fazenda aqui e aí, eu... Segunda-feira [tem uns pontinhos aqui] ... e o Leandro conversem com... [aqui pontinhos] vão com o Mancio, que aí ele vai ligar pra ele, eu já foi fazer a mediação dos dois... Para vocês virem aqui para tratar da operação de crédito com ele, o secretário da Fazenda e a presidente do banco, pra ver quais são... qual o modelo, mas via Federação das Indústrias. Mediando tudo, indicando, pode ser?

Salomão: Pode, Governador.

Governador: Com a Secretaria da Fazenda atestando o contrato, tudo.

            Aí, segue um trecho inaudível. Tem algumas coisas que a Polícia Federal não pode dizer. Esse inaudível, acho, é porque eles não podem dizer, porque a informação que eu tenho é que as escutas do Governador foram para outro fórum, que é o Supremo.

Salomão: Governador, se o senhor vai fazer (inaudível)...

            (Soa a campainha.)

Se o pessoal não tá com carteira de obra e sem capital de giro, eu sei por que eu passei por... para todo mundo.

Governador: É, então, exatamente...

Salomão: Aí vai dar outro ritmo a essas obras, capacidade os caras têm, mas... sem capital...

            Isto aqui é um negócio tão grande, tão sujo e tão nojento que nem vale a pena ler.

            O Sr. Eduardo Amorim (Bloco/PSC - SE) - Senador Petecão...

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC) - É só para dizer o perigo em que está o seu Estado, porque esse furacão estava em direção ao Sergipe.

            Concedo-lhe um aparte.

            O Sr. Eduardo Amorim (Bloco/PSC - SE) - Senador Petecão, um jornalista e radialista chamado Gilmar Carvalho, grande amigo, conhecido por todos nós, sergipanos, tem diariamente noticiado esse fato e chamado a atenção da atenção da população sergipana. O Banese é um dos poucos patrimônios, se não a segunda empresa que resta ao Estado de Sergipe. Todas as outras empresas foram vendidas, foram privatizadas. É um dos quatro bancos estaduais que ainda persistem e sobrevivem no Brasil. Então, é um patrimônio do povo sergipano, fruto do trabalho do povo sergipano, que, graças a Deus, graças à proteção divina, nos ajudou a salvar-nos dessas mazelas com certeza. Mas quero reforçar que, lá em Sergipe, um jornalista e radialista renomado, conhecido por todos nós, tem diariamente denunciado esse fato, que precisa também, em Sergipe, ser apurado.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Eduardo Amorim (Bloco/PSC - SE) - Que história é essa de emprestar sem garantia, sem nenhum fundo, sem nenhuma garantia real o dinheiro do povo sergipano?!

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC) - Eu agradeço, Senador.

            Eu aproveitei a oportunidade em que o senhor estava no plenário só para ver o tamanho da questão.

            Se eu tivesse dito isso antes, gente, eu teria sido linchado no meu Estado, porque as redes de TV estão todas na mão do governo, a maioria dos jornais também, com exceção de alguns blogueiros, de alguns que chamo até de malucos que insistem em não se curvar, como Altino Machado, que tem sido um guerreiro; o Luiz Calixto, por meio de seu blog; o AC24h, site muito acessado e outros pequenos. Esses é que têm feito o enfrentamento.

            A verdade é que, graças a Deus...

(Interrupção do som.)

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PSD - AC) - Não gosto de desejar mal a ninguém. Quando vim para cá, (Fora do microfone.) alguns amigos me disseram: “Petecão, pense nas famílias, nas pessoas que estão lá”. E eu penso. Eu acredito que não é bom tripudiar sobre isso. É uma situação que ninguém deseja para ninguém. Só que essas pessoas também não pensaram que, quando estavam acabando com aqueles pequenos empresários, que ficaram em situação difícil, sem ter oportunidade no Estado, aqueles que ousaram contrapor o governo, que perderam o emprego...

