O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho à tribuna nesta tarde, embora não tivesse a intenção de fazê-lo, para exprimir, em nome da Bancada do PSDB, a minha perplexidade e a minha profunda indignação com o teor de declaração de um membro do Governo, a Ministra Maria do Rosário, Ministra dos Direitos Humanos, a respeito desse boato sobre o fim do Bolsa Família, que tanto tumulto e desconforto criou para milhares e milhares de pessoas.

            Assisti, durante o fim de semana, ao noticiário, como V. Exª também assistiu, e, perguntado, hoje, pela manhã, por um repórter, sobre a minha opinião a respeito da origem do boato, eu confessei que não tinha como apurar, que não tinha nem os instrumentos, e também fiz a observação de que boatos, assim como determinadas piadas, têm origem quase que impossível de se identificar. Mas a Ministra Maria do Rosário é mais atilada do que eu. Ela colocou, hoje, no seu Twitter, a seguinte afirmação: “Boatos sobre o fim do Bolsa Família devem ser da central de notícias da Oposição”. Foi o que disse a Ministra de Estado.

            É da sabedoria popular a cautela com o excesso de verborragia. Não se recomenda a ninguém falar demais. Quem fala demais acaba dando bom dia a cavalo... Agora, um Ministro de Estado tem a obrigação, funcional, ética, moral e política, da circunspecção e do cuidado com as palavras ao emitir opinião, especialmente opinião sobre o papel da oposição no Brasil.

            Central de boatos da oposição? Que central de boatos é essa? E que autoridade tem a Ministra, membro do PT, para vir acusar a oposição de ser fabricante de boatos? Será que o Brasil não se lembra do boato que foi esparramado pelo PT na campanha da Presidente Dilma de que José Serra, se eleito, iria acabar com os concursos públicos? De onde surgiu esse boato? Quem é que tem know-how para fabricar boatos? Quem é que tem know-how para fabricar notícias falsas? Quem? É o PT! Fomos nós, por acaso, que fabricamos o dossiê dos “aloprados”, tentando atribuir infâmias a um político da oposição? Foi o PT! Fomos nós, por acaso, que pagamos milhares e milhares de reais para a produção de um dossiê sujo? Fomos nós? Não, foram comensais do Presidente Lula, apanhados com a boca na botija quando tentavam vender um dossiê infamante? Quem é que tem experiência de pasta rosa, de dossiê Cayman? Somos nós, por acaso? Onde já se viu uma coisa dessas? Onde já se viu uma coisa dessas: central de boatos da oposição? Isso é coisa do PT,

            O Líder do PSDB da Câmara já protocolou um requerimento para que essa senhora venha ao Congresso para dizer de onde tirou essa informação. Ah, depois, horas depois, ela, quase que caindo em si, diz o seguinte:

(Soa a campainha.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - “Gente, sobre o tuíte hoje pela manhã, quero dizer que não tenho nenhuma indicação formal da origem de boatos. Singela opinião. Não quero politizar”.

            Singela opinião? Opinião leviana. Opinião irresponsável. Opinião de quem não está fazendo jus ao posto de Ministro de Estado. Lamento profundamente. Tenho com a Srª ex-Deputada Maria do Rosário um bom diálogo. Eu a considerava pessoa de boa fé, Como manter esse conceito depois de uma singela opinião dessas, que acusa a oposição da prática de felonia sem ter nenhuma indicação formal... E ela sequer pede desculpas públicas. Diz apenas que não quer politizar. Já politizou. Já politizou.

            Por isso, Sr. Presidente, venho a tribuna para exprimir, reitero, a mais absoluta indignação contra esse tipo de procedimento. Isso é próprio de quem não considera a oposição como parte do jogo democrático, como peça do jogo democrático, de quem tem o dever de se opor, de fiscalizar, de cobrar. É sinal de quem não tolera a presença, a simples presença da oposição, atribuindo a ela, à oposição, a nós, da oposição, procedimentos que não são nossos, que são, sim, do Partido que está no Governo, do Partido ao qual a Srª Maria do Rosário é filiada.

            Muito obrigado.