Pela Liderança durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao ex-Presidente da Petrobras, Sr. Sérgio Gabrielli, por suposta contradição em depoimento à CPI instaurada no Senado Federal.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).:
  • Críticas ao ex-Presidente da Petrobras, Sr. Sérgio Gabrielli, por suposta contradição em depoimento à CPI instaurada no Senado Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2014 - Página 86
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
Indexação
  • CRITICA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), SENADO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), DEFESA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CONTRADIÇÃO, DEPOIMENTO, EX PRESIDENTE, EMPRESA, PEDIDO, MINISTERIO PUBLICO, AFASTAMENTO, PRESIDENTE, EMPRESA DE PETROLEO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, DESAPROVAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvi uma frase da oradora, da Senadora que me antecedeu, dizendo que a oposição não tem o menor respeito pelo Brasil.

            Avaliem, brasileiros e brasileiras, essa frase. O respeito que falta é do próprio Governo: o respeito ao cidadão, o respeito às pessoas, o respeito aos direitos das pessoas

            A CPI do Senado Federal é uma CPI branca, é uma CPI do Governo, onde nós temos um membro, e o Governo tem oito, nove membros. Lá é feito o que eu sempre digo aqui: os Senadores obedecendo às ordens da rainha, da princesa Dilma. Eles fazem o que ela manda, porque não vieram para cá para defender o povo brasileiro. Vieram para cá para obedecer às ordens da rainha Dilma. Não é o caso de muitos.

            A CPI do Senado não interessa à Nação. A CPI que vai realmente fiscalizar o Governo é a CPI Mista. Dela farei parte, indicado pelo meu partido.

            Eu quero, por exemplo, ouvir aquele senhor que prestou seu depoimento ontem, o ex-Presidente da Petrobras, o senhor chamado Gabrielli. Quando aconteceu, quando veio à tona a roubalheira da Petrobras, foram até ele, e ele disse: “Não, a Presidenta Dilma não tem como se livrar, porque ela participou do Conselho, era Presidenta do Conselho”. Lógico que não pode se livrar. Já repeti aqui: se fosse num país sério, a Dilma estava “impeachmada”. Chamado ontem a depor na CPI do Governo, aí o Gabrielli disse: “Não, a minha madrinha querida não tem culpa nenhuma”.

            Ei, Gabrielli, quando a gente vê um cidadão falar isto, primeiro acusar, depois dizer que não lembrava mais da acusação que fez, alguma coisa, Gabrielli, aconteceu por trás disso. Tu vais ter que dizer para mim - para mim, Gabrielli, que faço parte da CPI Mista. Por que você mentiu? Por que você mentiu, Gabrielli?

            É bom que a gente deixe os depoimentos e acompanhe os depoimentos dessa CPI, porque é aquela história do acusado, do ladrão: quando a imprensa vem, ele fala uma coisa - e ali já ficou gravado; no depoimento, ele não pode desdizer.

            Então, Gabrielli, tu já falaste! Tu estás condenado à mentira! E, se tu mentires na minha frente, eu vou pedir a tua prisão, Gabrielli! Eu vou pedir a tua prisão, porque tu não podes mentir dentro de uma CPI, e a tua mentira está gravada. O Estadão foi quem te entrevistou, e lá tu foste muito claro, no Estadão. Tu disseste que a Dilma tinha a ver, que ela era responsável. Chamaram-te lá, acertaram não sei o que, aí, tu vieste à CPI e disseste: “Não, A minha madrinha, não! A minha madrinha não se meteu em nada, absolutamente nada.” Aí tu vais ter que responder agora, na CPI mista, a mim.

            A Graça Foster, a presidenta da Petrobras, também mentiu para mim. E ela vai ter que repetir a mentira dela! Eu já pedi ao Ministério Público o afastamento da Graça Foster!

            Esse escândalo da Petrobras é o maior escândalo de toda a história da Nação brasileira! É maior que o escândalo do mensalão! O escândalo do mensalão é muito pequenino próximo do que aconteceu na maior empresa brasileira, uma das maiores empresas do mundo.

            Senhores, senhoras, ...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ...paraenses da minha querida terra, o dinheiro é nosso, paraenses! O dinheiro dava para construir três transamazônicas - e nós sofremos tanto ali no oeste do Pará. Cidades com mais de 200 mil habitantes que não têm como se deslocar, nem têm como deslocar a sua produção. Agricultor sofrido! E a gente vê bilhões e bilhões serem roubados. Nossos. Nossos. Sacaram 10 bilhões, Presidente! Acredite se quiser, meu nobre Presidente Ruben. Sacaram à luz do dia.

            Não há escândalo maior que esse, minha nobre e querida Senadora Ana Amélia. Não há. Sacaram 10 bilhões à luz do dia, Senadora, sem documento nenhum, Senadora! Sem documento nenhum, Senadora! Dez bilhões, sem nenhum documento! Fizeram R$80 bilhões!

            Ah, Transamazônica! Quantas transamazônicas daria para serem feitas com esse dinheiro? Roubado! Dinheiro roubado do brasileiro que paga imposto, que tem direito a uma transamazônica. Há quantos e quantos anos prometem aquela estrada! E haja roubo! R$90 bilhões sem licitação... Quantos hospitais daria para serem feitos neste Brasil em que...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... a saúde pública é péssima, em que os brasileiros morrem na fila de madrugada! Os brasileiros acordam às duas horas da madrugada para ir para as filas dos hospitais! E os hospitais brasileiros deviam ter o nome de matadouros, não de hospitais! E a Dilma ainda diz que é falta de médicos e traz médicos cubanos.

