Pela Liderança durante a 131ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Repúdio à tentativa de associação do ex-Presidenciável Eduardo Campos com os fatos apurados na “Operação Lava Jato” da Polícia Federal.

Autor
Rodrigo Rollemberg (PSB - Partido Socialista Brasileiro/DF)
Nome completo: Rodrigo Sobral Rollemberg
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
CORRUPÇÃO.:
  • Repúdio à tentativa de associação do ex-Presidenciável Eduardo Campos com os fatos apurados na “Operação Lava Jato” da Polícia Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 10/09/2014 - Página 136
Assunto
Outros > CORRUPÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, DESAPROVAÇÃO, CITAÇÃO PESSOAL, EDUARDO CAMPOS, EX GOVERNADOR, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), DEPOIMENTO, DELAÇÃO, AUTORIA, EX-DIRETOR, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), REFERENCIA, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), LEITURA, NOTA OFICIAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), DEFESA, PRESIDENTE, MORTO.

            O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco Apoio Governo/PSB - DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Senador Anibal Diniz.

            Cumprimento o Senador Casildo Maldaner, o Senador Cristovam Buarque, e não poderia, como Líder do Partido Socialista Brasileiro no Senado, deixar de ocupar esta tribuna na tarde desta terça-feira, já que não houve sessão ontem, para manifestar a minha indignação pessoal e a indignação de meu Partido com o conteúdo da matéria veiculada pela revista Veja no último final de semana, em que menciona, sem entrar em detalhes e sem dizer em que condições, o nome de algumas pessoas que teriam sido citadas em um depoimento de delação premiada feita pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto.

            Digo isso porque, entre as pessoas citadas, está o nome do ex-Governador, presidente do nosso Partido, falecido, tragicamente, há algumas semanas, Eduardo Campos. E digo isso manifestando a nossa profunda estranheza, porque Eduardo Campos era uma pessoa que vinha, de forma sistemática, denunciando a forma como a Petrobras vinha sendo conduzida, o aparelhamento feito, não apenas com a Petrobras, mas com diversas empresas estatais brasileiras dentro de um acordo, de um pacto político “mofado”, para usar expressões dele, “apodrecido”, para usar expressões dele.

            E é claro que uma matéria veiculada que apenas diz que foi citado, sem dizer em que condições, sem entrar em detalhes, isso tem um componente eleitoral muito forte de tentar igualar os personagens, sobretudo no momento em que a nossa candidata a Presidente da República desponta como a favorita para ganhar as eleições.

            Não é um fato isolado. Nós estamos percebendo, também, o desespero dos adversários, tentando imputar à nossa candidata algumas propostas, ou algumas decisões, alguns pensamentos que não condizem ao seu pensamento, tentando iludir, enganar o eleitor, confundir o eleitor em um momento importante da vida política brasileira em que os eleitores estão decidindo o seu voto.

            Aqui, neste plenário, todos são testemunhas de qual foi a posição do Partido Socialista Brasileiro quando surgiram as primeiras denúncias com relação à Petrobras. Daqui desta tribuna, expressei a posição do Partido Socialista Brasileiro, sob orientação do nosso presidente nacional, Eduardo Campos, de que deveríamos instalar a CPI da Petrobras para que se pudesse fazer as investigações com profundidade, com seriedade, para esclarecer todo o desmando que vem tomando conta daquela empresa ao longo dos anos.

            Se alguém temesse por qualquer tipo de investigação, não tomaria a posição que o Partido Socialista Brasileiro tomou. E o que mais nos indigna, Sr. Presidente, é a impossibilidade, pela morte, de que nosso ex-Governador, nosso Presidente, possa se defender para esclarecer aos brasileiros toda coerência da sua biografia de homem público honrado, que sempre colocou os interesses da população brasileira acima de qualquer interesse pessoal ou de qualquer interesse político. Portanto, repudiamos qualquer tipo de associação do nome de Eduardo Campos a este episódio.

            E, mais do que ninguém, o PSB quer esclarecer e o PSB está entrando com um pedido à Justiça para ter acesso ao depoimento deste ex-Diretor da Petrobras, para que o Partido possa defender a memória do seu líder maior e do seu Presidente.

            Passo a ler, para que fique inscrito nos Anais desta Casa, a nota oficial do Partido Socialista Brasileiro emitida no dia 6 de setembro e assinada por Roberto Amaral, Presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro:

O Partido Socialista Brasileiro, desde as primeiras denúncias de corrupção na Petrobras, defendeu, sob a liderança de seu então Presidente, Eduardo Henrique Accioly Campos, a instalação de CPI para investigar as denúncias de negócios escusos envolvendo a maior empresa brasileira - fruto de luta de anos, na qual os socialistas estiveram sempre à frente, ombro a ombro com os trabalhadores e demais forças nacionalistas.