            Então, meus irmãos, eu sei que o Acre está um barril de pólvora. Com certeza, vou pagar muito caro por conta deste discurso. Não tenho dúvida disso, mas, hoje, eu digo a vocês que estou falando aqui com a alma lavada, porque tudo que eu falava antes de isso acontecer era “armação do Petecão”, é “o Petecão que é contra o desenvolvimento do Estado”, é “o Petecão que é contra o Estado do Acre”, é “o Senador que se elegeu e atrasou o Estado”.

            Então, meus irmãos, vocês desculpem esse desabafo, porque nós estamos diante do maior escândalo que já houve no meu Estado. Foi dinheiro da saúde pelo ralo, foi dinheiro das estradas... E o pior...

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Senador Petecão, eu gostaria de saber se vou ter direito a um aparte nesse discurso.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - E o pior, Senador Romero Jucá, é que o Estado está todo endividado. Nós devemos mais de R$2 bilhões. Esse tal de Ruas do Povo veio agora nas eleições, para eleger o atual prefeito. Se vocês virem, está aqui: as empresas cujos donos estão na cadeia foram todas empresas que contribuíram para a campanha do governador, que contribuíram para a campanha do prefeito. Não sou eu que estou dizendo, não; é o TRE que está dizendo; é a Veja que está dizendo agora, porque, agora, meu amigo, saiu...

(Soa a campainha.)

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - Concedo um aparte ao Senador Anibal.

            Desculpe, Senador.

            A SRª PRESIDENTE (Vanessa Grazziotin. Bloco/PCdoB - AM) - Senador Petecão, V. Exª acaba de conceder um aparte, mas só queria comunicar que V. Exª já teve 10 minutos a mais.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - Mas eu poderia dar dois minutos para o Senador?

            A SRª PRESIDENTE (Vanessa Grazziotin. Bloco/PCdoB - AM) - Perfeitamente, mas que façamos isso.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - Até porque eu, como democrata, e lá no Acre...

            A SRª PRESIDENTE (Vanessa Grazziotin. Bloco/PCdoB - AM) - Senador Aníbal, V. Exª terá a reciprocidade no tempo.

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Se o tempo do Senador Petecão acabou, eu gostaria de usar o art. 14 e fazer uma réplica, por favor.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - Eu estou lhe concedendo um aparte. O senhor vai fazer um discurso ou um aparte?

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Não tem mais tempo; são 30 segundos e acabou.

            A SRª PRESIDENTE (Vanessa Grazziotin. Bloco/PCdoB - AM) - Pode fazer; a Mesa concede o tempo para que V. Exª faça o aparte.

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Eu prefiro utilizar o art. 14, já que o tempo dele acabou, para eu poder fazer um posicionamento.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - Então, meus amigos, eu agradeço. Peço desculpas se me exaltei. Vocês não imaginam os dias que passei angustiado, esperando esta oportunidade. Eu sabia, Deus é generoso. Eu sabia que Ele não ia faltar. Agora, eu não sabia que Ele ia vir com tanta velocidade.

            Mais uma vez, obrigado, meu Deus, e obrigado, Presidente, pelo espaço.

 

SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR SÉRGIO PETECÃO

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco/PMDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, tenho a impressão de que estou sendo, por ser da oposição ao Governo do meu Estado, o Acre, vítima de perseguição política. Inclusive, sem o direito de me manifestar. Em razão dos seguintes fatos:

            Primeiramente, só disponho desta Tribuna do Senado Federal, pois, no meu Estado não tenho espaço algum nos meios de comunicação.

            Tive a oportunidade de relatar nesta Tribuna um importante episódio ocorrido na noite do dia 19 de outubro sobre disparos de arma de fogo que atingiram minha residência.

            Em uma nítida tentativa de intimidar e prejudicar meu trabalho de oposição, a Polícia Civil do Acre promoveu uma investigação. Nesta malfadada investigação, subverteu-se a ordem dos fatos, fazendo com que minha família e eu fôssemos tidos como culpados. Em vez de sermos a vítima dos tiros passamos a ser acusados de denunciação caluniosa.