            Tire das notas taquigráficas a palavra chula que vou dizer: isso é uma [...]. Isso é uma [...]. Mande tirar das notas taquigráficas essa palavra chula.

            Olhem, brasileiros, a incapacidade jamais foi vista no Brasil como se vê agora. O Brasil perdeu o rumo. O Brasil está sem leme. As classes sociais estão sofridas. Todas elas! Todas!

            A que rumo nós vamos, brasileiros? Aonde vamos parar? A incapacidade do Governo é dita todos os dias. Há sete anos - há sete anos! -, começaram a ser construídos e reformados os aeroportos para a Copa do Mundo. Há sete anos! Sabe quantos estão prontos, brasileiros? Nenhum! Nenhum! É muita incapacidade, Dilma!

            Olhem este aqui. TV Senado, mostre à população. Este é o de Manaus, que está sendo construído. Choveu em Manaus, caiu todo o teto do aeroporto. São brasileiros que pagam isto aqui. São paraenses que pagam isto aqui. São nordestinos que pagam isto aqui.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Dinheiro jogado fora! Isso é obra combinada, malfeita, para sobrar dinheiro para dividir!

            Aí eu venho aqui e digo que o PT mente. “Como você faz isso, Mário Couto? Pôxa, tu está sendo muito incoerente!”. Mas não sou eu que estou falando mais, é a imprensa. Está aqui: “Dilma mente muito”. É a imprensa brasileira.

            Está bem, não vou mais chamar a Dilma de mentirosa. Não vou mais chamar. Não vou mais chamar a Dilma de mentirosa, Presidente. Não vou. Mas eu sou impedido de ler isto aqui, Presidente, aqui da tribuna? A democracia me permite.

            Não vou. Decidi que não chamo mais a Dilma de mentirosa. Pronto! De mentirosa não chamo mais a Dilma. Não chamo mais de mentirosa. Mas vejam aqui: “Dilma mente muito”. Isso não sou eu. É a imprensa do Brasil que está dizendo que a Dilma mente muito.

            Vamos saber por que ela mente muito. Eu até não acreditei quando eu li. Eu digo: Pôxa vida, não chamem a Presidenta de mentirosa!

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) -

Nossos aeroportos estão sendo preparados para a Copa do Mundo, afirma Dilma. Garanto que os nossos aeroportos estão preparados para a Copa do Mundo [diz a rainha do Brasil]. Vamos receber todos muito bem. E os brasileiros poderão ficar orgulhosos do Brasil que estamos construindo.

            Sabe o que ela está dizendo aqui? É que os aeroportos estão todos prontos. Não há nenhum pronto! Aí, como não chamar de mentirosa?

            Meu caro amigo, o Brasil inteiro sabe que é gostoso trazer uma Copa do Mundo. Nós queremos ser campeões do mundo. Quem não quer? Quem não quer ver o Brasil campeão do mundo?

            Mas, lá atrás, no governo ditatorial...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Já vou descer, Sr. Presidente.

            No governo ditatorial - João Figueiredo -, João Havelange diz a João Figueiredo: “Vou levar a Copa do Mundo para o Brasil”. E olhem que diziam que era o militar que presidiu o Brasil mais burro que havia na ditadura. “João Figueiredo!? Ih, esse aí é burro!” Todo mundo dizia isso. O João Havelange chegou para ele e disse: “Figueiredo, eu vou levar a Copa do Mundo para o Brasil”. Sabe qual foi a resposta do Figueiredo? “Não! Nós não estamos preparados para receber uma Copa do Mundo. A nossa população ainda sofre muito. Precisa de hospitais, de escolas, precisa de estradas, precisa de segurança...” E ele não deixou trazer a Copa do Mundo.

            Na situação em que o PT deixou o País, na situação mais crítica de toda a história do Brasil, a Dilma bate palmas e pergunta para a Fifa: “Como é que você quer os estádios?” “Eu quero estádios tipo esse daqui de Brasília, por exemplo”. Gastaram R$1,6 bilhão! Quantos hospitais podem ser feitos, brasileiros? Quantos equipamentos para reverter uma doença podem ser comprados, brasileiros? Quantos? Digam-me quantos! Eu estou dando o exemplo de apenas um estádio na Capital Federal, que tem apenas três times de futebol, que jamais disputaram um campeonato brasileiro da primeira linha. São clubes médios, pequenos. E fizeram um estádio de R$1,6 bilhão, esfregando na cara dos brasileiros e dizendo assim: “Olha, eu faço o que eu quero! Eu vou continuar maltratando vocês!” E aí tenho eu que vir aqui poupar a Dilma?!

            Sr. Presidente, desço desta tribuna... Sr. Presidente, desço desta tribuna lhe contando um aspecto significante da minha vida.

            Eu nasci no interior do Marajó, num lugar chamado Salvaterra. Coisa linda! Ali é o caminho do céu. Praias, clima, um vento maravilhoso... As pessoas iam para lá se tratar de tuberculose, que era incurável naquele tempo. Elas iam para lá e ficavam boas.

            A parteira da minha mãe era uma senhora chamada Dª Ana, Paim. Quando nasci, minha mãe, que teve parto natural - lá não havia hospitais nem nada -, em uma casa de barro, minha mãe, sofrendo para ter o Mário Couto - hoje aqui, nesta tribuna -, perguntou à parteira: “Dª Ana, o que está vindo aí? O que está vindo, Dª Ana? É homem ou é mulher?” Aí a parteira respondeu: “É um macho”. É por isso que não tenho medo de falar o que eu falo aqui.

            Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2014 - Página 86