Eduardo, ainda em março deste ano, formulava fundadas críticas à administração antirrepublicana de nossa maior estatal, de importância estratégica para qualquer projeto de desenvolvimento e soberania do nosso País.

A desmoralização da Petrobras só interessa aos que ainda perseguem a desnacionalização do pré-sal.

Já como pré-candidato à Presidência da República, Eduardo defendeu, e nesse sentido orientou nossos Parlamentares, a inclusão das obras da refinaria Abreu e Lima como um dos itens a serem investigados pela CPI - para cuja constituição, aliás, contribuíram nossas bancadas.

O esquema perverso engendrado para desgastar a imagem de Eduardo Campos tem origem no espectro da derrota próxima daquelas forças que há 20 anos sustentam uma polarização política artificial, cujo único objetivo é assegurar o poder pelo poder, usufruído de forma indecorosa, como sabe a sociedade brasileira.

A imprensa desta data associa, ainda que de passagem, o nome de Eduardo a uma malta de velhas e conhecidas raposas da velha política, no esquema sujo de corrupção da Petrobras, comandado e administrado pelo engenheiro Paulo Roberto Costa - nomeado por um consórcio constituído pelo PT, PMDB e PP -, em busca do recurso da 'delação premiada' que, mediante acordo com o Ministério Público, poderá reduzir-lhe as penas de prisão de que não se livrará.

A reportagem de uma revista semanal registra, sem haver tido acesso ao conteúdo do depoimento, uma referência solta do depoente a Eduardo. Essa matéria, com pequenas variáveis, é reproduzida pelos demais veículos gráficos. Não há acusação digna de honesta consideração. Há, apenas, malícia.

Não soa à toa a ameaça feita em 11 de abril de 2014, veiculada na imprensa escrita e depois amplificada em portais e blogs do Presidente do Senado, Renan Calheiros, de incitar os governistas a, segundo suas palavras, "usar a CPI da Petrobras para desgastar o ex-governador Eduardo Campos, provável adversário de Dilma Rousseff em outubro". É o que se vê hoje...

            O SR. PRESIDENTE (Anibal Diniz. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Senador Rollemberg, sendo V. Exª Senador do DF, oportunizo o microfone para que possa saudar os estudantes da escola de ensino fundamental, a Escola Classe Rua do Mato, de Sobradinho, que se encontram aqui no plenário.

            O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco Apoio Governo/PSB - DF) - Cumprimento todos os estudantes e professores da Escola Rua do Mato, lá da nossa querida Sobradinho, da zona rural de Sobradinho. É uma alegria tê-los aqui, sejam muito bem-vindos ao Senado brasileiro.

Morto, Eduardo Campos não pode se defender. Mas seu Partido o fará, em todos os níveis, políticos e judiciais, no cível e no criminal, e para esse efeito já está requerendo acesso ao conteúdo integral do depoimento do administrador da corrupção na Petrobras. Os socialistas não conhecem o medo nem o recuo. Continuaremos nossa campanha eleitoral que já se avizinha como vitoriosa, para o desespero dos muitos que não mais poderão explorar os recursos públicos em proveito pessoal e de projetos político-partidários. Permaneceremos, como sempre, fiéis defensores do monopólio estatal do petróleo, em defesa da Petrobras e em defesa do pré-sal como elementos essenciais de nosso projeto de independência e soberania nacional.

Mas não descuidaremos do combate à corrupção. Não descansaremos enquanto a Petrobras não se livrar dos que, por dentro dela, roubam-na para assim alimentarem a má política. É a homenagem que devemos à memória de Eduardo Campos.

            Quero aqui lembrar, Senador Anibal, as ameaças veladas, as ameaças explícitas que recebemos, aqui no Senado Federal, de figuras próceres do Senado Federal, esses, sim, vinculados ao esquema de corrupção da Petrobras, de que utilizariam a CPI da Petrobras para tentar desgastar a imagem do nosso então candidato a Presidente Eduardo Campos.

            Mas quero reiterar, em meu nome pessoal, em nome de meu Partido, o PSB, que não recuaremos um milímetro da nossa disposição de enfrentar e de combater a corrupção, de denunciar a velha política, essa política que loteou os espaços do Estado, que distribuiu os nacos do Estado e que não serve ao interesse público, serve ao interesse de segmentos, serve ao interesse de pessoas. Nós, do Partido Socialista Brasileiro, temos um compromisso com o interesse público. Vamos continuar dialogando com a população brasileira através da nossa candidata Marina Silva, que expressa hoje o desejo de mudança da população brasileira, o desejo de construir uma nova política no Brasil, uma política sustentada em valores como ética, como transparência, como inovação, como sustentabilidade, como eficiência e como participação popular.

            É isso que nos move e é isso que nos anima: estar ao lado da população brasileira para, junto com ela, avançar. Avançar em busca de um melhor futuro para toda a população brasileira.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/09/2014 - Página 136