            A investigação deturpada da Polícia Civil resultou em duas Representações contra a minha pessoa: uma no Senado Federal e outra no Supremo Tribunal Federal, onde ambas foram arquivadas liminarmente.

            Outro caso muito estranho foram os Panfletos orquestrados pelo governador, vice-governador e pelo diretório estadual do PT/AC.

            - Tentativa clara de desmoralizar a minha pessoa diante à população, sob o argumento de que eu era contra a BR-364, a construção das ruas, e de que a saúde do Estado estava precária por minha culpa.

            Agradecer a Deus pela certeza de que o escândalo do PT no Acre viria à tona a qualquer momento.

            - Para boa parte povo acreano isso não foi nenhuma surpresa.

            Muitos que foram contra o governo do Acre morreram. Entretanto, não morreram de tiro ou de algo neste sentido. Morreram de outra forma.

            - Se fossem empresários, estavam fadados a "quebrar" em um prazo de trinta dias; se fosse servidor, estava sujeitos a demissão e a passar por uma verdadeira desmoralização pública.

            Todos os meios de comunicação do Acre são controlados pelo governo, com raríssimas exceções, é o caso do competente jornalista Altino Machado, Roberto Vaz, Luiz Calixto e demais blogueiros que não aceitam a falácia do governo.

            Pedir para constar nos anais do Senado Federal a matéria veiculada da página da Revista Veja na internet, sob o título: "Tião Viana avisou suspeitos sobre crédito 'sem amarras'".

            Apresentar degravações interceptadas pela PF que mostram a relação do governador Tião Viana com os membros da quadrilha.

            Sergipe? Estado sortudo

            Fazer saudação ao Senador Eduardo Amorim (PSC/SE). O furacão estava direcionado ao Estado de Sergipe.

            - O governador havia encontrado mecanismo de tirar dinheiro do Estado sem que os empresários dessem garantia alguma.

            - A Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o BNDES estariam "fora" por que eles haviam encontrado "meio" melhor de surripiar e fazer desvio de verba pública.

            Pedir à Presidente Dilma Rousseff que não abandone o Acre. O Acre não pode viver sem os repasses das emendas e dos convênios.

            Antes de a Presidente mandar novos recursos ao Estado do Acre, será necessário realizar uma faxina antes.

            Da forma que está, o Governo Federal estará colocando dinheiro no ralo.

            O Estado está todo endividado.

            Hoje o Acre deve mais de R$ 2 bilhões, de dívida consolidada.

            Todos os envolvidos no inquérito e citados pela Polícia Federal são doadores de campanha do governo do Jorge, Tião e Marcus Alexandre.

            O crime organizado não acabou do Acre, ele apenas se sofisticou.

            - É uma enorme balela acreditar que o crime organizado em meu Estado acabou.

            - Eles estavam tão organizados que nunca vimos tamanha ousadia no meu Estado.

            - Só dos seis contratos foram desviados mais de R$ 4 milhões.

            A Polícia Federal no meu estado estão sendo vistos como verdadeiros heróis.

            A população está indo para frente da sede da polícia com cartazes agradecendo a ação na operação G7.

            Ouvi um depoimento de um senhor no mercado dizendo que queria encontrar um "Homem de Preto", se referindo ao policial federal, que ele queria passar o restante do domingo carregando ele nos ombros.

            Em Tarauacá, de 100% das ruas que foram pagas, apenas 25% foram executadas.

            - Na verdade a Prefeita Marilete não perdeu a eleição, eles compraram a eleição.

            - É muito importante que a Justiça Eleitoral olhasse para isso.

            Honesto, Correto, Digno, Incorruptível, Honrado, Probo, Reto, Virtuoso, Verdadeiro.

            Como dizia o Deputado Manoel Machado, nada de honesto e sim Ernesto.

            Muito obrigado!

 

DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR SÉRGIO PETECÃO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I, § 2º, do Regimento Interno.)

Matérias referidas:

- Anexos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2013 - Página 25852